• Nenhum resultado encontrado

Os elementos da linguagem audiovisual

No documento Download/Open (páginas 83-88)

CAPÍTULO II – O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO DA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA NO BRASIL

4. Os elementos da linguagem audiovisual

No que diz respeito à linguagem audiovisual (Comparato, 2009, p.137) ressalta que uma propaganda precisa seguir a curva de tensão representada pela Figura 24 para a garantir resultados positivos, na qual (A) indica que algo vai acontecer, despertando a atenção do espectador; (B) indica que algo precisa ser feito, incentivando o telespectador a entrar no “mundo da propaganda” e buscar soluções ao problema; e (C) indica que algo foi feito, revelando ao consumidor soluções para os seus problemas.

84 Nesse sentido a escolha correta dos planos e dos tempos de interpretação bem como de elementos como os cortes, ângulos e movimentos são fundamentais para o sucesso da comunicação televisiva, uma vez que determinam a importância do objeto apresentado para a compreensão da mensagem e o tempo disponibilizado para a sua interpretação. Além disso, a combinação dessas estratégias com elementos como o som contribuem para a assimilação da mensagem televisiva uma vez que aproxima o conteúdo do pensamento humano que é sonoro, visual e dinâmico (ALVES, 1983).

Dentre as principais estratégias da linguagem audiovisual destacam-se: Plano e Enquadramento, Iluminação, Movimento, Angulação, Cortes e Edição.

4.1. Enquadramento

O enquadramento é o primeiro passo de qualquer produção visual uma vez que é ele quem irá determinar quais são os elementos e as personagens que devem ser apresentados em uma determinada tomada, e qual é a importância de cada um deles para a correta interpretação de uma mensagem. Nesse sentido pode-se enquadrar uma mesma imagem de diferentes formas de acordo com alguns objetivos tais como: sensação de distância entre a personagem e o espectador, detalhe da imagem que deve ser ressaltado, sensação de movimento da personagem, etc. Cada um desses enquadramentos é chamado de plano.

Apesar de não haver um consenso acerca da nomenclatura dos planos, existe na literatura uma consonância acerca dos tipos de plano como podemos verificar nas obras de Marner (1972); Alves (1983); Moreira (2011), e na exemplificação apresentada na Figura 25.

85

4.2. Iluminação

O objetivo da iluminação é tentar recriar artificialmente a luminosidade natural do ambiente em que a cena está acontecendo. Quanto mais clara e iluminada for uma cena, maiores serão as percepções de cores e maior será o número de elementos identificados pelo espectador, quando mais escura estiver à cena, menor será o número de informações ambientais captadas pelo espectador, embora vale a pena ressaltar que o excesso de luz pode levar ao “estouro” da imagem e a falta dela o escurecimento excessivo da mesma, comprometendo sua identificação. Marner (1972; p.204) lembra que a iluminação pode ser muito importante também no encobrimento de imperfeições do cenário, dos figurinos ou das maquiagens das personagens as quais, se reveladas, poderiam estragar o contexto ou a credibilidade propostos pela cena.

A iluminação também é utilizada com o objetivo de destacar uma personagem ou um objeto da cena, uma vez que, ao serem mais iluminados que os demais elementos a atenção do público se volta para eles fazendo, com que sejam mais bem percebidos pelos espectadores. Para que isso ocorra o diretor de iluminação tem à sua disposição três tipos de fontes luminosas distintas: a luz principal (que é a principal fonte de luz), a contraluz (que é projetada atrás da personagem com o objetivo de contorná-la) e a luz atenuantes (que atenua a luz principal).

Ressalva-se que para a iluminação alcançar o objetivo proposto ela deve estar em harmonia com os demais elementos de cena tal qual: cenários, elementos gráficos, figurinos, falas e entonação da personagem e assim por diante. A esse respeito Squirra (2012) reforça que, na atualidade, tão importante quanto pensar a iluminação em conjunto é pensar a iluminação no conceito tecnológico uma vez que a chegada de aparatos como as televisões digitais Full HD, por exemplo, necessitam de novos tipos de fontes luminosas e filtros de luz.

