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Alcance Educativo e Contributo para a Formação

CAPÍTULO V – Apresentação/Análise dos Dados

7. Alcance Educativo e Contributo para a Formação

Depois de analisarmos a percepção do projecto, a sua implementação, as parcerias, a organização e as mudanças ocorridas na escola e na comunidade, procuraremos neste subcapítulo perceber se houve alguma evolução nos resultados académicos dos discentes e quais foram as medidas educativas implementadas que poderão ter contribuído para essa alteração.

Começaremos então por fazer uma pequena análise aos resultados escolares obtidos pelos alunos. No relatório do primeiro ano de implementação do projecto, em que se faz uma análise aos resultados pretendidos e aos resultados obtidos

verifica-se que, relativamente à meta “Melhorar os resultados escolares dos alunos”, em que o objectivo era:

- Aumentar em 5% o número de alunos integrados no Quadro de Excelência; - Dar continuidade ao processo de redução das taxas de insucesso nos diferentes anos de escolaridade;

- Melhorar os resultados dos alunos nos exames nacionais e provas de aferição de Língua Portuguesa e Matemática, principalmente nos 9º e 4º anos;

- Evitar que as taxas de insucesso em cada disciplina/ano sejam superiores a 20% nas disciplinas “mais académicas” e 5% nas disciplinas de “natureza mais prática”. (Relatório Alfa, 2010:47)

Verifica-se que houve um aumento de 16,1% dos alunos integrados no quadro de excelência. No que se refere à redução das taxas de insucesso

... confirma o cumprimento da melhoria gradual dos resultados dos alunos no 8º ano e, em princípio, também no 9º. Nos restantes anos, os resultados ou são muito semelhantes ao ano anterior ou ligeiramente inferiores. No entanto, [...] demonstra que o objectivo do triénio (25% de melhoria nas taxas de insucesso), inscrito no Projecto Educativo, foi claramente superado. (Relatório Alfa, 2010:48).

Para a meta “Melhorar os resultados dos alunos nos exames nacionais e provas de aferição de Língua Portuguesa e Matemática, principalmente nos 9º e 4º anos”, no mesmo relatório pode ler-se que o objectivo foi cumprido nas duas disciplinas, tendo na disciplina de Matemática passado de uma situação de resultados inferiores aos nacionais para a situação contrária. Em relação ao 9º ano verificou-se uma melhoria nas duas disciplinas em todos os níveis. Para o último indicador “Evitar que as taxas de insucesso em cada disciplina/ano sejam superiores a 20% nas disciplinas ‘mais académicas’ e 5% nas disciplinas de ‘natureza mais prática’ ”, no mesmo relatório pode ler-se que este foi cumprido na sua globalidade. Verificam-se, contudo, algumas excepções “nas disciplinas de Matemática (3º ciclo) e de Ciências Físico-Químicas (7º e 9º anos), em que a percentagem de níveis inferiores a 3 se desloca com algum significado para além dos 20% e em ET (7º ano) e AP (5º ano) em que fica claramente acima dos 5%” (Relatório Alfa, 2010:55).

No segundo ano de implementação do projecto, também no relatório final, podemos ler que “Denota-se uma melhoria significativa a LP no 2º ciclo e na

