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EDUCAÇÃO, UNIVERSIDADE E CIÊNCIA NA SOCIEDADE ARGENTINA

1.2. A influência da Reforma Universitária de 1918 e a transformação da Universidade Argentina

30 Deste projeto revolucionário e transformador emergem análises e novas teses pedagógicas com Lênin, mais

precisamente com Nadeshda Krupskaja - companheira de Lênin-, pela preocupação política da formação da juventude, re-dirigiu os seus materiais para a revisão do programa do partido em abril de 1917, onde se estabeleceu a linha de princípio entre instrução profissional e politécnica.

Neste início do século XX, a integração capitalista da Argentina e diversas reformas sociais vão ter alcance integral na educação e nas Universidades Nacionais, especialmente, a Universidade Nacional de Córdoba - UNC e a Universidade de Buenos Aires - UBA. A educação universitária, especificamente, a UNC estava centrada nos valores da escolástica e da jurisprudência; fizeram-se várias reformas dos currículos de estudos e criação de faculdades de diversas ciências. Após a nacionalização, em 1854, da UNC e o Colégio Monserrat31 e o aumento da população, na universidade gerava-se o movimento pela reivindicação da democratização num momento de choque dos católicos e liberais, que expressava a separação entre o campo universitário e o predomínio eclesiástico (BUCHBINDER, 2010). Posteriormente, em 1881, Nicolas Avellaneda (senador nacional e ex-presidente) assume o Reitorado da UBA e apresenta o projeto legislativo transformado em Lei Nº 1597, conhecida em Julho de 1885 como, “Lei Avellaneda”. Esta legislação vai reordenar o funcionamento das mencionadas Universidades (GUERRERO, 1995).

A expansão econômica e comercial da Argentina e, a conexão de Buenos Aires com as províncias e territórios do interior do país se concretizava através da construção de vias ferroviárias, pontes e caminhos, em correspondência com a necessária urbanização e industrialização que a sociedade capitalista precisava. Era evidente que a constituição das classes sociais e o superior estado do processo produtivo desde a Comuna de Paris haviam estabelecido o novo ponto de partida do regime social. A organização escolástica, colonial, e os conteúdos medievais da universidade, contradiziam a existência mesma da universidade e suas relações sociais com a sociedade, num momento histórico de crise, rupturas, avanços científicos e intelectuais, de agitação política e social.

A criação científica intelectual impregnada do positivismo e a função da Universidade de recrutamento do pessoal político colidiam com os debates e as influências européias relativas à ciência, com a modernização do pensamento científico, com a conquista da educação pública e gratuita na Argentina32, e a vinculação com as necessidades sociais

31 Em 1687 foi criado o Colégio Montserrat. Constituiu o âmbito de formação de vários homens da política

argentina: Juan José Castelli, Juan José Paso, Nicolas Avellaneda e José Figueroa Alcorta.

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Essa condição da educação é a partir da Lei Nº 1420, sancionada o dia 26 de Junho de 1884. O caráter de gratuidade, obrigatoriedade e laicismo vão nortear politicamente a nacionalização da formação da família da classe trabalhadora na procura da civilização nacional. Assim mesmo, durante um século esses princípios da educação dirigiram seu desenvolvimento reforçado pelas conquistas do ensino secundário e ampliação do ensino universitário. “O financiamento público da educação foi uma conquista, que, no devir da luta de classes tem atravessado avanços e retrocessos até atualidade” (OLIVA, 2007, p. 33).

derivadas da mundialização das relações políticas e econômicas e dos acontecimentos revolucionários. Buchbinder (2010) mostra a ascensão social da população, pela redução do analfabetismo, 77% em 1869 a 35% em 1914 e a duplicação da matrícula dos estudantes universitários. Os filhos da oligarquia católica eram os que chegavam ao âmbito da universidade.

A ebulição social universitária se processava desde as primeiras décadas do século XX e se manifestava na UNC e UBA com diversas reivindicações33 sem respostas. Em razão disso, em 1904 foi criado o Centro de Estudantes de Medicina e Engenharia, a partir da greve que paralisa a UBA. Em 1905, cria-se a organização estudantil de Direito e em 1908 a Federação Universitária de Buenos Aires (FUBA).

