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A Jornada do herói: um chamado à aventura

Para Campbell (apud. VOGLER, 1997), há um fio condutor que liga todas as histórias contadas no mundo. Desse modo, a mesma história seria, segundo ele, contada e recontada desde os mitos antigos até os maiores sucessos de bilheteria do cinema contemporâneo. A essa história repetida no interior de outras histórias o estudioso nomeia de A jornada do herói mitológico.

A partir disso, o teórico defende que qualquer história pode ser estruturada com base no esquema da Jornada do herói ou, ao contrário, é possível identificar em qualquer história todos os passos desse trajeto. Pautado nesses conceitos, Christopher Vogler, roteirista de Hollywood e autor do livro A Jornada do Escritor (1997), elaborou um programa similar, mas voltado para as narrativas contemporâneas, como as veiculadas na TV ou no cinema, por exemplo. Ele apresenta as etapas que compõem uma história estruturada segundo a jornada de Campbell.

herói em três atos, sendo o primeiro a apresentação da personagem heroica; o segundo, o desenvolvimento do conflito que esta enfrentará e o terceiro, a resolução.

No primeiro ato, o herói é, em um primeiro estágio, mostrado em seu mundo cotidiano como uma pessoa comum, o que, conforme o autor, é uma forma de estabelecer um vínculo entre a personagem e o público.

Como numa apresentação social, o Mundo Comum estabelece um vínculo entre as pessoas e destaca alguns interesses comuns, para que seja possível o diálogo começar. De algum modo, devemos reconhecer que o herói é como nós. Num sentido muito real, uma história nos convida a entrar na pele do herói, ver o mundo com seus olhos. Como se fosse mágica, projetamos no herói uma parte de nossa consciência. Para que essa mágica funcione, é preciso que se estabeleça um vínculo forte de solidariedade ou interesse comum entre o herói e o público. (1997, p. 99)

Vogler (1997) ressalta ainda que, para que esse vínculo entre o herói e os espectadores ocorra, não é necessário que aquele seja bom ou simpático, mas é preciso que ele seja relacionável8, ou seja, faz-se mister que haja empatia por parte do público. Assim, segundo o autor, para que ocorra essa identificação, o herói deve apresentar impulsos; objetivos e desejos universais, pois “Todos somos capazes de nos relacionar com impulsos fundamentais, tais como a necessidade de reconhecimento, afeição, aceitação ou compreensão”. (1997, p. 100)

Cabe relacionar, nesse ponto, às acepções do estudioso, a apresentação do herói que compõe o

corpus desta pesquisa. House é, desde o episódio piloto, apresentado ao público como um sujeito

antissocial; mal-humorado e rabugento. Em contrapartida, sua obstinação pela resolução dos casos médicos, seu relacionamento obsessivo com a verdade e sua convivência permanente com a dor física e emocional geram, no expectador, um sentimento de solidariedade e promovem, portanto, a identificação imprescindível entre o público e o herói.

O roteirista acrescenta que os heróis dos contos de fadas têm em comum a carência de algo que lhes foi tirado. De um modo geral, é frequente que essa ausência recaia sobre a unidade familiar para dar movimento à história. Nesse sentido, esse gênero trata da busca por um complemento e da luta por integridade.

Entretanto, não apenas os contos de fadas apresentam heróis com essa característica. O herói       

8 Termo utilizado por executivos do cinema para se referir à qualidade de afinidade e compreensão que o público carece ter pela personagem.

televisivo também apresenta carências que mobilizam a sua busca. House, por exemplo, sofre perdas físicas e emocionais. No 21º episódio da 1ª temporada, o público toma conhecimento de duas dessas perdas, que são imprescindíveis para a compreensão do comportamento da personagem. A primeira delas se refere ao incidente o qual provoca a deficiência que House tem na perna direita: um enfarto que demorou a ser diagnosticado e ocasionou não apenas a dificuldade de locomoção do médico, como também uma dor intensa que o acompanha e o torna, segundo a visão das personagens que convivem com ele, amargo e ressentido.