MAT dos 8º e 9º ano, com 14% de melhoria. Refira-se que este grupo de alunos usufruiu do biénio de Projecto ALFA/TEIP (acção Flexibilidade Curricular)” (Relatório Alfa Julho 2011, 2_Av I_LP e Mat). Segundo o mesmo relatório, verifica-se, ainda, uma melhoria nos 2º e 3º ciclo em relação aos objectivos propostos. Pode ler-se, mais à frente, que “Esta melhoria ainda pode ser superior no caso de algum(uns) alunos do 9º ano serem aprovados nos exames da 2º fase. Refira-se que se todos os 6 alunos inscritos como autopropostos forem aprovados a percentagem do 3º ciclo passa de 8,5 para 6,8 %. No caso do 1º ciclo não se denota qualquer melhoria fruto dos resultados desfavoráveis dos 3º e 4º anos” (Relatório Alfa Julho 2011, 5_Metas). No que concerne às provas de aferição do 4º e 6º ano e aos exames do 9º ano, verifica-se um retrocesso em todos os resultados. Podendo, segundo o relatório analisado, este dever-se ao “rigor colocado este ano lectivo nos critérios de correcção”. É ressalvado, contudo, que ainda assim os resultados são melhores do que os nacionais, com excepção do de matemática do 6º ano. Neste relatório é feita a análise comparativa dos resultados obtidos nas provas de aferição do 6º ano (2010/2011) com os resultados dos mesmos alunos nas provas de aferição do 4º ano (2008/2009). Através desta análise verifica-se que não houve evolução na disciplina de Matemática, ao contrário do que se verifica na disciplina de Língua Portuguesa. Destaca-se o facto de que “este resultado não será certamente alheio o apoio em LP a partir do 5º ano (recurso TEIP), tendo em conta inclusive o número de alunos com PLNM. Por outro lado, poderá afirmar-se que o apoio educativo no 1º ciclo teve o seu impacto ao nível das PAEB bem como a flexibilidade curricular a LP e MAT ao nível dos exames do 9º ano” (Relatório Alfa Julho 2011, 5_Metas).

As medidas educativas que poderão estar na origem destes resultados são, tal como se pode ver no excerto anterior, os apoios quer a partir do 5º ano a Língua Portuguesa, quer no 1º ciclo e a flexibilidade curricular nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.

Podem ainda ser evidenciadas algumas medidas que já referimos anteriormente e que destacamos em seguida, ou medidas que serão apresentadas agora. Procuraremos verificar a extensão da sua aplicação e o seu contributo para a formação.

Tal como já mencionamos nos subcapítulos precedentes, foram criados os cursos CEF Tipo 2, EFA Escolar B1 e EFA Secundário. Foi realizado o curso “Ser em Português. E Depois?” que no primeiro ano de implementação do projecto foi frequentado por “onze elementos de nacionalidade romena e quatro de nacionalidade ucraniana” (Relatório Alfa, 2010:69), podendo-se ler no relatório do segundo ano que foi “frequentado por 19 formandos de nacionalidade estrangeira e sem domínio da Língua Portuguesa” (Relatório Alfa Julho 2011, 7_Acções_Alcançam metas).

Em relação ao Centro de Novas Oportunidades verifica-se que, no início do segundo ano do projecto, foram contactados 1700 pais, tendo comparecido nas sessões 1248, contudo, apenas 9 se inscreveram. É referido igualmente que ao longo do ano lectivo “inscreveram-se nos RVCC familiares de 19 alunos que frequentam o Agrupamento” (Relatório Alfa Julho 2011, 7_Acções_Alcançam metas).

Foi realizada uma acção de formação em TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) para pais e encarregados de educação com os objectivos de “Alertar os pais/ EE para os perigos da utilização da Internet pelos educandos; Estreitar as relações escola/família” (PAA 2009/10, p.50).

Houve, também, um investimento na Acção três - Educação Parental, que contribuiu, através da família, para melhorar a formação dos jovens e aumentar o sucesso educativo. A família, é pois uma das bases mais importantes para que tal seja alcançado.

E vai dar a outra componente que é a parte formativa em termos do, do conhecimento das competências, etc. Depois as condicionantes ao sucesso, que no fundo, responsabilizá-los e perceberem que de facto o ambiente familiar é um suporte muito importante para o sucesso escolar, não é? Portanto é um ambiente de suporte, como é que eles devem actuar, que devem marcar tempos de estudo aos filhos e mostrar gosto e entusiasmo pelas aprendizagens que os filhos realizam, etc, essas coisas assim. (E04, [168])

No 1º ciclo do ensino básico foi implementado o “Torneio Sabe Tudo”, que contribuiu, segundo o relatório do projecto, para a melhoria dos resultados escolares dos discentes. De salientar que este torneio permitiu o envolvimento de alunos que à partida teriam mais dificuldades, contribuindo para aumentar a sua

auto-estima e confiança, pois alguns deles chegaram mais longe do que os melhores alunos.

