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Os aspectos tecnológicos relacionados à aprendizagem móvel referem-se aos atributos físicos, técnicos e funcionais dos dispositivos móveis. Isso inclui suas capacidades de entrada e saída de dados, sua capacidade de processamento, compatibilidade e outras características de hardware e software dos dispositivos que estabelecem as possibilidades de interação do usuário (KOOLE, 2009).

Dispositivos móveis são equipamentos digitais, leves e fáceis de carregar como o telefone celular, smartphones, os PDAs (Portable Digital Assistants), os computadores ultraportáteis, os media players e outros equipamentos similares. Estes dispositivos são ferramentas de produtividade, aprendizagem e comunicação que oferecem recursos cada vez melhores para apoiar as mais diversas atividades humanas (JACOB; ISSAC, 2008; CAUDILL, 2007; HUTCHISON et al., 2008).

Os PDAs foram os dispositivos mais utilizados nos primeiros anos de experiências com m-learning. Possuem capacidade de processamento, são programáveis, podem ter acesso à rede sem fio, possuir recursos como calendário, anotações, ferramentas para tocar áudio e vídeo, navegar na internet, ler email, editar textos e comunicar- se por mensagem instantânea e recursos de GPS (YU; HU, 2010). Os smartphones são uma espécie de herdeiros dos PDAs e apresentam

outros recursos antes inexistentes. Um dos recursos que se destaca é o de captura de informações na forma de fotos, vídeos e sons, possibilitando, inclusive, a transmissão de dados instantânea pela internet por video streaming (CLOUGH et al., 2008; COCHRANE; BATEMAN, 2010). Com tais recursos os dispositivos móveis deixam de ser equipamentos meramente receptores e passam a ser coletores e disseminadores da informação, trazendo novas possibilidades para as atividades de aprendizagem e de compartilhamento do conhecimento.

Mais recentemente observa-se a emergências das tecnologias tablet, que, assim como os smartphones, estão se tornando cada vez mais presentes no dia-a-dia das pessoas (NEW MEDIA CONSORTIUM, 2013). O tablet e o smartphone, segundo Scopeo (2011), são considerados os dispositivos tecnológicos de maior impacto nos últimos anos e até 2011 já haviam sido mais comercializados do que os computadores convencionais. Os tablets apresentam recursos e benefícios dos computadores portáteis, mas vão além disso porque são realmente móveis, táteis e intuitivos, e isso amplia muito suas possibilidades de uso na educação (SCOPEO, 2011).

Segundo o New Media Consortium (2013), os tablets são especialmente eficientes na apresentação de conteúdos visuais como fotografias, vídeos e livros. Para Wyeth et al. (2011) um dos atributos de maior destaque nos tablets é a ampla tela multitoque que, combinada com a mobilidade do dispositivo, tem potencial para variadas formas de interação e entrada de dados, conferindo assim melhores condições do usuário produzir conteúdos (texto, imagem e áudio) e não apenas consumi-lo.

Os tablets incorporam também avanços oriundos da computação baseada em gestos que possibilita interação mais rica do que a proporcionada pelo padrão apontar e clicar dos computadores tradicionais. Além disso, a tela mais ampla e a facilidade de ajuste automático da imagem, que se adapta mais facilmente à disposição física do usuário, torna seu uso mais fácil. Esses recursos conferem aos tablets uma interação mais intuitiva e favorável para as atividades de aprendizagem. Motivadas por estes atributos, as instituições de ensino estão vendo-os não apenas como uma solução mais acessível, mas também como uma ferramenta rica para trabalho de campo e em laboratório, com frequência sendo capaz de substituir equipamentos mais caros e mais pesados (NEW MEDIA CONSORTIUM, 2013).

