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CAPÍTULO III – A Comunidade e a Escola

1. Evolução da Legislação Educativa Portuguesa

A escolaridade gratuita para todos os cidadãos em Portugal surge em 1826 com a Carta Constitucional, é instituído o direito à frequência da Instrução Primária para todos os cidadãos portugueses (Carta Constitucional de 1826, artigo 145º). Nesta altura são elaborados os primeiros currículos que se centravam na “aquisição de competências de ler, escrever e contar” (Mendonça, s.d.:7). Em 1835 através do Decreto 7 de Setembro determinou-se que o ensino primário devia ser gratuito para todos os cidadãos. O mesmo decreto responsabiliza os pais e a família pelo cumprimento da frequência escolar das crianças a partir dos 7 anos de idade e as entidades locais como as paroquias e as câmaras de fazer cumprir esses mesmo dever (Decreto de 7 de Setembro de 1835). Portugal torna- se assim no “quarto país do mundo a consagrar em lei o princípio da escolaridade obrigatória” (Teodoro e Graça, 2008:75).

É em 1844, com o Decreto de 20 de Setembro, que surgem os conceitos de sucesso e insucesso aliados ao ensino. O artigo 26º sugere a recompensa monetária “aos professores que propusessem a exame alunos devidamente preparados”. A passagem dos alunos figurava, assim, como um complemento

salarial para os professores. Por outro lado, a passagem ou não nos exames atribuía uma responsabilização aos professores pelo sucesso educativo dos alunos (Mendonça, s.d.:8).

Apesar de precoce em termos legislativos a realidade escolar não acompanhou este avanço do país em relação aos restantes países europeus e verificava-se que muitas crianças em idade escolar continuavam sem frequentar a instrução primária (Teodoro e Graça, 2008:75). Assim, D. António da Costa determinou, com o Decreto do Governo de 28 de Setembro de 1844, que a frequência do 1.º Grau do ensino primário, com a duração de três anos, fosse, mesmo, obrigatória, devendo ser sucessivamente “avisados, intimados e repreendidos pelo Administrador do Conselho” os que faltassem a esse dever, e em última instância seriam multados, entre 500 e 1$000 réis22. Mais tarde, com o Decreto do Ministério dos Negócios da Instrução Pública de 16 de Agosto de 1870, define-se que “a questão da educação pública é a questão vital de uma nação”, deste modo, reforça-se a ideia da gratuitidade das escolas primárias do 1º Grau, “obrigatória para todos os portugueses de ambos os sexos” entre os 7 e os 15 anos de idade, podendo, contudo, ser frequentada a partir dos 5 anos. No caso do 2º Grau, este apenas seria gratuito para os alunos cujos pais fizessem prova de “verdadeira pobreza”. Os pais tinham a obrigação de mandar os filhos há escola até concluírem o ensino primário, os que não o fizessem seriam repreendidos/castigados, sendo condenados a pagar uma multa entre 50 e 500 réis, por cada dia que os filhos faltassem há escola sem justificação. O ensino obrigatório apenas estaria concluído após a aprovação do aluno num exame público às disciplinas do 1º Grau.

A Carta de Lei de 2 de Maio de 1876, determina a obrigatoriedade de frequência da instrução primária elementar para todas as crianças de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, desde que os pais, tutores ou os encarregados de educação das crianças provassem:

1.ª Que dão ás creanças a seu cargo ensino na própria casa, ou em escola

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Resenha de legislação – Secretaria-Geral do Ministério da Educação. Recuperado em 22 Julho, 2020, de

http://www.sg.min-edu.pt/pt/patrimonio-educativo/museu-virtual/exposicoes/escolaridade- obrigatoria/resenha-de-legislacao/

particular;

2.ª Que residem a mais de 2 Kilometros de distância de alguma escola gratuita, pública ou particular, permanente ou temporária;

3.ª Que seus filhos ou pupilos foram declarados incapazes de receber o ensino em três exames sucessivos perante jurys de que trata o § 1.º do artigo 42.º;

4.ª Os que não poderem mandal-os por motivo de extrema pobreza, e que não tenham recebido o beneficio constante das disposições do § único do artigo 7.º. Com o Decreto da Presidência do Conselho de Ministros de 22 de Dezembro de 1894, são reafirmados os princípios da instrução primária e reforçada a ideia da obrigatoriedade da frequência do 1.º Grau, com a duração de três anos, é para todas as crianças entre os 6 e os 12 anos. O ensino nas escolas oficias de instrução primária é gratuito. Determina, ainda, a obrigatoriedade do 2.º Grau “para a admissão nos institutos de instrução secundária ou especial dependentes do ministério do reino” (Decreto da Presidência do Conselho de Ministros de 22 de Dezembro de 1894).