Além disso, ainda nesse episódio, a ex-mulher de House, Stacey, retorna pedindo ao médico que cuide de seu atual marido. Nessa ocasião, o espectador tem contato pela primeira vez com a informação de que o médico é divorciado e que, ademais, ainda nutre sentimentos pela ex-esposa. Mais adiante, na série, após uma tentativa fracassada de se reaproximar de Stacey, House se mostra solitário e infeliz e, ocasionalmente, busca a companhia de garotas de programa.

Outro ponto destacado por Vogler (1997) é que, em meio a diversas qualidades admiráveis, o herói comumente apresenta uma falha trágica, que, de um modo geral, é o que o leva à destruição. Essa falha é, geralmente, um tipo de orgulho ou arrogância, chamada hybris, já que o herói trágico costuma ser uma pessoa superior, com habilidades extraordinárias e, por isso, ignora conselhos sensatos e desafia códigos de conduta; julga-se igual ou maior que os deuses e divindades. Toda essa presunção desencadeia inevitavelmente uma força chamada Nemesis, nome da deusa responsável por reequilibrar as coisas, o que é constantemente feito por meio da destruição do herói.

House é, indiscutivelmente, um grande médico que percebe sintomas e indícios ignorados por outros profissionais da mesma área. Isso é admitido e admirado pelos médicos que trabalham em sua equipe, assim como outros que cruzam seu caminho no decorrer da série. Apesar disso, muitos questionam e dificultam seus métodos, o que, muitas vezes, o leva a romper regras morais e legais para atingir seus objetivos, que consistem não apenas em comprovar seu ponto de vista, mas principalmente em salvar vidas.

Além disso, Vogler (1997) acrescenta que todo herói bem construído apresenta uma ferida. A fim de humanizá-lo, lhe é dado um machucado físico ou psicológico que representará sua vulnerabilidade. No caso de House, isso se evidencia na já citada deficiência da sua perna direita. “Os ferimentos e cicatrizes de um herói marcam as áreas em que ele se resguarda, é defensivo, fraco e vulnerável. Um herói pode também ser superforte em algumas áreas, como uma forma de defesa para

as áreas machucadas.” (1997,p . 102)

Figura 5: House e sua debilidade física – Temporada 1 ep:1 3'14 fonte: Netflix

Antes da aventura ser efetivamente iniciada, é importante também que seja apresentado ao leitor ou espectador o que está em jogo, ou seja, o que o herói tem a ganhar e a perder em sua jornada. Quanto maiores forem os riscos enfrentados, maiores as chances de êxito de um roteiro. Nos seriados televisivos, esses riscos podem surgir em três medidas diferentes.

Na primeira, o conflito é apresentado, geralmente, no episódio piloto e se estende por toda a série. Na segunda, ele se limita apenas à temporada e, por fim, ao episódio. Em House, os principais conflitos são apresentados e solucionados em cada episódio e o que está em jogo é a vida do paciente. Todavia, há conflitos pessoais da personagem que acabam por se desdobrar durante a temporada ou parte dela, como as alucinações que House passa a ter no decorrer da 5ª temporada e que se desfecham ao término desta, quando ele é encaminhado por Wilson a uma clínica de recuperação.

Ainda no primeiro ato da jornada do herói, em um segundo estágio, passa-se ao que, conforme proposto por Campbell (2000), denominar-se-á O Chamado à Aventura. Trata-se de uma motivação à história, da apresentação de um fato propulsor da narrativa. Em outras palavras, uma vez que o trabalho de apresentar a personagem esteja concluído, é preciso que haja algum evento para “dar a partida na história” (VOGLER, 1997, p. 208)

uma declaração de guerra; uma intimação etc. Ou ainda pode se manifestar de forma simbólica, ou seja, podem surgir “em forma de sonhos; fantasias ou visões” por meio de “um mensageiro do inconsciente, que traz a notícia de que chegou a hora de mudar”. (VOGLER, 1997, p. 109)

Em House, cada episódio é iniciado por uma espécie de chamado, já que se iniciam com a manifestação de um primeiro sintoma inesperado em pessoas aparentemente saudáveis, ambientadas em lugares comuns. No momento seguinte, as pacientes já estarão em Princeton-Plainsboro, hospital em que trabalha House, e já terão passado por uma série de exames que nada terão diagnosticado. Apesar disso, passarão a apresentar novos e cada vez mais graves sintomas, declinando em grande parte das vezes à beira da morte.

