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UNIVERSIDADE NACIONAL DE COMAHUE

4.1. A relação do ensino, pesquisa e extensão no ensino profissional

Na universidade a tríade ensino, pesquisa e extensão é um processo que, a partir de 1983, o governo nacional e o sistema universitário tiveram de enfrentar em razão da pobreza acadêmica e científica da produção de conhecimentos,

A pesquisa científica voltou a ser considerada uma função essencial da universidade e se procurou apoiar através do sistema de dedicações exclusivas à docência e sistema de bolsas e subsídios para formação de jovens científicos. Para isso, foram criadas Secretarias da Ciência e Técnica em quase todas as universidades (BUCHBINDER, 2010, p. 216, tradução nossa).

Essa relação unitária sofreu radicais transformações no final do século XX, os “recursos de financiamento apoiaram as ciências básicas e tecnológicas, relegando as Ciências Sociais e Humanas” (BUCHBINDER, 2010, p. 225) e o processo de diversificação profissional, tecnológica e científica caminhou de forma dissociada frente às Humanas. Intensificou-se o processo de burocratização na universidade sob a base da progressiva separação entre ensino, pesquisa e extensão e do avanço da privatização nos âmbitos da pesquisa, extensão e as pós-graduações.

A mercantilização do conhecimento, restrição orçamentária e precarização do trabalho docente nas universidades impõem condições prejudiciais para a formação das profissões e dos professores, sobretudo a partir da década „menemista‟ dos anos 90. Particularmente na década de 2000-2010, “a universidade argentina experimenta outro tipo de problemas e conflitos, inseridos no processo de crescente degradação institucional que vive o país há vários anos, e que nos primeiros tempos deste século têm se agravado” (BUCHBINDER, 2010, p. 232).

Este processo de degradação institucional inscrito nas tendências privatistas e mercantilização educativa, explica que a flexibilidade dos currículos, dos diplomas, do orçamento impõe outra função social à universidade, no sentido que ela deve promover relações comerciais, porque a criação da pauta mercantilista foi elaborada nos gabinetes de poder dos organismos internacionais financeiros, Ministérios e dirigentes do governo das grandes Universidades. O alcance planetário da crise do capital atinge também os acordos internacionais (UNESCO, Bolonha, etc.) ao sustentar esse padrão que empobrece a função social histórica da Universidade, como âmbito de criação do conhecimento, pesquisa e formação social. Portanto, o ensino superior de quase todos os países do mundo apresenta o processo de imbricação diferenciado nas relações internacionais.

Ao considerar estas tendências, o ensino, a pesquisa e a extensão passam a funcionar por caminhos diferenciados com protocolos e regulamentos próprios da universidade

argentina; mas, na Universidade Nacional de Comahue, a tríade ensino, pesquisa e extensão nunca foi uma unidade consolidada por que,

se apelou aos créditos provenientes das contribuições e subsídios do Conselho Federal de Investimentos (CFI), do Ministério de Bem-Estar Social e das Províncias de Rio Negro e Neuquén, dos pagamentos de matrícula de alunos e do fundo da realização de serviços a terceiros. A pesquisa era realizada por poucos professores sendo declarada de interesse em 1984. A partir de 1986, a pesquisa é incentivada e institucionalizam-se equipes e temáticas (TRINCHERI, 2005, p. 39, tradução nossa).

A partir de 1993 é aprovada a „Carreira Docente‟ que inclui somente os professores regulares por concurso público e excluída estabilidade do trabalho a crescente massa de docentes „interinos‟. Logo, o Programa Nacional de Incentivos aos Pesquisadores separou a docência da investigação e incorporou adicional salarial para os docentes pesquisadores integrantes deste programa. Esta política de diferenciação dos salários acompanhada pela intensidade da produtividade na educação no capitalismo é constitutiva de tendências continentais. Essa estratégia do capital está contida nos planos de contrarreformas dos governos da América Latina e na redução do investimento de ciência e tecnologia e formação universitária. Os Standards de excelência acadêmica requisitadas para os países desenvolvidos se diferenciam ostensivamente das “universidades argentinas, brasileiras e mexicanas onde os nexos dos centros de produção acadêmica com centros de pesquisa e desenvolvimento das empresas são praticamente inexistentes” (LEHER, 2010, p. 46).

Nesse sentido, também o desenvolvimento de diversos programas universitários pelo governo argentino distorceu os objetivos das funções da relação ensino, pesquisa e extensão. Ilustrativo desse processo é o programa de Voluntariado Universitário, que vai mudar a política de extensão.

