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Viu-se no capítulo anterior que a PC exerce atividade de polícia judiciária e busca apurar as infrações penais, com exceção das militares e das competentes à

169 BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 De Outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 17 out. 2015.

170 MELO, André Luis. É preciso acabar com excesso de formalismo do BO. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-fev-17/preciso-acabar-excesso-formalismo-boletim-ocorrencia>. Acesso em: 06 out. 2015.

171 FANTI, Dayane. Boletim de ocorrência de preservação de direitos: instrumento de

aproximação. Disponível em: <http://fantiadvogados.blogspot.com.br/2013/05/boletim-de-ocorrencia- de-preservacao-de.html>. Acesso em: 18 out. 2015.

União172, e que a apuração dos delitos ocorre após o conhecimento da autoridade policial sobre eles, geralmente por conta da lavratura do BO.173

No entanto, há quem entenda que o BO pode ser utilizado para informar a autoridade policial de qualquer fato que tenha ocorrido, e que mereça ser registrado, ou seja, independente de o acontecimento se tratar de crime ou não.174 Por conta

dessa premissa, é bastante comum ouvir a expressão “vá a delegacia fazer um BO para se resguardar”, porém, apesar de o tema parecer sem muita relevância, não é.175

O BO, como já falado, é um documento que contém uma simples narrativa dos acontecimentos relatados pela vítima, ou representante, sem nenhuma eficácia probatória, visto que os fatos serão apurados no inquérito policial. Posteriormente, caso houver ação penal, o que então servirá de arrimo para formar o conjunto de provas na persecutio criminis in judicio (fase judicial da persecução criminal), será o que foi apurado durante a instrução do inquérito policial, e não os fatos narrados no BO.176

Nesse mesmo sentido, é observada essa ineficácia probatória, de que trata o doutrinador Clóvis Mendes, em inúmeras decisões nos tribunais brasileiros, independentemente das esferas e instâncias em que se encontram os processos judiciais, conforme pode se observar no que segue.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em decisão, asseverou que o BO é confeccionado a partir de declaração unilateral acerca de determinado

172 BRASIL. Constituição Da República Federativa Do Brasil de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 16 set. 2015.

173 SÃO PAULO. Tribunal Regional do Trabalho (Segunda Região). Recurso Ordinário: RecOrd

2022200244402000 SP 02022-2002-444-02-00-0. Relator: Juiz Ricardo Artur Costa e Trigueiros. São

Paulo, SÃO PAULO, 21 de janeiro de 2006. Disponível em: <http://trt-

2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7533475/recurso-ordinario-record-2022200244402000-sp-02022- 2002-444-02-00-0/inteiro-teor-13146409>. Acesso em: 17 out. 2015.

174 MEU ADVOGADO. Boletim de ocorrência, qual sua finalidade? 2012. Disponível em:

<http://www.meuadvogado.com.br/entenda/boletim-de-ocorrencia-qual-sua-finalidade.html>. Acesso em: 19 set. 2015.

175 MENDES, Clóvis. Boletim de ocorrência de preservação de direitos. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2065, 25 fev. 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/12379>. Acesso em: 18 out. 2015.

176 MENDES, Clóvis. B.O. é desnecessário em casos não penais. Revista Consultor jurídico, São Paulo, 07 fev. 2009. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-fev-07/boletim-ocorrencia- desnecessario-casos-nao-penais>. Acesso em 18 out. 2015.

fato ocorrido sobre os infortúnios alegados, mas o que cabalmente resguarda os direitos dos cidadãos não são narrativas ou alegações, e sim provas.177

Partindo dessa mesma ideia, o Desembargador Maurício Torres Soares, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, em acórdão, apregoou que o BO, quando contém apenas as declarações unilaterais obtidas da vítima, não desfruta da presunção júris tantum (apenas de direito) da verdade dos fatos, tendo em vista ser imperiosa a produção de demais provas para que possa confirmar suas alegações.178

Entendimento semelhante ao supracitado teve o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, em ação de danos morais em relação trabalhista, cuja ementa segue:

DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. REPONSABILIZAÇÃO CIVIL. ELEMENTOS NECESSÁRIOS. AUSÊNCIA. À responsabilização civil que implica o dever de indenizar são imprescindíveis, em regra, três elementos, ato ilícito, nexo causal e dano. Ausente um dos elementos necessários à responsabilização civil, não há que se condenar o presumido agente na obrigação de indenizar.179

No caso acima, um cidadão (autor), após ter sido demitido de seu serviço, na cidade de Encruzilhada/BA, foi até a delegacia de polícia e realizou o registro de um BO, alegando que teria sido ameaçado e coagido, por seu gerente e capangas armados, a assinar o pedido de demissão.