Ocorrem, ademais, outros chamados paralelos durante a série. Estes referir-se-ão a questões particulares do médico, como suas relações pessoais ou o vício ao Vicodin, medicação que, conforme já citado, toma de modo indiscriminado para conter as fortes dores na perna. No início da sexta temporada, por exemplo, House está internado em uma clínica de reabilitação. Este é um momento da narrativa que se pode interpretar como uma jornada, cujo chamado surge no final da temporada anterior, quando fogem ao seu controle as alucinações que tem com a imagem de Âmber e que passarão a influenciar em seu desempenho profissional.

Figura. 6: Dependência de analgésicos .Temporada1, ep:1 4'20

Fonte: Netflix

O terceiro estágio do primeiro ato reside na recusa do chamado. O herói hesita em aceitar o desafio, o que desempenha a função dramática de mostrar ao espectador que a jornada é repleta de

riscos e perigos. Em grande parte dos casos, o argumento apresentado pelo herói pauta-se em suas experiências anteriores, que de modo geral lhes ensinaram o quão incerto e perigoso pode ser embrenhar-se em outras situações parecidas.

Há, em contrapartida, heróis que não relutam e não demonstram qualquer medo, chegando até mesmo a buscar a aventura em alguns casos. Este é o chamado herói voluntário ou, conforme determina Vladimir Propp (apud. VOGLER), “buscadores” que se opõem a “heróis vitimizados”. Nesses casos, a hesitação se manifestará em outra personagem que, sendo próxima ao herói, alertá-lo-á dos perigos e riscos que a jornada oferece.

House está certamente mais próximo a esta definição. Quanto menos instigante o caso clínico, menos o arrojado médico se interessará por ele. Em alguns casos mais desafiadores, prontifica-se a assumi-los. No 19º episódio da quinta temporada, após sofrer um acidente de moto, House ocupará um leito próximo a Lee, um rapaz que, depois de acordar de um acidente de bicicleta, encontra-se incapaz de se mover ou se comunicar de qualquer forma. O médico que cuida de seu caso julga que houve morte cerebral, ao passo que House insistirá que se trata de um caso de síndrome do encarceramento, conseguindo, deste modo, a transferência do paciente para o Princeton-Plainsboro, para tentar, junto à sua equipe, descobrir as causas da rara síndrome.

Ocorre, em outros episódios no decorrer da série, a intervenção das personagens que o cercam, geralmente Wilson, para alertá-lo dos perigos de sua obstinação pela resolução do caso clínico. Conforme o quadro do paciente declina e o caso se torna mais difícil, House passa a tomar atitudes extremas, como invadir sem prévia autorização a residência ou o local de trabalho do paciente, o que representa um risco não apenas por contrariar a lei, mas também por expô-lo, ou mais recorrentemente a algum membro da equipe, aos mesmos riscos que contaminaram, por exemplo, o paciente.

Nos 20º e 21º episódios da segunda temporada, Foreman, ao investigar a casa de um policial que fora internado com um inusitado ataque de riso, contrai a doença do paciente. Diante disso, House tem de voltar ao local para tentar descobrir a causa da contaminação. Para isso, ignora as intervenções de Cuddy e Cameron, que neste episódio assume a liderança da equipe, o que também revela um momento apontado por Vogler como Lei da Porta Secreta; o herói viola as limitações impostas por seus Mentores e isso se deve à curiosidade humana, ao poderoso impulso de conhecer todos os segredos.