Em 18 de Março de 1897, com o Decreto da Direcção-Geral de Instrução Pública, reforça a ideia da gratuitidade do ensino nas escolas oficiais de instrução primária e a obrigatoriedade do 1.º Grau de ensino para todas as crianças entre os 6 e os 12 anos (Decreto da Direcção-Geral de Instrução Pública de 18 de Março de 1897).

No início do século XX cerca de 74% da população portuguesa continuava analfabeta (Teodoro e Graça, 2008:74). Em 1911, com o Decreto n.º 9:223 da Direcção Geral da Instrução Pública, passam a existir duas categorias de ensino: o infantil e o primário. O ensino infantil destinava-se a crianças com mais de 4 anos e teria a duração de 3 anos. O ensino primário passa a compreender três graus: o elementar, o complementar e o superior. O elementar destinava-se a crianças entre os 7 e os 14 anos e teria duração de 3 anos, terminando a sua obrigatoriedade com o exame do grau elementar. O complementar, para crianças com mais de 10 anos, teria a duração de 2 anos, e o superior com a duração de 3 anos, destinava-se a crianças com mais de 12 anos. Prevê-se a criação de uma rede escolar com uma escola primária para cada sexo em todas as freguesias do continente e ilhas (Decreto n.º 9:223 da Direcção Geral da Instrução Pública, de 29 de Março de 1911). Mais tarde, em 1918, o Decreto n.º 4847 de 23 de Setembro determina “a construção de cantinas para alimentar os alunos mais carenciados” (Mendonça,

s.d.:10). Verifica-se que a escolaridade básica obrigatória e gratuita foi uma preocupação constante desde finais do século XIX. Foi, contudo, a “Constituição de 1911, no número 11 do seu art.º 3º, que estabeleceu que o ensino primário elementar seria gratuito” e que lhe atribui a legitimidade constitucional (Mendonça, s.d.:10).

Em 1919, pelo Decreto n.º 6:137 do Ministério da Instrução Pública, a escolaridade obrigatória passa a ser de cinco anos e o ensino superior de três23.

A Constituição de 1933 altera os conceitos de “obrigatoriedade e gratuitidade”. O ensino obrigatório passa a ser de apenas três anos e a responsabilidade deste passa a ser da família e estabelecimentos de ensino oficiais ou particulares (Mendonça, s.d.:11). É criada, em 1936, a Obra das Mães com o objectivo de providenciar aos filhos dos mais pobres o auxílio necessário para que lhes fosse possível cumprir a escolaridade obrigatória. Este foi concretizado através da criação de cantinas, distribuição de livros e fornecimento de “caixas escolares” (p.11). Contudo, apenas as cidades de Porto, Lisboa e Coimbra foram contempladas com esta instituição que cessou a sua actividade em 1974 com o surgimento do Instituto de Acção Social Escolar.

Durante o período que decorreu entre 1926 e 1939 o Estado “centrou na escola primária as suas directrizes ideológicas com o intuito de formar cidadãos ordeiros, cristãos e conformados” (Mendonça, s.d.:12). Os valores Deus, Pátria e Família eram vinculativos e apesar da instrução poder ser “perigosa”, Salazar considerava que a escola para todos era mais importante, desde que o Estado controlasse o que se lia (p. 12).

