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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL

2.1.2 A formação de professores para atuar na Educação Especial no Estado do

A história da Educação Especial no Estado do Paraná apresenta especificidades que repercutiram e repercutem em formas peculiares de organização dos serviços de Educação Especial e de formação de professores para atuação nesta modalidade de ensino. Por isso, nesta seção, a história da formação de professores para Educação Especial no Estado do Paraná é abordada em paralelo à própria história da Educação Especial paranaense.

No Estado do Paraná, a primeira escola especial (Instituto Paranaense de Cegos) foi criada em 1939. O Instituto configurou-se como internato, porém, como proposta educacional previa apenas a alfabetização e atividades para o trabalho. Conforme Silva (2013), neste instituto, o envolvimento do Estado do Paraná se deu pela doação da sede própria, mas sua manutenção era provida pela sociedade civil e/ou empresas, sendo os mesmos considerados contribuintes associados e beneméritos. Posteriormente, em 1953, foi fundada uma instituição para atendimento de pessoas com surdez, “[...] pela Resolução 1142/53, com o nome de Instituto de Recuperação de Surdos e Mudos do Paraná” (SILVA, 2013, p. 137).

No interregno entre 1939 e 1953 foram oficialmente registradas na Secretaria de Estado da Educação do Paraná, apenas sete escolas especiais, cinco localizadas em Curitiba e duas em Londrina. Não obstante, as ações governamentais relacionadas com a educação especial, no âmbito da escola pública paranaense, oficialmente tiveram início somente em 1958, no Centro Educacional Guaíra13, onde se criou uma classe especial destinada ao atendimento de alunos com deficiência intelectual (ALMEIDA, 2004). Subsequentemente, “em 1961, foi criada a Escola Mercedes Stresser para atender os internos do Hospital Nossa Senhora da Luz, onde eram internadas tanto pessoas com deficiência mental quanto com transtornos mentais. Em 1962, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)14 de Curitiba também iniciou o atendimento” (SILVA, 2013, p. 133). Em 1962, a professora Pórcia Guimarães Alves (1917-2005) também fundou no Paraná o Instituto Decroly (particular), uma escola especial, que, em 1968, abriu uma Classe para Superdotados.

Segundo Almeida (2004) o primeiro evento paranaense preocupado com a formação de recursos humanos para a Educação Especial foi um ciclo de conferências realizado em Curitiba, em 1961. O referido ciclo reuniu autoridades da saúde e da educação preocupadas com a prevenção de deficiências e com a Educação Especial. A partir do mesmo, profissionais de Curitiba foram enviados para São Paulo para participarem de um curso de especialização em Deficiência Mental ofertado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Estes profissionais, quando retornaram ao Paraná, iniciaram os Serviços de Educação Especial no Estado, sob coordenação da professora Maria de Lourdes Canziani.

Segundo Canziani (1985, p. 61):

[...] até o ano de 1963, as ações educacionais para esse segmento (excepcionais) ocorreram de forma esparsa e isolada, sem uma ação governamental que definisse

13 Essa instituição foi fundada em Curitiba pela professora Pórcia Guimarães Alves (1917-2005).

14 No Paraná a APAE foi fundada por “Maria de Lourdes B. Canziani na Escola Mercedes Stresser (1961), após cursar especialização em Educação Especial no Rio de Janeiro e em Madrid” (SILVA, 2013, p. 134).

metas, diretrizes, normas. Os atendimentos eram mantidos pelos fundadores dos serviços, com auxílios da comunidade e por eventuais contribuições oficiais.

No ano de 1963, a Secretaria de Estado da Educação criou, por meio do Decreto n° 10.527 de 9 de janeiro de 1963 (PARANÁ, 1963), o Departamento de Serviços para Excepcionais, junto à estrutura da então Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Paraná.

