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Se, ao analisar as diferentes operações, seu apreço foi maior pelo lançamento, objetivando uma taxa diferenciada, do que pelo ativo em carteira, podemos observar mais de perto esse tipo de operação.

Existem dois tipos de operações de taxa que podem ser abordadas. O primeiro, mais sereno, seria a compra do ativo, com imediato lançamento de uma opção dentro do dinheiro que esteja oferecendo uma taxa interessante.

Então, vejamos, seria basicamente observar três pontas: 1 - preço do ativo; 2 - preço do prêmio recebido pela opção lançada; 3 - tempo em dias úteis que faltam. Dessa maneira, acompanhe a seguinte simulação. Vamos utilizar um exemplo de mercado faltando oito dias úteis para o exercício da série D. Petrobrás está cotada a R$ 80,33; a taxa de juros, em 11,25%; e uma volatilidade de 37,4% para o ativo. A opção escolhida foi a PETRD76, cotada a R$ 5,40.

Com isso, podemos construir a operação de taxa, executando a compra imediata de PETR4 a R$ 80,33 e, em seguida, lançando a PETRD76 a R$ 5,40. Dentro de oito dias úteis, sendo exercidos, teríamos um resultado final de R$ 76,00, que é o preço pelo qual seremos exercidos - (R$ 80,33 - R$ 5,40) = R$ 74,93, que é o preço de custo do ativo.

R$ 76,00 - R$ 74,93 = R$ 1,07 de lucro.

Retorno de 1,43%. O numero não impressiona? Sim, mas isso foi obtido em oito dias úteis, uma rentabilidade obtida com um nível de segurança elevado, pois dificilmente a PETRD76 não será exercida. O risco de uma queda no ativo que seja suficientemente forte para não possibilitar exercício na PETRD76, estando a Petrobrás agora cotada a R$ 80,33, é pequeno. Além disso, perceba que, no momento do lançamento, o preço de custo dessas Petrobrás caem para R$ 74,93. Nós somente passaríamos a ter problemas se a Petrobrás fosse para abaixo de R$ 74,93 nos próximos oito dias úteis.

Como a segurança nessa operação é elevada, a taxa referente ao período de tempo que ela compreende é muito atraente. Mas o gráfico ainda não foi observado. Ainda não analisamos as condições do mercado, apenas a operação isolada. Em lançamentos em que a venda da opção é bem dentro do dinheiro como essa, na maior parte das vezes, apenas a análise dos números em si seria suficiente para montar as operações de forma adequada. Em alguns raros casos, a análise do gráfico nos auxiliaria a não executar um trade, pois

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Porém, se não estivermos interessados em lançar uma opção com tão poucos dias quanto a da série D, podemos, em seu lugar, lançar a PETRE76, cotada a R$ 7,00.

Para avaliarmos o retorno obtido pela operação, dividimos o preço de exercício, que é por quanto venderemos o papel pelo novo custo de aquisição do ativo após a venda das opções. No caso, R$ 76,00 / (R$ 80,33 - R$ 7,00) = R$ 76,00 / R$ 73,33. E, como resultado, o retorno será de 3,64% em 27 dias úteis.

Quando executamos essa operação, o retorno que buscamos é pelo menos duas vezes maior que a taxa de juros livre de risco, a Selic. Ou seja, se ela está em 11,25% ao ano, seu retorno para 20 dias úteis, ou um mês, seria de 0,85%. Então, para montar um lançamento coberto com objetivo de taxa, exijo o dobro disso ou, de modo arredondado, 1,7%. Mas, na maior parte do tempo, só inicio o trade se a taxa for maior que 3% para 20 dias.

Para quem não quer gastar tanto tempo em contas de juros compostos, pode-se pensar em 2% ao mês – o importante é ter noção de que o retorno com a operação tem que compensar o risco que se correu a mais, comprado ações e vendendo opções em detrimento de deixar o dinheiro aplicado tranqüilamente num CDB ou Título Público Federal, que rendem algo, um pouco a mais ou a menos que a SELIC.

Nessa operação em que a opção tem mais tempo até o vencimento ou mais tempo de vida, como se diz no vocabulário da bolsa, esse maior número de dias faz com que a incerteza quanto ao preço do papel no vencimento seja maior ainda. Tanto uma grande alta como uma queda inesperada tem mais tempo e, assim, mais chance de ocorrer. A probabilidade da Petrobrás se deslocar para um dos lados com amplitude é maior no prazo de 27 dias úteis; desse modo, entre esse segundo trade e o primeiro, mais curto, qual

seria o mais seguro?