O Conselho Inter-universitário de Reitores –CIN -impulsionou a criação da Rede de Extensão das Universidades Nacionais – REXUNI252, com orçamento nacional especifico, no sentido da „integração da extensão‟ entre as próprias universidades e com as organizações sociais. O trabalho docente dividido influiu no ensino universitário e reduziu os debates

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Diretrizes para o Programa de Fortalecimento da Extensão Universitária nas Universidades Públicas Argentinas, Acordo Plenária Nº 711/09 em Villa Maria (Província de Córdoba), 29 de Setembro de 2009 – Revista do CIN, Ano IX, Número 32, 2010. Disponível: http://www.cin.edu.ar/archivo-revista/

acadêmicos às questões técnicas, instrumentais ou metodológicas das profissões. Tal fato impediu a visão de totalidade que viria se manifestar nos programas das diversas disciplinas.

Neste contexto, o ensino profissional vinculado à pesquisa e extensão do Trabalho Social na Argentina apresenta dificuldades e tensões, particularmente no que se refere à complexidade do social e as implicações teórico-metodológicas (ROZAS, 1999). Esta autora caracteriza que na profissão

A produção do conhecimento na década de 1990 é medida pela preocupação por resultados concretos; se observa que as publicações em Trabalho Social são poucas e sem maior impacto no coletivo profissional. Não se registra vínculo de pesquisadores em Trabalho Social a organismos como CONICET ou centros de pesquisa das universidades. Os pesquisadores que estabeleceram vínculo eram originários das Ciências Sociais havendo entrada tardia dos Trabalhadores Sociais a programa de incentivos. Além do mais, no código acadêmico oficial não está registrada a disciplina de Trabalho Social e isso impediu formar parte da Comissão Acadêmica do Ministério ou outras instâncias de avaliação. Além destas discussões, a pesquisa para o desenvolvimento da profissão é importante e se faz através da incorporação ativa às instituições de pesquisa existentes (públicas ou privadas). Na atualidade não existe justificativa para iludir esta tarefa adiada em Trabalho Social. (ROZAS, 1999, p. 102-105, tradução nossa).

Por sua vez, Cañabate (2005) expressa suas preocupações, ao afirmar que

No campo acadêmico, desenvolve-se de forma relevante o cumprimento das três funções definidas e requeridas socialmente à Universidade: a docência, em relação à formação de profissionais, a pesquisa, no que se refere à produção de conhecimento e a extensão em torno ao contato com o meio social (...) E é a estreita ligação do âmbito universitário com a produção do conhecimento, a pesquisa. O desafio é como fazer para inserir esta perspectiva nos espaços institucionais do desempenho profissional e nos currículos de formação de novos profissionais da graduação (CAÑABATE, 2005, p.4-6, tradução nossa).

Estas preocupações de docentes da profissão, embora heterogêneas, têm suscitado numerosos embates em torno da ampla necessidade de reforma curricular da formação profissional. A análise crítica e histórica da formação profissional da UNCo, a partir da nossa pesquisa, nos permitiu revelar as tendências e as contradições que operam no âmbito da

formação e as manifestações objetivas das disputas e controvérsias teóricas e políticas da profissão.

Na estrutura curricular, pudemos identificar que os programas das disciplinas expressam, majoritariamente, posicionamentos teóricos vinculados ao paradigma da “complexidade”, alcançando o enfoque hermenêutico, interacionista, a fenomenologia, a teoria sistêmica, o construtivismo, a gerência social e o desenvolvimento local. Na região, essa estrutura teórica está sustentada por Natalio Kisnerman (1998), que afirma o pluralismo do diálogo dos distintos modelos e teorias,

Nosso enquadre e do qual refutam os mitos construídos pela ciência tradicional, adere ao construtivismo, por entender que este responde mais às necessidades e aos objetivos de nossa profissão, constitui o enfoque epistemológico „trans-disciplinar‟. Surgido na década de 1980, com o pós- modernismo e a crise de paradigmas, houve o convencimento de que a ciência já não representava o domínio absoluto da razão, a objetividade ontológica no construtivismo dialoga de forma plural”253

(KISNERMAN, 1998, p. 121, tradução nossa).

