• Nenhum resultado encontrado

MODELO GERAL: PRINCIPAIS FATORES DE ORGANIZAÇÃO DE

No quadro 1 apresentamos dez fatores necessários que uma incubadora de empresas deve adotar para a ter sucesso. Estes itens foram identificados a partir dos autores estudados (Bolton, Smilor/Gill e Rice/Mattews) e estão relacionados pelos modelos de referência ou melhores práticas apontados pelos mesmos.

Fatores necessários Bolton Smilor e Gill Rice e Mattews

Aspectos identificados I.Localização e Infra-estrutura física Qualidade das instalações e localização adequada. A localização e as instalações devem ser novas e modernas.

Qualidade das instalações e localização

II. Planejamento e gestão Possuir recursos administrativos e de gestão. Especialista local em administração de negócios;

Programas de metas com procedimentos e políticas claras. Comprometimento com os princípios básicos da incubadora; Estudo da viabilidade da incubadora; Organização e gestão da incubadora; Sistema de avaliação da incubadora. III.Oferta de serviços especializados Apoio ao acesso a fundos de capital inicial ou de risco. Suporte e assessoria financeiro. Serviços personalizados. IV.Rede de relacionamento (network) Oferecer rede de negócios. Rede de empreendedorismo; Vínculo com a universidade. Engajamento dos mantenedores.

V.Empreeendedorismo Ambiente cultural. Ensino de empreendedorismo.

Seleção das empresas. VI.Marketing da incubadora Caminho para a

percepção do sucesso.

Apresentar uma área de marketing atuante. VII.Processo de seleção das

empresas

Fator crítico para o sucesso de uma incubadora.

O processo de seleção envolve diversas etapas. VIII.Capitalização da incubadora Elemento de apoio ao desenvolvimento e consolidação de empreendimentos. Acesso a capital e investimento. Programa de desenvolvimento para a auto-sustentabilidade. IX.Equipe da incubadora Oferecer rede de

negócios. Gerente experiente, capaz e diretoria competente, comprometida com o sucesso da incubadora. Equipe gerencial competente e experiente. X.Influências políticas e econômicas Situação de mercado; Fatores econômicos; Circunstâncias políticas; Estrutura legal. A incubadora como um dos elementos do plano de desenvolvimento local.

Os fatores apresentados no modelo geral são apontados na maioria dos modelos como elementos importantes para estruturação, organização e gestão de uma incubadora tecnológica, conforme figura 8. Estes fatores também foram observados nas visitas realizadas em incubadoras como os mais relevantes no processo de incubação.

Figura 8 - Dez fatores recomendáveis para o sucesso de uma incubadora tecnológica

No primeiro fator localização e infra-estrutura, tanto para Bolton quanto para Rice e Mattews é importante, principalmente, a qualidade das instalações e localização adequada às necessidades das empresas. Porém, para Smilor e Gill, o qual apontam

no sétimo item entre os dez fatores críticos para o sucesso de incubadora, a localização e as instalações devem ser novas e modernas para levar a percepção de sucesso da incubadora.

No segundo fator, planejamento e gestão de incubadoras, Bolton coloca de um modo geral nas características que uma incubadora deve ter, em “possuir recursos administrativos e de gestão” para oferecer assistência às empresas de diversas maneiras. Os autores Smilor e Gill contemplam este fator nos itens um e dez do seu modelo, no qual mencionam a figura de um especialista em negócios como relevante para uma incubadora, e que a mesma adote programas de metas com procedimentos e políticas claras para seu próprio desenvolvimento e ascensão. Rice e Mattews mostram nas práticas um, dois, quatro e dez a importância do planejamento e gestão de maneira estruturada.

Na oferta de serviços especializados, terceiro fator proposto no modelo geral, Bolton coloca nas características do seu modelo “suporte direto” e “recursos operacionais”, o apoio ao acesso a fundos de capital de risco ou de capital inicial e facilidades operacionais como as mais interessantes em se tratando de serviço a oferecer aos empresários. Smilor e Gill também colocam o serviço de suporte e assessoria financeira (item três do modelo) como essencial para às empresas incubadas. Enquanto que Rice e Mattews, na prática nove, colocam que é necessário definir um conjunto de programas e serviços que atendam de maneira “personalizada” as demandas de cada empresa.

No quarto fator, rede de relacionamento (network), todos os autores consideram essencial para uma incubadora de empresas. William Bolton confirma na característica “oferecer rede de negócios”. Para Smilor e Gill este fator é identificado nos itens cinco e nove que abrangem uma rede de empreendedorismo e o vínculo que a incubadora deve ter com universidades. Para Rice e Mattews que colocam na prática número cinco, a importância de criar e manter um rede sólida de cooperação com seus promotores, parceiros e instituições envolvidas com a incubadora.

No sexto fator do modelo geral, marketing da incubadora, o autor Bolton não explora em seu modelo este assunto. Os autores Smilor e Gill mencionam o marketing

indiretamente no item sete, como um caminho para percepção do sucesso da incubadora. No modelo de Rice e Mattews, é colocado este fator na prática de número oito, no qual afirmam que para atrair empreendedores a incubadora deve apresentar uma área de marketing atuante, principalmente para atrair boas empresas.

