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AS CONEXÕES COM DEUS E COM O PRÓXIMO

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CAPÍTULO II – CHURCH IN CONNECTION: A NOVIDADE DE UMA RELIGIÃO DE

2.11. AS CONEXÕES COM DEUS E COM O PRÓXIMO

As conexões trabalhadas pela igreja (via sistema multimídia) facilitam a caminhada do fiel com a religião, reforçam suas relações e o aproxima de outros fiéis. Reforçam a ideia de um Sagrado presente. Desta forma, é possível perceber nos cultos de domingo, através das manifestações entre os fiéis, um tipo de (re) encontro festivo. Os jovens passam a semana conectados pela Rede Social da Internet. No domingo, esses fiéis celebram juntos e em estado de exaltação, se movimentando ao

ritmo da música gospel com braços levantados, olhos fechados e outras coreografias, adorando o Sagrado. Toda a ambiência é traspassada por emoções humanas que se cruzam em direção a algo que foi, de alguma maneira, apontado pelas próprias práticas religiosas. É o reviver do mito, com ritos e símbolos operados por duas equipes: uma ligada à parte técnica (recepção, som, luzes, danças, coreografias, estetização do ambiente etc.), e outra composta dos operadores do religioso propriamente dito (o sacerdote, os diáconos e as pessoas que permanecem na lateral da igreja com mãos levantadas, observando e orando pelos participantes).

A conexão que se faz na igreja tem uma direção vertical, com orientação para o Sagrado, assim disseram os fiéis. Quando chamado a responder “qual o benefício de frequentar essa igreja”, as respostas em direção “vertical” (relação entre as pessoas e Deus) se repetiram e, com poucas variações, falam que: “A Church é um lugar onde se encontra o Espírito de Deus”; “A Church é um lugar de presença de Deus e de pessoas sedentas Dele”; “Na igreja se tem o conhecimento e a Palavra”; “Podemos nos achegar a Deus”; “Podemos nos sentir tocados” (Cf. Anexo 6, T2, T3, T7 e T10, respectivamente).

As respostas são muitas e variadas, em termos de expressão, e serão melhor trabalhadas no próximo capítulo, contudo, faremos neste momento o registro de respostas que apontam, além da relação vertical, para um sentido horizontal (relação entre as pessoas), ou seja, para a importância de ser essa uma igreja “onde se faz amizades”, onde “o pastor e os líderes se preocupam com os membros”, “uma igreja que se preocupa com o ser humano” e, também, “uma igreja que não faz acepção de pessoas” (Cf. Anexo 6). Assim os pesquisados se manifestaram, dizendo que eram “aceitas sem nenhuma distinção”, eram “respeitadas na sua individualidade”, “eram aceitas do jeito que eram”.

Essas duas dimensões, vertical e horizontal, se conjugam quase sempre na construção mental que nos foi oferecida pelos fiéis ao definirem a Church. A aceitação de jovens membros, sem a imposição de usos e costumes que marcaram a história inicial do pentecostalismo (com a imposição de vestuário, proibição da prática de esportes e de lazer, proibição do uso de maquiagem para mulheres e de barba para os homens etc.), toca profundamente os fiéis, que nos depoimentos para a pesquisa falam com emoção o fato de terem sido aceitos “do jeito que são”, sem imposição de

cortes de cabelo, vestuário, uso de tatuagens e outras formas aparentes de se portar socialmente. O espaço da igreja é acolhedor, conforme algumas descrições feitas para a pesquisa (cf. Anexo 6).

Embalados pela música gospel e pela repetição de frases como num mantra, a percepção de bem-estar e de celebração festiva é aparente para qualquer observador. Durante a pregação, se pode perceber esses momentos de êxtase quando o pastor Thiago Vinícius Cunha, seguindo textos bíblicos e de forma aforística, se dirige aos presentes enfatizando que aquela palavra - a Palavra da Bíblia - é uma “revelação em pessoa para todos”, a “revelação do próprio Jesus Cristo”, que fala, que aconselha, que exorta e que ama a todos os que ouvem e participam da comunidade (Cf. Anexo 5). É uma conexão vertical descendente. É a narrativa de que o Sagrado fala com os humanos.