Na crítica à proposta de Kisnerman é necessário fazer uma discussão em torno da crise dos paradigmas e da ciência pós-moderna254. No capitulo I explicamos que, segundo Marx, o papel desenvolvido pela economia política clássica, como ciência burguesa, para expor as aparências da realidade social, os “efeitos sociais”, oculta sua essência, a substância do ser social. O homem é um ser social pelo trabalho, como fundante da práxis, é a totalidade de

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Nesse diálogo plural se encontra “a psicologia social de Kennet J. Gergen e Tomás Ibañez, a sociologia fenomenológica de Alfred Schutz, Berger e Luckmann; o interacionismo simbólico de George Mead, o campo da pedagogia de Vigotsky e colaboradores, a biologia do conhecimento de Maturana e Varela, a cibernética de segundo ordem de Heinz Von Foerster, construtivismo radical de Ernest Von Glaserfeld, a teoria sistêmica de Watzlawick e de sociólogos como Niklas Luhmann e Edgar Morin, a teoria critica da Escola de Frankfurt com Horkheimer, Adorno e Marcusse e Jürgen Habermas; o pragmatismo de John Dewey, o dês-construtivismo de Jacques Derrida, a hermenêutica de Hans Gadamer e a etnometodologia de Harold Garfinkel” (KISNERMAN, 1998, p. 121-122)

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O debate do tema da crise dos paradigmas e o pós-modernismo são trazidos nos seus traços essenciais para a compreensão dos fundamentos teórico-metodológicos e sua expressão na formação profissional, particularmente da região Comahue. As discussões teóricas, filosóficas e políticas na Argentina em torno da profissão se encontram atreladas ao desenvolvimento marcante dos posicionamentos político- históricos. Para adensar o tema, recentes traduções ao espanhol e pesquisas em torno da influência do pós-modernismo na profissão encontram-se na publicação da Revista de Trabalho Social “Plaza Pública”, Ano 3, Nº 3 de Junho de 2010, (1- O texto de Tonet Ivo, “Pluralismo Metodológico: um Falso Caminho” –tradução realizada por Manuel W. Mallardi e Sergio D. Gianna, e versão final corrigida pela Dra. Maria Virginia Siede e o próprio autor; 2) Cavalleri, Maria Silvina: “Influências do pensamento pós-moderno na dimensão teórico-metodológica do Trabalho Social na Argentina; 3) Gianna, Sergio Daniel “O fogo incessante da dialética”)- Disponível: http://revistaplazapublica.wordpress.com/numeros-anteriores/numero-iii/ - (Acesso em: 14 Nov. 2013)

objetividade-subjetividade, é o homem onilateral. “O homem fora da natureza e da historia é uma abstração” (HELLER, 1999, p. 37).

Na conjuntura da crise capitalista, após II Guerra Mundial, adquire amplitude a noção de paradigma a partir da teoria das “revoluções científicas” de Thomas Kuhn, e ela “encontra- se vinculada ao debate teórico-filosófico que se instituiu entre os anos 50 e 60 no interior da Física” (GUERRA, 2010, p. 67).

Agora, não se trata mais de tentar derruir a pseudo-invulnerabilidade do positivismo pela negação das bases sob as quais edifica sua concepção paradigmática da ciência. Diferentemente, a centralidade do debate recai na presumível “crise” de paradigmas que na atualidade abala as ciências sociais. Ora admitir a crise de paradigmas supõe reconhecer e legitimar a existência de modelos explicativos e ordenadores da realidade e, consequentemente, negar o caráter ontológico do real. (GUERRA, 2010, p. 67)

Portanto, a categoria de totalidade como categoria central nunca foi parte dessa cientificidade burguesa. Os pós-modernos são partidários “da anti-totalidade ou holofobia255, para se considerar eximidos do sistema capitalista, por que não é necessário abrir o juízo favorável o desfavorável já que essa categoria sistêmica não existe” (HELLER, 1999, p. 33). Em razão disso, a abordagem autônoma da realidade social é base da fragmentação, sob cujo império nasceram as ciências sociais (TONET, 2004). O questionamento do pós-modernismo centra-se no fracasso da modernidade, as meta - narrativas, as grandes teorias universais para dar conta da realidade; e, portanto, a substituição pelo fragmento, pelas partes dessa realidade social, o micro – social, a interconexão entre paradigmas diversos, etc.256.

O pós-modernismo, além das expressões do movimento de arte, lingüística, arquitetura, etc. fundamenta a “crise dos paradigmas” na possibilidade de “ficar livre do projeto civilizatório moderno devido a sua incompatibilidade cada vez mais evidente com os valores constitutivos desse projeto” (SOARES SANTOS, 2007, p. 32), especialmente quando

255 Holofobia: medo à totalidade, instalar a culpa ao redor imediato.

256 Tonet (2004) no artigo “Pluralismo Metodológico: falso caminho” aponta que “a variedade das propostas

metodológicas a serem interconectadas, a gosto de cada um, atualmente, é digna de um supermercado. A título de exemplo: anarquismo metodológico, individualismo metodológico, desconstrutivismo, método de escolha racional, teoria dos jogos, teoria do gênero, marxismo analítico, microteoria, teoria da ação comunicativa, teoria das trocas, abordagem culturalista, interacionismo simbólico, acionalismo, etnometodologia, etc. ao lado dos mais antigos, como funcionalismo, marxismo, fenomenologia, hermenêutica”.