Em 1938 surge a Lei n.º 1:969 de 20 de Maio que contemplava uma nova reforma do ensino primário. Passam, assim, a haver dois graus, o ensino elementar e o complementar. O ensino elementar “obrigatório para todos os portugueses, física e mentalmente sãos” com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos, “destina-se a habilitá-los a ler, escrever e contar, a compreender os factos mais simples da vida ambiente e a exercer as virtudes morais e cívicas, dentro de um vivo amor a Portugal” (Lei n.º 1:969 de 20 de Maio de 1938). O ensino

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Resenha de legislação – Secretaria-Geral do Ministério da Educação. Recuperado em 22 Julho, 2010, de

http://www.sg.min-edu.pt/pt/patrimonio-educativo/museu-virtual/exposicoes/escolaridade- obrigatoria/resenha-de-legislacao/

complementar destinava-se a crianças entre os 10 e os 16 anos que pretendiam prosseguir estudos. O incumprimento da obrigatoriedade do ensino elementar traduzia-se em sanções directas e indirectas. As câmaras municipais ficam incumbidas de ceder instalações e materiais para as escolas e postos escolares. Os alunos mais pobres teriam o ensino primário inteiramente gratuito, os restantes teriam que pagar uma propina ou taxa moderadora (Lei n.º 1:969 de 20 de Maio de 1938).

Contudo, como as taxas de analfabetismo se mantinham altas, em 1952 surge o Plano de Educação Popular. São estabelecidas sanções monetárias, que poderiam ser convertidas em penas de prisão para os incumpridores. Para os adultos que não possuíssem o diploma da instrução primária as medidas impostas passaram por: restrições no acesso ao trabalho na indústria e no comércio, impossibilidade de obter a carta de condução, entre outras. São, ainda, criados os cursos de Educação para adultos e é promovida uma campanha nacional contra o analfabetismo (Decreto-Lei n.º 38 968 do Ministério da Educação Nacional).

Em 1960 com Decreto-Lei nº42 994 de 28 de Maio, a escolaridade obrigatória passa a ser de quatro anos para ambos os sexos e termina com a realização de um exame na 4.ª classe (Decreto-Lei n.º 42 994 do Ministério da Educação Nacional).

Em 1964 dá-se um novo alargamento da escolaridade obrigatória e gratuita para seis anos com o Decreto-Lei nº 45 810 de 9 de Julho. É usado o termo ensino

básico em vez de ensino primário pela primeira vez, reportando-se a um ensino

elementar de quatro anos e outro complementar de dois (Decreto-Lei nº 45 810 de 9 de Julho). A família deixa “de constituir a estrutura oficial para a realização da educação” esta passa a “ser legalmente expressa e assumida pela escola” (Mendonça, s.d.:14).

A telescola, criada em 1964, segundo Mendonça (s.d.) tinha como objectivo o cumprimento da escolaridade obrigatória para as populações não urbanas. Permitindo que muitos jovens a atingissem e sem a qual tal não teria sido possível (pp. 17-18).

A constituição de 1976 atribui ao estado a responsabilidade por um “ensino básico universal, obrigatório e gratuito” (Mendonça, s.d.: 23), contrariamente ao

que estava patente na Constituição de 1933.

Até esta altura verificava-se uma preocupação constante pelo cumprimento da escolaridade obrigatória, bem como pelo sucesso educativo. A partir de 1974 verifica-se que as políticas educativas em Portugal tem-se pautado pelo “combate” ao insucesso e abandono escolar cujas causas já foram abordadas nos capítulos anteriores. Desde então vários foram os programas implementados pelos sucessivos governos neste âmbito. O primeiro e ainda vigente, apesar de já reformulado, foi a constituição da Lei de Bases do Sistema Educativo publicado em 1986, que estipulava, no Artigo 2.º dos princípios gerais, a “igualdade de oportunidades no acesso e sucesso Escolares”. A escolaridade obrigatória e gratuita passa a ser de nove anos distribuídos por três ciclos, o 1º Ciclo tem a duração de 3 anos, o 2º Ciclo a duração de 2 anos e o 3º Ciclo com uma duração de 3 anos.(Lei n.º 46/86 de 14 de Outubro).

Em 1987 é criado o Programa Interministerial de Promoção do Sucesso Educativo (PIPSE). Este programa tinha como objectivo o combate ao insucesso educativo através de medidas sociais como cuidados de alimentação, saúde, fornecimento de materiais escolares e transporte. Medidas que se evidenciavam necessárias para todas as crianças (Benavente, 1990:728).

