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ORGANIZAÇÃO DA CHURCH IN CONNECTION

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CAPÍTULO II – CHURCH IN CONNECTION: A NOVIDADE DE UMA RELIGIÃO DE

2.1. ORGANIZAÇÃO DA CHURCH IN CONNECTION

Antes de particularizar os aspectos inovadores, ou conservadores da Church, bem como as possíveis formas de “negociação” de sentido dos fiéis desta igreja com o sagrado, é preciso localizar a Church como parte do contexto evangélico brasileiro. Esse contexto se insere em outro que é o Latino-Americano e o Pentecostal. Mariano (1999) resume todos esses “contextos” da seguinte narrativa:

[...] o termo evangélico, na América Latina, recobre o campo religioso formado pelas denominações cristãs nascidas na e descendentes da Reforma Protestante europeia do século XVI. Designa tanto as igrejas protestantes históricas (Luterana, Presbiteriana, Congregacional, Anglicana, Metodista e Batista) como as Pentecostais (Congregação Cristã do Brasil, Assembléia de Deus, Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo, Deus é Amor, Casa da Benção, Universal do Reino de Deus etc.). [...] Para simplificar, os pentecostais diferentemente dos protestantes históricos, acreditam que Deus, por intermédio de Espírito Santo e em nome de Cristo, continua a agir hoje da mesma forma que no cristianismo primitivo, curando enfermos, expulsando demônios, distribuindo bênçãos e dons espirituais, realizando milagres, dialogando com seus servos, concedendo infinitas amostras concretas de Seu supremo poder e inigualável bondade (MARIANO, 1999, p. 10).

A constatação do autor é acertada ao designar o termo “evangélicos” como termo guarda-chuva, usado na América Latina, para uma gama enorme de denominações herdeiras da reforma protestante, e facilita a compreensão do trânsito dos fiéis entre essas denominações. Quando Mariano (1999) difere os protestantes históricos dos Pentecostais, ele o faz não apenas na linha das diferenças teológicas, mas deixa entendido que as práticas pentecostais de crer em milagres, curas de enfermos e possessões demoníacas aproximaram essas últimas da população mais carente latino-americana e, por consequência, brasileira. Contudo, a disputa no campo religioso entre protestantes históricos e pentecostais, e deles entre si, é muito acirrada.

No depoimento para a pesquisa (cf. Anexo 1, p. 5-8), em setembro de 2016, o Pastor Thiago Vinícius Cunha afirmou que “desde julho de 2016, a Church passou a

ser uma instituição independente” e ele “começara a elaborar o regimento interno e o corpo doutrinário da nova instituição”.

O Pastor Thiago Vinícius Cunha recebeu no Seminário (SPRBC), entre 2007- 2010, sua formação teológica. A Church manteve, ao se desligar da IPRB sua organização interna com a figura dos Presbíteros, sendo quatro no total, e Diáconos, sendo 27 mulheres (diaconisas) e 22 homens, no total 49 diáconos. Da IPRB vem a herança de ordenar diaconisas, uma parte reconhecida do ministério feminino. Os diáconos da Church permaneceram com as mesmas funções que já exerciam como diáconos da IPRB. Eram tarefas estabelecidas pelo Regimento Interno da IPRB (Art. 60), e os mantinha com as atribuições de: “cuidar da beneficência; zelar pela ordem durante o culto e atos religiosos no templo ou fora dele; levantar ofertas e encaminhar à tesouraria da igreja” (FERREIRA, 2013, p. 48).

O que a pesquisa constatou foi que os diáconos e diaconisas aumentaram em número durante o exercício do ministério do pastor Thiago e da escolha do nome

Church in Connection quando ainda ligada à IPRB. O corpo de diáconos e diaconisas

se tornou um pequeno “exército de jovens” ávidos por participar das suas tarefas. Com uniforme que os identifica, exercem essas atividades durante os cultos nos serviços do sacramento da santa ceia e na organização da retirada de dízimos e ofertas.

Questionado sobre a organização da igreja em termos de hierarquia, e para fins de funcionamento, o pastor Thiago declarou (cf. Anexo 1, p. 9) que estava elaborando um organograma, mas que em termos gerais já tinha a seguinte ordenação:

Figura 7 – Organograma e hierarquia da Church in Connection

Fonte: Próprio autor

O Pastor Thiago ocupa, como fundador e líder da nova instituição, o posto mais alto, em termos de autonomia nas decisões da organização. Ele nos relatou que sua esposa e pastora Késia Dayane Cunha ocupa o segundo cargo na hierarquia organizacional e que os presbíteros e diáconos ocupam suas funções como na organização anterior da IPRB. Contudo, verificamos outra prática. Mantidos os presbíteros esses não ocupam na hierarquia um plano superior como nas Igrejas Presbiterianas.

