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CAPÍTULO V – Apresentação/Análise dos Dados

3. A Implementação do Projecto TEIP

Como já vimos anteriormente, no caso deste agrupamento, é dado relevo aos recursos alocados ao projecto. Pretende-se, assim, elucidar de que forma surge o projecto Alfa (nome fictício do projecto de implementação do TEIP), bem como, quais as vantagens em termos de recursos que contribuíram para alcançar os objectivos pretendidos para um projecto TEIP.

No agrupamento estudado o projecto TEIP não se deveu a uma candidatura do agrupamento ao mesmo, antes foi uma decisão da administração central. “No âmbito do despacho nº 55/2008, de 23 de Outubro, o Ministério da Educação considerou o nosso Agrupamento de Escolas como Território Educativo de Intervenção Prioritária de 2ª geração (TEIP2)” (Projecto Alfa, 2009:3). Assim, o projecto teve início no ano lectivo 2009/2010.

Tal decisão, segundo o nosso primeiro entrevistado (E01), pode dever-se a diversos factores, por um lado poderia ser porque: “Portanto, alguém considerou que nós estaríamos num território, enfim, prioritário portanto e que teríamos taxas de suc, de sucesso eventualmente problemáticas e que de facto nalguns aspectos sim e portanto considerou que seriamos incluídos nesse, nesse projecto” (E01, [6]).

Por outro, poderia ter sido uma consequência de uma candidatura a um outro projecto apresentado no ano lectivo anterior à Gulbenkian:

No ano anterior tínhamos apresentado uma candidatura à Gulbenkian de promoção de sucesso educativo, e que não foi aprovada na altura porque não éramos TEIP. Portanto, pediram-nos o número de escola TEIP e nós não tínhamos, não é, não éramos, não é? Talvez por isso a administração também

tenha, enfim, sabendo que nós tínhamos concorrido ao, a esse projecto da Gulbenkian, como estávamos em condições de, no reuni, reuníamos os requisitos para, para ser, ser aprovado o projecto, não é? Portanto, logo a seguir, no ano a seguinte, enfim integrou-nos na, nos TEIP de segunda geração, não é? Hum, portanto foi uma decisão da administração, não é? (E01, [8])

Com a implementação do projecto foi possível um acréscimo de recursos que permitiram novas abordagens no apoio ao sucesso educativo. Apesar de a entrevistada E04 referir que já existiam práticas internas entre professores e direcção em que todos trabalhavam em conjunto para um objectivo e como uma família, faltava o apoio de técnicos especializados noutras áreas. O aumento dos

recursos humanos permitiu, assim, criar um Gabinete de Mediação e Orientação

Escolar constituído por uma psicóloga, uma assistente social e uma técnica de educação, e distribuir três animadoras sociais pelas escolas mais problemáticas do agrupamento. Segundo o entrevistado E01 tal foi implementado do seguinte modo:

Portanto, criando um gabinete de mediação e orientação escolar que foi o caso, não é? Portanto, um gabinete de técnicos, não é? Hum, e técnicos que, que trabalham, não é? Portanto, tem-se verificado que são exemplares, tem sido exemplares, não é? Temos aí um bom gabinete, portanto, psicóloga, assistente social, e técnica de educação, que funcionam. Temos três animadoras sociais em três escolas problemáticas, grandes e problemáticas do agrupamento, portanto, M. N. e G3.. Para enfim, fazer, dar apoio aos alunos na, nos recreios, portanto, vigilância e supervisão dos recreios e organizar actividades de recreio. Hum, durante a refeição, não é? (E01,[66])

Foi, ainda, possível a criação da figura de professor tutor que permitiram estabelecer uma ponte entre a escola e a família, contribuindo para o aumento do sucesso educativo.

E portanto, essa equipa... enfim e também os tutores, não é? Professores que são nomeados por, enfim, por características especiais consideramos que... são capazes de... junto dos alunos e individualmente, e portanto, acompanhar e recuperar alunos em termos de apoio, organiza-los no estudo. Enfim, no diálogo com as famílias, e tal. Portanto todos esses recursos, enfim, na minha opinião são os que, os que têm um, um, uma acção mais eficaz. Mais produtiva em termos de das questões de sucesso. (E01,[76])

Apesar deste aumento de recursos humanos ser visto de uma forma positiva pelos entrevistados, uma das entrevistadas refere que “Devia de haver mais recursos para dar continuidade ao trabalho e procurar ainda fazer melhor aquilo que já fazíamos bem, não é?” (E02, [56]). Podemos ver ainda na primeira acta que “Na Acção de Discriminação Positiva (oito) a Responsável, Prof. Maria João (nome fictício), referiu que, no primeiro ciclo, a maior parte dos alunos estão a usufruir do apoio educativo, embora sejam muitos alunos e poucos recursos” (A3, 2010:1). Percebe-se, assim, que apesar de serem alocados recursos humanos ao projecto, e de estes serem vistos como uma mais-valia, são ainda de alguma forma insuficientes no início da implementação do projecto. Verifica-se, ainda, na mesma acta que

... a nível dos recursos humanos, o Projecto ALFA está a desenvolver-se de acordo com o compromisso educativo assumido pelo Agrupamento, dando cumprimento às diferentes acções previstas no mesmo, cuja denominação ALFA (“com o objectivo de reduzir o insucesso através de recursos”, no original cada letra do nome do projecto remete para a ideia apresentada), esteve no princípio das mesmas, tendo estas como objectivo permitir que o projecto em questão responda às situações-problema que estiveram na sua origem. (A1, 2009:1) Ao longo de todo o projecto os recursos disponibilizados para o projecto tiveram um grande relevo para a persecução dos objectivos a que o agrupamento se tinha proposto. Tal verifica-se através da leitura da última acta das reuniões do projecto em que todos os elementos foram unânimes em afirmar que

Ainda neste ponto, toda a equipa achou ser necessário tomar uma posição a nível de recomendações futuras, uma vez que todos os recursos/meios conseguidos, criados e utilizados foram de grande relevância para o bom desenvolvimento do Projecto TEIP/ALFA, tendo em atenção os impactos previstos, as metas estabelecidas e os resultados alcançados. A experiência feita a nível de articulação dos recursos existentes, dotados pelo Projecto TEIP, foi de tal forma relevante, nomeadamente a nível do Gabinete de Mediação e Orientação Escolar (GMOE), que deverão ter continuidade de modo a dar sustentabilidade ao Agrupamento nos próximos anos. (última, 2011:3)

Concluindo, os recursos humanos foram, ao longo da implementação do projecto, uma mais-valia e contribuíram para alcançar as metas estabelecidas. São vistos como essenciais para o futuro do agrupamento, contudo, as parcerias são

outra das estratégias previstas pelo TEIP II através do Despacho Normativo n.º 55/2008 de 23 de Outubro. No subcapítulo seguinte, estas serão abordadas pretendendo-se perceber como é que foram estabelecidas e quais os parceiros envolvidos no projecto.