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Como vimos na parte introdutória do livro, existem indicadores estáticos para as opções denominados letras gregas. Elas mostram o que acontecerá com uma opção se houver a mudança em uma das variáveis isoladamente – ou o que acontecerá com o delta no caso

da grega gama se alterar. Quando fazemos um lançamento coberto, as gregas têm um

comportamento próprio como veremos.

Ao montar um lançamento coberto, vendemos opções e, dessa maneira, as gregas têm para nós um efeito inverso. O delta indica o quanto uma opção vai subir se o ativo subir

um real. No caso do lançamento coberto, o delta da opção observada indica o quanto

iremos perder na opção se o papel subir um real.

O delta, no lançamento, costuma então variar entre -100% e 0,00%. Valerá -100%,

teoricamente, se vendermos uma opção e o papel subir tanto que ela entre completamente no dinheiro e o exercício se torne iminente, questão apenas de dias. É quando, por exemplo, temos uma opção de strike a R$ 30,00 e o ativo está a R$ 50,00. Ela vale R$

20,00 mais alguns poucos centavos de ágio, seu exercício é praticamente certo e ela varia igual ao ativo. Nesse caso, nossa operação de lançamento se torna neutra, pois tudo que ganharmos no papel perderemos na opção e vice-versa.

É comum, também, observar o delta de toda a operação de lançamento em conjunto. Assim

como o ativo possui teoricamente sempre 100% de delta, devemos subtrair o delta da opção

vendida dos 100% do papel. No caso de estarmos vendidos numa opção tão cara que o

delta tenha 100%, podemos dizer que a operação esta com 0% de delta. No caso de estarmos

vendidos numa opção no dinheiro com 55% de delta, podemos dizer que a operação está

com 45% de delta, isto é, 100% do papel - 55% da opção no dinheiro = 45%.

Se a opção vendida for fora do dinheiro e apresentar um delta de 30%, a operação estará

com 70% de delta. Isso quer dizer que, para o primeiro real que o ativo subir, o lançamento

coberto, como um todo, dará R$ 0,70 de lucro – por outro lado, perderá R$ 0,70 caso o ativo caia um real.

Assim, no lançamento coberto, estamos sempre comprados, em maior ou menor grau, pois o delta resultante da operação é sempre positivo ou excepcionalmente neutro. Esse delta irá diminuir enquanto o papel for subindo, e o que o fará diminuir na queda é o gama, que, no lançamento coberto, será negativo e irá de praticamente 0 para opções

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bem dentro ou fora do dinheiro a um valor negativo em maior ou menor grau se a opção estiver próxima do dinheiro.

O theta é positivo para o lançamento coberto, e é ele que vai indicar quanto iremos

ganhar se o ativo permanecer estável. O theta é a nossa renda com a venda de opções. Se

encararmos o lançamento coberto como uma maneira de diminuir o custo de compra do papel, ele é o quanto esse custo será diminuído por dia. Se nosso objetivo for ganhar mais que a renda fixa, ele é nossa taxa diária de rendimento.

Quando muito dentro ou fora do dinheiro, o theta é próximo a zero; quando a opção vendida

está no dinheiro, o theta é bem alto. Assim, a opção que pode dar maior renda no caso do

papel ficar parado é a opção no dinheiro. Isso faz sentido se lembrarmos que a opção no dinheiro é a que tem o maior ágio, o maior valor de expectativa. Esse é um dos motivos pelos quais aconselhamos que uma opção, quando fica muito dentro ou fora do dinheiro, deve ser trocada por outra mais no dinheiro e, conseqüentemente, com maior theta.

O vega, no lançamento coberto, é negativo, pois, como estamos vendidos numa opção,

o aumento da percepção de risco quanto ao ativo objeto demonstrado pelo aumento na volatilidade aumenta o valor relativo da opção em que estamos vendidos, gerando um resultado momentâneo adverso.

De fato, se, por exemplo, o ativo subir muito num dia e cair o mesmo tanto no dia seguinte, por mais que esse ativo esteja com o mesmo preço, as suas opções estarão com valor nominal maior.

O vega é mais representativo quando a opção que foi lançada está no dinheiro, mas, via

de regra, grandes oscilações durante a operação não são tão benéficas ao lançamento, independentemente se a opção lançada está dentro ou fora do dinheiro.

Pois veja: quando o mercado sobe muito, não é tão bom, pois a opção vendida entra muito no dinheiro, e o delta da operação se aproxima de zero. Desse modo, uma continuidade

na alta do papel não irá mais aumentar o lucro, fazendo com que a rolagem próxima ao vencimento seja mais difícil e cara.

Numa eventual queda acentuada no preço do ativo objeto, a opção perde valor rapidamente, fazendo com que sejamos obrigados a recomprar essa opção com prêmio próximo a zero e vender uma mais cara, porque, se não tomarmos nenhuma decisão, vamos ver o preço do papel continuar diminuindo, já quase sem proteção ou ganho com a desvalorização da opção lançada, que, agora, possui delta muito baixo.

O comportamento ideal do mercado para operações de lançamento coberto com intuito apenas de diminuir o custo de aquisição do papel é que ele oscile dentro de uma determinada faixa de preço, próximo ao de quando a opção foi lançada. Via de regra,

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vendemos opções com strike fora do dinheiro quando vislumbramos uma alta acentuada

no papel, outras quase no dinheiro quando vemos o papel bem próximo a uma área de fortes resistências.

De qualquer modo, o ideal é que ele fique parado ou suba aos poucos para uma faixa de preço um pouco acima do preço de início, mas levemente abaixo do strike da opção

que lançamos, justamente para não sermos exercidos ou evitarmos uma rolagem dispendiosa para o próximo mês. Em ambos os casos, o ideal é que o mercado tenha um comportamento previsível e com a volatilidade em baixa. Quando a volatilidade está alta, depois de períodos com grandes oscilações, existe mais ágio; porém, o futuro é menos previsível.

As taxas sempre sobem numa crise. Então, por pior que possa parecer numa análise inicial, a crise apresenta dois grandes aspectos positivos para quem faz lançamento coberto: além dos papéis caírem, dando chance para comprar mais barato, a volatilidade sobe, garantindo uma melhor taxa para os próximos meses.

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