CAPÍTULO 3 – A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E AS INCUBADORAS
4.1 A importância da criação, compartilhamento e aplicação do conhecimento nas
A gestão do conhecimento (knowledge management), termo que surgiu e se
popularizou na década de 1990, tem como principais objetivos a criação, o registro e o
compartilhamento do capital intelectual das organizações (HOFFMANN, 2009). Sendo o
capital intelectual um ativo intangível pertencente ao próprio indivíduo, Stewart (1998) o
considera como a soma do conhecimento das pessoas em uma empresa, que gera riqueza e
proporciona vantagem competitiva. O conhecimento, por ser um bem intangível, não é
palpável, concreto como moeda, madeira ou cimento. Tanto os ativos tangíveis quanto os
intangíveis “têm sua origem no pessoal de uma organização por serem o resultado das ações
humanas”, portanto, “todo conhecimento depende das pessoas, em última instância, para
continuar a existir” (SVEIBY, 1998, p.09).
Pode-se entender que GC é a ação por meio do qual o conhecimento originado por um
indivíduo, ou por um grupo de indivíduos, passa a ser consolidado. Dalkir (2005) relata que o
tema GC é complexo e seus conceitos são múltiplos, sendo tratado sob percepções e pontos de
vista diferentes ao abordarem a criação do conhecimento, seu compartilhamento e sua
aplicação.
A gestão do conhecimento “deve ser sempre esse processo: gerando, codificando,
disseminando e apropriando-se do conhecimento por meio de uma interação contínua e
dinâmica entre o conhecimento tácito e explícito” (BRAGHETTI, 2003, p.58).
Para Stewart (1998) GC significa identificar o que se sabe, captar e organizar esse
conhecimento, e utilizá-lo de modo a gerar retornos. A GC possui o objetivo de controlar,
facilitar o acesso e manter um gerenciamento integrado sobre as informações em seus diversos
meios.
No que diz respeito ao alcance de objetivos almejados, por parte de uma dada
organização, Lloria (2008) se reporta a GC como esta sendo as políticas e as diretrizes que
admitem a criação, divulgação e institucionalização do conhecimento.
Rossato (2003) reforça a importância da implantação de estratégias de GC para evitar
que ocorra a falta ou excesso de informação e conhecimento que possa dificultar a localização
da informação certa na hora certa, e também para que se identifiquem rapidamente os
especialistas em cada assunto.
Fialho et al. (2006, p.86) define o envolvimento da gestão do conhecimento com a
“identificação e análise dos ativos de conhecimento disponíveis” e também com “o
planejamento e o controle das ações para desenvolver” os ativos e os processos, almejando
“atingir os objetivos da organização”. Portanto “torna-se fundamental criar condições e apoiar
o desenvolvimento e a comunicação desse conhecimento, além de criar mecanismos para
mensurar, desenvolver, preservar, utilizar e compartilhar conhecimento na organização”
(FIALHO et al., 2006, p.86).
Braghetti (2003) descreve a necessidade de três pilares fundamentais para que se
construa um processo de GC duradouro e consistente: a cultura organizacional – as pessoas
devem estar motivadas e comprometidas para integrarem este processo, que pode ocorrer nas
reuniões gerais do grupo ou nas reuniões de grupos específicos; o gerenciamento da
informação – para que todo conhecimento seja disseminado e compartilhado entre os
membros da equipe, deve-se identificar e buscar soluções acessíveis para organizar toda a
informação gerada e a ferramenta ideal a ser utilizada; e, a comunicação organizacional, seu
papel é deixar claro quais estratégias serão adotadas, com a finalidade de manter todos
informados. No Quadro 4 verificam-se alguns conceitos na GC.
QUADRO 4: Conceitos na gestão do conhecimento
Gestão do Conhecimento
Foco no Capital Intelectual da Organização
Desenvolvimento da cultura organizacional voltada ao conhecimento
Mapeamento e reconhecimento dos fluxos informais de informação
Tratamento, análise e agregação de valor às informações utilizando tecnologias de informação
Transferência do conhecimento ou socialização do conhecimento no ambiente organizacional
Criação e disponibilização de sistemas de informação empresariais de diferentes naturezas
Trabalha essencialmente com os fluxos informais de informação
Fonte: Adaptado VALENTIM, 2002, p.6.
Crúzio (2006, p. 65) esmiuça que a cultura organizacional consiste em um:
[...] conjunto de valores, atitudes, hábitos, crenças e tradições, bem como nas interações e relacionamentos sociais, políticos e econômicos próprios de cada organização. Assim, a cultura organizacional reflete a maneira tradicional de pensar e fazer as coisas, compartilhada por todos os membros da organização. Ela representa os aspectos formais das organizações, facilmente percebidos nos objetivos, políticas e estratégias de trabalho, assim como nos métodos, procedimentos, arranjos tecnológicos e design da estrutura organizacional.
Segundo Davenport e Prusak (1998, p.132) “para que se mantenha livre o fluxo do
conhecimento, a cultura organizacional precisa ser extraordinária”. Para estes autores:
Bons trabalhadores do conhecimento, de qualquer nível, deveriam ter uma combinação de habilidades hard (conhecimento estruturado, qualificações técnicas e experiência profissional) e de atributos soft (um claro senso dos aspectos culturais, políticos e pessoais do conhecimento). Uma boa cultura geral não é um atributo necessário a todos, mas é particularmente importante para aqueles que trabalham em contato direto com usuários do conhecimento (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p.133).