O reclamado (réu) negou os fatos, e informou que havia acabado de chegar na fazenda para exercer a função de gerente, e que o autor participava de um “motim” no local de trabalho, porque gostava demais do gerente que havia sido

177 SÃO PAULO. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Sexta Câmara de Direito Público).

Apelação : APL 00136453020098260438 SP 0013645-30.2009.8.26.0438. Relator: Desembargador

Leme de Campos. São Paulo, SP, 09 de janeiro de 2014. Disponível em: <http://tj-

sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/123583205/apelacao-apl-136453020098260438-sp-0013645- 3020098260438/inteiro-teor-123583215>. Acesso em: 18 out. 2015.

178 MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (Sétima Câmara Cível). Apelação

Cível : AC 10704100063509001 MG. Relator: Desembargador Maurício Torres Torres Soares. Minas

Gerais, MG, 26 de janeiro de 2015. Disponível em: <http://tj-

mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/215271970/apelacao-civel-ac-10704100063509001-mg>. Acesso em: 18 out. 2015.

179 BAHIA. Tribunal Regional do Trabalho (Quinta Região). Recurso Ordinário : RecOrd

00022082020135050621 BA 0002208-20.2013.5.05.0621. Relator: Desembargador Edilton Meireles.

Salvador, BA, 10 de outubro de 2014. Disponível em: <http://trt-

5.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/159034629/recurso-ordinario-record-22082020135050621-ba- 0002208-2020135050621/inteiro-teor-159034637>. Acesso em: 25 out. 2015.

demitido e não aceitava a troca de gerência. Ademais, este “motim” impedia que demais trabalhadores, que não participavam do ato, exercessem suas atividades.

Por conta dessa manifestação, algumas pessoas foram demitidas, incluindo o autor. Este, posteriormente, confirmou que o “motim” era realizado em razão dos fatos narrados pelo réu.

Ocorre que, apesar de estar juntado nos autos o BO registrado pelo autor, o Juiz do Trabalho (1ª Instância) entendeu que o BO simplesmente comprovava que o autor havia se dirigido até uma delegacia de policia para registrar o ocorrido, no entanto, não provava a veracidade dos fatos narrados.

Diante disso, indeferiu o pleito de indenização promovido pelo autor. Insurgiu então com recurso ordinário no Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (2ª Instância).

Nesse Tribunal, entendeu-se, da mesma forma que o Juiz de origem, que, diante da negativa do reclamado (réu) acerca das ameaça e coações, caberia ao reclamante (autor) provar os fatos que constituiriam seu direito alegado. O reclamante, entretanto, não conseguiu provar as ameaças e coações que alegou ter sofrido.

Nesse sentido, a 1ª Turma do Tribunal, por entender que o BO não possui eficácia probatória, tendo em vista se tratar de um documento confeccionado a partir das narrativas obtidas unilateralmente pelos interessados, não deu provimento ao recurso.

Nota-se, nesse caso, a evidência da ineficácia probatória do BO, caso não seja sustentado com demais provas.

Indo ao encontro das decisões citadas, o Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso, em acórdão, preconizou que o BO, mesmo que seja um documento público lavrado por uma instituição de reputação invejável, a PC, apenas faz prova da existência da narrativa nele apresentada, no entanto, não prova que as declarações prestadas sejam verdadeiras, ou seja, prova que foi dito, mas não prova que foi dito a verdade.180

Extrai-se, ainda, de decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que:

180 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (Segunda Turma). Recurso Especial: REsp 1054443 MT

2008/0099141-8. Relator: Ministro Castro Meira. Brasília, DF, 04 de janeiro de 2009. Disponível em:

<http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6061051/recurso-especial-resp-1054443-mt-2008-0099141- 8/inteiro-teor-12196097>. Acesso em: 18 out. 2015.

O boletim de ocorrência policial ou boletim confeccionado por agentes da Brigada Militar apenas consigna ou registra as declarações unilaterais narradas pelo interessado, sem atestar que tais afirmações são verdadeiras. Esse documento apenas registra que tais declarações foram prestadas, sem consignar, entretanto, a veracidade do seu conteúdo. Exatamente por isso, o boletim de ocorrência policial não gera presunção "juris tantum" dos fatos nele consignados, tampouco serve, isoladamente, para amparar a pretensão deduzida na peça inaugural.181

Do mesmo modo, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal pacificou que “o Boletim de Ocorrência (BO) não tem o condão de ser prova cabal [...] haja vista ser mera declaração unilateral do interessado”.182

O mesmo tribunal ainda consagra que:

