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A Igreja Presbiteriana Renovada de Anápolis

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CAPÍTULO I – A IGREJA PRESBITERIANA RENOVADA DO BRASIL E A CHURCH IN

1.1. O PRESBITERIANISMO VEM PARA O BRASIL

1.1.4. A Igreja Presbiteriana Renovada de Anápolis

De acordo com a Ata de Fundação da Igreja Presbiteriana Renovada de Anápolis, registrada no Cartório de Títulos e Documentos e Registro Civil das Pessoas Jurídicas de Anápolis, “aos sete dias do mês de agosto de hum mil novecentos e setenta e sete, no templo provisório localizado na rua 14 de Julho, esquina com Avenida Goiás nº 1100”, foi instalada a primeira igreja da denominação Presbiteriana Renovada em Anápolis9. O nome oficial, contudo, ficou sendo de 2ª Igreja

Presbiteriana Renovada de Anápolis, porque existia um trabalho de cunho pentecostal sendo realizado por membros que saíram da Igreja Cristã Evangélica e se reuniam há mais tempo em outro setor da cidade (Vila Góis) e, por isso, essa última foi denominada 1ª Igreja Presbiteriana Renovada, conquanto não tivesse registro jurídico.

A Assembleia Geral de Fundação da IPR em Anápolis, de acordo com a Ata de Fundação, foi presidida pelo pastor Paulo de Oliveira Brasil, tendo como auxiliares o Pastor Drumond de Oliveira Caixeta, Pastor José Berto de Araújo Neto e Pastor

9 A cópia do documento de fundação da 2ª Igreja Presbiteriana, com todos os registros feitos estão no anexo de Documentos ao final desse trabalho como Documento nº I.

Marcos Antonio Pereira10. Nessa assembleia de fundação, foi lido e explicado o

Estatuto11 da 2ª Igreja Presbiteriana Renovada em Anápolis e eleitos os presbíteros e

diáconos da instituição. A Ata foi assinada por 37 pessoas, mas na votação para presbíteros contou-se até quarenta pessoas presentes12.

Como ficou anotado anteriormente, o campo religioso brasileiro, entre 1960 e 1970, estava enfrentando uma disputa, dentro do protestantismo de missão (congregacionais, presbiterianos, batistas, metodistas etc.), em relação aos movimentos de avivamento. Em depoimento para a pesquisa, a entrevistada H2 (cf. Anexo 3, p. 2) afirma que ela e a mãe foram convidadas a deixar a igreja Metodista de Anápolis na década de 1970 por terem aderido às práticas pentecostais, às quais o pastor daquela igreja não aceitava em sua denominação. Em outra entrevista para a pesquisa, o entrevistado H3 (cf. Anexo 3) afirma que vários irmãos - “cerca de trinta deles, saíram da Igreja Cristã Evangélica de Anápolis -”, igreja de missão em Anápolis, e migraram para igrejas e movimentos avivalistas, entre eles alguns que participaram dos primeiros trabalhos de formação da Igreja Presbiteriana Renovada.

Nas entrevistas H1, H2 e H3, realizadas em outubro de 2015, com fundadores da IPRB de Anápolis (cf. Anexo 3, p. 1-4), confirmou-se algumas tendências do avivalismo na época de implantação (década de 1960-1970). Os esforços foram pautados no ensino de uma teologia cristocêntrica, da Bíblia como regra de fé, e de buscar o batismo com/do Espírito Santo e os dons espirituais, em especial o dom de línguas. No Estatuto da 2ª Igreja Presbiteriana Reformada, registrado em Anápolis em

10 Todos esses pastores são citados no site oficial da IPRB, no rol de pastores e evangelistas pioneiros da instituição na década de fundação, 1970. Disponível em

<http://www.iprb.org.br/historia/iprb/pastores_fundadores.htm>. Acesso em: 26 set. 2016. Já a Ata de Fundação da IPRB Anápolis, cf. Anexo

11 O Estatuto também foi registrado em Cartório, mas em data anterior (2º Tabelionato de Protestos e Registros de Anápolis), e também se encontra no anexo como Documento nº II.

12 No ato da fundação estavam presentes 24 homens e 28 mulheres, de variadas atividades

profissionais, salientando: 14 estudantes, 16 domésticas (não se especifica se são trabalhadoras domésticas ou apenas mulheres do lar), 2 professores e 3 balconistas além de: telegrafista, laboratorista, tipógrafo, telefonista, tratorista, desenhista, açougueiro, comerciária, borracheiro, bancária, militar, evangelista e pastor. O pastor Marcos Antônio Pereira permaneceu como pastor oficial da Igreja Presbiteriana Renovada de Anápolis que pertencia, e ainda pertence, ao Presbitério Brasil Central, que incluía o Distrito Federal e Mato Grosso. O Estatuto da Igreja da IPRB já havia sido registrado em Cartório desde maio de 1977.

