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Por Alexandre Wolwacz

Após ter definido como estratégia principal a compra de ativos para prazo mais longo e o efetivo uso do lançamento coberto para diminuir o custo dessa compra, o trader precisa

montar a estratégia gráfica em que irá executar suas operações. Agora, ele não deseja, de nenhuma forma, ser exercido.

A idéia, então, é, obviamente, procurar os momentos apropriados para comprar o ativo, bem como os momentos adequados para realizar o lançamento.

A principal ferramenta a nos orientar nessa busca realmente é o IFR de 14 períodos. Essa ferramenta nos auxilia na tomada de decisão de qual strike podemos atuar no

lançamento. Podemos utilizá-la em todos os prazos operacionais, ajustando seus limites de sobrecomprado e sobrevendido.

Quero, inicialmente, deixar claro o que eu chamo de regra 1 para mim: uma vez lançada uma opção, calculo qual o valor dessa opção após uma queda de 70% do seu valor e deixo, nesse valor, uma ordem de recompra.

Exemplo: em um lançamento, recebi de prêmio R$ 3,00. Deixo uma recompra automática em R$ 0,90 dormindo na corretora. O resto do dinheiro recebido pelo lançamento eu uso para comprar mais ativo, mesmo que seja lote fracionário, para depois poder lançar mais. A idéia é que, em alguns momentos, uma simples recuada de um ou dois dias do ativo pode fazer a opção bater no meu preço de recompra, e eu terei recebido 70% do que queria para o período em pouquíssimos dias, ficando dono da ação novamente para relançar.

Como efetuar a tomada do ativo?

A compra do ativo deverá ser executada sempre nos suportes do gráfico semanal, especificamente nos recuos que atingirem as médias de suporte – 10 períodos, 21 períodos e 55 períodos. A idéia é esperar que o ativo recue até uma dessas médias, monte um candle

de reversão e, ao romper a máxima desse candle na semana seguinte, tomar o ativo.

Especialmente a entrada no romper da máxima do candle que atinge a média de 55 semanas

é interessante. Nesse momento, geralmente todos no mercado estão com profundo medo. Se, durante esse recuo, o ativo alcançar também o IFR ajustado de sobrevendido, isso alinhará ainda mais a tomada da ação.

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Muito bem, agora, entenda: um recuo até a média de 10 semanas e posterior rompimento do candle que fez isso pode oferecer uma entrada, com lançamento imediato da opção no

dinheiro. Caso o ativo se desloque para cima, mais adiante poderemos rolar a opção. Um recuo até a média de 21 semanas, formando um candle de reversão nesse ponto,

oferece uma entrada e lançamento de um strike acima do preço.

O recuo até a média de 55 semanas, com IFR muito baixo, oferece entrada sem lançamento imediato. Implica, nesse caso e somente nesse caso, uma compra direcional, em que colocaremos o stop e ficaremos comprados até que o ativo suba e se aproxime pelo menos

da resistência oferecida pela média de 10 períodos, quando, então, poderemos pensar no lançamento da opção, bem mais gorda e em cima de uma resistência interessante.

Na figura, temos o exemplo do movimento descrito. A média de 10, acima da média de 21, que está acima da média de 55 semanas. Esse é o alinhamento perfeito das médias. No ponto 1, temos o recuo até a média de 10; na semana seguinte, rompimento, oferecendo entrada e lançamento no dinheiro. No caso, strike 30.

No ponto 2, temos o recuo até a média de 21 semanas; na semana seguinte, não foi rompida a máxima e recuou até a média de 55 semanas. Na outra semana, ao romper a máxima, tenho entrada, com stop loss original, sem lançamento. Note o IFR bem baixo.

Isso permite não lançar imediatamente. Se fôssemos lançar em uma situação dessas, nós faríamos isso dois ou até três strikes acima, só que lançar tão fora do dinheiro assim não

é interessante, pois os centavos obtidos não alicerçam defesa. Então, é mais interessante colocar apenas um stop, assumindo um risco direcional temporário, e, duas ou três semanas

depois, efetuar um lançamento mais gordo.

No ponto 3, temos outro momento de toque da média de 55 semanas e IFR muito baixo, que oferece o mesmo tipo de entrada desenhada. Perceba que esse tipo de toque da média de 55 semanas ocorre raramente, em média uma ou duas vezes por ano. Essas geralmente são as operações mais rentáveis do ano.