Em processo de seleção das empresas, sétimo fator proposto, Bolton também não faz referência direta a este tema. Enquanto que Smilor e Gill o destacam no item oito do seu modelo, colocando que é um fator crítico para o sucesso de uma incubadora. Com a mesma relevância, Rice e Mattews tratam do assunto na prática número oito, discorrendo sobre as diversas etapas existentes no processo de seleção de empresas.

No fator oitavo, capitalização da incubadora, esta pode ser vista de duas maneiras: a capitalização da incubadora para o seu funcionamento e auto- sustentabilidade e, a capitalização das empresas incubadas, assunto o qual os autores destacam como importante para a consolidação dos empreendimentos que são incubados. Bolton trata do assunto inserido no “grupo suporte”, ou seja, como um elemento de apoio ao desenvolvimento e consolidação dos empreendimentos incubados mas, não cita formas sobre a capitalização da incubadora ou formas para a sua manutenção e investimento. Para Smilor e Gill, tratam deste fator no item dois do seu modelo, em acesso a financiamento e investimento, afirmando que capital é fundamental para as empresas emergentes, sendo que a incubadora deve ser facilitadora neste processo. Para Rice e Mattews, que apontam o assunto na prática de número três, são os únicos que abordam diretamente, colocando que deve-se estruturar um programa de desenvolvimento para a incubadora ser financeiramente viável e buscar a auto-sustentabilidade. Estes reforçam que a incubadora deve gerar receitas e buscar apoio financeiro dos seus promotores.

No nono fator, Bolton não faz referência de como a equipe da incubadora deve ser formada, apenas cita na característica “oferecer rede de negócios” que a gerência de uma incubadora ou parque tem um importante papel para introduzir uma nova empresa em uma rede de interesses. Smilor e Gill discorrem sobre este fator no item um e sete do seu modelo, no qual apontam por exemplo, que a incubadora deve ter um

gerente experiente, capaz e uma diretoria competente, comprometida com o sucesso da incubadora. Para Rice e Mattews destacam a equipe da incubadora na prática número seis do seu modelo, em que dizem “recrutar equipe gerencial competente e experiente, que administre a incubadora como um negócio e que tenha a capacidade de ajudar as empresas incubadas a crescerem”. A equipe deve ser qualificada e comprometida com a missão e os objetivos da incubadora.

No último fator do modelo geral, influências políticas e econômicas, Bolton comenta em várias características descritas no seu modelo como: em situação de mercado, fatores econômicos, circunstâncias políticas e estrutura legal. De acordo com Smilor e Gill este assunto está relacionado no item descrito “suporte da comunidade” no qual mencionam que a incubadora deve ser um dos elementos do plano de desenvolvimento econômico local, portanto, deverá sofrer influências políticas e econômicas. No modelo de Rice e Mattews não é citado diretamente como as influências políticas e econômicas podem afetar uma incubadora.

Desta forma podemos observar algumas diferenças no posicionamento dos autores estudados, porém, a partir dos fatores levantados será realizado uma análise da aplicação destes em incubadoras já consolidadas, conforme veremos no próximo capítulo.

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS MODELOS DE ORGANIZAÇÃO DE INCUBADORAS DE EMPRESAS EM ALGUNS PAÍSES

Neste capítulo serão apresentados casos de incubadoras em três países visitados pela autora do trabalho em missões técnicas à incubadoras de empresas e parques tecnológicos no período de 1999 a 2002. As visitas foram realizadas com apoio financeiro e institucional do IEL/PR, SEBRAE e TECPAR. Foram visitadas nos Estados Unidos a Austin Technology Incubator (ATI) em Austin (Texas), UB Foundation Incubator em Buffalo (Nova York), International Business Incubator (IBI), San Jose Arts Incubator e Software Business Cluster and Environmental Business Cluster em San Jose (Califórnia); The Women’s Techology Cluster e Panasonic - Digital Concepts Center em São Francisco (Califórnia). Na França o Centre Européen d’Entreprise et d’Inovation (CAP ALPHA) e Montpellier Agglomération em Montpellier, Incubateur Nord- Pas de Calais e Ruche Technologie du Nord em Lille, Pépiniére d’Entreprises Technologiques et Innovantes de Cergy-Pontoise (Neuvitec) em Cergy-Pontoise e Communauté Urbaine de Lyon em Lyon. No Brasil a Incubadora Tecnológica de Curitiba (INTEC) em Curitiba, Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA/CERTI) em Florianópolis, Incubadora de Empresas da COPPE/UFRJ e Instituto Genesis - Incubadora da PUC/RJ no Rio de Janeiro, Incubadora de Empresas do Centro Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/Unb) em Brasília, e outras.

Como nestes países foram conhecidas mais de uma iniciativa local, o nível das informações apuradas foi geral, cabendo apenas à experiência brasileira um estudo mais detalhado.

Ao final deste capítulo será apresentado um quadro de análise das incubadoras estudadas em relação ao fatores identificados no capítulo anterior.