Os debates estudantis das experiências do “sujeito que aprende” no governo e no funcionamento universitário nos países europeus, a incorporação da pesquisa científica e criação de institutos científicos, a desconfiança do passado e o desenvolvimento dos concursos de professores no seio de lutas políticas, expressavam o quadro de renovações e reformas de que precisava a Universidade. Em 1906, a UBA consegue incorporar os professores ao governo universitário. A UNC representava a imagem de uma sociedade decadente, medieval e atrasada em relação às discussões filosófico-teóricas e à politização de outras universidades. Então, a reforma e a democratização eram uma necessidade histórica.

Em 1917, a agitação revolucionária internacional inquietava social e politicamente o movimento estudantil. Este reivindicava uma perspectiva histórica e democrática da universidade, onde as bandeiras de lutas estudantis se vinculavam à força que adquiriam os sindicatos, aumento dos militantes do Partido Socialista no momento da assunção de Hipólito Irigoyen à Presidência da Argentina pelo partido União Cívica Radical (UCR).

As respostas esperadas pelos estudantes às suas reivindicações eram sociais e políticas e não pedagógicas ou acadêmicas; mas essas respostas nunca chegaram por parte do governo universitário da UNC. Em março de 1918, o Conselho Superior da UNC fecha essa Universidade por tempo indefinido e cria-se o Comitê Pró-Reforma, declarando greve geral na Universidade de Córdoba. Os acontecimentos de fechamento da Universidade, a

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Abertura do “internado” do Hospital Nacional de Clínicas – fechado pelas autoridades universitárias-, mudança do regime de assistência às aulas, as críticas ao regime disciplinar, a organização docente, os currículos e a fechada elite clerical.

declaração de greves indefinidas, as reivindicações de democracia universitária, das formas do governo universitário foram sucessivas no ano de 1918. Nestes meses, o Reitor Jose Nicolas Matienzo tomou várias medidas reformistas, dentre elas, declarar vagos os cargos das autoridades (decanos, reitor e acadêmicos com tempo superior a dois anos) e convocou eleições. Os candidatos com apoio estudantil ganham as eleições. Só faltava o cargo de reitor. Até esse momento os estudantes não tinham participação política no governo da Universidade.

Nos 15 de Junho de 1918, no momento da sessão da Assembléia Universitária, o candidato da recente organização estudantil de Córdoba, da Federação Universitária de Córdoba (FUC), – o jovem professor Enrique Martínez Paz -, perde diante de Antonio Nores, candidato oficial da „Corda Frates‟34

. Os estudantes ocupam essa Assembléia Geral, declaram sua própria “revolução universitária” e decretam greve geral.

O „Manifesto Liminar‟ diz: A Federação Universitária de Córdoba requer um governo estritamente democrático e sustenta que o “demos universitário”35

é o direito a ter seu próprio governo e este radica principalmente nos estudantes. Surge desta forma a posição do co-governo tripartite e igualitário (docentes - graduados e estudantes). Porém, este princípio, não teve nunca vigência já que todos os governos fizeram da limitação e até da eliminação da participação estudantil uma questão de Estado (SOLANO, 1998, p. 162, tradução nossa).

A renovação educacional de uma geração de jovens pelas transformações democráticas se centrava na grande politização, com os limites que suas lutas tiveram. Mas um aspecto ressaltado é a participação das massas estudantis nas decisões políticas da vida universitária. E a Universidade argentina se libertou dos muros administrativos, dos conteúdos escolásticos e obscurantistas, dos feudos de professores. O „Manifesto Liminar‟ declarava que o conceito de autoridade do docente deve apoiar-se “na sugestão de amar para: ensinar”.

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A „Corda Frates‟: Agrupação integrada por doze católicos unidos por laços de amizade e parentesco.

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“Demos universitário” significa a organização dos segmentos da Universidade sob a forma de co-governo no compromisso da universidade com a pesquisa e extensão dirigidas a os trabalhadores.