a burguesia no poder promoveu a transformação da vida humana. A mesma autora explica que “a impotência e a perplexidade do mundo contemporâneo são atitudes típicas dos pós- modernos” (idem, p. 37). Daí termos que o pós-modernismo confronta radicalmente o marxismo como teoria social e seu sentido totalizante. Netto257 (2004) adverte que “nas construções pós-modernas, a realidade da ordem burguesa contemporânea deriva do dinamismo da razão incondicionada, que tudo pode (p.158), “porque as implicações políticas, dessa regressão teórica também são regressivas: entre os pós-modernos as alternativas à sociedade capitalista ou não se põem ou, quando se põem, estão no limbo das utopias” (NETTO, 2004, p. 159).

Nesse movimento teórico do pós-modernismo conforma-se a “intelligentsia” formadora do pensamento e argumentações teóricas na profissão. No pós-modernismo também confluíra “a pulverização do „campo socialista‟ como causa mais visível da retirada do marxismo de um setor da intelectualidade em América Latina; porém, converge essa deserção com o fenômeno especifico de (re) acomodação social de um setor de acadêmicos que saltou da cátedra para o Ministério” (KATZ, 1992, p. 192). Desta forma e por outra parte, as argumentações em torno à “crise do marxismo” e afinidades políticas dos intelectuais justificaram sua passagem ao campo do pós-modernismo e a coincidência de que realidade é um “fantástico caleidoscópio”, que “a história não tem sentido, o cotidiano substitui o futuro do mediato. O imediato toma o lugar do mediato” (EVANGELISTA, 1992, p. 26).

Ao analisar a bibliografia e os objetivos de ensino dos programas, notamos que eles assinalam os enfoques teóricos acima mencionados por Kisnerman. Os autores mais influentes abordados no ensino correspondem a Kisnerman, Garcia Salord, Pichón Rivière; e numerosos e diversos autores integram o campo bibliográfico por cátedras e níveis de abordagem (por exemplo, Berger e Luckmann, Eroles, Ayalón, Ander-Egg, Bleger, Carballeda, Brichetto, Maturana, Etkin e Schvarstein, Chomsky, Guiddens, Tenti Fanfani, Lapassade, Klinksberg, Bustelo, Foucault, Coraggio, Singer, Follari, Sen, Easton, Minuchin, Von Bertalanffy, Selvini Palazzoli, Watzlawick, Butelman, Klimovsky, Habermas, Witacker, Etzioni, etc.). Também identificamos textos de Marx, Engels, Lênin, Montaño, Iamamoto, Netto, Martinelli, Parra, Oliva.

257 O autor resgata o pensamento e obra lukacsiana do exílio da pós-modernidade; ou que está em jogo é

No entanto, no cenário da crise social do século XXI, - particularmente na Argentina-, as cátedras revisaram os conteúdos e atualizaram a bibliografia, incluindo mais fichas/cadernos de Cátedra258. Este instrumento constitui uma deformação teórica da bibliografia, fomenta o negócio de venda de apontes de estudo, impedindo o estudante de ter seu próprio pensamento e conclusões teóricas, a partir dos próprios livros. O que torna a produção profundamente eclética.

As práticas pré-profissionais realizadas uma a cada ano acadêmico259 e, em espaços sócio-ocupacionais, geralmente vinculados a campos tradicionais da profissão (saúde, justiça, desenvolvimento social) são desenvolvidas através de uma prestação de serviços sociais, o que se justificaria por se constituir em estratégia de colaboração e assessoramento acadêmico à política institucional dos centros de estágios.

O estudante, individual ou em dupla desenvolve sua prática pré-profissional por aproximação da complexidade e aumento horário progressivo dos níveis de abordagens; tendo destaque a supervisão acadêmica e a regulamentação das práticas da formação260. Cada nível de abordagem desenvolve distintas formas e os conteúdos específicos vinculados às disciplinas teóricas e práticas, e as diretrizes do Plano de Estudos. As instituições conveniadas

258 Os Cadernos/fichas de Cátedra: são resumos de autores da bibliografia por parte dos docentes. O sistema foi

implementado na década de 1990 e gerava contagem para currículo do professor e para os concursos de docentes.