1977, figura como finalidade da IPRB de Anápolis, em seu Art. 4º “Doutrinar seus membros a buscarem o batismo com o Espírito Santo, os dons espirituais e a santificação de suas vidas”.

Há que se notar que no período de sua implantação a denominação contou com um público muito variado, mas com predominância de grupos sem prestígio político ou social (14 estudantes e 16 mulheres com a função de domésticas, além de uma variada gama de pessoas com ocupações de baixa remuneração: balconistas, tratorista, borracheiro etc.). Esses dados confirmam a observação de Mariano (2008):

Há centenas de diferentes denominações pentecostais no país. Dada a diversidade institucional e a pluralidade interna desse movimento religioso, não é despropositado falar em pentecostalismos, no plural. Pois, além da presença de elevado número de igrejas existentes e concorrentes, há grande variação doutrinária, ritual, litúrgica, organizacional (governo eclesiástico), comportamental e estética nesse meio religioso. Variam igualmente suas estratégias proselitistas, seu público-alvo, sua relação com os poderes públicos, com a política partidária e com os meios de comunicação de massa. Em suma, trata-se de um fenômeno religioso dinâmico e internamente muito diversificado (MARIANO, 2008, p. 69, 70).

A IPRB teve no seu início em Anápolis uma variedade de pessoas que não compunham a classe privilegiada na sociedade, mas tampouco estavam entre a população brasileira de desempregados, ou ocupando as estatísticas como os de “extrema pobreza”. O que reforça o fato de se falar em “pentecostalismos”, como afirmam diversos autores, dentre eles Mariano (2008) e Trombetta (2015); entre outros, o pentecostalismo produziu: novos ritos; traços da cultura local; traços do contexto em que se inseria oferecendo soluções para os problemas imediatos e terrenos, de ordem emocional, financeira, familiar etc.

Aconteceu em Anápolis, na década de 1970, com a recém-fundada IPRB, o que ocorreu em outras partes do Brasil: o pentecostalismo avança a partir de dentro das igrejas de missão e carrega traços de sua teologia (REILY, 2003). Mesmo com traços teológicos de identificação, as diferenças entre evangélicos pentecostais e evangélicos de missão permaneceram nas décadas posteriores à implantação do pentecostalismo no território brasileiro.

Por causa dos métodos e o tipo de espiritualidade comuns entre os pentecostais (tendência proselitista; moralismo rigorista proibindo cinema, teatro, TV, fumo e álcool; proibindo às mulheres o uso de maquiagem, roupa justa e cabelos curtos), de aspectos de sua teologia (sua interpretação da doutrina do Espírito Santo, especialmente quanto aos dons, seu biblicismo,

sua postura antiecumênica) e ainda por razões sociológicas (seus membros parecem ser de classes inferiores e marginalizadas, e as igrejas pentecostais constituem-se, desse modo, em “refúgio de massas”), houve pouco diálogo entre pentecostais e igrejas históricas do Brasil (REILY, 2003, p. 366). Atualmente, a Igreja Presbiteriana Renovada de Anápolis tem uma configuração mais parecida com as igrejas de missão, em particular da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). A entrevistada para a pesquisa H2 (cf. Anexo 3) lamentou o fato de que “na Igreja Presbiteriana Renovada não existe mais a busca dos dons nem do batismo com o Espírito Santo (sic)”. O depoimento do pesquisado H1 foi na mesma direção, com o acréscimo de que ele, como pastor jubilado da Igreja Presbiteriana Renovada e com mais de setenta anos de idade, está frequentando uma Assembleia de Deus (AD). Ele nos justificou a decisão dizendo que era “porque não se busca hoje o batismo, as línguas e milagres como no início da Presbiteriana Renovada (sic)”. Eles alegam que as IPRs perderam as características pentecostais e voltaram a ser “tradicionais” como a IPB.

A IPRB em Anápolis contava, em 2015, com um total de 10 Igrejas, 3 congregações Presbiteriais e 7 Congregações, somando 1824 membros confessantes. É nessa estrutura organizacional e contextual que foi gestada a Church

in Connection, a princípio como nome fantasia da congregação da 3ª Igreja

Presbiteriana Renovada de Anápolis.

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