Os cânticos e a meditação de textos bíblicos apontam para um lugar e para relações sagradas, especiais, diferentes do “mundo”. Os fiéis da Church se referem à Bíblia como um livro ordenador do universo. Muitos disseram ter escolhido a igreja porque nela “se estuda a Bíblia”, “se é fiel à Palavra”, “existe temor da Palavra de Deus”, “se leva a sério a Palavra de Deus” etc. (cf. Anexo 6). Contudo, o que se destaca é que os fiéis acreditam na relação vertical em direção ao sagrado que os ouve e aceita suas canções.

Essa historicização da religião é importante porque os ritos e símbolos utilizados na Church nascem no passado, mas se presentificam. O que se faz na igreja, e fora dela durante a semana, é para os membros da Church a comprovação das conexões reais de pertença e aceitação, marca característica da igreja e uma das atrações dela (cf. Anexo 2):

Lá [na Church] a gente tem uma coisa chamada liberdade de expressão, né. Você conseguir explanar uma ideia, chegar na liderança, no pastor, você tem a possiblidade de crescimento bíblico, individual, [...] Eles veem potencial em mim, lá tem isso, então eu creio que hoje eu tenho muito mais a passar por ter ido pra lá. Lá por não ter essa pegada de doutrina de vestimenta, isso quebra um pouco a barreira. É uma igreja que tem transformado cara. É uma igreja que tem transformado cara. Internamente primeiro. Porque Jesus trabalhava dessa forma, a palavra trabalha externamente (sic). (Anexo 2 p. 3 e 4).

Aí a gente entrou, na hora que a gente entrou foi o que marcou porque a gente foi muito bem recebido. Foi o motivo da gente ter ficado lá, resumindo.

Porque são vários jovens na porta e já abordaram a gente, perguntaram o nosso nome, falaram palavras pra gente de sentir confortável, ai a gente entrou, a gente gostou da luz apagada, a gente teve uma liberdade maior de cantar, aí a gente saiu da outra igreja. [...] Lá aceita muito católico também. Meu cunhado foi aceito, o pastor andou com ele até ele virar evangélico. Ele pega e anda, anda, até a pessoa se converter (Anexo 2, p. 5-7) (sic).

No acolhimento, a recepção pra nós foi fundamental. Desde o primeiro dia que nós pisamos naquela igreja, o que marcou a nossa vida foi ali. O pastor já queria uma conversa. A receptividade dos diáconos, do pessoal de apoio, isso é um diferencial (Anexo 2, p. 8) (sic).

Hoje eu me sinto muito bem lá. Nenhuma me fez sentir tão bem igual a

Church. Toda segunda tem um grupo que eu tô sempre. Lá você pode ser

você mesmo. Não precisa ter vergonha de nada. Tem o futebol, tem evangelismo (Anexo 2, p. 11) (sic).

Os depoimentos acima mostram o caráter fortemente relacional e acolhedor da igreja. A aceitação das pessoas e a aproximação imediata para com o visitante são destacadas em todos os depoimentos. A forma ou estratégia de abordagem é eficaz na manutenção dos membros que dizem terem ficado por serem “bem-recebidos”, ou pelo fato de que na igreja “você poder ser você mesmo (sic)”. A dinâmica da recepção é planejada e demonstra um diferencial dessa igreja. O descolamento das doutrinas e a ênfase nas pessoas também são destacados. Na linguagem do jovem pesquisado, a Church é importante por “não ter essa pegada de doutrina, de vestimenta, etc.” (sic).

