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2.2 INSERÇÃO PROFISSIONAL E A CASA DAS JUVENTUDES NO BRASIL

2.2.4 A importância da avaliação da Casa das Juventudes de Rio Formoso

Para Santos et. al. (2011), o termo policy analysis (análise de políticas),tem a finalidade de conciliar o conhecimento acadêmico com a produção empírica dos governos. Desenvolver uma análise de política diz respeito a descobrir o que os governos fazem, porque fazem e que diferenças fazem – oferecendo um entendimento de questões relacionadas com legitimidade, eficácia e durabilidade da ação pública.

Podendo considerar as políticas públicas como um sistema ou mesmo um processo, uma vez que apresenta ritos e passos encadeados objetivando uma finalidade; a

análise de política pode acontecer através do modelo de ciclo das políticas, reiterado na assertiva de Cavalcanti (2007, p. 168): “dentre uma diversidade de instrumentos analíticos, uma das ferramentas mais utilizadas na literatura é a decomposição da política pública em fases ou etapas, ao longo do Ciclo da Política”. Estes instrumentos estão normalmente associados aos processos de concepção, formulação, implementação e avaliação de políticas, podendo haver algumas subdivisões de acordo com o autor em estudo.

Por sua vez, Saraiva e Ferrarezi (2006) apontam que cada política pública passa por diversos estágios e que em cada um deles, há diferenças nas ênfases dadas aos atores sociais, coalizões e processos. Daí as políticas públicas estruturarem o sistema político, definirem e delimitarem os espaços, os desafios assim como os autores sociais. Há ainda que se ressaltar que as etapas normalmente consideradas em políticas públicas (formulação, implementação e avaliação) necessitam de um determinado grau de especificação, como por exemplo, a distinção entre elaboração e formulação. A elaboração é a preparação da decisão política, enquanto a formulação constitui a decisão política (por um político ou pelo Congresso) e a sua formalização através de uma norma jurídica. Ademais, a etapa de implementar também precisa ser mais detalhada. É imperativo separar a implementação propriamente dita da execução porque enquanto a primeira compreende a preparação para a execução (via a elaboração de planos, programas e projetos;) a segunda é pôr em prática a decisão política. A distinção em cada uma das etapas mencionadas torna-se necessária porque em cada uma delas há possibilidade de se ter campos distintos de negociação.

Nesse contexto, pode-se considerar o ciclo de política como um esquema de visualização e interpretação que contribui para organizar a vida de uma política pública em fases sequenciais e interdependente (figura 1). Desta forma, o modelo ressalta a definição da agenda e questiona por que algumas questões entram na agenda enquanto outras são ignoradas? A seguir, serão detalhadas as fases do ciclo, conforme o estudo de Secchi (2010).

Figura 1 - Ciclo de Política Pública

Fonte: adaptado de Santos et al. (2011).

1ª FASE: A Identificação do Problema. O esforço de identificar um problema

público envolve percebê-lo, delimitá-lo e avaliar a possibilidade de solucioná-lo. Aqui, compreende-se um problema como a discrepância entre o status quo e uma situação ideal, possível em uma diversidade de dimensões das relações humanas (SANTOS et. al., 2011).

2ª FASE: A Formação da Agenda. Nessa fase, a agenda constitui o conjunto de

problemas ou temas considerados importantes e que podem ser agrupadas em agenda política e agenda institucional. A agenda política refere-se ao conjunto de problemas ou temas que a comunidade política considera merecedor de intervenção pública, enquanto a agenda institucional diz respeito a problemas e temas que o poder público já decidiu enfrentar. Nessa fase do ciclo, é válido ressaltar a importância da representatividade dos grupos de interesses para negociar, pressionar e reivindicar a inserção dos seus problemas/temas na agenda de políticas.

3ª FASE: A Formulação de Alternativas. A formulação de soluções acontece a

partir da definição de objetivos e estratégias. Assim, um mesmo objetivo pode ser alcançado de várias formas e por uma diversidade de caminhos. É nessa fase que os grupos de especialistas apresentam propostas de soluções para os problemas encontrados, expondo suas ideias e crenças sobre relações de causa e efeito. Neste momento, grandes conflitos entre os agentes formuladores tendem a acontecer principalmente quanto à concepção, a finalidade e o método da política.