No que respeita à melhoria dos resultados das provas de aferição, foi implementado o “Torneio Sabe Tudo”. Este foi liderado pela responsável desta acção e por um professor de apoio colocado ao abrigo do projecto ALFA, no entanto todos os docentes de apoio colaboraram para a sua realização e implementação. O torneio era constituído de provas de Língua Portuguesa e de Matemática, elaboradas na íntegra pelo grupo, com questões semelhantes às das utilizadas nas provas a nível nacional, todavia apresentava exercícios de resolução prática, ou que não se limitavam à apresentação bidimensional. Algumas etapas foram realizadas por grupos de alunos, que iam somando pontos para se qualificarem para as provas finais. A estas chegaram apenas os alunos que obtiveram os melhores resultados na sua escola e no agrupamento. De salientar, que nem todos os alunos que chegaram à final eram os melhores alunos das turmas, mas os que conseguiram obter melhor desempenho nestas provas. O torneio revelou algum impacto uma vez que houve uma melhoria substancial nos resultados das provas de aferição. Passando então à análise dos resultados, nenhuma escola, em ambas as provas, apresentou níveis E, e três escolas não apresentaram níveis D. Os resultados encontram-se num nível muito idêntico entre o B e o C, aproximando-se os resultados de A aos da média nacional em ambas as disciplinas. Em anos anteriores os resultados do agrupamento estavam aquém dos resultados a nível nacional. (Relatório Alfa, 2010:15)

Foram realizadas actividades, ao longo do primeiro ano de implementação do projecto, sendo algumas delas propostas pelos alunos, no sentido de melhorar os resultados e contribuir para a melhoria da qualidade das suas formações. Entre as acções desenvolvidas destacam-se:

Análise e reflexão sobre comportamentos irresponsáveis (indisciplina, falta de assiduidade e fraco desempenho escolar...);

[...]

Identificação e reflexão sobre as dificuldades de aprendizagem e sobre as formas de as superar ou minimizar;

Realização de um contrato de aprendizagem com os alunos; [...]

Sessões de orientação escolar/vocacional;

Desenvolvimento de técnicas e métodos de estudo (como tirar apontamentos, como se preparar para um teste, como fazer resumos…);

Desenvolvimento de métodos de aprendizagem auto-instrucional e de auto- regulação do comportamento;

Preparação para os testes (estudo de diferentes disciplinas, esclarecimento de dúvidas);

Apoio individualizado na realização das tarefas escolares; [...] (Relatório Alfa, 2010:40).

Como foi referido no subcapítulo antecedente, existiram também as tutorias que contribuíram para um maior acompanhamento dos alunos tal como se pode ler no relatório do projecto: “A acção tutorial surge como um programa que completa a acção do professor titular de turma/director de turma no acompanhamento aos alunos” (Relatório Alfa, 2010:71). Devendo o professor/tutor “... acompanhar o aluno na sala de aula, estando atento a todas as suas evoluções ou retrocessos” (Projecto Alfa, 2009:29) e contribuído para a sua formação.

O Agrupamento procurou desenvolver várias acções no sentido de proporcionar diferentes ofertas formativas para os discentes. Desenvolveu também diferentes acções no sentido de aumentar a formação das famílias, a nível de literacia e competências parentais, contribuindo para a educação e formação dos alunos e suas famílias. Desenvolveram-se actividades com vista ao aumento do interesse dos alunos pela escola e sua formação. Criaram-se os apoios, as tutorias e os desdobramentos no sentido de proporcionar um maior acompanhamento dos alunos e consequentemente melhorar os seus resultados escolares.

De um modo geral as acções implementadas com o projecto Alfa permitiram um estreitamento das relações entre a escola, as famílias e a comunidade. Contribuíram para o aumento da literacia e formação em geral fundamentais para uma inserção mais fácil na vida activa. Foi possível melhorar algumas parcerias e estabelecer outras com os objectivos de melhorar a formação/informação, saúde, educação, segurança e alimentação das famílias e comunidades. Estas tinham também a função de resolver problemas que originam comportamentos de risco.

CONCLUSÃO

Ao longo desta investigação procurou-se evidenciar o impacto da implementação dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) na constituição de parcerias. Quais as melhorias das ofertas educativas e formativas e dos recursos existentes nas escolas com vista à redução do abandono escolar, melhoria das aprendizagens e transição para a vida activa. Pretendeu-se, também, verificar a relação existente entre a escola e a comunidade envolvente. Como é que a escola se organizou na implementação do projecto, quais as percepções de diferentes actores sociais em relação ao mesmo e quais os contributos deste para a melhoria dos resultados académicos e prevenção de situações problemáticas. Quais as parcerias estabelecidas, como é que estas foram estabelecidas e quais as suas vantagens/desvantagens tanto para o Agrupamento como para os próprios parceiros. Procuramos também analisar a implementação do projecto à luz da legislação vigente.