Acertou quem escolheu o primeiro. A operação com menos dias tem uma melhor relação de risco-retorno, pois ficamos menos tempo com o dinheiro dentro do mercado, deixando-o disponível para outros trades nesse período. Mais que isso, enquanto o retorno

de 3,64% da operação mais longa representa, em 20 dias, 2,68%, o 1,33% da primeira significa 4,56% se, com o mesmo rendimento, a operação durasse 20 dias.

Todos esses cenários podem e devem ser avaliados frente à expectativa montada no ativo a partir de uma análise técnica apropriada. Porém, perceba que, até o momento, não abordamos, em nenhum instante, a análise do gráfico nessa análise.

De todos os cenários possíveis para o ativo – desde uma alta acentuada, uma alta moderada, passando por um mercado andando lateralmente, até uma queda –, o único que seria prejudicial a essa operação de taxa dentro do dinheiro seria uma queda violenta e rápida do ativo. Dessa forma, a operação pode ser iniciada praticamente a qualquer tempo em que

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os números indiquem taxas interessantes, desde que o ativo não se encontre em uma zona de resistência muito forte.

No caso, se uma taxa estivesse interessante, mas o ativo se encontrasse em cima da resistência 4 dada pelo ponto de pivot expandido e com seu IFR ajustado em níveis

extremamente sobrecomprados, a operação não seria segura.

Assim sendo, a principal ferramenta para nos orientar é o IFR ajustado de 14 períodos. Ele não pode estar na última ponta da zona de sobrecompra. Idealmente, ele pode estar na zona de sobrevenda ou no meio do caminho, na região intermediária.

Figura 37

Note, no exemplo gráfico, como a linha de baixa do IFR do diário preconiza, nos pontos em que o IFR bate na sua resistência, quedas de quase 10% do ativo nos próximos dias. Assim, um trader mais sensato, ao perceber o IFR nessa zona, mesmo observando taxas

tão atraentes, não iniciaria sua operação, visto que a possibilidade de movimentação forte, contra o trade, é grande.

Note que, obviamente, o ativo pode subir, romper as resistências e seguir subindo forte, mas isso, pelo que nos indica o gráfico agora, seria o menos provável de ocorrer. Assim sendo, como utilizamos a estatística e buscamos trades mais favoráveis, esse é um ponto

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Um bom estrategista escolhe o momento e o local em que irá executar suas batalhas. Aqui, o terreno é desfavorável.

É dessa maneira, então, que a operação de taxa pode ser auxiliada pela análise do gráfico. Estando o gráfico na zona de sobrecomprado, as operações que aparecerem serão abortadas. No momento em que o IFR do ativo estiver na zona intermediária ou na zona de sobrevenda, podemos retornar a calcular nossas taxas e abrir posições que apresentem bom retorno. Via de regra, então, podemos iniciar esse tipo de operação em qualquer momento em que as taxas estiverem interessantes, desde que o IFR não esteja sobrecomprado.

Mas existe um momento mais interessante de iniciar esse tipo de operação, quando estamos em cima de suportes muito importantes, como, por exemplo, a média de 200 dias, ou o IFR ajustado sobrevendido, ou o suporte 4 do PPE do mês. Nesses momentos, podemos e devemos pensar em uma operação de taxa.

Figura 38

Veja, aqui, a Petrobrás em cima de sua média de 200 dias, com seu IFR ajustado em zona de sobrevendido. Perceba que uma operação de taxa tem elevadíssimo nível de acerto. Esse é o dia 20 de março de 2008. Faltam 23 dias úteis para o exercício da série D. A PETRD68 está cotada a R$ 5.00. A PETRD70 está cotada a R$ 4,02. E a PETR4, cotada a R$ 69,15.

Muito bem, vamos avaliar retornos. Comprando a PETR4 e, imediatamente, lançando a PETRD68, teríamos um custo para o ativo de R$ 64,15 – o que daria 6% em 23 dias úteis se fôssemos exercidos na D68, o que é bastante provável. Perceba que, para ativos em tendência primária de alta como é o caso da Petrobrás e da Vale, e muitos outros que,

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Figura 39 infelizmente, não possuem liquidez em opções, podemos dizer com certa tranqüilidade que, em todo o fundo gráfico, existe uma excelente margem de segurança de que seremos exercidos na opção e obteremos a rentabilidade integral que a operação montada pode possibilitar. A PETRD70 a R$ 4,02 resulta em um custo do papel em R$ 65,13, algo em torno de 7,48% em 23 dias úteis. Do ponto de vista de retorno, teríamos já uma escolha imediata pela PETRD70. Mas perceba, não basta termos um possível retorno fantástico, precisamos também de um elevado índice de probabilidade de êxito. No caso, a probabilidade de ocorrência maior é da PETRD68. Como poderíamos proceder? Três alternativas: a primeira, para o trader que não conhece muito análise técnica e que se baseia nos números

apenas, o lançamento da PETRD68 tem índice de acerto melhor e boa taxa para o período. Operação mais segura e, portanto, mais aconselhável. Para o trader que confia na

análise de que o ativo está em um fundo muito forte e espera uma alta para as próximas semanas, o lançamento da PETRD70 é a alternativa mais rentável. Para aqueles que ainda estão em dúvida, viram o fundo provável, viram o suporte e estão indecisos, podemos adotar o equilíbrio, ou seja, comprar o ativo e lançar metade em PETRD68 e metade em PETRD70 – se o tamanho de seus lotes for grande o suficiente para que os custos de execução não pesem sobre o retorno.