4ª FASE: A Tomada de Decisão Política. Representa o momento onde os

interesses dos atores são devidamente equacionados, assim como são explicitadas as intenções (objetivos e métodos) de uma política pública. Aqui, os tomadores de decisão já têm os problemas em mãos e buscam as soluções mais adequadas.

5ª FASE: A Implementação . Dizem respeito ao momento onde regras, rotinas e

processos sociais são transformados de intenções em ações. Nesta fase, torna-se significativo o monitoramento das ações para permitir a visualização dos obstáculos e falhas que costumam acontecer na implementação de políticas públicas. É aqui que se visualizam erros anteriores ao processo decisório, de modo a detectar problemas mal formulados, objetivos mal traçados assim como os otimismos exagerados.

6ª FASE: A Avaliação. Representa o esforço de mensuração e análise dos efeitos

que as políticas públicas produziram na sociedade. Essa fase pode ocorrer através de avaliações ex ante, ex post e in itinere. Os elementos constitutivos do processo avaliativo (critérios e padrões) devem ter sido previamente definidos na etapa de formulação e legitimados na etapa de implementação. Os critérios passam por conceitos de economicidade, eficiência econômica, administrativa, social e ambiental. Já os padrões estão centrados em aspectos absolutos como metas quantitativas e qualitativas, históricos quanto aos tempos e padrões normativos tais como normas, regras e leis.

Campos e Andion (2011) observam que a avaliação representa uma forma básica de comportamento humano, podendo ser, às vezes, formal, completa e estruturada e em noutras bastante subjetiva, baseando-se em percepções, sem coleta de evidências formais, isto é, uma avaliação informal. A partir do que foi dito, pode-se considerar a presente pesquisa como de natureza formal.

Ainda segundo os autores mencionados, a avaliação pode usar de métodos e julgamentos com as finalidades de: 1) determinar os padrões para julgar a qualidade e concluir se esses padrões devem ser relativos ou absolutos; 2) coletar informações relevantes e 3) aplicar os padrões para determinar valor, qualidade, utilidade, eficácia ou importância.

Para Gohn (2006) explica que a avaliação desempenha diversos papéis, mas que apresenta uma única finalidade: determinar o valor ou mérito de alguma coisa que está sendo avaliada. Ele ainda faz a distinção de que a meta da avaliação é apresentar respostas a perguntas avaliatórias significativas que são apresentadas, enquanto os papéis da avaliação referem-se às maneiras pelas quais essas

respostas são utilizadas.

Fernandes (2006) mostra que o papel formativo e o papel somativo da avaliação. Para ela, a avaliação formativa é elaborada para dar informações avaliatórias úteis à equipe do programa, de modo a melhorá-lo. Assim, a avaliação formativa também é conhecida como avaliação de processo. Já a avaliação somativa é realizada e torna- se pública com o objetivo de possibilitar aos responsáveis pela tomada de decisões do programa e aos usuários potenciais, julgamentos do valor ou mérito do programa em relação a critérios importantes. Que desenvolveram o quadro a seguir de modo a diferenciar os dois tipos de avaliação.

Tabela 1 -.

Tabela 1 - Diferenças entre avaliação formativa e avaliação somativa Avaliação Formativa Avaliação Somativa Objetivo Determinar valor ou

qualidade Determinar valor ou qualidade Uso Melhorar o programa Tomar decisões sobre o futuro do

programa Público Gestores e equipe do

programa Gestores financiadores e/ou usuários ou Quem faz Avaliadores internos com

apoio de avaliadores externos

Avaliadores externos com apoio de avaliadores internos

Principais características Gerar informações para que a equipe do programa possa melhorá-lo

Gerar informações para que a equipe do programa e usuários possa decidir por sua continuidade Foco Que informações são

necessárias? Quando/ Que evidência é necessária para as principais decisões? Fonte: Fernandes (2006).