Até os ritos na Church alcançam uma dinâmica criativa e adaptável ao momento e às necessidades de relação de proximidade entre os fiéis. Se, por um lado, os ritos, de acordo com Croatto (2010), são mais que puramente uma ação humana, fazendo lembrar daquilo que fizeram as divindades, as ações dos deuses; por outro lado, os ritos também se prestam a ajuntar os membros num corpo comunitário unificado. Se os ritos buscam um contato com o sagrado, eles também estabelecem contatos com os humanos. São momentos de encontros. Nesse sentido, Croatto (2010, p.343) acrescenta o seguinte: “o rito é uma das expressões coletivas mais naturais do sagrado. O culto e o serviço a Deus/aos Deuses não são fatos puramente mentais, mas eminentemente corporais; e, além disso, mesmo podendo ser individual, sua forma característica é a comunitária. Portanto, sob ambos os aspectos, são essencialmente sociais”.

Conquanto aponte para um contato com o sagrado, os ritos têm características intrinsecamente sociais e comunitárias. A produção dos ritos, no entanto, é articulada para uma vivência mais intensa. Usam de novidades das mídias eletrônicas, da

sonoplastia, das técnicas modernas de comunicação e de espetáculo. Criando a ambiência de cinema, pois a iluminação no templo é indireta e a música funciona como trilha sonora, os ritos se adaptam à linguagem imagética da atualidade.

Os recursos digitais são amplamente usados. Num programa ritualístico de orações comunitárias realizadas durante quarenta dias nas dependências da Church, no período vespertino, esse uso foi observado. Os membros se revezaram em orações e todos recebiam via Whatsapp mensagens e promessas de reforço do rito realizado, mesmo não estando na igreja no momento das orações.

- Nossas orações são fracas e pobres. Entretanto o que importa não é que nossas orações sejam fortes, mas que Deus as ouça – K. Barth (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 21 de outubro de 2016). - Boa noite. As pessoas podem recusar o nosso amor ou rejeitar nossas palavras, mas não têm defesas contra nossas orações – Rick Warren (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 22 de outubro de 2016). - Nunca oro suplicando cargas mais leves, mas ombros mais fortes – Philips Brooks (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 23 de outubro de 2016).

- Bom dia. Na oração é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração. John Bunyan. (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 24 de outubro de 2016)

- Bom dia. A língua nem sempre é necessária, mas a oração verdadeira não pode carecer de inteligência de afeto e de ânimo – Calvino (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 25 de outubro de 2016). - Bom dia. A função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquele que ora – S. Kierkegaard (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 26 de outubro de 2016).

- O tu que ouves a oração, a ti virão todos os homens. Sl. 65:2 (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 03 de novembro de 2016). - Antes de clamarem eu responderei; ainda não estavam falando, e eu os ouvirei. Is. 65;24 (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 04 de novembro de 2016).

- Tudo posso naquele que me fortalece. Fl. 4:13 (#campanhadeoração, mensagem recebida dia 08 de novembro de 2016).

Essas são algumas das mensagens, acompanhadas da “grife autoral”, que chegaram durante os quarenta dias de campanha, em diversos horários do dia e, às vezes, duas mensagens num mesmo dia. As mensagens reforçavam a ação individual e também a ação em grupo, fazendo do templo da Church o lugar de encontro, e da

rede eletrônica digital um “não-lugar” de encontro e exortação. Muitos membros eram alertados/convocados a orar em qualquer lugar do dia e onde estivessem.

Como Cazeneuve (s/d) explicou, a humanidade recorre a expressões rituais porque a condição humana comporta uma existência que ora desfruta como liberdade e criatividade, ora como ato de submissão, coações e limitações. Os ritos aparecem como ações de controle (receitas mágicas para agir no mundo natural), e também, como ações comemorativas (recriação da atmosfera sagrada, e outros). Esses ritos se alteram, se desenvolvem (são diacrônicos) ao longo da existência, quando são do primeiro tipo, e são sincrônicos, ou seja, se ajustam numa espécie de eternidade, de "eterno retorno" nas cerimônias do segundo tipo, especificamente, nos ritos comemorativos. Reconhecendo-se que a liberdade e a autoconsciência nos separam da condição puramente animal, a psicologia moderna aponta a "angústia" como uma experiência recorrente na vida humana.

Os jovens da Church, considerando a angústia como presença na psique humana, podem usar de instrumentos poderosos no combate da angústia. Na rede da Internet, os ritos são cristalizados e podem ser revividos e “curtidos” indefinidamente, bastando um toque.