A preocupação inicial dos gestores do Departamento de Serviços para Excepcionais foi formar uma equipe de profissionais que possibilitasse organizar, instalar ou ampliar serviços e programas de atendimento dos alunos PAEE: isso só foi possível com a colaboração do Movimento Apaeano15 recém iniciado no Paraná. “Pela falta de investimentos públicos, coube ao movimento apaeano buscar e difundir metodologias, materiais específicos e dar suporte à criação de programas de formação e capacitação de professores.” (PARANÁ, 2006, p. 31).

Segundo Canziani (1985, p. 57):

[...] de 1963 a 1983 foram desenvolvidas atividades para estruturar o atendimento educacional da pessoa com deficiência, de forma a acompanhar os princípios e tendências nacionais e valorizar os procedimentos e técnicas de ensino, bem como a profissionalização dos alunos com deficiência.

Estas ações foram desenvolvidas mediante parcerias entre governo e instituições privadas, parcerias estas estimuladas pela Lei n° 4.978, de 5 de dezembro de 1964, que estabelece que:

[...] toda iniciativa privada, considerada eficiente pelo Conselho Estadual de Educação, relativa à educação dos excepcionais, receberá dos poderes públicos estadual e municipais tratamento especial, mediante concessão de bolsas de estudo, empréstimos, auxílios e subvenções. (PARANÁ, 1964, p. 32).

Com estas parcerias, em 1985, a grande força da Educação Especial paranaense situava- se “[...] na iniciativa privada, a maioria sem vínculo sistêmico com as estruturas oficiais e muitas ainda envolvidas com a preocupação paternalista e, consequentemente, mescladas com o sentimentalismo, confundindo ‘educação’ com ‘proteção’” (CANZIANI, 1985, p. 41).

Todavia, entre 1966 e 1982, o Departamento de Educação Especial do Paraná ofertou regularmente o curso de especialização (pós-normal/pós-médio) para Professores de Ensino Especial, com duração de 760 horas e com foco na formação de professores para o atendimento de alunos com deficiência mental, deficiência da audição e da fala e deficiência

15 A expressão movimento apaeano refere-se a ações realizadas pelos pais e profissionais vinculados à Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais.

da visão (CANZIANI, 1985); e, ofertou cursos de especialização para Supervisores dos Núcleos Regionais de Ensino e Inspetorias, com foco na preparação destes profissionais para interiorização dos serviços de Educação Especial.

Em 1973, com a Deliberação n.º 004/73 (PARANÁ, 1973), do Conselho Estadual de Educação – CEE/PR se efetivou a primeira regulamentação da Educação Especial no sistema educacional paranaense (SALLES, 2013). Esta deliberação abriu espaço para outras Deliberações do Conselho Estadual de Educação, como a Deliberação n°. 26/79 (PARANÁ, 1979), Deliberação nº 025/84 (PARANÁ, 1984a) e a Deliberação 035/84 (PARANÁ, 1984b) que dispõem sobre atualização e consolidação das normas relativas à implantação, estruturação e funcionamento dos Estudos Adicionais, como cursos de formação de professores para a Educação Especial. A Deliberação n°. 26/79, de 14 de setembro de 1979 (PARANÁ, 1979, p. 30-38), referente ao Processo n°. 284/79, “estabeleceu Diretrizes para o Curso de Formação de Professor de Educação Especial nas áreas de Deficiência Mental, Deficiência da Áudio comunicação e Deficiência da Visão”.

A partir destas deliberações determinou-se que os cursos de formação de professores para Educação Especial deveriam ocorrer em cursos adicionais (Estudos Adicionais), em nível de segundo grau. Bem como, poderiam ocorrer de forma regular e concentrada nos finais de semana e deveriam apresentar uma carga horária de 990 horas/aula, incluindo o tempo de estágio supervisionado. Neste contexto, o Estágio supervisionado – prática de ensino - deveria ter duração de 180 horas, ser realizado no período diurno com atividades de treinamento para o atendimento PAEE, pautada em observação, co-participação e direção de classe, e ser acompanhado pela professora de estágio em conjunto com as professoras de formação básica e específica (SANTOS, 2007).