Para Gohn (2006, p.45) as duas avaliações estão entrelaçadas, principalmente no aspecto prático, tornando a linha divisória entre as duas avaliações muito pouco nítida. Direcionando que o uso da avaliação formativa e da avaliação somativa não é excludente, mas sim, complementar. Segundo os autores supracitados: “infelizmente, um número muito grande de organizações faz apenas a avaliação somativa de seus programas”. Isso é uma pena, pois o processo de desenvolvimento sem a avaliação formativa é incompleto e insuficiente. Ainda para o autor, é indício de miopia o não uso da avaliação formativa porque os dados coletados no início dos trabalhos podem colaborar na destinação de tempo, dinheiro e todos os tipos de recursos para finalidades mais produtivas.

que diz respeito aos tipos de dados e métodos utilizados: qualitativos ou quantitativos. Constata-se que até a década de 1960 havia o predomínio dos métodos quantitativos na avaliação de programas, principalmente nos programas educacionais. É a partir da década de 1960 que acontece um embate entre aqueles que defendiam a importância dos métodos quantitativos e aqueles que, de forma gradativa, defendiam os métodos qualitativos (CAMPOS; ANDION, 2011). A partir de 1979, felizmente, o diálogo contribuiu para superar essa controvérsia, sendo possível encontrar analistas que mostravam em seus estudos, as vantagens da integração de ambos os métodos em um estudo avaliatório.

Os diversos modelos de avaliação, surgidos desde 1965, vão de prescrições abrangentes a simples check lists. Por isso, Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004) procuraram classificar as diversas abordagens em seis grandes categorias que tinham por objetivo facilitar o estudo e aplicação dos modelos de avaliação. São elas:

1) Avaliações centradas em objetivos. Sua característica principal é estar

centrada na determinação do propósito da atividade, ficando a avaliação justamente concentrada nas medidas em que esses propósitos foram atingidos. Assim, as avaliações centradas em objetivos buscam se concentrar na especificação de metas e objetivos, bem como na determinação da medida em que esses foram atingidos.

2) Avaliações centradas na administração. Nessa abordagem busca-se ajudar as

pessoas a tomarem decisões e, por conseguinte, as informações avaliatórias são parte fundamental das decisões inteligentes. Assim, as avaliações centradas na administração apresentam interesse especial na identificação e no atendimento das necessidades informacionais dos administradores.

3) Avaliações centradas no consumidor. O principal objetivo desses modelos de

avaliação é o fornecimento de informações avaliatórias sobre produtos para o consumidor, com papel fortemente somativo.

4) Avaliações centradas em especialistas. Essa avaliação, a mais antiga e a mais

usada, depende exclusivamente dos especialistas, assim como da qualificação profissional dos avaliadores para julgar a qualidade de qualquer atividade sob avaliação. Como exemplos, os exames de doutoramento, pareceres específicos,

painéis para revisão de projetos, entre outros.

5) Avaliações centradas nos adversários. Esse tipo de avaliação procura

equilibrar as diferenças por meio da posição antagônica entre grupos distintos, objetivando buscar o consenso. Em outros termos, a controvérsia é o foco dessa oposição planejada e estruturada em termos de pontos de vista (prós e contras) e está concentrada na chance de amplo debate como ponto de partida para o alcance do consenso.

6) Avaliações centradas nos participantes. A finalidade dessas avaliações está

centrada em compreender e retratar as complexidades de uma atividade, buscando responder às necessidades de informações de determinado público, podendo se utilizar de planos de avaliação, raciocínio indutivo e de reconhecimento de múltiplas realidades. Esse tipo de avaliação foi escolhido para a realização do presente trabalho.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia da pesquisa é muito mais do que a soma ou a aplicação de técnicas para uma determinada análise. Como sugere a própria etimologia da palavra, trata- se, antes de tudo, de reflexão e estudo sobre o método. Daí que cada discussão metodológica é virtualmente uma possibilidade de análise e redefinição dos caminhos a serem utilizados em pesquisa a partir de questões suscitadas pelo pesquisador, os grupos de implicados e o próprio objeto da avaliação (ALMEIDA SANTOS, 2006).

Partindo de uma inquietação em relação à avaliação das políticas públicas para a qualificação e inserção profissional da Casa das Juventudes de Rio Formoso – PE, este estudo foi centrado na interpretação das práticas, à luz da literatura que se configurará em uma pesquisa de caráter qualitativo.