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A Expansão da Demanda Colombiana e Venezuelana

No documento EstudosFebrafarma8 (páginas 88-92)

Econômica do Brasil com os Países da América Latina A ASSOCIAÇÃO LATINO-AMERICANA DE INTEGRAÇÃO (ALADI) atua

ACE 59 – Mercosul e Comunidade Andina (Colômbia, Equador e Venezuela 30 )

2.3 A Expansão da Demanda Colombiana e Venezuelana

Entre 1997 e 2003, a demanda colombiana de medicamentos em dólares correntes – medida pela evolução das importações totais – cresceu 96% (cerca de 10% ao ano), ainda que se possa verificar uma queda do valor total importado entre 2003 e 2002 de 4%. Dessa forma, a recuperação do crescimento econômico, a uma média anual de 3,7% no período 2003-2004, não tem sido suficiente para aumentar os níveis de importação praticados por este país.

Em síntese, as importações colombianas de medicamentos apresentaram, para o conjunto do período analisado, um crescimento menos vigoroso do que o registrado pelas exportações brasileiras (435% em valor) para esse país, o que permitiu um aumento do market share brasileiro, nesse mercado, de 2,9% para 5,8% do valor total das importações de medicamentos deste país (gráfico 11) e de 3,4% para 6,3%, quando se considera o volume importado. Apesar disso, percebe-se que o pico da participação brasileira se manifestou no ano de 2002. Esse movimento deve ser conjuntural, em grande medida associado à valorização cambial do real em relação ao peso colombiano, principalmente se levarmos em conta a provável vantagem tarifária dos produtos brasileiros a partir de 2005.

Gráfico 11

Participação das exportações brasileiras no total das importações da colômbia em valor por linhas tarifárias selecionadas

Fonte: Aliceweb/Mdic; Elaboração Prospectiva.

0,00% 1,00% 2,00% 3,00% 4,00% 5,00% 6,00% 7,00% 8,00% 9,00% 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 300420 300439 300490 3004

Gráfico 12

Participação das exportações brasileiras no total das importações da Venezuela em valor por linhas tarifárias selecionadas

Fonte: Aliceweb/Mdic; Elaboração Prospectiva.

No caso venezuelano, as importações desse país expandiram-se em 330% entre 1997 e 2003, ainda que nos dois últimos anos elas tenham regredido 18% em valor. Diferentemente do caso colombiano, entretanto, essa queda no final do período está em grande medida associada ao ciclo econômico. A título de ilustração, o PIB desse país, no acumulado de 2002 a 2003, sofreu um decréscimo de 18%.

Por outro lado, ainda que os dados das importações globais venezuelanas de medicamentos não estejam disponíveis para o ano de 2004, a forte elevação das exportações brasileiras de medicamentos no ano passado – quando o PIB se elevou em cerca de 18% – aponta para a sensibilidade da demanda nesse país ao nível de crescimento econômico. E num cenário de desvalorização do real, com relação ao bolívar, pôde-se ampliar o acesso das vendas de produtos brasileiros no mercado venezuelano.

Ainda assim, entre os extremos do período, o ganho de market share no mercado venezuelano – exportações brasileiras na posição 3004 como percentual do valor importado por este país – saltou de 2,0% para 5,8% (gráfico 12), ficando próximo do desempenho observado em relação ao mercado colombiano. Percebe-se, ainda, que o ganho de mercado mostrou-se mais forte nos momentos de desvalorização da moeda, algo que não se percebe de forma tão categórica no caso colombiano.

Observa-se, finalmente, que o ganho de mercado em termos de volume se 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 1997 1998 1999 20002001 2002 2003 300420 300450 300490 3004

mostrou menos categórico, tendo a participação das exportações brasileiras de medicamentos em relação às importações totais da Venezuela saltado de 1,6% para 2,9%, o que indica que o Brasil se insere nos nichos de maior valor agregado neste mercado, ao contrário do verificado para a Colômbia.