Essa reforma universitária se constituiu em uma „tendência revolucionária‟ norteando os movimentos de mudanças universitárias na América Latina, já que o programa político de reivindicações instaura um novo funcionamento universitário: docência livre, concursos dos professores, ingresso irrestrito, liberdade de pensamento e de cátedra, cátedras livres e paralelas, autonomia das universidades e co-governo universitário. Os princípios da Reforma Universitária vão guiar a existência e a história contraditória da universidade argentina até a contemporaneidade. Mas estes princípios foram substituídos por outras normas de funcionamento nas universidades nacionais, em várias oportunidades, tanto pelas ditaduras militares quanto pelos governos democráticos. Rieznik (2000) expressa que

A imprecisão das formulações da Reforma de 1918 permitiu que em seu seio proliferassem as mais diversas tendências políticas. Em todo caso tem que distinguir-se o fervor revolucionário de seus fundadores e até os limites objetivos da época, do apodrecer de muitos, quem desde então se declararam seus seguidores. Hoje os agentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da entrega dizem-se herdeiros da Reforma e em seu nome expressam uma política de liquidação da escola pública, de desmantelamento do ensino superior e de fome da docência nacional (p. 147, tradução nossa).

A universidade argentina já reformada, (Córdoba, UBA, Universidade da Plata, Tucumã, Litoral) viu-se imersa, posteriormente, no contexto latino-americano do ingresso massivo da juventude neste âmbito e nos enfrentamentos sociopolíticos por suas demandas sociais e de politização da classe trabalhadora. O direito de participação política estudantil na vida universitária, os concursos de professores, a assistência livre às aulas foram resistidas por distintas autoridades, conselhos acadêmicos universitários e pelos próprios representantes do poder de Estado Nacional e da Igreja Católica.

Na década de 1960, se destacam as renovações teóricas, ideológicas e de práticas educacionais. A triunfante revolução social de Cuba, a criação de „campus‟ universitários, os movimentos dos direitos da população negra, o assassinato de Martin Luther King, as vinculações financeiras da Central Inteligência Agency (CIA) aos programas internacionais de investigação (referidas a guerras químicas e bacteriológicas, os projetos de defesa nuclear e à estratégia contra-revolucionária) e a guerra norte-americana realizada no Vietnam despertaram na juventude a consciência política e social.

O desenfreado e convulsivo desenvolvimento econômico, tecnológico e financeiro provocaram fortes impactos em quase todos os países do mundo (Estados Unidos, Alemanha, Itália, Grã Bretanha, França, Japão, América Latina) onde a juventude universitária havia se duplicado e ampliado as ações de protesto sociopolítico pela caracterização da penetração imperialista e da vinculação dos acadêmicos com o nazismo, fascismo e a reação contra- revolucionária.

Particularmente entre os anos 1968 e 1969, os signos de descontentamento social estudantil e juvenil tem seu epicentro no Maio da França. A criação da Universidade de Nanterre, no subúrbio de Paris, para descomprimir a superpopulação estudantil da Universidade da Sorbonne teve rápida manifestação de protesto pelas condições de isolamento universitário e social e das regras de proibição de encontro entre estudantes mulheres e homens nos lares estudantis.

A matrícula cresceu rapidamente em consonância com a deterioração das condições sociais e materiais num contexto do assassinato de Che Guevara, as manifestações contra a guerra de Vietnam, a detenção de Xavier Langlade, dirigente da Federação Universitária de Nanterre (UNEF) e a reforma educativa do chamado “Plano Fouchet”36

. A greve geral se produz no momento do fechamento da Universidade da Sorbonne, a detenção de Daniel Cohn Bendit - dirigente da UNEF - e a confluência entre o movimento operário e o movimento estudantil37. Este movimento de luta marcou influências no continente latino-americano, além de nas lutas estudantis e operárias, nos debates teóricos e políticos dos universitários da época.

Na América Latina, especialmente, na Venezuela, Colômbia, Peru, Uruguai e México, as manifestações de resistência dos estudantes universitários contra uma universidade encaminhada à defesa do „status quo‟ se realizaram em um contexto de tendências mundiais

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A reforma educativa conhecida como “Plano Fouchet” da França centrava-se nas reformas curriculares, carreiras curtas, introdução de novas disciplinas obrigatórias, do exame de ingresso universitário e que os repetentes ficassem fora da Universidade.