Durkheim55 (2008) pode ser útil aqui, pois observou nas formas elementares de

vida religiosa”, entre os aborígenes australianos, aspectos positivos e negativos dos

55 Émile Durkheim, sociólogo francês, pioneiro na sociologia com enfoque na religião, estuda a religião numa perspectiva histórica como ciência positiva e tenta, com isso, entender o homem atual. Para ele, a história se faz necessária porque as formas mais simples de religião nos mostram a essência de suas características e nos proporcionam o entendimento à realidade atual, bem como o homem atual. O objeto que se nos apresenta é a religião na forma mais simples e primitiva, desprovida então das muitas influências e acréscimos, de práticas e recortes que a mesma sofreu ao longo da história. Segundo o autor, “os ritos mais bárbaros ou mais extravagantes, os mitos mais estranhos traduzem alguma necessidade” (DURKHEIM, 2008, p. 30). Os fiéis podem apresentar razões falsas para a sua crença, a ciência deve descobrir se o são, mas, de acordo com Durkheim (2008): “Não há, pois, no fundo, religiões que sejam falsas. Todas são verdadeiras à sua maneira: todas respondem, ainda que de maneiras diferentes, a determinadas condições da vida humana. Na verdade, não é impossível dispô- las segundo ordem hierárquica. Umas podem ser ditas superiores às outras, pelo fato de colocarem em jogo funções mentais mais elevadas; são mais ricas de ideias e sentimentos, integram mais conceitos, menos sensações e imagens, e sua sistematização é mais erudita. Mas, por quanto sejam reais, essa maior complexidade e essa idealidade mais elevada não bastam para ordenar as religiões correspondentes em gêneros separados. Todas são igualmente religiões, como todos os seres vivos são igualmente vivos, desde os mais simples plastídios até o homem” (DURKHEIM, 2008, p. 31).

cultos (ritos). O que estão em foco, no caso, são os ritos positivos (oferendas, comunhão e oração), e estes apontam para o que era, segundo Durkheim, um objetivo da religião: a integração social tão necessária para a coesão social. Tanto o rito da santa ceia quanto o de oração comunitária, em forma de campanha por quarenta dias, aproximam as pessoas, as torna, ao mesmo tempo, únicas e partes de um todo, tão importantes nos projetos singulares e benefícios particulares a serem recebidos quanto no projeto coletivo de formação de uma igreja em conexão. Eles estão numa

conexão atualizada com o tempo digital midiático.

A Church aproveita a polissemia dos símbolos religiosos. Contudo, a cruz, a água, o fogo e outros elementos que compõem o mundo religioso ficam embebidos de uma produção sintonizada com a parcela da sociedade que usa e se comunica digitalmente. Existe uma atualização da forma de vivência dos ritos.

Numa explanação muito interessante sobre sociologia da religião, Guy Rocher (1971) fala da necessidade das sociedades em afirmar os valores que lhe são caros, por meio de qualquer coisa, mais "que a adesão de uma pessoa ou coletividade" (p.155). Daí que os modelos tornam-se expressões simbólicas de valores. Diz ele: "a conformidade exterior da conduta aos modelos simboliza a adesão interior do sujeito a certa ordem de valores. É a adesão aos valores por sua vez o símbolo de que se pertence a uma dada sociedade ou coletividade" (1971, p. 155). O simbolismo é um dos principais fundamentos da ação social.

Nas programações cúlticas da Church, há o uso de vários símbolos com linguagem polissêmica, como a água e o fogo que, por origem, enriquecem as programações. No culto observado no dia 08 de março de 2015 (cf. Anexo 5, C2), o pastor Thiago Vinícius Cunha usou da pouca iluminação da igreja e programou, num determinado momento do culto, a projeção de um facho de luz no canto frontal da igreja, onde estava uma cruz de madeira. Em seguida, ele falou de Jesus como a “Luz do mundo”. A Luz enquanto fogo também foi utilizada no culto do dia 07 de agosto de 2016 (cf. Anexo 5, C7), nas pregações sobre a temática de “jogos olímpicos”. O fogo, num bastão olímpico usado no desfile da chama olímpica Rio 2016, que passou por Anápolis, foi trazido do fundo da igreja até o palco central pelo pastor Thiago, ao som

da música-tema do filme “carruagens de fogo”56. Antes da pregação, o pastor acendeu

uma pira sobre um barril com as cores da bandeira brasileira colocado no centro do palco dentro do templo. Como visto abaixo.