A Deliberação 035/84 (PARANÁ, 1984b), estabeleceu que em cada turma de Estudos Adicionais o número de alunos16 não poderia ser superior a 35 e que, nos referidos cursos eram requisitos para matrícula: comprovante de conclusão de curso de magistério em nível de 2º grau; ou, comprovante de conclusão de curso de Pedagogia Habilitação Magistério, constando no histórico escolar disciplinas referentes às peculiaridades do ensino de 1º grau, metodologia e psicologia da infância e da pré-adolescência.

Conforme a Deliberação 035/84 (PARANÁ, 1984b), somente podiam lecionar nos cursos de Estudos Adicionais professores formados em curso superior de licenciatura plena com especialização em Educação Especial. Quando, pela natureza da disciplina do curso de

16 A Deliberação nº 035/84 estabelece que havendo maior número de escritos do que o de vagas, efetuava-se entrevista seletiva e selecionava-se aqueles que comprovavam experiência em classe especial.

Estudos Adicionais, inexistisse professor com formação específica, poderia ministrá-la, em caráter suplementar e precário, outro profissional com formação em nível superior, desde que previamente autorizado pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) do Paraná. Para que um docente pudesse ministrar aulas em cursos de Estudos adicionais era exigida a comprovação de experiência profissional em relação à área da Educação Especial a que o docente apresentava formação. O curso era apostilado no verso do diploma do curso de formação inicial (Magistério ou Pedagogia).

A Deliberação 025/84 (PARANÁ, 1984a), do CEE atribuía ao próprio CEE a competência para apreciação e aprovação dos Projetos de Implantação de Estudos Adicionais na área da Educação Especial. Posteriormente, a Deliberação nº 007/05, de 7 de junho de 1995 (PARANÁ, 1995) determinou que a decisão de prorrogação, continuidade de oferta dos cursos, cessação de atividades, verificação, acompanhamento e apreciação dos Relatórios dos Cursos de Estudos Adicionais na Educação Especial, era do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Educação do Estado do Paraná.

De acordo com essa mesma Deliberação, nos Projetos de Implantação de Estudos Adicionais na área da Educação Especial, deveria constar a Matriz Curricular dos referidos cursos: o quadro de professores e das respectivas disciplinas a serem ministradas pelos mesmos, acompanhados dos documentos que autorizavam estes docentes a ministrar aulas; o nome das escolas em que o estágio supervisionado seria realizado; e, o calendário acadêmico e cronograma de distribuição das disciplinas.

Assim, foi implementada uma base para formação de professores para a Educação Especial que veio ao longo dos anos se expandindo de forma intensa pelo Estado, através de cursos com diferentes estruturas, sendo que os principais eram os “cursos de formação de professores para a Educação Especial, na forma de Estudos Adicionais, legislados pela Deliberação 025/84 e 013/90” (PARANÁ, 1994, p. 11).

Na década de 90, mesmo a partir da Deliberação 020/86 (PARANÁ, 1986), que delimitou a estruturação e a organização da Educação Especial no Paraná, a autorização para o funcionamento de programas de Educação Especial (formação de classes especiais, salas de recursos e centros de atendimento especializados para deficiência visual, deficiência auditiva e deficiência física) na rede regular de ensino (PARANÁ, 1986) ocorreram poucas transformações nos processos de formação de professores para Educação Especial nesse Estado. Aliás, no Estado do Paraná os Cursos de Estudos Adicionais para formação de professores para a Educação Especial adentraram a década de 1980 chegando praticamente até o ano 2000 (ALMEIDA, 2004).

As especializações lato sensu em áreas relacionadas com a Educação Especial começaram a ser ofertadas no estado do Paraná apenas em 1984. Mais precisamente, a primeira especialização lato sensu teve início em 1984 na área de Deficiência Mental, na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava (ALMEIDA, 2004).. Posteriormente, na década de 1990, especializações lato sensu disseminaram-se em todo o Estado.