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Figura 41

Muito bem, até aqui, vimos o sistema de entradas assumidas a partir do gráfico semanal. O lançamento, quando o IFR semanal está muito baixo, sempre é o mais fora do dinheiro possível, ao passo que, quando o IFR está extremamente elevado, costumo começar a lançar um strike dentro do dinheiro, mesmo que isso implique, talvez, uma rolagem

posterior. A rolagem eu executo sempre na segunda-feira anterior ao exercício da série. Exemplo: um trader efetua a compra da Vale no dia 27 de março de 2008 cotada a R$ 50,80.

Decide pelo gap; esperar e lançar somente mais tarde (comentário: compra precipitada,

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Figura 42

Figura 43

No dia 14 de abril de 2008, decide lançar a VALEE52 (comentário: um dos períodos do mês mais interessantes para lançamento realmente reside na semana de 10-15 do mês corrente. Porém, nesse caso, não foi boa estratégia, pois o ativo estava em cima de suporte, IFR baixo. Não se lança uma opção nessa situação. A idéia é lançar quando estiver na resistência, com IFR elevado). O lançamento foi da VALEE52, conseguindo um prêmio de R$ 1,65. Note como o ativo está perto do fundo anterior, veja que já está no quarto dia seguido de baixa.

Após isso, ele decide esperar até a segunda-feira anterior ao exercício da série E para verificar se precisará ou não rolar. No dia 12 de maio, ele olha a VALE5 em alta e decide rolar.

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Figura 44

Olhando o book de ofertas da VALEE52, ele verifica o último negócio a R$ 3,65. Compra

a opção a esse preço, já planejando imediatamente lançar outra série, agora da série F. Ele havia recebido pelo lançamento feito R$ 1,65. Precisou pagar R$ 3,65 para recomprar. Agora, no dia 12 de maio, ele olha a série F, 25 dias úteis.

VALEF54 - R$ 3,35, strike em R$ 53,60. VALEF56 - R$ 2,35, strike em R$ 55,60. VALEF58 - R$ 1,48, strike em R$ 57,60.

Caso decida lançar a VALEF54, irá receber R$ 1,35 para toda a operação (primeiro lançamento - recompra + segundo lançamento). Na VALEF56, recebe R$ 0,35. Na VALEF58, teria que pagar, para permanecer no trade, R$ 0,52.

Eu, normalmente, ao rolar uma operação, quero receber pelo menos alguns centavos para isso, de forma que, nesse cenário, minha escolha seria pela VALEF56 – que seria praticamente a opção no dinheiro. Lembre-se: as opções no dinheiro não têm valor intrínseco, são feitas de esperança. Existe, portanto, boa chance dessa opção migrar rumo ao pó nos próximos 25 dias úteis. Nesse caso, embolsaríamos boa parte do prêmio lançado e teríamos nossas Vales ainda bem valorizadas.

Vejam que o trader que fez essa operação conseguiu fazer tudo errado; comprou o papel depois

que ele subiu muito, com IFR muito alto. Depois, lançou a opção quando o papel já tinha caído muito, com IFR baixo. E, mesmo assim, rolando, ele ainda fica sem ter tido nenhum prejuízo no trade, com a Vale cotada a R$ 55,00, sendo que ele comprou a R$ 50,82 e lançando

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Repetindo: a forma correta é comprar o ativo quando seu IFR estiver muito baixo; semanal, se possível, senão, no diário mesmo, se não der no diário, no 60 minutos. Mas o IFR tem que estar baixo – e lançar a opção sempre que o IFR ajustado estiver alto. Realizando dessa maneira, as rolagens, quando necessárias, ficam mais simples e altamente lucrativas. Normalmente, uma operação assim vai necessitar de rolagem em 4-5 meses do ano.

O lançamento coberto como demonstrado, efetuando a compra no suporte e o lançamento na resistência, é muito interessante. Mas necessita, da parte do trader, de alguns dias ou semanas,

em que ele comprou o papel, colocou stop loss e está esperando que suba até a resistência para

lançar ali. Muitas vezes, esse período e o volume da operação geram estresse.

Então, a forma alternativa é a seguinte: o sujeito observa a Vale ou a Petrobrás em cima de um suporte do gráfico diário ou semanal. Efetua a compra e o lançamento automático da opção imediatamente fora do dinheiro.

Essa maneira de trabalhar diminui muito o estresse para capitais maiores. Permite ao

trader, se necessário, rolar a operação mais tarde e, desde o início, trabalhar com uma

margem de segurança interessante.