Figura 21 – Pastor Thiago Vinícius Cunha na Church decorada para o tema “jogos olímpicos”

Fonte: Facebook57

Nessa noite, o pastor Thiago falou sobre o Espírito de Deus que se assemelha ao Fogo, e enquanto no telão frontal do templo uma lâmina de fogo era projetada dando uma sensação de presença do fogo do ambiente, a preleção tratava sobre um “Deus que falou com Moisés através de um fogo numa planta que ardia, mas não se consumia”; de um Deus que “guiou o seu povo Israel na peregrinação pelo deserto através de uma Coluna de Fogo”; Do Deus que é “calor que aquece os corações daqueles que o buscam” (Anexo 5, C7 do dia 07 de agosto de 2016).

A variedade simbólica vai além daquelas usuais nas igrejas cristãs atuais. Geralmente, entram na dramatização cúltica cristã o pão, o vinho (suco de uva) e a água. O pastor Thiago introduz símbolos de hierofanias (manifestações de Deus) do Velho Testamento, como o fogo e símbolos utilizados por Cristo nos seus ensinamentos. Outro exemplo da riqueza de “metáforas vivas” ocorreu no dia 26 de abril de 2015 (Anexo 5, C5), quando o pastor Thiago levou uma cobra dentro de uma

56 Título no Brasil do filme que em 1981 mostrou a preparação da equipe olímpica de atletismo da Grã- Bretanha para os Jogos Olímpicos de 1924, em Paris. É a música do grego Vangelis e se tornou um “hino oficial” das maratonas e dos maratonistas de todo o mundo.

57 Imagens retiradas do Facebook. Disponível em:<https://www.facebook.com/>. Acesso em: 8 ago.2016.

caixa e uma pomba branca numa gaiola e os mostrou alternadamente aos participantes do culto lembrando as palavras de Cristo de que os discípulos de Jesus deveriam ser sagazes como a serpente e mansos como as pombas.

Os símbolos evocam uma realidade, tornam o processo de comunicação muito palpável e dinâmico e provocam sensações de estupor na plateia. Os símbolos continuam falando polissemicamente por muitos dias e semanas depois do culto. Essa experiência foi vivenciada pelo pesquisador por meio das imagens “carimbadas na mente”, naquela noite, pela visão da cobra viva serpenteando nos braços do pastor Thiago enquanto ele falava. A experiência que marca é a de um processo de comunicação usado na Church pelo pastor Thiago Vinícius Cunha, que consegue construir uma ponte entre as imagens e os ensinos retirados do texto sagrado.

De tal forma se fixam essas imagens na mente das pessoas que, por meses seguidos, é possível se lembrar dos temas expostos em cada série adotada como assunto da igreja.

Os cultos e seus símbolos são ampliados com o uso constante da “ressureição” das imagens através do sistema midiático. Se os símbolos constituem o palco dos ritos (Greco, 2009, p. 3) é possível afirmar que a competência em manejar os símbolos é fulcral para essa nova igreja. E esse “manejo” persiste por mais tempo do que apenas as horas de celebração dos cultos. O Sistema Midiático possibilita tal coisa. As mensagens via Smartphone são reproduzidas sem pausa durante a semana que seguem os cultos. Não teremos religião desconectada, pelo menos aquela que atrai jovens, dos aparatos multimídia. A religião revive símbolos, e as novas Tecnologias de Informação e Comunicação os envolvem numa magia eletrônica.

CAPÍTULO III – CHURCH IN CONNECTION A CONVERGÊNCIA

No documento Download/Open (páginas 152-161)