Nas últimas décadas tem-se assistido a programas e políticas educativas de combate ao abandono e insucesso escolares numa óptica de intervenção local. Seguindo o exemplo de outros países, Portugal implementou os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária. Procurando uma articulação entre a escola e as estruturas locais através do estabelecimento de parcerias. A autonomia, ainda que ligeira, da escola na procura dos parceiros com vista à resolução de problemas que a atinge, são um exemplo da descentralização das políticas educativas, mas que ainda tem um longo caminho a percorrer. Não foi o nosso objectivo estudar a descentralização destas, sendo esta uma temática de interesse para trabalhos futuros.

Procurou-se analisar os efeitos do programa na dinâmica local, as instituições públicas ou privadas a par com as associações locais e o apoio social como parceiros da escola na implementação do projecto e na promoção do sucesso escolar. Através da pesquisa científica recenseada, verificamos que o estreitamento das relações entre a escola e a comunidade proporciona melhores condições de aprendizagem para os alunos, promovendo o sucesso educativo. No nosso campo de estudo, tal relação foi conseguida através de relações de parceria

com diversas instituições e com o aumento dos recursos humanos. Não podemos deixar de destacar o facto de se encontrarem trinta e sete subcategorias relativamente à categoria parcerias. Sendo estas subcategorias referentes a parceiros que têm com a escola uma relação estreita, como nos casos da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ), da Cruz Vermelha Portuguesa, do Banco Alimentar e do Centro de Saúde, por exemplo, bem como alguns casos em que existem parceiros que apenas colaboram com esta pontualmente, como por exemplo, nos casos do Cento de Histocompatibilidade e do Instituto Português do Sangue, entre outros. No geral, tal transparece uma grande abertura da escola à comunidade, não se tratando de um Agrupamento fechado sobre si mesmo e impenetrável. Este figurou-se bastante aberto, preocupado e alerta, numa tentativa constante de resolução dos problemas que lhe estão directamente ligados, como no caso do sucesso educativo e prevenção do abandono precoce, ou que lhe são mais distantes como no caso da formação de adultos ou problemas económicos das famílias. O Agrupamento revelou-se, deste modo, bastante permeável aos problemas da comunidade, tentando resolvê-los a nível interno ou externo. Reconhecendo a necessidade da actuação de técnicos especializados na resolução de determinados problemas e recorrendo a serviços de saúde ou sociais para assistência à família. Foi evidente, ainda, tanto nas entrevistas realizadas, como nas actas e reuniões a que tivemos acesso, a preocupação pela continuidade do projecto, numa lógica de continuidade do trabalho desenvolvido e que na óptica dos agentes envolvidos surtiu efeito. Verificou-se, que mesmo antes da existência do projecto TEIP, alguns docentes já se mobilizavam no sentido de resolver problemas, procurando o apoio de estruturas da comunidade, contudo, com a implementação do mesmo, tal foi alargado fortalecendo as parcerias existentes e criando novas, melhorando as condições e estruturas existentes e reforçando um trabalho desenvolvido previamente ao projecto. Deste modo, verifica-se que o projecto não provocou uma maior preocupação dos agentes educativos relativamente à problemática das minorias e da diversidade cultural. Estes já se preocupavam com a integração e o sucesso educativo de todos, contudo, a implementação do TEIP permitiu um aumento dos recursos humanos, o que levou a que os docentes se focalizassem mais na sua actividade e estas problemáticas

fossem abordadas por técnicos especializados. Foi assim possível que os docentes investissem mais tempo no processo de ensino e aprendizagem construindo novas ferramentas e recursos para os alunos, estimulando o seu interesse e empenho pelas diferentes disciplinas. São exemplo destes os recursos informáticos desenvolvidos pelos professores de línguas em parceria com o Centro de Computação Gráfica da Universidade do Minho. Podemos também destacar os

blogs e a plataforma moodle, onde os professores disponibilizam materiais para o

trabalho autónomo dos alunos. Verifica-se também, este investimento, por parte dos docentes, nos centros de recursos e nas aulas de apoio, trabalhando constantemente para o alcance do sucesso educativo e da melhoria das aprendizagens de um modo geral, ou seja, empenhando-se para a resolução dos problemas mas no seu campo de intervenção.

