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76 SANTOS, Emerson Clayton Rosa. Conceitos de segurança pública. Disponível em:

<http://br.monografias.com/trabalhos2/seguranca-publica/seguranca-publica.shtml>. Acesso em: 10 set. 2015.

77 L’APICCIRELLA, Carlos Fernando Priolli. Segurança pública. Disponível em:

<http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_20/seguranca.html>. Acesso em: 10 set. 2015. 78 NETO, Cláudio Pereira de Souza. A segurança pública na Constituição Federal de 1988:

conceituação constitucionalmente adequada,competências federativas e orgãos de execução das

políticas. Disponível em:

<http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/1205505974174218181901.pdf>. Acesso em: 10 set. 2015.

79 MATTOS, Karina Denari Gomes de; SILVA, Alexandre Janólio Isidoro. A segurança pública na

esfera constitucional. Disponível em:

<http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1433/1369>. Acesso em: 10 set. 2015.

Visto que a segurança pública, em suma, prima pela manutenção da ordem pública, isto é, pela paz social e o bem do interesse coletivo, a CRFB/88 trouxe em seu art. 144, de forma taxativa, os órgãos responsáveis a exercer a atividade segurança pública. Prevê a CRFB/88:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida [...] através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.80

A CRFB/88, além de inserir os órgãos responsáveis pelo exercício da segurança pública, completa, em seus parágrafos seguintes, as atribuições inerentes a cada instituição.

Falando inicialmente da Polícia Federal (PF), esta tem suas atribuições definidas, de maneira bem sucinta, no §1º do art. 144 da CRFB/88, o qual apregoa:

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.81

No entanto, há diversas outras atribuições da PF em leis esparsas, a exemplo da Lei nº 10.863/2003, a qual preconiza no §7º do art. 27 o que segue:

Art. 27. [...]

§ 7º Caberá ao Departamento de Polícia Federal, inclusive mediante a ação policial necessária, coibir a turbação e o esbulho possessórios dos bens e dos próprios da União e das entidades integrantes da Administração Pública

80 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil De 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 02 set. 2015.

81 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil De 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 02 set. 2015.

Federal indireta, sem prejuízo da responsabilidade das Polícias Militares dos Estados pela manutenção da ordem pública.82

Importante ainda mencionar a Lei nº 10.357/2001 (Fiscalização sobre produtos químicos), onde apregoa em seu art. 3º que “Compete ao Departamento de PF o controle e a fiscalização dos produtos químicos [...] e a aplicação das sanções administrativas decorrentes”83, bem como a Lei nº 10.826/2003 (Estatuto de Desarmamento) que dá à PF a função de controle acerca das armas de fogo em território nacional:

Art. 1ºO Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.

Art. 2ºAo Sinarm compete: I – [...]

II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País; III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;84

Salienta-se também que a PF possui a Portaria nº 2877/2011, a qual elenca as atribuições deste órgão, no entanto, referidas atribuições são as mesmas previstas na CRFB/88 e na, já citada, Lei nº 10.863/2003, motivo pelo qual não serão, novamente, expostas no presente trabalho.

Nesse diapasão, nota-se que a PF exerce a atividade de polícia judiciária, quando da investigação, prevenção e repressão de crimes contra a União, como também exerce atividades de polícia administrativa, a exemplo da fiscalização de produtos químicos, quanto do cadastro e controle de armas de fogo em território nacional.

Já no art. 144, II, da CRFB/88, tem-se a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que tem suas atribuições definidas no §2º do mesmo artigo, e que leciona “A Polícia

82 BRASIL. Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003. Dispõe sobre a organização da Presidência da

República e dos Ministérios, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.683.htm>. Acesso em: 02 set. 2015.

83 BRASIL. Lei nº 10.357, de 27 de dezembro de 2001. Estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos químicos que direta ou indiretamente possam ser destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10357.htm>. Acesso em: 12 set. 2015. 84 BRASIL. Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Dispõe sobre registro, posse e

comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências. Disponível em:

Rodoviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União, destina- se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais”.85

No entanto, outras atribuições à PRF são previstas na Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), a qual em seu art. 20 assevera:

Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e estradas federais:

I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;

II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas com a segurança pública, com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;

III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as medidas administrativas decorrentes e os valores provenientes de estada e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas;

IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e salvamento de vítimas;

V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;

VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medidas emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança, promovendo a interdição de construções e instalações não autorizadas; VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou indicando medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal;

VIII - implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e Educação de Trânsito;

IX - promover e participar de projetos e programas de educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de condutores de uma para outra unidade da Federação;

XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos ambientais.86

Nesse sentido, é facilmente observado que a PRF exerce atividades típicas de polícia administrativa, por meio do patrulhamento ostensivo/preventivo nas

85 BRASIL. Constituição da República Federativa Do Brasil De 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 02 set. 2015.

86 BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm>. Acesso em: 14 set. 2015.

rodovias federais, que tem como fito manter o cumprimento das leis de trânsito, inibir acidentes e garantir aos cidadãos o direito de ir e vir.87

No inciso III do art. 144 da CRFB/88, tem-se a Polícia Ferroviária Federal (PFF), com suas atribuições firmadas no §3º do mesmo artigo, o qual preconiza: “A Polícia Ferroviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais”. 88

Criada em 1852 no Império de D. Pedro II, a PFF, inicialmente chamada de Polícia das Estradas de Ferro, foi a primeira polícia com especialização do Brasil, e teve sua regulamentação por meio do Decreto nº 1930, de 26 de abril de 1857. No entanto, seu último concurso público ocorreu no ano de 1989, e por conta de aposentadorias, exonerações e remanejamentos, houve um esvaziamento de funcionários e uma consequente desocupação institucional.89

Diante dessa conjuntura, “[...] a fiscalização e prevenção de acidentes nas ferrovias que deveria ser função destes profissionais, acabam na prática, sendo realizada por outras instituições [...] e por seguranças privados”.90 Em outras palavras, é uma polícia que, conforme a CRFB/88, deveria existir, mas que na prática não se observa.

