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2.8 ADOÇÃO INSTITUCIONAL DE PRÁTICAS DE

2.8.1 A implementação segundo Muyinda et al (2011): dimensões e

Muyinda et al. (2011) apresentam um modelo orientado para o desenvolvimento e utilização de objetos de aprendizagem móvel chamado de MoLODUF (Mobile Learning Objects Deployment and Utilisation Framework). O modelo parte do pressuposto de que a aprendizagem móvel é uma alternativa à educação a distância e que, por compartilharem aspectos similares, é possível adaptar modelos de e- learning para m-learning. Por isso, os autores adotam um framework de

e-learning já existente e o estendem para o contexto da aprendizagem móvel. Este modelo enfatiza o desenvolvimento e uso de objetos de aprendizagem que, para contemplar as limitações dos dispositivos móveis, devem ter conteúdos leves, granulares, sequenciáveis, reusáveis e contextualizáveis.

O MoLODUF propõe uma visão do processo de desenvolvimento de aplicações de aprendizagem móvel que abrange todo o processo organizacional da instituição provedora do ensino. O resultado final esperado deste processo são objetos de aprendizagem com valor pedagógico. Porém, o modelo não focaliza somente o artefato em si e inclui outros aspectos organizacionais necessários ao seu desenvolvimento. Por isso, segundo Muyinda (2010), o MoLOUF foi estruturado em dimensões e sub-dimensões, que envolvem aspectos de natureza técnica e não técnica, representados na Figura 7.

Figura 7 - Modelo MoLODUF para desenvolvimento e utilização de objetos de aprendizagem móvel

Fonte: Muyinda et al. (2011).

a) Dimensão custos (mlearning costs): esta é a espinha dorsal do modelo. Como a interação por meio dos dispositivos móveis envolve custos altos, para que a implementação seja bem sucedida é vital ter mecanismos para provê-los. Por isso é necessário um planejamento da sustentabilidade da implementação;

b) Dimensão processos de aprendizagem (mlearning processes): os principais processos educacionais viabilizados pelos dispositivos móveis estão relacionados à: co-criação de novos conhecimentos, compartilhamento de conhecimento, colaboração e interação, aprendizagem reflexiva, aprendizagem baseada em problemas, suporte acadêmico-administrativo, e comunicação e troca de informações. As instituições devem definir quais serão os processos implementados por meio das tecnologias móveis;

c) Dimensão objetos de aprendizagem (mlearning objects): corresponde à modelagem do objeto de aprendizagem para uso no dispositivo, contemplando as seguintes definições: a organização do objeto, a granularidade do objeto, o tipos de mídias utilizados, o modo de acesso, os requisitos pedagógicos, o repositório do objeto e a coordenação técnica da implementação do objeto;

d) Dimensão dispositivos móveis (mlearning devices): consiste na definição do perfil do(s) dispositivo(s) utilizado(s), especificando suas propriedades, capacidades e limitações. O perfil do dispositivo é determinante das possibilidades de desenvolvimento e uso dos objetos, bem como das atividades que serão desenvolvidas;

e) Dimensão recursos ((mlearning resources): os recursos são de três tipos: infraestrutura, humanos e financeiros. A infraestrutura está relacionada a servidores, backbones, fibras óticas, conectividade de rede, sistema de gestão de aprendizagem (LMS), redes locais cabeadas ou sem fio, e softwares para desenvolvimento de aplicações móveis. Os recursos humanos envolvem gestores, professores e estudantes disponíveis para experimentar a inovação, bem como programadores, técnicos, designers instrucionais/gráficos e conteudistas. Os recursos financeiros são fundamentais para aquisição, instalação e manutenção da infraestrutura, recursos humanos e outros custos de suporte;

f) Dimensão conectividade (mlearning connectivity): assim como os atributos dos dispositivos, a disponibilidade de recursos de conectividade é determinante no processo de implementação. Nem sempre a conectividade está disponível ou acessível ao estudante. Então a adoção de m-learning deve mapear com que tipo de