Pois bem, agora precisamos avaliar a seguinte situação: realizamos a compra da PETR4 ou da VALE5. Lançamos a opção coberto – e o ativo começa a cair, forte e rápido. Qual a conduta? O lançamento não irá nos proteger completamente, irá apenas amortecer a queda. Exemplo: compramos VALE5, no suporte, no princípio de janeiro de 2008, como mostra o gráfico diário. Lançamos a opção no dinheiro série B48. Normalmente, é interessante lançar as opções com o máximo de tempo possível de vida. Por isso, usamos aquelas que têm mais de 20 dias úteis de preferência nessa estratégia.

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Figura 45

Mas o ativo dá uma subida; porém, alguns dias depois, perde o suporte, pivotando para baixo.

Figura 46

Vemos, no último dia demonstrado no gráfico, que o ativo perdeu o suporte e fechou pivotando. Nesse caso, a conduta mais apropriada seria a seguinte: uso o pivot armado

e ploto a expansão alternada dele para baixo; com isso, tenho meu alvo da queda. Recompro as opções lançadas anteriormente (no lucro certamente, pois o mercado cedeu) e, imediatamente, lanço uma opção dentro do dinheiro, com o strike acima desse suporte

mencionado e, muito importante, com strike acima do meu preço de custo sempre.

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tenha que entregar o papel abaixo do preço de custo que houve a aquisição. Assim, digamos que a compra tenha sido nos R$ 47,00; o lançamento da VALEB48 tenha sido a R$ 3,50. Ao recomprar a opção lançada a R$ 2,40, quando o ativo perdeu o suporte, o preço de custo de nossas VALE5 fica agora em R$ 47,00 - R$ 1,10, o que significa preço de custo em R$ 45,90. Não poderíamos lançar nenhuma opção com strike abaixo de R$ 46,00.

Mas, se estivermos realmente baixistas em relação ao ativo e acreditando em forte baixa, podemos pensar em lançar uma opção com o strike mais baixo, desde que a soma do strike

da lançada mais o prêmio recebido ainda fique acima do nosso preço de custo, com uma taxa ainda interessante. Assim, no exemplo, se a valeB44 tiver um prêmio de R$ 4,00, poderemos ainda pensar em seu lançamento, já que a soma de R$ 44,00 mais os R$ 4,00 de prêmio ainda nos dá mais dinheiro do que nosso preço de custo. O computo final do

trade seria R$ 45,90 e saída em R$ 48,00.

O detalhe desse lançamento é que, assim que o ativo atingir o suporte, precisamos recomprar a opção lançada, seja para rolar para cima, seja para ficar apenas comprado direcional.

Figura 47

Usando a expansão alternada, temos alvo em R$ 44,00 e, depois, em R$ 40,50. Com isso, podemos pensar em, no dia seguinte, recomprar a opção lançada e, imediatamente, lançar a VALEB44.

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Figura 48

Veja que, nos próximos dias, o ativo bate em R$ 44,00, segura por três dias e, depois, cai ainda mais forte até os R$ 40,00.

Bom, ao bater em R$ 40,00, sendo esse nosso suporte, provavelmente a opção lançada já teria sido recomprada pela minha regra 1. Se não recompramos ainda, precisamos começar a pensar seriamente em fechar essa posição lançada e verificar se podemos efetuar algum novo lançamento – ou, se estivermos muito confiantes no suporte apresentado, decidimos ficar direcionais por alguns dias.

Agora, perceba: a estratégia de recomprar a opção lançada e lançar mais dentro do dinheiro consegue amortecer parcialmente a queda. Mas, sem dúvida, não consegue neutralizar totalmente quedas prolongadas, duradouras e de primárias de baixa. Nessa estratégia, corre-se o risco de, quando o ativo retornar a subir, sermos obrigados a entregar o papel ou rolar para cima as opções lançadas.

O fato é que PETR4 e VALE5, todos os anos, apresentam, pelo menos uma vez, uma queda de 25% a 30% em menos de 30 dias. Essas quedas são totalmente normais e fazem parte do ciclo de evolução do papel. Elas não mudam a tendência principal do ativo. Nesses momentos, de queda mais intensa, é justamente a hora em que se necessita de lançamentos mais dentro do dinheiro. Isso irá ocorrer uma vez por ano em média, geralmente quando o IFR semanal estiver muito elevado.

Lembre-se: nunca lance uma opção que tenha seu strike + prêmio abaixo do seu preço de

custo, nem que, para isso, seja necessário esperar que o ativo suba antes de efetuar algum lançamento desesperado.

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