Essa herança da IPRB é afirmada, mas conforme o próprio depoimento do pastor Thiago Vinícius Cunha, quase todas as decisões ele toma sozinho, sem a participação dos presbíteros (que nas igrejas presbiterianas são consultados em relação a todas as mudanças na igreja) ou de outros líderes, “porque muitas decisões exigem resposta rápida”, ele nos afirmou. No depoimento de junho de 2016 (cf. Anexo 1, p. 4), o pastor Thiago disse que em uma cerimônia futura, irá ordenar a sua mulher Késia Dayane Cunha como pastora, distanciando-se assim da organização antecessora presbiteriana e do presbiterianismo brasileiro em geral, que não acata o pastorado feminino.

Pastor Thiago Vinícius Cunha Pastora Késia Dayane Cunha

Homens Mulheres Jovens

Líderes Casais Adolescentes Presbíteros Diáconos Cooperadores Crianças

A manutenção dos presbíteros - são quatro no total - é uma herança da hierarquia Presbiteriana; e o pastor, no depoimento para a pesquisa (cf. Anexo 1, p. 8), em setembro de 2016, disse que pensa em extinguir daqui a algum tempo o cargo de Presbítero.

- Em relação à organização da igreja estamos numa fase de planejamento. Talvez eu acabe com o cargo de presbíteros. Mas, hoje os presbíteros ainda têm um papel na igreja, por exemplo, quem estabelece meu salário não sou eu e sim os Presbíteros. Os líderes estão acima dos Presbíteros pois eu consulto eles para desenvolver os trabalhos na igreja. Inclusive agora para ser membro da Church, para se aliançar tem que fazer um curso comigo de três meses (sic).

Como ele afirmou, a igreja está numa fase de “planejamento”, não tem normas escritas nem regimento interno. O que se percebe é que as decisões são baseadas na sensibilidade e capacidade do próprio pastor Thiago. Como os cultos são temáticos e os acontecimentos obedecem a um fluxo de constantes mudanças, o pastor não tem tempo de reunir ou consultar muitos líderes da igreja. É um formato empresarial que exige eficácia, precisão e rapidez nos resultados.

Por isso, acreditamos que ele manteve os cargos de presbíteros para não criar qualquer tipo de mal-estar, mas esvaziou o conselho de presbíteros de poder de decisão. O mesmo tratamento em relação ao pastorado de sua mulher que tem o status e as funções de uma pastora, mas não recebeu, por enquanto, a ordenação de pastora junto aos fiéis. E, na pesquisa com os membros (cf. Anexo 2), parece não ter a menor importância o fato de não ter ocorrido uma “ordenação” do tipo tradicional. Os jovens a reconhecem como pastora. Nessa mesma entrevista, ele exaltou o trabalho dos líderes dos departamentos criados na Church (homens, mulheres, casais, jovens etc.) e afirmou consultá-los “mais do que os presbíteros, em relação ao que se deve fazer na igreja”. A sua esposa Pastora Késia o acompanha em diversos trabalhos e reuniões, embora as pregações de domingo são quase exclusivamente designadas ao Pastor Thiago.

No organograma da Church são os jovens que ocupam as diversas lideranças. Consequentemente, duas coisas podemos depreender daí. Primeiro, o fato de que as propagandas, o marketing interno e externo da Church tenha o perfil jovem e uma linguagem dinâmica. Eles é que elaboraram, em conjunto, a forma de comunicar o

trabalho. Em segundo lugar, fica apresentado qual o público preferencial da igreja: os jovens e os casais novos.

No App da Church in Connection está exibida a organização funcional da instituição. No item Ministérios (organização), o Pastor e sua equipe buscam surpreender e mostrar de forma inusitada a organização da Church. Com desenhos “retrô” (que nos remetem ao que passou, no vestuário, nos cortes de cabelo, no carro, no estilo de vida etc.) que lembram cenas da vida Americana entre 1920–1960. Aí aparecem quais são os Ministérios, ou departamentos da igreja: Church Grupo - CG; Rede de Casais; Homens; Mulheres; Rede de Jovens; Transição; Church Kids; UDF (Universidade da Família); Envoy (Associação de Missões).

2.2. CHURCH IN CONNECTION: IGREJA EFERVESCENTE E RACIONALIDADE

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