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intervenção inicia com uma avaliação acurada do contexto local e é subsidiada por fundamentação teórica relevante e experiências práticas oriundas de outros contextos. É desenhada para solucionar algum problema ou criar alguma melhoria na prática realizada em algum cenário específico. Mas mais do que isso, espera-se principalmente alcançar o conhecimento de como o problema foi resolvido, ou seja, o design da intervenção.

Na PBD o design da intervenção evolui a partir da ação prática e ao mesmo tempo promove o desenvolvimento de princípios, padrões e/ou novas teorias capazes de apoiar novas iniciativas (ANDERSON; SHATTUCK, 2012). Sua contribuição é, portanto, prática e teórica. Prática porque implementa soluções em problemas do mundo real. Teórica porque a partir da prática possibilita a formulação de soluções e recomendações que ampliam ou criam princípios teóricos (REEVES, 2000). A contribuição para a teoria é favorecida pela fase final do processo em que a reflexão gera princípios norteadores para as iniciativas de implementação (ANDERSON; SHATTUCK, 2012).

O processo de desenvolvimento da PBD possibilita múltiplas iterações em busca do refinamento da solução. Segundo Anderson e Shattuck (2012), o design da implementação evolui a cada iteração e ao mesmo tempo guia o desenvolvimento de princípios práticos, padrões ou fundamentos teóricos. O desafio está em identificar quando finalizar este processo e dar-se por satisfeito com o ciclo evolutivo da investigação.

De forma genérica, Reeves (2000) destaca que o processo de desenvolvimento da PBD inicia pela análise de problemas práticos em estreita parceria do pesquisador com os praticantes, seguido pelo desenvolvimento de soluções e pela avaliação da solução proposta. A fase final culmina com a elaboração de “princípios de design”, que resulta da reflexão sobre o desenho da solução e da explicitação de princípios que embasaram a iniciativa. Esses princípios podem servir

como guia para outros praticantes em iniciativas similares. A Figura 10 apresenta o processo da PBD proposto por Reeves (2000). Nele observa- se a possibilidade de reformulação e refinamento da solução ao longo de todo o ciclo, bem como o trabalho colaborativo entre pesquisadores e praticantes.

Figura 10 - Processo de desenvolvimento da Pesquisa Baseada em Design

Fonte: Reeves (2000).

Vários outros autores fizeram propostas de processos de PBD, como Takeda et al., 1990, Hevner et al. (1996), Vaishnavi e Kuechler (2004) e Dix (2007). Neste trabalho adota-se a proposta Dix (2007), por apresentar um processo de pesquisa especialmente orientado para pesquisas em contextos de inovação em tecnologias educacionais, chamado de DBRIEF (Design-Based Research in Innovative Education Framework). Este processo, conforme a Figura 11, resulta da integração e ampliação de vários frameworks preexistentes. Segundo a autora, o processo DBRIEF apresenta cinco fases principais, descritas a seguir. a) Exploração fundamentada (Informed exploration): consiste na

exploração inicial que vai levar à compreensão do problema, na investigação da literatura que pode embasar a intervenção e na formulação de pressupostos e modelos da investigação. Esta etapa é pouco estruturada e acontece de modo mais intuitivo e também iterativo. Por isso é representada graficamente com setas de duplo sentido.

b) Prenúncio (Presage): consiste na visualização inicial das características do contexto, do ambiente de aprendizagem e das características do relacionamento entre estudantes e professores. Fatores contextuais podem ser obtidos a partir da observação do contexto escolar bem como das percepções dos stakeholders. Fatores ambientais e fatores humanos, conectados por setas biderecionais, representam a influência recíproca que exercem entre si e também sobre o desenvolvimento da intervenção. Além disso, a inter-relação entre professor e estudante representam um modelo causal e de

caminhos de influência entre eles. Todos estes fatores, combinados com características do processo e do produto esperado como saída, subsidiam a formulação de alternativas de solução que serão aperfeiçoados na próxima fase.

c) Processamento (Process): no núcleo do processo de pesquisa está a etapa em que o pesquisador age diretamente sobre seu campo de intervenção (Enactment), no qual desenvolve e avalia o desenho da iniciativa em um processo iterativo de microciclos. Fatores ambientais, comportamentos de estudantes e professores e/ou outros fatores envolvidos são observados ou mensurados de modo a fornecer elementos de avaliação e reflexão que vão subsidiar o aperfeiçoamento da intervenção. Esta é uma fase complexa em que é necessário significativo suporte metodológico e científico;

d) Produto (Product): fase que demanda análise rigorosa de dados quantitativos e/ou qualitativos. A análise é fortemente estruturada e orientada para a avaliação dos modelos resultantes da intervenção. Outros resultados decorrentes, implicações e programas de expansão da iniciativa podem ser também apresentados;

e) Avaliação Estendida (Extended Evaluation): fase final que visa ir além do produto resultante e reforçar a teoria na área de conhecimento relacionada à intervenção. Para isso, resultados, descobertas e implicações da pesquisa servem como feedback às teorias que fundamentam a intervenção para contribuir com sua transformação e/ou ampliação. Nesta fase concretiza-se o propósito da PBD de gerar contribuições para a teoria a partir das práticas do mundo real.

Figura 11 - Processo de pesquisa segundo o framework DBRIEF

Como o desenvolvimento do design de uma solução é um processo iterativo, Vaishnavi e Kuechler (2004) orientam que na elaboração de artefatos conceituais, como é o caso desta pesquisa, a fase de desenvolvimento pode se confundir com a fase anterior em que são elaboradas as primeiras sugestões de solução. Isso ocorre porque a própria decisão de qual será o melhor design da iniciativa é uma das saídas finais esperadas do processo de pesquisa.

Na próxima seção apresenta-se a adaptaçao de alguns aspectos do framework DBRIEF para o contexto da aprendizagem a distância e baseada na mobilidade.

3.4 O FRAMEWORK DBRIEF ADAPTADO AO CONTEXTO DA