37 Resgatamos documentos publicados em organizações de esquerda para ampliação do tema: “O maio francês

de 1968” Disponível em: http://www.militante.org/el-mayo-frances-de-1968; “22 de Março, aí começou o Maio francês” Disponível em: http://prensa.po.org.ar/blog/2008/03/27/22-de-marzo-asi-arranco-el-mayo-frances/; Artigo “O maio francês como acontecimento na história do movimento estudantil internacional” de Fernando Scolnik e Letícia Valeiras, publicado nas II Jornadas de Estudo e Reflexão sobre o Movimento Estudantil Argentina e Latino -americano, disponível em: http://www.mov-estudiantil.com.ar/terceras/200827.pdf (tradução nossa de títulos dos artigos).

de intervenção estatal na universidade. Esta intervenção do Estado na universidade argentina encontra seu imediato antecedente na política de peronizar a educação na manifestação da proibição da vida política na universidade, como afirma Repetti,

“toda atividade política [opositora] na universidade constituía motivo de expulsão. Neste sentido, Perón expressou em 1947: “tentamos eliminar totalmente a política das universidades; professores e alunos devem-se sujeitar exclusivamente à tarefa de apreender, ensinar e pesquisar”. Em 1954 o mesmo governo de Perón (já durante a segunda presidência) cria a lei 14.297, ela é similar à anterior, mas tenta se adequar a Reforma Constitucional de 1949, tenta uma “homogeneização cultural do país” (2013, pag.137).

Na Argentina, na década de 1950, a Universidade Operária Nacional foi criada para “formar engenheiros de fábrica” com uma orientação vinculada estreitamente com a tarefa fabril, segundo expressa Buchbinder (2010), com rápido crescimento de sedes no nível nacional. Antecipava-se também a criação de várias instituições tecnológicas e educativas dando uma orientação mais científica que profissional a partir do impulso à investigação.

Se executarem algumas idéias para criar um organismo técnico científico, consolidando-se em 1958, o Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (CONICET) - em coincidência com o processo da „segunda reforma universitária‟ e a consolidação dos organismos de planificação argentinos. Paralelamente se criaram o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA); o Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI), o Conselho Nacional de Educação Técnica (CONET) e a Universidade Tecnológica Nacional (UTN). Estes organismos puderam acompanhar as idéias de desenvolvimento econômico, industrial e técnico com as perspectivas educativas. (DEL BRUTO, 2009, p. 43, tradução nossa).

O governo de Arturo Frondizi, em 1958, tinha a pretensão de modificar a Lei Universitária “Avellaneda” de 1885, que estabelecia o poder exclusivo da universidade de outorgar diplomas universitários, libertando esse monopólio. Situação esta que provocou massivas mobilizações e debates contra a “educação livre”, defendida pela Igreja e sua educação confessional. “Acontece que a possibilidade de que as universidades privadas

fossem autorizadas a outorgar diplomas habilitantes era a condição mesma da sua existência e da capacidade de concorrer com o ensino estatal” (RIEZNIK, 2000, p. 159).

Além da massificação estudantil universitária, a extensão da formação de docentes que o sistema requeria, havia se diversificado, e a „escola normal‟38

de formação de docentes para ensino primário e médio apresentava dificuldades. Em 1970, então, se criam os Institutos Superiores de Formação Docente onde a população estudantil era majoritariamente feminina e graduada em Ciências Humanas em relação às Ciências Exatas e Naturais, propondo a reconversão da formação de nível médio para o nível superior, segundo o Informe do Conselho Nacional de Desenvolvimento, Educação, Recursos Humanos e Desenvolvimento Econômico (CONADE)39. Tedesco (1980) admite a “feminização da matrícula universitária como um dos dados mais característicos deste período. Em 1975, países como Argentina, Brasil, Costa Rica, Chile, Panamá, Uruguai e Venezuela a mulher representava entre 45% e 50% do total da matrícula do ensino superior” (p.108).

Nesse clima de efervescência crítica universitária e educacional, estabeleceu-se o debate em relação à condição social do docente: vocacional ou trabalhador. A proletarização docente, como expressão do capitalismo, e sua condição como parte da classe trabalhadora, implicava e colocava o docente como sujeito das transformações sociais. Esta concepção participou como fundamento da sindicalização nacional dos trabalhadores da educação. Criava-se em Horta Grande (Província de Córdoba) a Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina (CTERA), em setembro de 1973, nucleando mais de 140 organizações sindicais de docentes de todos os níveis educativos.

