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Estudar as políticas públicas voltadas para a juventude garantindo direitos a esta geração são fatores fundamentais para consolidar a democracia no Brasil, com inclusão social. É essa perspectiva que norteia o Governo Federal estruturando a implantação de políticas públicas de juventude.

No entanto, tratar políticas públicas e juventude de maneira isolada não expõe as finalidades recomendadas no estudo, assim, incluir e abranger esses dois conceitos torna-se imprescindível para nortear as reflexões da investigação. Nesse intuito, serão evidenciadas as trajetórias das políticas públicas de juventude para compreender a edificação do modelo no contexto contemporâneo. Tal modelo gera a representação das atuais políticas públicas que acolhem o público jovem. Diante disso, torna-se essencial buscar compreender a maneira de influência que o governo estrutura para a juventude e as consequências causadas ao jovem (HELLER; CASTRO, 2007).

Esta nova forma de considerar a juventude teve início na criação, em 2004, do grupo interministerial coordenado pela Secretaria Geral da Presidência da República e composto por 19 ministérios, que inaugurou principais programas federais para esse segmento populacional, elaborando um diagnóstico da situação dos jovens brasileiros. Desta forma chegou-se ao seguinte resultado: a definição da Política Nacional de Juventude, cuja implementação é coordenada pela Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República.

As constantes transformações sociais, econômicas e culturais, afetando as rotinas produtivas e as relações sociais, comerciais e trabalhistas em todo o mundo. Esse novo contexto favorece desigualdades sociais que exige das políticas públicas soluções que revertam o quadro de exclusão principalmente entre os jovens.

No que se refere à juventude, é recente a inclusão desta temática na agenda política do Brasil e do mundo. As políticas públicas passaram a incluir as questões relacionadas à juventude, de forma mais consistente, por motivos emergenciais, já que os jovens são os mais atingidos pelas transformações no mundo do trabalho e pelas distintas formas de violência física e simbólica que caracterizam o século XXI.

As políticas públicas para a juventude eram restritas aos jovens adolescentes, de até 18 anos. A mobilização social que ocorreu em torno do ECA foi um fator importante para a reflexão feita pela sociedade em torno dos direitos da infância e adolescência e às políticas públicas destinadas a essa faixa etária (MENDES; OLIVEIRA, 2007). Jovens com idade superior a 18 anos não alcançados pelo ECA eram atendidos por políticas voltadas para a sociedade como um todo e as políticas públicas de juventude eram marcadas por uma abordagem emergencial, com foco em jovens em situação de vulnerabilidade social. Ainda que esta perspectiva seja importante, ela é insuficiente, pois é preciso considerar as heterogeneidades dos jovens.

Através dessas políticas o jovem teve acesso a oportunidades para adquirir acesso à educação, à qualificação profissional e à cidadania. Oportunidades de acesso ao mercado de trabalho, ao crédito, à renda, aos esportes, ao lazer, à cultura e à terra. A garantia de direitos e oferta de serviços que garantam a satisfação das necessidades básicas do jovem e as condições necessárias para aproveitar as oportunidades disponíveis.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no Brasil, os jovens com idade entre 15 e 29 anos representavam, em 2008, cerca de 50 milhões de pessoas, o que então correspondia a 26% da população total (IBGE, 2008). Apesar do peso numérico e da gravidade das questões que envolvem este segmento populacional, a emergência das políticas públicas de juventude e da problematização dos direitos dos jovens é recente no Brasil.

Diferentemente de outros países da América Latina, no caso brasileiro, as ações desencadeadas pelas agências das Nações Unidas a partir do Ano Internacional da Juventude, em 1985, tiveram pouca repercussão na formulação de programas ou organismos específicos de políticas para esse grupo populacional.

Havia pouca relevância naquele momento do tema juventude, estando o foco das preocupações e mobilizações centrado na questão das crianças e adolescentes em situação de risco e na defesa dos direitos desses segmentos.

Como consequência, durante muito tempo, o termo juventude, manteve-se associado ao período da adolescência ou foi tomado como algo indistinto da

infância, é o que afirma Instituto de Pesquisa Econômica Ampliada - IPEA juventude e políticas publicas no Brasil, sendo as questões dos jovens com mais de 18 anos desconsideradas, tanto do ponto de vista da ação pública estatal como do das entidades da sociedade civil (PIMENTA; ALVES, 2010).

Em um primeiro momento, a estratégia de valorizar o jovem maior de 18 anos e menor que 30 anos, correspondem às expectativas da juventude à realidade brasileira que detém elevada proporção de jovens em situação de vulnerabilidade social. Programas dessa natureza, quando bem administrados e mantidos continuadamente podem contribuir para melhorar consideravelmente as condições de vida dos jovens, contribuindo para a elevação dos índices de alfabetização e de escolaridade, que podem resultar em melhor inserção no mundo do trabalho o que constituem meta altamente desejável, resumir a intervenção pública apenas a ações emergenciais e compensatórias aos jovens socialmente mais vulneráveis não é uma solução socialmente justa e definitiva.

De acordo com as diversidades e desigualdades que caracterizam nossa juventude, é preciso também abrir espaço para a incorporação de abordagens específicas no interior das demandas universais. Desta forma, o desafio colocado para os representantes da sociedade é o de ampliar consideravelmente o escopo da Política Nacional de Juventude, de modo que esta possa beneficiar com efetividade todas as juventudes brasileiras.