alguém que o aconselhará, transmitirá ensinamentos e o preparará para enfrentar sua jornada. O encontro com o mentor é fundamental para que o herói adquira confiança para iniciar sua aventura. Vogler observa também que este

[...] é um estágio rico em potencial de conflito, envolvimento, humor e tragédia. Baseia-se numa relação emocional, geralmente entre um herói e um Mentor ou conselheiro de algum tipo, e parece que as plateias gostam especialmente desse tipo de relação [...] (1997, p. 124)

Wilson, médico oncologista que trabalha no mesmo hospital que House, é não apenas um companheiro de trabalho, mas também seu melhor amigo. Há, em várias passagens da série, momentos em que os dois apenas desfrutam da companhia um do outro e compartilham questões de suas vidas particulares.

Embora Wilson não seja necessariamente mais experiente que House ou detenha mais conhecimentos que ele, é frequentemente seu conselheiro e demonstra em grande parte do tempo mais maturidade e cautela que ele. É usualmente nos diálogos estabelecidos com o bondoso e pacífico médico que House tem suas revelações e consegue perceber com clareza a peça chave que

faltava no quebra-cabeça, ou seja, o fator que completa por definitivo os indícios que o levam à resposta do diagnóstico do paciente.

É também Wilson que desencadeia a humanidade de House; é por ele que este herói alcança sua redenção no final da série. Ao saber da morte certeira do amigo, condenado por um câncer avançado, House abdica de seus interesses particulares; de sua individualidade; de sua vida, deixando de ser a pessoa egocêntrica com quem todos encontram tantas dificuldades de conviver e a quem tanto criticam. O quinto estágio da apresentação do herói se pauta na travessia do primeiro limiar, isto é, o ponto em que é preciso que o herói decida definitivamente se enfrentará ou não a aventura a que fora chamado; o momento em que decide se permanecerá em sua vida cotidiana ou se aceitará embrenhar-se no caminho sem volta da jornada. Para tanto, deverá enfrentar um arquétipo poderoso e útil denominado Guardiões de Limiar, que representam em alguma medida um impasse; um empecilho que deve ser superado pelo herói para concluir sua travessia.

Nesse sentido, pode-se identificar essa etapa em House no momento em que este assume o caso clínico, pois a partir deste momento torna-se responsável pela vida do paciente e por tudo o que vier a

lhe ocorrer; é o momento em que House se compromete com a jornada de diagnosticá-lo. Pode-se também associar ao arquétipo de guardião a figura de Cuddy, que em repetidas vezes impedirá House de realizar testes e exames arriscados, mas que o levariam rapidamente a uma resposta. Ao proibi-lo de seguir sua intuição, a diretora do hospital dificulta o trajeto que deverá ser percorrido por House para concluir sua missão.

Neste momento da narrativa, o herói será apresentado ao espectador em um novo espaço, a que Vogler (1997) chama de Mundo Especial. Diferente do mundo comum, onde o herói nos fora apresentado, neste espaço o herói vivenciará experiências novas e até mesmo assustadoras. É também onde se evidenciarão seus aliados e inimigos e onde terá de passar por testes que o qualificarão ou não a avançar em seu caminho. O roteirista afirma ainda que essa é uma etapa que pode se repetir diversas vezes durante a história, já que o herói é testado a todo momento. Neste ponto, inicia-se o segundo ato da jornada do herói.

No decorrer da série, House enfrentará diversos inimigos que se colocarão como empecilhos em seu caminho, chegando inclusive a embates físicos. No 14º episódio da 1ª temporada, por exemplo, o milionário Edward Vogler doa cem milhões de dólares ao hospital sob a condição de se tornar o novo chefe do Conselho Administrativo. O empresário intentará promover mudanças, tratando o Princeton-

Plainsboro como um negócio e, consequentemente, será confrontado por House. O conflito se

estenderá até o 18º episódio da série, quando o comitê, convencido por uma atitude corajosa e decidida de Cuddy, interceptam a demissão de House e optam pela saída de Vogler, que leva consigo o dinheiro investido.