O Programa de “Educação Para Todos” (PEPT) surge em 1991 por Resolução do Conselho de Ministros n.º 29/91 de 16 de Maio. Este visava o cumprimento de uma escolaridade básica de nove anos “de modo a serem criadas condições que permitissem a conclusão da escolaridade obrigatória de 9 anos a faixas mais amplas da população, e na formação de redes de parceria ‘escola/comunidade’, ‘escola/emprego’ ou ‘escola/sistema produtivo’, mais do que em práticas de educação intercultural” (Leite, 2000:7). Neste mesmo ano, pelo Decreto-Lei n.º 190/91 de 17 de Maio, é criado o Serviço de Psicologia e Orientação (SPO). Pretendia-se que este serviço assegurasse “a realização das acções de apoio psicológico e orientação escolar e profissional previstas no artigo 26.º da Lei de Bases do Sistema Educativo” (Decreto-Lei n.º 190/91, de 17 de Maio). Estes serviços contribuiriam para uma aproximação entre a família e a escola melhorando o desenvolvimento pessoal e social do aluno.

Em 1993 os Sistemas de Incentivo à Qualidade da Educação (SIQE) surgem pelo Despacho n.º 113/ME/93 e tinham como “finalidades apoiar as escolas mais carenciadas através de projectos educativos e pedagógicos desenvolvidos numa perspectiva de discriminação positiva, de modo a corrigir simetrias e potenciar, o mais possível, a igualdade de oportunidades”.

Foram constituídos, em 1996, os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária I (TEIP I). Esta medida visava o sucesso educativo de crianças em territórios socialmente desfavorecidos. É também nesta altura que são criados os currículos alternativos, através do Despacho n.º 22/SEEI/96, que se destinam a alunos do ensino básico abrangidos por uma das seguintes situações: “insucesso escolar repetido; problemas de integração na comunidade escolar; risco de abandono da escolaridade básica e dificuldades condicionantes da aprendizagem”. No ano seguinte foi criada a rede única e integrada do ensino pré-escolar. Dá-se uma expansão da rede pública neste nível de ensino. A gratuitidade do ensino passa, assim, a abranger crianças dos três aos cinco anos.

No mesmo ano, ainda, é criado o Programa de Integração de Jovens na Vida Activa (PIJVA) pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 44/97. Este programa incluía um conjunto de medidas centradas em três áreas: “a informação e orientação profissional; a educação e formação profissional; e os apoios à inserção profissional e ao acesso ao emprego por parte dos jovens”. Uma das medidas implementadas por este programa consistiu na promoção de cursos de educação e formação para jovens sem o 9º ano de escolaridade.

Como consequência do Decreto-Lei n.º 115-A/98 de 4 de Maio, entra em vigor um novo regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. Este tem como principal objectivo desenvolver a autonomia das escolas, valorizando a identidade própria de cada uma e melhorando as aprendizagens dos alunos.

Ainda em 1998 é criado o Plano para a Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PEETI) pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 75/98 de 2 de Julho. Tinha como finalidades a prevenção e eliminação do abandono escolar precoce e inserção prematura no mundo do trabalho.

O Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) é criado em 1999 enquadrado no PEETI. Tinha como objectivo “permitir a conclusão da escolaridade obrigatória e a inclusão social de menores em situação de trabalho infantil e de abandono escolar” (Pereira, 2007:61). Em 2003 este é reformulado, pelo Despacho Conjunto 948/2003 de 25 de Agosto de 2003, “integrando um conjunto diversificado de medidas e acções orientadas para a reinserção escolar através de integração no percurso escolar ou da construção de percursos alternativos, escolares ou de educação e formação, concretizando-se o PIEF pela elaboração de um Plano de Educação e Formação - PEF”.

O Sistema Nacional de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências (CRVCC) é criado em 2001 pela Portaria n.º 1082-A/2001 de 5 de Setembro. Esta medida surge devido aos baixos níveis de escolarização da população portuguesa e por esta evidenciar competências e conhecimentos “muito para além das que correspondem às suas certificações/qualificações”.

É, ainda, no ano 2001 que são criados os Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) (Despachos Conjuntos n.º 1083/2000 de 20 de Novembro e n.º 650/2001 de 20 de Julho).