Conforme Almeida (2004) no que se refere à habilitação em Educação Especial no curso de Pedagogia no Paraná, ela aconteceu somente a partir de 1996 em duas universidades: Universidade Estadual do Centro Oeste e Universidade Estadual de Ponta Grossa. Na Universidade Estadual do Centro Oeste, a habilitação teve início em 1996 na área de Deficiência Mental. Em 2002, houve uma reestruturação no curso de Pedagogia e nele foram incluídas habilitações em Deficiência Auditiva e Deficiência Visual. A habilitação em Educação Especial na Universidade Estadual de Ponta Grossa teve início em 1998.

Na aurora do século XXI, efetuou-se no Paraná, especialmente nas escolas estaduais, um intenso processo de discussão sobre inclusão escolar. Neste contexto, com o objetivo de sistematizar uma política pública de inclusão educacional, tendo o Departamento de Educação Especial à frente desse processo, foi elaborado um documento intitulado “Educação inclusiva: linhas de ação para o Estado do Paraná” (PARANÁ, 2001), que dentre outras ações, destacava a necessidade de formação continuada dos professores para atuação com os alunos com necessidades educacionais especiais.

Em 2003, substituindo a Deliberação n.º 020/86 (PARANÁ, 1986), foi publicada a Deliberação n.º 02/2003 (PARANÁ, 2003), que trata das normas para a Educação Especial na modalidade da Educação Básica para alunos com necessidades educacionais especiais no sistema de ensino do Estado em questão. A Deliberação n.º 02/03 estabeleceu que:

Art. 33 A formação de professores para a educação especial em nível superior dar- se-á: I. em cursos de licenciatura em educação especial associados ou não à licenciatura para a educação infantil ou para os anos iniciais do ensino fundamental; II. em curso de pós-graduação específico para educação especial; III. em programas especiais de complementação pedagógica nos termos da legislação vigente. (PARANÁ, 2003, p. 9, grifo nosso).

Com base nestas orientações, o Estado do Paraná divulgou o Edital nº 36/2004 (PARANÁ, 2004a) e o Edital nº12/2007 (PARANÁ, 2007) de concursos públicos estaduais em que constavam ampla quantidade de vagas (respectivamente 4555 e 1000 vagas) para o cargo de Professor do Quadro Próprio do Magistério, nível de atuação Educação Básica, na modalidade de Educação Especial. No o Edital nº 36/2004 (PARANÁ, 2004a) estabeleceu-se

que os professores apresentassem como escolaridade mínima a habilitação como Professor da Educação Básica na Modalidade de Educação Especial, comprovada por uma das seguintes titulações: licenciatura Plena e Curso de Formação de Professores para a Educação Especial na modalidade de Estudos Adicionais; ou Licenciatura Plena e Curso de Formação de Professores para a Educação Especial na modalidade Normal, em nível Médio; ou Licenciatura Plena com Habilitação em Educação Especial; ou Licenciatura Plena e Curso de Pós-Graduação em Educação Especial.

No Edital nº12/2007 (PARANÁ, 2007), estabeleceu-se como escolaridade mínima dos concorrentes “Licenciatura Plena mais curso de formação específica em Educação Especial, conforme Art. 59, III da LDBEN 9394/1996”, demarcando que esta escolaridade poderia ser constituída da seguinte maneira: Licenciatura Plena e Curso de Formação de Professores para Educação Especial na modalidade de Estudos Adicionais; ou Licenciatura Plena e Curso de Especialização de Professores para o Ensino Especial, em nível médio, ofertado pelo Centro

Excelência Tecnologia Educacional (CETEPAR), autorizado por Resolução Secretarial, com carga horária mínima de 360 horas; ou - Licenciatura Plena e Curso de Formação de Professores para Educação Especial na modalidade Normal, em nível Médio; ou - Licenciatura Plena com habilitação em Educação Especial; ou - Licenciatura Plena e Curso de Pós Graduação em Educação Especial; ou - Licenciatura Plena e Curso de Pós-graduação em Educação Física Adaptada.