Através do projecto verificou-se uma reestruturação da organização escolar. O agrupamento procurou distribuir os professores por anos de escolaridade sendo que cada professor leccionaria o menor número de níveis possível. Tal permitiu uma relação mais próxima entre os docentes que leccionam o mesmo ano de escolaridade podendo desenvolver um trabalho mais estreito e cooperativo, por um lado, e por outro permitiu que ao ter menos níveis de ensino os docentes dedicassem mais tempo a cada um, preparando mais materiais, contribuindo para uma melhor aquisição dos conhecimentos pelos discentes.

Com a implementação do projecto foi possível a intervenção em algumas escolas do agrupamento que necessitavam de obras. Verificou-se porém que nem todas as reestruturações físicas que seriam necessárias foram conseguidas ao longo dos anos analisados. Tal constitui um motivo de preocupação demonstrado através dos documentos analisados pois põe em causa a segurança dos discentes. Através da análise documental verifica-se que este facto se deve a factores alheios ao próprio Agrupamento e que este se empenhou em tentar resolver a situação tendo os seus esforços sido infrutíferos.

Ao longo do segundo ano de implementação do TEIP, neste agrupamento, verificou-se uma reformulação da estrutura do mesmo, passando a integrar uma Escola Secundária com 3º Ciclo. Esta reestruturação causou algum alvoroço pois verificou-se uma mudança na organização da direcção do agrupamento, bem

como na sede da mesma, o que na opinião de alguns actores sociais contribuiu para um aumento da indisciplina na escola que anteriormente albergava a sede. Por outro lado, no período que mediou a integração de mais uma escola no agrupamento e a eleição de uma nova direcção verificou-se um sentimento de instabilidade traduzindo-se num descontentamento por parte dos docentes, na opinião de um dos actores que entrevistamos. Apesar do período conturbado que o agrupamento vivenciou com esta reestruturação, o projecto prosseguiu e atingiu os objectivos a que se tinha proposto de melhoria dos resultados académicos e prevenção do abandono escolar. Verificou-se ainda, segundo os depoimentos recolhidos, que alguns alunos de etnia cigana foram encaminhados para percursos alternativos o que contribuiu para a sua continuidade escolar, verificou-se também que um aluno desta etnia que havia abandonado a escola num ano lectivo, regressou. O facto de se ter realizado o curso de português para os pais e familiares de crianças filhos de emigrantes contribuiu também, na óptica de um entrevistado, para o aumento da assiduidade e empenho destes alunos. Pois, tal como disse o nosso entrevistado “se os pais vêm os filhos também não deixam de vir” (E01, [240]). Mas será que é necessário criar um projecto especifico como o TEIP perante escolas multiculturais para dar resposta à sua diversidade? No caso do Agrupamento estudado o TEIP permitiu criar condições que sem ele seria muito difícil. Exemplo disso foi o curso de português para emigrantes que sem os

recursos humanos alocados ao TEIP, não teria sido possível de concretizar. Por

outro lado o aumento de técnicos especializados no Agrupamento, como a Assistente Social e as animadoras contribuiu para uma maior aproximação à comunidade, verificando-se a aproximação da escola à comunidade cigana e consequentemente à melhoria das relações entre estas o que contribuiu também para a prevenção do abandono por parte destes alunos. Sem a existência do projecto e dos recursos por ele disponibilizados, muitas das actividades desenvolvidas não seriam exequíveis por muito que a escola e os seus actores quisessem, quer por falta de tempo, quer por falta de conhecimentos específicos em determinadas áreas, como a social por exemplo. Assim a escola pode tentar dar resposta aos problemas que surgem com a integração das minorias no sistema de ensino, contudo esta resposta é mais eficiente quando existem recursos e meios

suficientes para o fazer. De facto, o Agrupamento estudado, tal como dissemos anteriormente, tentou resolver algumas das problemáticas que forma surgindo