4.3. Movimento

Como já apresentado, a imagem em movimento é um dos grandes diferenciais da televisão, e é ele quem prende a atenção do espectador e colabora para o processo interpretativo. Para causar o efeito desejado o movimento pode ser inserido em uma cena de três formas distintas: através do movimento da câmera, do movimento da lente objetiva ou do movimento da própria personagem.

86

4.3.1. Movimento da Câmera

O movimento de câmera é utilizado com o intuito de ambientar telespectador ao lugar e à atmosfera em que a personagem está inserida ou para acompanhar a movimentação de uma personagem. Nesse movimento ocorre um deslocamento da câmara enquanto o ângulo entre o eixo óptico e a trajetória de deslocamento mantém-se constantes.

Esse movimento da câmera pode ser dividido em quatro categorias. Primeiramente o Travelling que consiste em um deslocamento da câmera da esquerda para a direita, ou vice- versa,conhecido como traveling lateral e com função apenas descritiva ou em um deslocamento para cima e para baixo, ou vice-versa, nomeado como travelling vertical com o principal objetivo de acompanhar uma personagem em movimento. Existe também travelling arco ou travelling em curva no qual ocorre um movimento circular da câmera em torno da personagem ou de um objeto de cena.

A outra categoria classificatória é a Panorâmica que consiste em uma rotação da câmera sobre o seu próprio eixo (vertical ou horizontal) sem deslocamento da câmera. O objetivo dessa técnica é acompanhar a personagem em sua movimentação, evitando que ela “escape da cena” ou ofertar ao telespectador uma visão mais ampla do ambiente em que a encenação está acontecendo.

Por sua vez o Dolly consiste em um deslocamento da câmera em relação ao objeto. Pode ser constituído pelo Dolly-In que ocorre quando existe uma aproximação da câmera em relação ao objeto com a função de detalhar ao espectador um acontecimento ou um objeto em cena, ou pode ser caracterizado pelo Dolly-Out que ocorre através do afastamento da câmera em relação ao objeto com a função de dar a ideia de distanciamento.

Por fim o Chicote que trata-se de um movimento panorâmico e muito rápido que mistura objetos, cenários e personagens excluindo um ponto de vista físico. Pode ser utilizado, por exemplo, para representar uma passagem de tempo ou de lugar.

4.3.2. Movimento da Objetiva

Os movimentos da objetiva são utilizados para promover um movimento óptico em relação ao objeto. Caso esse movimento seja de aproximação, saindo-se de um enquadramento mais amplo para outro mais fechado, ele é chamado de Zoom-In, caso esse

87 movimento seja de afastamento, saindo-se de um enquadramento mais fechado para outro mais aberto, ele é chamado de Zoom-Out.

4.3.3. Movimento da Personagem

São os movimentos realizados pela personagem diante de uma câmera estática ou em ritmo diferente em relação à personagem. Esse movimento pode ser horizontal, vertical, transversal ou obliquo.

4.4. Angulação da Câmera

A angulação da câmera é utilizada para identificar o ponto de vista que se deseja que o espectador assuma frente à personagem. A angulação pode ser utilizada de três formas: câmera normal (quando a câmera focaliza a linha do horizonte dando a ideia que espectador e personagem estão no mesmo nível), câmera alta (quando a câmera focaliza a personagem de cima para baixo, dando a entender de que o espectador encontra-se em um nível mais alto em relação à personagem) e a câmera baixa (quando a câmera focaliza a personagem de baixo para cima dando a ideia que o espectador encontra-se em um nível inferior em relação à personagem).

4.5. Edição

Nas modernas produções audiovisuais sempre faz-se uso de mecanismos de edição pós-filmagem com o objetivo de deixar o conteúdo mais realista, aumentar a qualidade das imagens apresentadas ou facilitar a transição entre as diversas cenas, contribuindo para uma melhor interpretação da mensagem. Dentre as principais estratégias utilizadas nesse contexto, destacam-se os Suítes, compostos pela captação de imagens através de duas ou mais câmeras que são sobrepostas no processo final de edição dando a ideia de sobreposição. Os tipos de suítes mais comuns são os cortes, a fusão, a sobreposição e chromakey.

88

CAPÍTULO III – ANÁLISE COMPARATIVA DA LINGUAGEM

No documento Download/Open (páginas 83-88)