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A disciplina teórica - prática do 2º ano: Teoria e Prática de Áreas e Recursos não desenvolvem estágio específico em instituições; “seu processo se centra em uma ou duas temáticas, com caracterização de conjuntura histórica e o estudante procura alguma particularidade para essa temática” (Entrevistado Nº 4). No 3º ano: a Prática de Serviço Social com Grupos se realiza em instituições dedicadas às crianças, mulheres, pais e adolescentes, à terceira idade e Pediatria de Hospitais e Serviços de Educação, de diversas cidades da Província de Rio Negro e de Neuquén, assim como em ONGs e unidade de reclusão. No 4º ano, a Prática de Serviço Social de Comunidade se concretiza em projetos de comunidade, bairros, com centralidade em aportes e serviços do Clube de Troca, do Atelier de Corte e Costura, Recuperação de espaços comunitários, Participação comunitária, Jovens sem teto, Diagnóstico comunitário Participativo, Comunidades justas e seguras, Hortas comunitárias, Organização de trabalho comunitário com a Comissão Vicinal, Trabalho em saúde e comunidade com Área Programa do Hospital “Bouquet Roldán”, Construção de mural, Abordagem conjunto de definição de problemas, Reconstrução da história Vicinal, Espaços verdes e jogos, Meio Ambiente, Oficina de Bandas de Ruas, Recuperação de Praça comunitária, Motivação comunitária, Economia Solidária e Mapas de recuperação da história. No 5º ano, a Prática de Serviço Social Familiar a compreende intervenção pré-profissional com famílias. Até o ano de 2002, em Neuquén, a prática foi desenvolvida na Consultoria Familiar (foi projeto de extensão da disciplina). Posteriormente, em escolas privadas e primárias, Centro de Diálises, Hospitais, Programa de Atendimento Médico Integral –PAMI - dos aposentados-, o Departamento de Serviço Social do Setor de Neonatologia e Psicopedagogia de Saúde, a prisão e com a Equipe Interdisciplinar do Escritório Fiscal de Atenção às Vítimas do Poder Judiciário. E por último, Seminário de Serviço Social com Residência Institucional (Cátedra Única até ano de 2004, momento de criação da Cátedra II (Paralela). Daí por diante se constituiu em Cátedra I. O estágio pré-profissional é uma residência institucional e se realiza na área de educação, instituições dos diversos níveis educativos e programas de Promoção Familiar (Cátedra I).

Centros de estágios, majoritariamente carecem de Trabalhador Social como “Supervisor de Campo”; por distintas razões: 1) a função de “Supervisor de Campo” não é parte dos debates teórico-metodológicos e curriculares, 2) no campo ocupacional existe ausência de institucionalização e legitimação da função de “Supervisor de campo” como tarefa da formação no trabalho profissional; 3) a precariedade do trabalho profissional assalariado impede assumir outra função, apresentada como carga trabalhista sem reconhecimento nem salários e; 4) os empregadores não reconhecem esta função de “Supervisor de Campo”.

Por outra parte os elementos que distingue este âmbito da prática é a sistematização261, aqui apresentada como “produtora de conhecimento” já que é uma diretriz curricular e o renovado critério de registro das práticas dos alunos, a construção das “cédulas de campo”262

, onde a prática deve encaixar na teoria para que o estudante possa produzir “inferências teóricas”. Por outra parte, no padrão de avaliação dos projetos da prática pré- profissional se incorporaram as “fortalezas e debilidades” (FODA)263. Neste sentido, as práticas pré-profissionais não constituem âmbito de pesquisa dos alunos porque a produção de conhecimento resulta do âmbito especifico da investigação, onde participam docentes e estudantes.

Diante da heterogeneidade curricular profissional da Argentina, e em particular na formação profissional de Comahue, a persistência do processo de fragmentação das disciplinas teóricas e práticas se sustentam no “subjetivismo pós-moderno” a partir da pluralidade conceitual e da concepção unilateral do aprendizado dos alunos, por parte dos professores. O indivíduo é produtor da adaptação e da validade de sua verdade social, ele é o estudante que nesta visão se adapta segundo o formato acadêmico das disciplinas, já que o ensino tem seu enraizamento histórico na abordagem do caso social individual, e os conteúdos sobre a prática de grupos e famílias na formação. Como esse indivíduo é impelido a não conhecer as relações sociais desiguais inerentes à sociedade capitalista, sua compreensão é limitada, posto que se identifica como parte constitutiva da estrutura dos grupos e das relações

261A sistematização é um instrumento muito difundido e concretizado sob diversas formas: de experiências para

aplicação do Plano de Estudos Nº 140/85, crônicas, cédulas de campo, informes semanais, informes finais, etc.

262 As “cédulas de campo” constituem o novo instrumento de registro da prática pré-profissional da formação