Positivada no inciso IV, do art. 144 da CRFB/88, têm-se as Polícias Civis (PC) dos Estados, com suas atribuições destacadas no §4º do mesmo artigo. No entanto, como a PC é objeto específico de estudo do presente trabalho, será melhor compreendida nas seções seguintes.

Ainda no rol de órgãos responsáveis pela segurança pública, discriminados no art. 144 da CRFB/88, tem-se no inciso V as Polícias Militares (PM) e Corpos de Bombeiros Militares (CBM). Suas atribuições constitucionais estão

87 MISSIUNAS, Rafael de Carvalho. As polícias judiciárias e as administrativas no Brasil. In: Âmbito

Jurídico, Rio Grande, XII, n. 62, mar 2009. Disponível em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5950>. Acesso em: 14 set. 2015.

88 BRASIL. Constituição da República Federativa Do Brasil De 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 14 set. 2015.

89 MISSIUNAS, Rafael de Carvalho. As polícias judiciárias e as administrativas no Brasil. In: Âmbito

Jurídico, Rio Grande, XII, n. 62, mar 2009. Disponível em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5950>. Acesso em: 14 set. 2015.

90 CARVALHO, Claudio Frederico de. O policiamento ostensivo preventivo e sua formação

profissional jurídica. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7111/O-

previstas no §5º do mesmo artigo, o qual reserva que: “Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.”91 Elas são órgãos de atuação estadual, sendo organizadas e mantidas pelo Governo de sua unidade federativa. De exceção, tem-se a PM e CBM do Distrito Federal, os quais são mantidos e organizados pela União, conforme sanciona o art. 21, XIV da CRFB/88. 92

Além das atribuições elencadas no §5º do art. 144 da CRFB/88, à PM incumbe a instauração do Inquérito Policial Militar, para apuração de fatos que caracterizem crimes militares, o qual “tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal”93, consoante o art. 9º do Código de Processo Penal Militar.

A PM e CBM ainda possuem uma característica bastante peculiar, diferente de todos os outros órgãos de segurança pública, que é o fato de serem forças auxiliares e reserva do exército.

Acerca do tema, o jurista Paulo Tadeu Rodrigues da Rosa ensina:

Os integrantes das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares são agentes de segurança pública, mas estas instituições por força do disposto no art. 144, § 6.º, da C.F, são forças auxiliares e reserva do Exército. Isso significa que em caso de estado de emergência ou estado de sítio, ou em decorrência de uma guerra, os integrantes destas corporações poderão ser requisitados pelo Exército para exercerem funções diversas da área de segurança pública.94

Nesse sentido, é inegável que a PM e CBM atuam basilarmente como polícia administrativa, seja pela manutenção da ordem pública, seja pelo policiamento preventivo. Ademais, é necessário lembrar que a PM também exerce atividade de polícia judiciária, na instrução de Inquérito Policial Militar, tendo em

91 BRASIL. Constituição da República Federativa Do Brasil De 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 15 set. 2015.

92 MISSIUNAS, Rafael de Carvalho. As polícias judiciárias e as administrativas no Brasil. In: Âmbito

Jurídico, Rio Grande, XII, n. 62, mar 2009. Disponível em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5950>. Acesso em: 14 set. 2015.

93 BRASIL. Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969. Código de Processo Penal Militar. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1002.htm >. Acesso em: 15 set. 2015.

94 ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues da. Polícia Militar e suas atribuições. Disponível em:

<http://www.advogado.adv.br/direitomilitar/ano2001/pthadeu/pmatribuicoes.htm>. Acesso em: 15 set. 2015.

vista que atua como auxiliar do Poder Judiciário na apuração do fato criminoso, in

casu, do crime militar.95

A CRFB/88 ainda dispõe aos municípios a possibilidade destes criarem guardas municipais (GM), que apesar de não estarem no rol de órgãos responsáveis pela segurança pública, estão previstas no §8º do art. 144, o qual preconiza: “Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”. 96

No ano de 2014, foi sancionada a Lei nº 13.022, a qual trata do Estatuto Geral das Guardas Municipais, e no seu art. 4º são previstas suas competências gerais:

Art. 4º É competência geral das guardas municipais a proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e instalações do Município.

Parágrafo único. Os bens mencionados no caput abrangem os de uso comum, os de uso especial e os dominiais.97

Nota-se, então, que a GM quando criada, conforme dispõe seu estatuto geral, bem como a previsão da CRFB/88, possui atividade essencialmente de polícia administrativa, haja vista que tem como atribuição primordial a proteção de bens e serviços, objetivando o bem da coletividade.98

Com os órgãos acima mencionados (inclusive a Polícia Civil, que será melhor compreendida nas seções seguintes), a CRFB/88 tenta buscar a ordem pública, a paz social, isto é, busca cumprir os supraprincípios da Administração Pública: a supremacia e indisponibilidade do interesse público.

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