conexão, tecnologias, provedores de serviços e largura de banda se poderá contar para a implementação das atividades de aprendizagem; g) Dimensão pedagógica (mlearning pedagogy): Esta dimensão define o perfil do usuário que fará uso dos objetos de aprendizagem móvel. O perfil estabelece o papel do usuário (professor, estudante ou administrador), grau de instrução e outros atributos importantes. A clara definição do perfil com antecedência é importante para que se desenvolva o objeto certo para o usuário certo. Atributos como histórico de aprendizagem, preferências pessoais, estilos de aprendizagem e motivações são vitais para a construção dos objetos apropriados. O experiência prévia com os dispositivos também é importante;

h) Dimensão interface (mlearning interface): a composição mista de acesso aos recursos de aprendizagem por meio de dispositivos móveis e computadores “fixos” pode trazer maior conforto ao usuário. Dessa forma o usuário usufrui da mobilidade, mas não se vê obrigado a utilizá-la em circunstâncias onde ela não é a melhor alternativa. A abordagem mista, que integra m-learning e e-learning, traz como desafio a necessidade de conceber os objetos com capacidade de interoperabilidade entre diferentes plataformas tecnológicas;

i) Dimensão avaliação (mlearning evaluation): consiste da oferta de mecanismos de feedback sobre o processo de aprendizagem baseado nos objetos. Para isso é necessário disponibilizar recursos para verificar se o usuário compreendeu o conteúdo trazido pelo objeto, se há conforto com a aprendizagem móvel, se há aprendizagem em nível equivalente a outros modos de aprender e se os objetos desenvolvidos realmente alcançaram seus destinatários pretendidos. Estes recursos envolvem também mecanismos para a autoavaliação do estudante;

j) Dimensão ética (mlearning ethics): representa a necessidade de divulgação de práticas éticas que protejam os usuários e provedores de usos inconvenientes e não desejados. É também responsável por disseminar orientações que possibilitem que os usuários se salvaguardem quanto a sobrecarga cognitiva e as comunicações impróprias, bem como orientar sobre cuidados com privacidade e segurança das informações;

k) Dimensão política (mlearning policy): abrange políticas institucionais e governamentais. As políticas institucionais podem inibir ou impulsionar o desenvolvimento e crescimento da aprendizagem móvel, então a definição de políticas favoráveis é uma

necessidade. As políticas governamentais podem também favorecer, sobretudo se estão alinhadas com outras políticas de e-learning. As políticas devem ser capazes de prover orientações, estratégias e normas que apoiem a adoção da aprendizagem móvel nas instituições educacionais. Devem também reservar recursos para garantir a sustentação das iniciativas de m-learning;

l) Dimensão contexto (mlearning context): o contexto onde se situa o estudante é uma variável importante para a aprendizagem e os objetos devem ser capazes de se adequar a ele sempre que possível. O contexto pode tanto potencializar como inibir as atividades de aprendizagem. Por isso, a compreensão do contexto de uso dos objetos é aspecto relevante a ser definido antes de sua implementação. Fatores ambientais positivos devem ser explorados pela atividade de aprendizagem. Já os fatores ambientais que exercem influência negativa (como ruídos, falta de conectividade em determinadas áreas, dependência de fonte de energia e outros) devem ser mitigados.

Além de destacar as dimensões da implementação de m-learning, Muyinda et al. (2011) sugerem uma organização processual dessas dimensões, conforme a Figura 8. A visão processual destaca a dimensão custos como sendo o desafio central da implementação. Os autores justificam esse destaque em função do contexto onde o modelo foi desenvolvido, i.e., países em desenvolvimento, onde há escassez de investimentos em tecnologias e infraestrutura. Destacam também a importância de definir políticas no início do processo, de modo que estas sejam capazes de guiar e sustentar as demais etapas de desenvolvimento.

Figura 8 - Processo de desenvolvimento de aplicações para m-learning conforme o modelo MoLODUF.

Fonte: Muyinda et al. (2011).

A proposição sequencial das demais dimensões não é rigorosa, consiste em uma sugestão que admite flexibilidade na ordem de implementação. A lógica inerente desta proposição está baseada em definir políticas, garantir recursos e infraestrutura, organizar processos, implementar os objetos segundo requisitos educacionais e, ao final, avaliar os resultados do processo.

2.8.2 A implementação segundo Wingkvist e Ericsson (2009):