Ressalta-se que, para professor de Educação Especial, na prova de títulos do concurso regido pelo Edital nº12/2007 previa-se atribuição da mesma pontuação para o título de especialista em Educação Especial (pós-graduação lato sensu) e para o título de doutorado (stricto sensu) Educação Especial ou de doutorado com tese relacionada com Educação Especial (PARANÁ, 2007). Estes elementos conferiram grande importância às pós- graduações lato sensu em Educação Especial.

Não obstante, nas Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a Construção de Currículos Inclusivos (PARANÁ, 2006), no que se refere a formação de professores para Educação Especial, a ênfase é posta na formação continuada, pois defende-se que a elaboração de políticas inclusivas envolve “[...] a organização de apoios e a formação continuada dos professores e demais profissionais da educação, de modo que a escola desenvolva capacidade de responder às necessidades dos alunos, sem nenhum mecanismo de exclusão” (PARANÁ, 2006, p. 51).

Paradoxalmente, enquanto em 2008 o Governo Federal Brasileiro inicia o processo de difusão da chamada PNEEPEI (BRASIL, 2008a), caminhando no sentido da Inclusão Total, o

Estado do Paraná desenvolve ações em outros sentidos, como o de tornar públicas as escolas de educação especial. Talvez um exemplo do princípio desse processo seja a inauguração, em 2008, da primeira Escola Estadual de Educação Especial com sede no município de Curitiba, a Escola Estadual de Educação Especial Lucy Requião de Mello e Silva. Trata-se de uma escola de caráter público, com foco no AEE.

Observa-se que, a partir de 2008, o estado do Paraná incorpora em parte as políticas públicas (PNEEPEI) adotadas nos documentos nacionais, mas questiona que os alunos com mais comprometimento não foram contemplados na PNEEPEI (2008) e nem designados para o AEE. Aliás, conforme Machado e Vernick (2013) adotando uma diferente e particular leitura, que diverge daquela adotada pelo MEC em relação à inclusão, mesmo após a promulgação do Decreto n.º 6.571/2008, o Paraná cria leis e dissemina documentos com objetivo de fortalecer as escolas especiais.

Por exemplo, em 2010, o Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional publicou a Política Estadual de Educação Especial na Perspectiva da Inclusão (PARANÁ, 2009a), defendendo a manutenção das Escolas Especiais sob o argumento de que há uma parcela de alunos com comprometimentos e necessidades que requerem atenção individualizada e adaptações curriculares significativas, impossíveis de serem desenvolvidas na escola regular. Conforme o referido documento,

[...] a política de inclusão nos remete ao entendimento de que à escola de educação especial cabe um contingente restrito de alunos, que dela se vale somente quando, em face de sua intensa especificidade, a escola comum, mesmo com os apoios especializados, não demonstre ser o melhor espaço para atender suas necessidades. (PARANÁ, 2009a, p. 11).

Visando fortalecer a defesa da política estadual, o documento em questão (PARANÁ, 2009a) dedica um capítulo inteiro (intitulado Escolas de Educação Especial da Rede Conveniada) para tratar das escolas especiais da rede conveniada, justificando que naquele momento o Paraná contava com 394 Escolas de Educação Especial.

Dessas, 384 são entidades filantrópicas e possuem Convênio de Cooperação Técnica e Financeira com a Secretaria Estadual de Educação/Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional (SEED/DEEIN), 10 outras possuem Convênio Técnico17, uma vez que, são escolas especiais que integram a rede municipal. (PARANÁ, 2009a, p. 12).

17 O referido se firma, dentre outras ações, com a cessão de 4 503 professores pertencentes ao Quadro Próprio do Magistério paranaense para escolas especiais.

Trata-se de um ponto que merece destaque porque, enquanto em outros Estados pairava o temor de fechamento das escolas especializadas, no Paraná estas instituições eram oficialmente defendidas e inclusive expandiam-se: conforme dados da Secretaria Estadual de Educação (SEED), em 2003 o Paraná contava com 331, em 2008 com 350 e 2011 com 394 escolas especiais. Entretanto, mesmo mantendo/expandindo as escolas especiais, o Paraná incorpora aos serviços de Educação Especial as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) ofertando em 2011, 2996 SRM em 395 municípios do Estado.