Neste processo histórico e social, a profissão de Trabalho Social se institucionaliza como carreira universitária e como profissão necessária social e politicamente, para os objetivos do Estado. Vários autores profissionais (ALAYON, 2007; OLIVA, 2007, PARRA, 1999), a partir da década de 1920, concordavam que à criação dos primeiros centros de formação profissional na Argentina se deu no âmbito da universidade pública estatal e

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A “escola normal” se denominou a estruturação do magistério. O surgimento da escola normal data do século XIX, com a criação das escolas normais de Paraná (1871), de Concepção do Uruguai (1873), de Tucumã (1874), etc.

39 Instituto Internacional para la Educación Superior en América Latina (IESALC) de la UNESCO: Informe

intitulado “La formación docente en la Republica Argentina”, elaborado por el Dr. Oscar Cámpoli para IESALC,

publicado en el año 2004, Buenos Aires. Disponível:

gratuita: “os cursos de Visitadoras de Higiene da Faculdade de Ciências Médicas criados em 1924” (ALAYON, 2007, p.130). Estes cursos de Visitadoras de Higiene constituíram a primeira formação profissional. As lutas da classe trabalhadora deste período geraram a resposta do Estado do financiamento público (OLIVA, 2007) para as necessidades sociais da classe trabalhadora e a variada criação de organismos estatais onde os Trabalhadores Sociais tiveram seu desenvolvimento profissional na execução da política social.

Posteriormente, na década de 1940, a política social encontrou sua concentração na Fundação “Eva Perón” marcando uma linha distintiva na política social do Estado e o papel desenvolvido pelo exercício profissional. Após a derrocada de Juan Domingo Perón, em 1955, momento de fechamento desta Fundação, a orientação teórica e política da profissão foi encomendada em 1957, pelo governo de Arturo Frondizi à Administração de Assistência Técnica das Nações Unidas; porque “o desenvolvimento necessitava técnicos capacitados para agir a perspectiva da planificação e desenvolvimento de comunidades” (PARRA, 1999, p. 223). O assessoramento técnico do ensino de Serviço Social foi assumido por Valentina Maidagán de Ugarte, que estudou, recopilou e reorganizou os programas de ensino de Serviço Social existentes na Argentina. Maidagán de Ugarte realizou um „Projeto de Recomendações‟ em relação aos objetivos modernos, qualificação e hierarquização profissional que devia ter o ensino das Escolas de Serviço Social da Argentina. A expressão desta renovação técnica profissional é o Instituto de Serviço Social, criado em 195940.

A novidade do desenvolvimentismo através da renovação técnica e científica com modernização econômica significou a negociação do petróleo com empresas estrangeiras e o pedido de ajuda de Frondizi ao FMI41. Por outro lado, esquecendo os princípios da Reforma Universitária de 1918, e sob o impulso da educação "livre", o governo argentino autoriza o funcionamento de universidades privadas, especificamente católicas; o que vai gerar mobilizações pelo laicismo da educação. Neste período, a universidade constituiu uma

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Este Instituto teve uma existência de 10 anos; fechado pelo Secretario de Estado de Promoção e Assistência da Comunidade Dr. Raúl Puigbó. Representou “um instrumento que logrou desvendar a inviabilidade das velhas concepções assistencialistas” (ALAYON, 2007, p. 172). Para ampliação e desenvolvimento do tema em “História do Trabalho Social em Argentina” (ALAYON, 2007).

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Romero, Luis Alberto (2009) expressa “em dezembro de 1958 criou-se o „Plano de Estabilização‟ gerando recessão econômica e nominou no Ministério de Economia a Engenheiro Álvaro Alsogaray, voz da corrente liberal e impulsor da desvalorização monetária e do congelamento de salários” (p. 142).

tendência de “renovação cultural” (ROMERO, 2009) com novas orientações na formação, desde a administração de empresas até a sociologia e a psicologia nas ciências sociais.

Os impactos das medidas e políticas universitárias e educativas na Argentina impõem historicamente ao movimento estudantil processos de resistências, lutas e organização junto à classe trabalhadora neste período. Os estudantes universitários, com avanços e retrocessos, tiveram destacada participação no „Cordobazo‟ de 1969 e nas diversas rebeliões populares acontecidas nesta década de 1960 (Correntinazo, Rosariazo, Tucumanazo, Cipoletazo, Rocazo42, etc.), nos momentos da ditadura de Juan Carlos Onganía que motivaram posteriormente sua derrubada.

1.3. Ditadura e as orientações teórico-políticas na formação com as leis