Os dispositivos móveis em geral são tecnologias que têm se transformado muito rapidamente, de modo que listar os diversos dispositivos é correr o risco de escrever um texto obsoleto. A própria

identificação do que é ou não um dispositivo móvel é, às vezes, difícil. Caudill (2007) destaca que na literatura há discordâncias sobre considerar computadores do porte de um notebook como uma tecnologia móvel. Se por um lado, o notebook é um equipamento que pode ser movimentado com relativa facilidade, tem sua própria fonte de energia e pode usufruir de recursos de conectividade sem fio, por outro, não é um dispositivo que as pessoas carregam e usam em qualquer lugar, em virtude de seu tamanho, configuração e dificuldade para facilmente ligar e desligar. Traxler (2009), por exemplo, considera que a aprendizagem realizada por meio de um notebook não se caracteriza como móvel. Isso porque considera que dispositivos móveis são aqueles que acompanham as pessoas de modo impensado e automático, ao contrário dos notebooks, que são carregados com um propósito premeditado e por um tempo determinado.

Além da transformação dos dispositivos propriamente ditos, a expansão de seu uso depende dos recursos de conectividade, ou seja, das redes e infraestrutura de telecomunicação na qual precisam estar imersos para se comunicar. Então, ao destacar os dispositivos móveis como tecnologias para a aprendizagem é preciso também considerar as outras tecnologias de hardware que apoiam seu uso. As principais tecnologias que possibilitam a conectividade são as redes sem fio e a telefonia celular de banda larga, esta última cada vez mais personalizada e popular (CAUDILL, 2007; JACOB; ISSAC, 2008).

A conectividade sem fio é um dos atributos dos dispositivos que é determinante para sua natureza móvel. Antes do advento das tecnologias sem fio, as tecnologias educacionais estavam atreladas ao uso de recursos computacionais fixos e fisicamente conectados às redes de comunicação. Isso estabelecia uma limitação física do local de estudos, mas também do momento em que ela ocorria, já que os computadores não eram portáteis e/ou de uso exclusivo do estudante. Ao passar a carregar consigo o seu próprio dispositivo, o estudante passa a ter maior autonomia e liberdade para acessar os recursos educacionais a qualquer hora e a qualquer tempo (CAUDILL, 2007).

A rápida mudança na tecnologia exige de estudantes, professores e profissionais a capacidade de adaptar-se constantemente a novos dispositivos. Para os pesquisadores de m-learning, por exemplo, não é incomum que no decorrer de um projeto de pesquisa em andamento os modelos de dispositivos adotados sejam substituídos, dificultando o desenvolvimento de estudos longitudinais e tornando impossível a replicação de estudos com o mesmo hardware (PACHLER, 2009). Mas se a transformação nos dispositivos é um elemento desafiador, ela é

também o próprio motor transformador da educação móvel. Segundo Caudill (2007), os métodos educacionais baseados em m-learning somente se desenvolvem porque crescem as tecnologias móveis. Em outras palavras, a existência das práticas de m-learning está diretamente associada e dependente da evolução das tecnologias móveis.

O atributo da mobilidade dos dispositivos têm nele embutido a capacidade de movimentação sem perder a conectividade essencial para estabelecer uma rede de contatos, para compartilhar informações e se comunicar de forma síncrona ou assíncrona com os demais sujeitos conectados (ALEXANDER, 2004; CAUDILL, 2007). A aprendizagem móvel também pode ocorrer de modo assíncrono, com o uso de recursos armazenados nos próprios dispositivos sem conectividade. Todavia, a maioria das aplicações educacionais sobre dispositivos móveis vem se desenvolvendo baseada na conectividade (CAUDILL, 2007). Assim sendo, a mobilidade e a conectividade são atributos que devem coexistir para que a mobilidade aconteça de modo integrado e conectado às redes de aprendizagem.

Os diferentes recursos existentes nos dispositivos móveis podem ser observados como fatores delimitadores e habilitadores de atividades e estratégias de aprendizagem. O que parece ser importante, contudo, é a compreensão das ferramentas e potencialidades que esses dispositivos apresentam.