Visando consolidar o estabelecimento das escolas especiais, a SEED também publicou a Resolução Secretarial n.º 3.600/2011 (PARANÁ, 2011), que autoriza a alteração da denominação das Escolas de Educação Especial para Escolas de Educação Básica, na modalidade de Educação Especial, com oferta de Educação Infantil, Ensino Fundamental – Anos Iniciais; Educação de Jovens e Adultos – Fase I e Educação Profissional/Formação Inicial, a partir do início do ano letivo de 2011.

Com esta alteração de denominação, no sentido de garantir o financiamento público das escolas especiais, a Resolução Secretarial n.º 3.600/2011 determina em seu artigo 2.º que o Estado do Paraná irá “[...] promover a educação nas Escolas de Educação Básica, na modalidade Educação Especial, com a participação em Políticas e Programas Públicos” (PARANÁ, 2011, p. 1). E, na sequencia, com o mesmo intuito de garantir o financiamento público das escolas especiais paranaenses, a Lei 17.656/2013, instituiu o Programa Estadual de Apoio Permanente às Entidades Mantenedoras de Escolas que ofertam Educação Básica na Modalidade Educação Especial.

De acordo com o artigo 2º da referida Lei 17.656/2013:

[...] o programa tem por objeto assegurar aos educandos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento, em qualquer faixa etária, a oferta das etapas da educação infantil, ensino fundamental, médio e Educação de Jovens adultos/ Educação Profissional, incluindo a oferta gradativa de período integral, por meio de parceria com o Estado do Paraná e as entidades Mantenedoras [Entidades Mantenedoras de Escolas que ofertam Educação Básica na Modalidade Educação Especial] referidas no artigo 1 desta Lei (PARANÁ, 2013, não paginado).

Além disso, o artigo 5º destaca que em cumprimento ao objeto do programa, o Estado do Paraná designará servidores estaduais (Professores, Pedagogos e Agentes Educacionais I e II) para, na condição de agentes do estado, prestarem serviços nos programas educacionais de interesse da Secretaria de Estado da Educação ofertados pela Entidade Mantenedora; bem

como transferirá recursos financeiros para apoiar as Entidades Mantenedoras para a consecução dos objetivos do programa “Todos Iguais pela educação”.

O Paraná também incorpora a tendência do Governo Federal quanto à formação de professores para Educação Especial, apostando na formação continuada como principal estratégia para esta formação. Os dirigentes educacionais do Estado do Paraná (PARANÁ 2009a, p. 13) entendem que “[...] o investimento na formação continuada dos profissionais da educação é um componente essencial da transformação da sociedade atual em uma sociedade inclusiva”. E, ressaltam que, por isso, têm investido prioritariamente em propostas de formação continuada para a preparação dos professores para atuação com a educação inclusiva de alunos PAEE.

Mesmo assim, a Resolução18 N.º 139/2009 (PARANÁ, 2009b), que regulamenta a distribuição de aulas nos Estabelecimentos Estaduais de Ensino do Paraná, determina que, para atuação em docência nos Serviços e Apoios da Educação Especial, os professores deverão ser especializados, mediante comprovação de conclusão no Curso de Pós-Graduação em Educação Especial, ou Curso de Licenciatura em Educação Especial, ou Curso de Formação de Professores para a Educação Especial na Modalidade de Estudos Adicionais, ou Curso de Formação de Professores para a Educação Especial na modalidade Normal, em nível Médio. A mesma resolução determina que estes professores devem ser preferencialmente do Quadro Próprio do Magistério Estadual e que para seleção destes considera-se como critério, além da necessidade de o mesmo apresentar uma das formações mencionadas, apresentar maior tempo de serviço nos Serviços e Apoios da Educação Especial da Rede Estadual.