Agora, possivelmente, existe um questionamento. Mas se eu percebo um fundo tão potente assim, se há tanta convicção numa alta assim, por que vou lançar? Por que não fico comprado apenas no papel e ganho muito mais?

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Ou, após uma alta em que o trader fez a operação e ganhou essa taxa enorme, ele ainda se

arrepende e questiona a todo o momento... Olha ali, eu te disse para ficar só comprado! Teria ganho muito mais!

O objetivo dessas operações não é obter rentabilidades de 10%, 15% ou 20% em um único trade. Trata-se, sim, de um método, que tem como objetivo específico: retornos

entre 3% e 5% ao mês; que não tem a pretensão de projetar a direção do ativo para os próximos períodos, que tem interesse em obter consistência de ganhos. Sabemos que alguns trades esporádicos podem gerar de retorno 10% ou 15%; porém, ganhar 15% em

um mês e perder 12% no seguinte é algo comum e totalmente contraproducente. E, ao mesmo tempo, sabemos que obter consistência de ganho utilizando operações direcionais (compra a seco com stop) de curtíssimo prazo é algo muito difícil, senão impossível, pois,

em alguns meses, os trades colaborarão e, em outros meses, teremos prejuízos, que, como

resultado final, produzirão uma curva de capital de lado. Nos melhores casos, ascendente, porém com ângulo não muito maior que a da taxa de juros. Como diz a brincadeira que corre entre as mesas: “Operações de day trade dão sempre muito lucro... para a corretora

e para a bolsa”.

Enfim, esse é um trabalho de formiga que, ao longo de meses, poderá amealhar bastante dinheiro, mantendo uma curva de capital ascendente.

Operações direcionais e ágeis em capitais de menor monta até podem ser estruturadas. Mas, objetivamente falando, com capitais maiores, tornam-se mais complicadas.

Não estamos falando de ganhos maiores, estamos falando de maior segurança. Não estamos mostrando a ferramenta que produz o maior ganho possível, e sim a que consideramos ser a ferramenta que tem o melhor ganho possível, ponderado pelo menor risco apresentado, aliado ao menor tempo de dedicação possível ao mercado.

Agora, vamos observar a segunda forma de operar taxa fazendo lançamento coberto. E, para tanto, usaremos o exemplo do último trade.

Faltam 23 dias úteis para o exercício da série D. A PETRD68 está cotada a R$ 5,00. A PETRD70 está cotada a R$ 4,02. E a PETR4, cotada a R$ 69,15. A taxa de juros é de 11,25% ao ano.

Ativo em cima da média móvel de 200, com IFR muito baixo e no fundo anterior, ou seja, ativo mãe em cima de ponto de cataclismo de suporte. Quando visualizarmos esse cenário gráfico, podemos executar a entrada imediata no ativo, lançando imediatamente a opção no dinheiro.

Lembre-se de que, no início do livro, afirmamos que a opção no dinheiro tem um delta

em torno de 50% – no caso, sendo a PETRD70 cotada a R$ 4,02 no dia 20 de março de 2008. A ação comprada a R$ 69,15 tem um delta de 100%.

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Digamos que, ao executar essa operação, estamos almejando aqueles 7,48% mencionados em 23 dias úteis. Mas a PETR4 decide disparar forte e rápida para cima, realmente respeitando o suporte que antevimos.

Note: no dia 26 de março de 2008, seu preço foi para R$ 74,70. Vamos colocar em números para facilitar. No dia 20 de março de 2008, compramos 1000 PETR4 a R$ 69,15 com débito de R$ 69.150,00 e lançamos 1000 PETRD70 a R$ 4,02 com crédito de R$ 4.020,00. No dia 26 de março de 2008, após a forte alta, podemos decidir reverter a posição, ou seja, como a opção no dinheiro irá subir em média a metade do que o ativo subiu no começo do movimento e depois um pouco mais, podemos recomprar a opção lançada no prejuízo e, ao mesmo tempo, vender a ação comprada com lucro.