Outro exemplo surge no 5º episódio da 3ª temporada, quando, irritado pela arrogância de um paciente da clínica, House utiliza um termômetro retal como retaliação. A situação se complica, pois Tritter, o paciente ofendido, é policial e passa a persegui-lo, especialmente quando descobre que House é dependente químico e exerce a medicina sob o efeito de analgésicos. O antagonismo desta vez se estende até o 11º episódio.

Dando sequência à jornada, a próxima etapa consiste, conforme a definição de Vogler (1997), na Aproximação da Caverna Oculta, que é o ponto mais ameaçador do mundo especial, pois é onde se encontra o objeto de busca do herói. Ao adentrar nesse lugar, o herói atravessa o segundo limiar, que em grande parte das vezes é representado por uma barreira física, como portas, portões, fronteiras etc.

paciente à beira da morte, correndo contra o tempo para diagnosticá-lo. É bastante comum, também, cenas em que o médico atravessa a porta do quarto de seus pacientes para revelar suas descobertas cujo procedimento sofreu, de um modo geral, omissões de informações dos próprios pacientes.

A título de exemplo, no 22º episódio da 3ª temporada, House e sua equipe atendem a uma jovem universitária que sangra pela boca durante a prática de artes marciais. A princípio, House crê que a garota sofra de uma deficiência de proteínas que a levaria inevitavelmente à morte. Em seguida, entretanto, conclui que a jovem tenha tentado suicídio, ingerindo produto de limpeza em cápsulas, o que cria uma ponte entre uma veia e uma artéria, provocando uma infecção bacteriológica. Desse modo, House atravessa a porta do quarto da paciente a fim de confirmar sua conclusão, que fora retardada pela sua omissão.

Figura. 7: Travessia do segundo limiar. Temporada 3, ep:22 35'20’

Fonte: Netflix

Após enfrentar os perigos da Caverna Oculta e atravessar o segundo limiar, o herói passará por uma Provação, que representa na história um ponto crítico em que ele enfrentará a iminência da morte. De acordo com Vogler (1997, p. 157), neste ponto:

O caminho fica mais estreito e escuro. Você tem que prosseguir sozinho, rastejando, sentindo a terra fechar-se à sua volta. Mal dá para respirar. De repente, você vai deparar-se com o aposento mais profundo, e se encontrar, frente a frente, com uma figura imensa, uma Sombra ameaçadora, composta de todas as suas dúvidas e medos, e bem armada para defender um tesouro. Aqui, neste exato momento, está a chance de ganhar tudo ou morrer. Não importa o que você veio buscar, agora é a Morte que está tendo que encarar. Qualquer que seja o resultado da batalha, você está a ponto de sentir o gosto da morte e isso vai mudá-lo para sempre.

Segundo o roteirista, este é o movimento dramático de que o público mais gosta, o de morte e renascimento do herói. Todo herói deve enfrentar a morte, literal ou simbólica, e vencê-la e este é o teste principal que o consagra.

Ao término, por exemplo, da 2ª temporada, House é baleado no início do episódio final. Na série, esta é a primeira situação de morte e ressurreição da personagem que o telespectador testemunha. O autor dos tiros revela posteriormente a House o motivo que o levou a cometer tal ato. O chefe do departamento de diagnósticos do Princeton-Plainsboro havia tratado de sua esposa tempos antes e, durante a “investigação”, convencera o marido de que toda informação prestada seria relevante, traço característico de seu método. Assim, o marido revelara que tivera um relacionamento extraconjugal, informação esta que, além de não se relacionar com o problema da esposa, é denunciado a ela pelo médico. Por conta disso, a mulher comete suicídio.

Todas essas informações, entretanto, surgem ao espectador durante os delírios de House, que se estendem por todo o episódio, não podendo, portanto, serem consideradas completamente verdadeiras dentro da narrativa. Essa poderia ser, inclusive, a razão do título do episódio “No Reason” (Sem Motivo).

Vale ressaltar que o episódio se encerra com o encaminhamento de House, ferido por dois tiros,