O BOLETIM DE OCORRÊNCIA, POR SI SÓ, NÃO É DOCUMENTO HÁBIL A DEMONSTRAR A OCORRÊNCIA DO FURTO, VEZ QUE SE TRATA DE PEÇA BASEADA APENAS E TÃO-SOMENTE NAS DECLARAÇÕES PRESTADAS PELA VÍTIMA, SEM CONSIGNAR A VERACIDADE DE SEU CONTEÚDO, RAZÃO PELA QUAL NÃO GOZA DE PRESUNÇÃO JURIS TANTUM.183

Em consonância com os julgados acima, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em recurso inominado, declarou que o BO não tem valor probante, conforme segue ementa:

RECURSO INOMINADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO TRASEIRA. PRESUNÇÃO DE CULPA NÃO ELIDIDA PELA AUTORA. AUSÊNCIA DE PROVA ORAL SOBRE A DINÂMICA DO ACIDENTE. BOLETIM DE OCORRÊNCIA QUE CONTÉM RELATO DA PRÓPRIA AUTORA E QUE NÃO DESFRUTA DE PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. A autora alegou que se encontrava parada sobre o Viaduto da Dr. Barcelos, em razão de um acidente, quando o requerido imprimiu marcha ré e abalroou seu veículo na parte dianteira. O requerido, de outra banda, alegou que a prova trazida pela parte adversa é unilateral, negando responsabilidade pelo ocorrido. Cuidando-se de colisão traseira, era ônus da autora comprovar minimamente a alegação de que o acidente se deu em

181 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (Nona Câmara Civel).

Apelação Cível : AC 70059609552 RS. Relator: Desembargador Miguel Ângelo da Silva. Porte

Alegre, RS, 26 de janeiro de 2014. Disponível em: <http://tj-

rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/154003486/apelacao-civel-ac-70059609552-rs>. Acesso em: 18 out. 2015.

182 DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal (Turma Recursal dos Juizados Especiais). Apelacao Civel do Juizado Especial : ACJ 20130111843715 DF 0184371-

76.2013.8.07.0001. Relator: Desembargador Lizandro Garcia Gomes Filho. Brasília, DF, 09 de janeiro

de 2014. Disponível em: <http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/139197795/apelacao-civel-do- juizado-especial-acj-20130111843715-df-0184371-7620138070001>. Acesso em: 18 out. 2015. 183 DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal (Quinta Turma Civel). Apelacao

Civel: APC 20020110251146 DF. Relator: Desembargador Lecir Manoel da Luz. Brasília, DF, 23 de

janeiro de 2008. Disponível em: <http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2583198/apelacao-civel- apc-20020110251146-df>. Acesso em: 18 out. 2015.

razão de manobra de marcha ré realizada pelo requerido, encargo probatório do qual não se desincumbiu. Assim, não logrou a ora recorrente afastar a presunção de culpa daquele que colide na traseira de outrem. Não foram trazidos informantes ou testemunhas para confirmar a dinâmica do acidente. O boletim de ocorrência não serve para fazer certa a culpa do demandado pela colisão porquanto contém versão unilateral da própria autora, razão pela qual, ao contrário do sustenta a recorrente, não goza de presunção de veracidade. Neste cenário de ausência probatório, o juízo de improcedência era impositivo. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005501085, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em... 08/07/2015).

(TJ-RS, Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, Data de Julgamento: 08/07/2015, Segunda Turma Recursal Cível)184

Na situação fática acima colacionada, a autora propôs ação em face do réu, na comarca de Canoas, alegando que este, em uma fila no trânsito, teria dado marcha-ré e colidido com a traseira do automóvel dele na parte frontal do veículo da autora. Para tanto, ela fez juntada do BO nos autos.

No entanto, o réu alegou que não havia dado marcha-ré em seu veículo, restando à autora afastar a presunção de que, em colisão na traseira, a culpa é de quem está atrás.

Ocorre que a autora não conseguiu provar que o réu havia dado marcha- ré em seu veículo, nem foram ouvidos em audiência testemunhas e/ou informantes.

Entendendo o Juiz de origem (1ª Instância) que o BO contém apenas as declarações da autora, não serve para fazer culpa do demandado (réu), ou seja, não prova que a narrativa da autora possui verdade absoluta.

Por conta disso, a autora não obteve sucesso na sua demanda.

Insatisfeita com a decisão de origem, interpôs recurso (inomidado) ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, mas a 2ª Turma Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis, de forma unânime, negou provimento ao recurso, pelos mesmos fundamentos do juizo a quo.

Mais uma vez o B.O se mostrou ineficaz, quando tentada sua utilização como prova em processo judicial.