Figura 40

No exemplo, o ativo subiu R$ 5,55 em quatro dias úteis, e a opção foi para R$ 6,41. Muito bem, recompramos as 1000 opções PETRD70 pagando R$ 6,41; débito de R$ 6.410,00. Imediatamente, vendemos as 1000 PETR4 por R$ 74,70; com crédito de R$ 74.700,00. Somando e subtraindo, temos o seguinte resultado = (R$ 4.020,00 - R$ 69.150,00) + (R$ 74.700,00 - R$ 6.410,00). Total = R$ 3.160,00 em quatro dias úteis. Isso daria um retorno em torno de 4,85% no período. Não são os 7,48% que havíamos inicialmente almejado, mas observe que isso foi obtido em apenas um sexto do tempo programado para a operação, permitindo que o capital fique livre para poder executar alguma outra operação nesse meio-tempo.

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Resumo da operação:

Comprar o ativo em cima de um forte suporte, buscando uma taxa interessante (considerando se for necessário levar até o exercício).

Se o ativo respeitar o suporte e der uma esticada forte para cima, revertemos a posição imediatamente, recomprando as opções no prejuízo e vendendo as ações com lucro. Nesse cenário, o prejuízo obtido com o lançamento será mais do que recuperado com o lucro obtido na venda da ação.

Stop

Pois bem, explicadas as duas principais operações de taxa, resta orientar como utilizar os

stops. Uma vez iniciada a operação de taxa, no caso de uma queda, ou seja, o papel não

tendo respeitado o suporte, onde devemos terminar o trade?

Nesse cenário, temos duas alternativas: quando o stop gráfico for claro e objetivo e quando

o stop gráfico não for claro.

No exemplo dado, na perda da mínima do dia 20 de março de 2008, imediatamente recompraremos as opções no lucro e venderemos as ações no prejuízo. Essa queda foi amortecida pelo lançamento. A mínima do dia 20 de março de 2008 está em R$ 67,62. Como compramos em R$ 69,15, uma queda de R$ 1,53 levaria o ativo a perder a mínima. Lançamos a PETRD70 e recebemos R$ 4,02. Essa queda iria levar a PETRD70 para algo em torno de R$ 4,02 - R$ 0,76 = R$ 3,26. O R$ 0,76 é a metade do movimento que o papel fez. Assim sendo, nesse caso, se a operação foi feita com 1000 PETR4, o prejuízo na PETR4 seria de R$ 69.150,00 - R$ 67.620,00 = R$ 1.530,00. O lucro obtido com a opção lançada foi de R$ 4.020,00 - R$ 3.260,00 = R$ 760,00. Como mencionei, teria cortado pela metade o possível prejuízo.

Quando o stop gráfico não for claro – nesse cenário, devemos fazer o seguinte: calcular

quanto seria o recuo de 60% do valor do prêmio que recebemos pela opção lançada. Quando o ativo começar a cair rápido, em poucos dias, vou deixar uma recompra da opção no valor de 40% do que recebi pelo seu lançamento. Quando bater ali e recomprar a opção, imediatamente vendo a ação. É assim que devemos conduzir o stop dessa operação.

Nesse tipo de operação, não existe rolagem. Não se faz nenhum tipo de rolagem. Se o exercício ocorrer, deixamos o ativo e o entregamos com um belo sorriso em nosso rosto. Para falar sobre o stop, é importante mencionar os dois tipos básicos de lançamento

coberto: aquele com o objetivo de fazer uma compra mais protegida, pagando pelo menor risco com a limitação do ganho, e a operação de lançamento com o objetivo de diminuição de custo do papel. No segundo caso, como estamos falando de uma estratégia de acumulação do ativo no longo prazo, praticamente não existe stop. Os lançamentos

têm como objetivo reduzir o custo do papel. E, se uma correção intermediária for muito longa, o investidor terá de aguardar a retomada da tendência de alta mais longa.

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Já no primeiro caso, como vimos anteriormente, é importante definir um ponto de encerramento da operação, mesmo com pequeno prejuízo, caso o mercado não produza o movimento esperado.

De fato, como quando fazemos uma operação com objetivo de taxa predefinido e, assim, limitamos o potencial todo que uma alta no ativo poderia proporcionar, não podemos nos dar ao luxo de, no caso de uma queda acentuada do ativo, ficarmos passivamente vendo o ativo cair sem agirmos – pois, nesse caso, estaríamos maximizando os resultados negativos por não termos stop e minimizando os positivos, pois estamos

vendidos numa opção.

Essa linha de raciocínio nos faz concluir que operações de curto prazo que têm por objetivo uma taxa de retorno diferenciada devem necessariamente ter um stop previamente

definido e respeitado sobre quaisquer condições, sendo, assim, a maneira correta de equilibrar as relações de risco de tal operação.

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