Tabela 3

Resumo da evolução das principais variáveis quantitativas para a Colômbia

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

exportações

(em mil US$)3.508 6.038 7.077 10.613 11.888 12.696 20.389 18.220 18.770 índice de exp. (valor) 100 172 202 303 339 362 581 519 535 Volume (em mil kg) 183 209 643 418 584 481 558 523 823 índice de exp. (volume) 100 114 352 229 320 263 306 286 451 câmbio real 100 103 116 167 154 187 137 102 - crescimento da demanda (importações) 100 133 187 161 173 190 204 196 - Fonte: Prospectiva. (-) dado não-disponível. Tabela 4

Resumo da evolução das principais variáveis quantitativas para a Venezuela

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

exportações

(em mil US$) 3.068 2.785 6.440 11.955 14.224 18.179 22.135 22.040 36.264 índice de exp. (valor) 100 91 210 390 464 592 721 718 1.182 Volume (em mil kg) 116 105 236 250 398 485 514 514 1.173 índice de exp. (volume) 100 90 203 215 342 417 442 442 1.009 índice de câmbio real 100 129 168 274 284 347 294 280 - índice de crescimento da demanda (imp.)100 160 205 243 373 524 464 431 - Fonte: Prospectiva. (-) dado não-disponível.

3. Dados Qualitativos 3.1 Risco Político

Segundo a metodologia do presente trabalho, a variável risco político apresenta um papel não-decisivo, em termos isolados, para se avaliar o desempenho das exportações brasileiras para a Colômbia e Venezuela, ainda que possa se somar a outros fatores, tais como baixo crescimento econômico ou instabilidade externa.

No caso da Colômbia, por exemplo, existem algumas restrições importantes nos quesitos eleições limpas e eleições livres. Em nenhum dos dois casos, o país obteve a “nota máxima” durante a segunda metade da década de 90, ao contrário dos outros países que fazem parte dos estudos de caso deste relatório: Argentina, Chile, México e Venezuela. Tal fato se deve tanto à intimidação e à violência contra os eleitores, quanto às restrições à candidatura de candidatos potenciais, sujeitos a assassinatos sistemáticos. Vale ressaltar, ainda, que não se verificaram tensões militares, deposições, renúncias ou golpes de Estado nesse país, a não ser, em 1995, portanto antes do período analisado.

Já no que diz respeito à “satisfação com a democracia”, ainda que o indicador tenha se elevado entre 1996 e 2004, mantém-se num patamar bem inferior em relação à média latino-americana, o que se deve ao contexto descrito acima.

Apesar desses elementos que poderiam enquadrar o país numa condição de risco político não-desprezível, trata-se de uma realidade que não se transformou de forma considerável durante o período de análise, o que impede que se estabeleça uma correlação direta com o desempenho das exportações de medicamentos .

Para o caso venezuelano, a situação se afigura fundamentalmente distinta. De um lado, os indicadores de eleições limpas e livres aparecem no mesmo patamar do observado nas democracias consolidadas da região, enquanto o indicador de “satisfação com a democracia” chegou a 55% em 2000, um ano após a eleição do presidente Hugo Chávez para o seu primeiro mandato – quando foi apenas superada por Costa Rica e Uruguai –, para sofrer uma queda a partir de então, ainda que se mantenha em níveis acima da média latino-americana.

Por outro lado, no que diz respeito à existência de tensões militares, deposições, renúncias ou golpes de Estado, a Venezuela vivenciou um quadro crítico no período recente, especialmente no pós-2002. Nesse ano, houve tentativa de golpe de Estado, sucedida por movimentações populares anti-Chávez e greves na estatal petroleira entre dezembro de 2002 e janeiro de 2003. Esse quadro de instabilidade política impactou a economia e também o nível de importações desse país, o que provavelmente explica a estagnação das exportações brasileiras de medicamentos .

No ano de 2004, ainda que o país continue dividido em duas grandes forças políticas – pró e anti-Chávez – as quais não hesitam em utilizar métodos anti- democráticos para perseguir seus objetivos, a situação institucional se estabilizou com a vitória do presidente venezuelano no referendum, quando obteve 60% dos votos, e com a recuperação da economia, beneficiada pela elevação dos preços do petróleo.

3.2 Marco Regulatório

No documento EstudosFebrafarma8 (páginas 88-92)