Em 2002 é publicado o Despacho Conjunto n.º 279/2002 de 12 de Março que cria os Cursos de Educação e Formação (CEF). Pretende-se: “Assegurar uma oferta de educação e formação que permita adoptar medidas para a obtenção, simultaneamente, de uma qualificação profissional de nível I e II e da certificação do 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, contribuindo, respectivamente, para uma inserção qualificada no mercado de trabalho e para o aumento dos níveis de escolaridade”; “assegurar que todos os jovens até aos 18 anos de idade, quer se encontrem ou não em situação de trabalho, possam frequentar percursos de educação ou de formação que permitam a obtenção de níveis crescentes de escolaridade ou de qualificação profissional, devidamente certificados”. Este despacho pretende também “dinamizar uma oferta educativa junto dos jovens, entre os 15 e 18 anos de idade, que se encontram em risco de abandono escolar antes do 9º ano de escolaridade, através de uma tipologia de itinerários estruturados de acordo com as habilitações de acesso, privilegiando uma estrutura curricular acentuadamente profissionalizante”.

Quatro anos mais tarde são criadas condições de constituição de turmas com percursos curriculares alternativos no ensino básico, através do Despacho Normativo n.º 1/2006. Devem ingressar nestas turmas alunos que se encontrem nas seguintes condições: “Ocorrência de insucesso escolar repetido”; “Existência de problemas de integração na comunidade”; “Ameaça de risco de marginalização, de exclusão social ou abandono escolar”; “Registo de dificuldades condicionantes da aprendizagem nomeadamente: forte desmotivação, elevado índice de abstenção, baixa auto-estima e falta de expectativas relativamente à aprendizagem e ao futuro, bem como o desencontro entre a cultura escolar e a sua cultura de origem” (Despacho Normativo n.º 1/2006).

Em 2007 é dada às escolas a possibilidade de assinarem contratos de autonomia pela Portaria n.º 1260/2007 de 26 de Setembro, entre os objectivos pode ler-se: “Atingir ou aproximar o abandono de 0%” e “Aumentar a taxa global de sucesso escolar ...”.

No ano seguinte, com o Despacho Normativo n.º 55/2008 de 23 de Outubro, foram criados os TEIP II. Estes visavam o desenvolvimento comunitário através da escola com a constituição de parcerias entre a escola e a comunidade, formando os jovens para a vida activa.

O sucesso educativo e a prevenção do abandono escolar além de constituírem algumas das preocupações dos sucessivos governos, são também preocupações dos docentes de diversas escolas. Numa tentativa de melhorar a realidade existente estes criam alguns programas de promoção do sucesso educativo. Assim, o Agrupamento de Beiriz, monitorizado pela Universidade Católica Portuguesa, cria a projecto “Fénix: Prevenir e combater o insucesso escolar no ensino básico”. Este projecto contempla um apoio extra para os alunos com mais dificuldades nas disciplinas essenciais como Matemática e Língua Portuguesa. Também a Escola Secundária com 3º Ciclo da Rainha Santa Isabel, de Estremoz, criou o Projecto “TurmaMais: Uma aposta na conclusão do 3.º ciclo em três anos”, em colaboração com a Universidade de Évora. Esta escola, face aos níveis de insucesso evidenciados pelos alunos e ao trabalho desempenhado pelos professores, verificou que seria “urgente” tomar uma medida. Surge então a ideia da TurmaMais, uma turma extra, por onde passariam todos os alunos, de uma

forma rotativa, com vista à superação das dificuldades e ao aumento das potencialidades de cada um. Este projecto permitiu baixar os níveis de insucesso para cerca de metade logo no primeiro ano de implementação. O sucesso alcançado foi verificado nos anos seguintes tendo o projecto sido alargado a outras escolas do Alentejo, sempre sob a monitorização da Universidade de Évora.

O Ministério da Educação tendo por base estes projectos, em 2009, lança um programa de apoio ao desenvolvimento de projectos com vista à melhoria dos resultados, baixando as taxas de retenção e melhorando a qualidade e o nível de sucesso dos alunos. Após a selecção das candidaturas são celebrados contratos- programa entre os agrupamentos e o Ministério da Educação. Estes terão a duração de quatro anos lectivos.

No ano seguinte é criada a comissão de Acompanhamento do Programa Mais Sucesso Escolar cujo objectivo é “o acompanhamento técnico e pedagógico das escolas e dos agrupamentos envolvidos no referido programa”.