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A EXPERIÊNCIA DE INCUBADORAS DE EMPRESAS

Diversos países apresentam instrumentos favoráveis ao crescimento econômico e social. Um deles é a presença de incubadoras de empresas que contribuem para o desenvolvimento de uma região. A partir da análise de três incubadoras, podemos perceber algumas diferenças devido influências econômicas, políticas, sociais e culturais que interferem no desempenho das mesmas.

Neste capítulo são apresentados alguns fatores que beneficiam e determinam a eficiência das incubadoras perante à sociedade. Neste enfoque, serão observados os fatores que foram levantados no quadro de identificação dos principais fatores de organização de incubadoras. Por meio de estudos de caso, visitas “in loco”, pesquisas documentais e bibliográficas são citadas experiências como a de “Austin Technology Incubator” - ATI, o “Centre Européen d’Entreprises et d’Inovation” – CAP ALPHA (Centro Europeu de Empresas de Inovação) e a Incubadora Tecnológica de Curitiba - INTEC.

As incubadoras apontadas neste trabalho foram escolhidas como exemplo, pois apresentam algumas diferenças e originalidades, principalmente quanto a sua estruturação e no seu posicionamento frente a situação política e econômica do país em que se encontram. Estas são consideradas exemplos de sucesso pelas respectivas associações de incubadoras no seu país de origem.

Diversos fatores são observados, algumas diferenças e semelhanças são mostradas, como por exemplo, ao acesso a capital de risco e a geração de empresas oriundas de universidades ou institutos de pesquisa, a inserção da incubadora dentro de um sistema econômico local, o empreendedorismo e outros.

Na estrutura de uma incubadora é fundamental que esta apresente apoios e serviços que promovam o desenvolvimento tecnológico e empresarial do novo negócio. Muitas vezes a incubadora não tem recursos para manter serviços atrativos aos empreendedores, nesta condição é fundamental que a direção da mesma construa uma rede de contatos para buscar apoio nas mais diversas instituições de fomento.

Como mostra este trabalho, algumas incubadoras mantém uma forte relação com a comunidade universitária e empresarial, com isso os apoios encontrados podem ser de caráter financeiro, mercadológico e de interação universidade-empresa.

No caso europeu, as incubadoras e parques tecnológicos participam de forma direta em programas do governo local, no qual são destinados recursos para a capacitação dos empreendedores, infra-estrutura das incubadoras e financiamentos para as empresas atendidas na forma de capital inicial. Em visitas realizadas anteriormente foi observado, por exemplo, em Acheen (Alemanha) e Guildford (Inglaterra) que o governo tem participação acionária nas empresas ou viabilizam empréstimos facilitando questões como garantias reais e taxas de juros. Outro fator interessante nas incubadoras européias é a forte interação universidade-empresa. Na maioria dos casos, as empresas incubadas são frutos da transferência de tecnologia de pesquisas realizadas na universidade, como no caso da França, na Université de Tecnologie de Compiègne (UTC), que mantém um Hotel de Projetos e na Inglaterra, a Surrey Technology Centre, incubadora ligada à Universidade de Surrey (Guildford) que acolhe em sua maioria empresas oriundas desta instituição de ensino. A participação de professores e pesquisadores associados com empreendedores é comum nos empreendimentos encontrados nestas incubadoras. Com isso, existe uma grande preocupação com a propriedade industrial e intelectual.

A característica da economia européia é a grande sinergia entre o setor produtivo e o setor acadêmico. É grande a interação entre universidade e indústria, isto pode ser constatado devido à grande quantidade de empresas geradas nas instituições de ensino, fruto de pesquisas acadêmicas como na exploração e transferência de tecnologia. Muitas incubadoras de empresas estão dentro do ambiente universitário, no qual recebem toda a infra-estrutura adequada para a maturação dos empreendimentos por ela gerados. Países, como a Inglaterra, Alemanha e Holanda, apresentam significativos investimentos por parte do governo, principalmente local, para o suporte de empresas de tecnologia emergentes. Este apoio pode ser percebido como aporte de capital inicial ou mesmo de participação acionária na empresa investida.

Nos Estados Unidos, pela sua tradição em mercado de capitais e poupança interna, as incubadoras são vistas como um atrativo para investidores, principalmente de capital de risco. Este fato se deve pela maioria das empresas desenvolverem produtos inovadores e geralmente com alta tecnologia envolvida.

Para ALBERT et al. (2002, p.62), o capital de risco nasceu nos Estados Unidos depois da última guerra mundial. Desde 1997 a indústria de capital de risco foi reconhecida pelo seu desenvolvimento extraordinário neste país e depois, pelo resto do mundo. Estima-se que existam em torno de 1.100 sociedades de capital de risco espalhadas pelo mundo e destas, 700 estão nos Estados Unidos e 400 na Europa e Ásia.

Atualmente a maioria das incubadoras americanas apresentam um leque diversificado de apoios e serviços para os empreendedores, estimulam a criação de incubadoras setoriais para facilitar seu gerenciamento e atender melhor seus clientes. Podemos encontrar incubadoras de diversos segmentos da economia, como a San Jose Arts Incubator em San Jose (Califórnia) que acolhe companhias de dança, teatro e música; The Women’s Techology Cluster uma incubadora dirigida à mulheres empreendedoras em São Francisco (Califórnia); a Panasonic - Digital Concepts Center que foi instituída especialmente para desenvolver e investir em empresas emergentes da área de novas tecnologias voltadas à televisão digital, internet, e comunicação e que abriga a Panasonic Internet Incubator, a Panasonic Venture Capital e a Panasonic Global Network, também em São Francisco. Como estas, podemos encontrar centenas de incubadoras temáticas. Nestes casos a concentração de empresas de um determinado setor em um ambiente favorável, na forma de cluster9 ou mesmo de incubadoras, favorece consideravelmente no fortalecimento do setor e na busca de apoio para uma determinada cadeia produtiva.

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Para o GLOSSÁRIO (ANPROTEC, 2002, p.37): Cluster é um pólo produtivo

consolidado pela interação entre empresas de determinado setor econômico que apresentam possibilidade de crescimento contínuo superior àquele das aglomerações econômicas comuns.

A preocupação em dar suporte internacional às empresas incubadas também é um diferencial que as incubadoras americanas estão buscando para apoiar na comercialização, exportação, contratos internacionais e localização de produtos. Muitas incubadoras passam a ser chamadas de incubadoras internacionais para atrair empreendimentos de diversos países, como é o caso da International Business Incubator (IBI) em San Jose na Califórnia que concentra empresas européias, asiáticas e latino-americanas, buscando globalizá-las e atingir principalmente o mercado americano que é altamente competitivo.

Segundo ALBERT et al. (2002, p.16), as incubadoras respondem a diferentes modelos e situações variadas na qual podemos identificar incubadoras generalistas em zonas de reconversão ou rurais, incubadoras high tech (próxima de um campus universitário), incubadoras reservadas a atividades ou tecnologias específicas (como as culturais e de biotecnologia), as incubadoras complementares à atividade de uma empresa (como da Coca-Cola em Atlanta e da Panasonic em São Francisco), as incubadoras reservadas a categorias de pessoas (no caso a de mulheres - The Women’s Techology Cluster), as incubadoras vinculadas a associações com fins não lucrativos, as incubadoras que recebem companhias estrangeiras, as incubadoras implantadas por grupos estrangeiros (como é o caso da Associação Japonesa JETRO que administra uma incubadora nos Estados Unidos para acolher exclusivamente empresas emergentes japonesas, facilitando o ingresso destas no exterior).