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A Mídia e a Publicidade na InterneTV Apresentações, conceitos e definições.

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CAPÍTULO II – O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO DA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA NO BRASIL

1. A Mídia e a Publicidade na InterneTV Apresentações, conceitos e definições.

Corriqueiramente as palavras publicidade ou propaganda são utilizadas como sinônimos, assim como o fazemos com seus similares mais populares anúncio ou reclame. Contudo apesar de terem funções muito parecidas, do ponto de vista etimológico cada uma dessas estratégias possui significado e função específicos e bem definidos.

Publicidade deriva de público (do latim publicus) e designa a qualidade do que é público. Significa o ato de vulgarizar, de tornar público um fato, uma ideia. Propaganda é definida como a propagação de princípios e teorias. (...) Deriva do latim propagare, que significa reproduzir por meio de mergulhia (...) Seria então a propagação de doutrinas religiosas ou princípios políticos de algum partido. (...) a palavra publicidade significa, genericamente, divulgar, tornar público, e propaganda compreende a ideia de implantar, de incluir uma ideia, uma crença na mente alheia. (SANT‟ANNA; ROCHA JR.; GARCIA, 2009, p. 59).

Assim, quando caracterizamos determinado conteúdo como publicidade, tiramos dele parte da responsabilidade de convencimento, quando uma mensagem torna-se simplesmente

55 pública deixa-se de entregar ao leitor a chave de leitura necessária para que o mesmo tome a atitude idealizada pelo emissor da informação, passando ele (o receptor) a ser o principal responsável pela interpretação desse conteúdo. Em contrapartida a propaganda convence, conceitua e direciona a interpretação encurralando o expectador estimulando-o a responder com a ação imaginada pelo anunciante.

Dessa forma a compreensão da diferença sutil que distingue essas duas ações torna-se necessária no contexto dessa dissertação uma vez que é essa diferença que distingue também o papel do anunciante e do usuário na internet na propagação de uma mensagem publicitária. O internauta, no seu papel de usuário, ao compartilhar um determinado conteúdo ou postar certa mensagem pouco reflete sobre a ação que determinada informação causará ao seu leitor, preocupando-se mais com o ato de dividir a notícia e partilhar os conhecimentos. O usuário realiza dessa forma um ato de publicidade. O anunciante, por sua vez, avalia minuciosamente a mensagem emitida, importando-se muito com o efeito que determinado conteúdo pode trazer ao usuário e preocupando-se em estimular uma ação que encaminhe o receptor a tomar a decisão concebida por ele. O anunciante realiza nesse contexto uma propaganda.

Assim, sob essa ótica, ao pensarmos na dinâmica comunicacional na internet encontramos um processo de comunicação publicitário bifásico e contínuo. Bifásico porque a interação comunicacional em primeiro momento parte do anunciante através de uma propaganda que objetiva levar o leitor a assimilar determinado conceito e compartilhá-lo com maior número de pessoas possível através de uma publicidade. Em uma segunda fase, esse processo é contínuo uma vez que nunca se encerra, pelo contrário, renasce e renova-se durante toda a estadia do usuário no mundo virtual, uma vez que o tempo todo ele é impactado com mensagens e publicidades em diversos formatos.

Independente da estratégia utilizada, seja uma ou outra, sua existência sempre estará associada a um meio de comunicação de massa, uma vez que (como o próprio nome já diz) essa é a única forma de se propagar um conceito ou tornar pública uma informação de maneira massiva.

Assim, quando falamos em meio de comunicação referimo-nos a qualquer instrumento que permita uma interação comunicacional, seja ele interpessoal (como o telefone ou o telégrafo) ou massivo (como a televisão ou rádio). Tal qual ocorre com os termos publicidade e propaganda, em muitos casos definimos também meio de comunicação de massa e mídia

56 como sinônimos, porém o segundo não refere-se a uma propagação de informação de maneira massiva, ao falarmos em mídia queremos dizer algo muito maior e muito mais profundo, a mídia não comunica-se simplesmente, a mídia produz conteúdo e cria tendências. Uma mídia muito mais do que um meio de comunicação de massa é um instrumento de mobilização e reconstrução social.

Então, como definir a internet? Um meio de comunicação que é ao mesmo tempo pessoal e massivo, compartilhador de conteúdos e definidor de tendências. Seria ele um meio de comunicação de massa, uma mídia de massa ou simplesmente um meio de comunicação? Segundo Cardoso (2007, p.135), a internet pode ser considerada tudo isso e nada disso ao mesmo tempo. Para o autor a internet corresponde a um metassistema de informações e entretenimento, ou seja, trata-se de um sistema de comunicação virtual que interfere de maneira significativa no processo comunicacional do mundo físico. É o plano metafísico influenciando o plano físico.

Entretanto, a busca por uma correta definição do que é a internet extrapola o conceito de metassistema uma vez que a internet em termos comunicacionais não é apenas uma mídia, mas sim, a convergência de todas as mídias, não é apenas um meio de comunicação, mas sim a união de todos os meios de comunicação existentes (massivos ou não). Ela mistura a televisão, o rádio, o telefone, o telégrafo, o jornal, as revistas e todas as outras formas de comunicação e um único local dialógico, tornando-se não apenas uma nova mídia, mas sim um novo mundo comunicacional. O acessar a rede mundial de computadores o usuário não acessa simplesmente um meio de comunicação, ele recebe uma passagem para uma nova sociedade virtual na qual ele não é mais o mesmo, mas ainda assim existe, e na qual as mídias que influenciam suas decisões no mundo físico também não são as mesmas, mas tal qual ele também vivem.

Assim, quando falamos na publicidade audiovisual contemporânea precisamos ter em mente que ela não ocorre apenas na televisão ou apenas na internet, mas sim na InterneTV31, uma vez que os conteúdos apresentados na televisão por vezes incentivam o consumidor a

31

Termo pouco explorado na literatura e na academia, o neologismo se refere a construção de uma nova mídia formada pela união da internet e da televisão. Contudo ao seguirmos a linha de raciocínio proposta até agora podemos imaginar um mundo não apenas com a InterneTV, mas também com uma

57 acessar a internet, ou ainda em muitos momentos se iniciam na televisão e são sequenciados pelo próprio anunciante ou pelos usuários em meio digital, dentre inúmeros outros exemplos que completam que comprovam essa hibridização.

Dessa forma, no contexto dessa dissertação, antes de discorrer sobre a adaptação dos vídeos publicitários às características específicas da internet, se faz necessário compreender como ocorreu todo o processo de evolução tecnológica e adaptação das mensagens publicitárias ao longo da história.

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