Ademais, o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, em apelação cível, assegurou que o BO, quando juntado isoladamente nos autos, não é capaz de provar as alegações nele prestadas, tendo em vista se tratar de um

184 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (Segunda Turma). Recurso

Cível : 71005501085 RS. Relator: Doutor Roberto Behrensdorf Gomes Da Silva. Porto Alegre, RS, 08

de julho de 2015. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/207768859/recurso-civel- 71005501085-rs/inteiro-teor-207768877>. Acesso em 24 out. 2015.

documento que, apesar de público, possui apenas as declarações unilaterais da insurgente. Portanto, o BO deve vir acompanhado de demais elementos que realmente possam provar o que nele é narrado.185

Retira-se, ainda, de decisão do Superior Tribunal de Justiça que:

O BOLETIM DE OCORRENCIA POLICIAL NÃO GERA PRESUNÇÃO "JURIS TANTUM" DA VERACIDADE DOS FATOS NARRADOS, UMA VEZ QUE APENAS CONSIGNA AS DECLARAÇÕES UNILATERAIS NARRADAS PELO INTERESSADO, SEM ATESTAR QUE TAIS AFIRMAÇÕES SEJAM VERDADEIRAS. EM OUTRAS PALAVRAS, O DOCUMENTO APENAS REGISTRA QUE AS DECLARAÇÕES FORAM PRESTADAS, SEM CONSIGNAR, TODAVIA, A VERACIDADE DO SEU CONTEUDO.186

Dessa forma, como apontaram as decisões dos tribunais mencionados, é inegável que “o boletim de ocorrência policial advém de declaração unilateral da vítima, razão pela qual não é considerado meio hábil a comprovar a ocorrência do fato nele narrado, mormente quando desacompanhado de outros elementos probatórios”187.

O Desembargador Gomes Varjão, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo defende que:

[...] não há que se cogitar de presunção de veracidade das declarações realizadas quando da elaboração do boletim de ocorrência, eis que unilaterais. O fato de se tratar de documento público implica tão somente o fato de ter sido lavrado perante autoridade policial, que atesta serem verdadeiros os fatos ocorridos em sua presença, ou seja, que ouviu as declarações da forma como foram relatadas. Não há presunção de que elas correspondam à realidade, o que dependeria de prova.188

185 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (Quarta Câmara). Apelação

Cível : AC 20120907275 SC 2012.090727-5. Relator: Desembargador Eládio Torret Rocha.

Florianópolis, SC, 10 de janeiro de 2013. Disponível em: <http://tj-

sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23906401/apelacao-civel-ac-20120907275-sc-2012090727-5- acordao-tjsc>. Acesso em: 18 out. 2015.

186 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (Quarta Turma). Recurso Especial : REsp 69391 RJ

1995/0033511-5. Brasília, DF, 08 de janeiro de 1997.Disponível em:

<http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19934328/recurso-especial-resp-69391-rj-1995-0033511-5>. Acesso em: 18 out. 2015.

187 BRASIL. Tribunal Regional Federal (Quinta Região). Apelação Civel : AC 361134 AL

2003.80.00.012091-7. Relator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt. Recife, PE, 10 de

janeiro de 2008. Disponível em: <http://trf-5.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/780643/apelacao-civel-ac- 361134-al-20038000012091-7>. Acesso em: 18 out. 2015.

188 SÃO PAULO. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Trigésima Quarta Câmara de Direito Privado). Apelação : APL 9103045522009826 SP 9103045-52.2009.8.26.0000. Relator:

Desembargador Gomes Varjão. São Paulo, SP, 25 de janeiro de 2012. Disponível em: <http://tj- sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22254732/apelacao-apl-9103045522009826-sp-9103045- 5220098260000-tjsp>. Acesso em: 18 out. 2015.

Logo, vislumbra-se que “o boletim de ocorrência não é documento indispensável para o ajuizamento da ação [...] pois [...] pode ser comprovado por outros meios de prova”189, isto é, o BO é uma peça dispensável na propositura de qualquer ação, independentemente da esfera a que se pleiteie a tutela jurisdicional do Estado.

A prova legal de que o BO é dispensável, consiste em fazer um elo com o princípio da legalidade, já explicado no presente trabalho. Se referido princípio apregoa, em síntese, que a Administração Pública só pode fazer o que está previsto em lei, e o BO não é exigido em lei alguma para propositura de ação de qualquer natureza, o poder público não pode requisitá-lo. Caso contrário, irrefutavelmente fere o princípio da legalidade.190

Além disso, o art 5º, XXXIV, “a” da CRFB/88, que consagra o direito de petição191, não justifica o registro de BO para propositura de qualquer ação. Os direitos que, por um acaso, venham a ser lesados, devem ser reclamados nas esferas competentes. Não se pode resolver tudo nas delegacias de polícia.192

Desse modo, fica clarividente a ausência de força probante do BO e, ainda, a sua dispensabilidade no que tange ao exercício do direito de ação. Em seguida, por conseguinte, passa-se à abordagem da discussão que envolve a possível banalização do uso do BO.

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