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A metodologia adoptada 

No documento Filamentos metropolitanos (páginas 59-64)

Desde  a  segunda  metade  do  século  XX,  uma  das  linhas  para  a  abordagem  à  problemática  das  transformações  urbanas  e  territoriais  consiste  na  construção  de  um  vocabulário  conceptual  acompanhado  por  técnicas  cartográficas,  com  vista  a  interpretar  a  paisagem  contemporânea  e  as  diferentes  configurações  urbanas.  Esta  abordagem  gráfica  e  conceptual  está  relacionada  com  a  necessidade  de  filtragem  do  excesso  de  informação  que  é  característica  da  nossa  época,  contribuindo  para  clarificar  e  revelar  de  forma  sistemática  e  elementar  os  princípios‐chave  das  transformações territoriais contemporâneas (PINZON CORTES, 2009).  

26 |  FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa  Seguindo  esta  linha  de  abordagem,  a  metodologia  adoptada  revela,  assim,  uma  forte  componente  gráfica  e  o  recurso  a  técnicas  de  representação  variadas  com  vista  a  responder  à  necessidade  de  caracterização e de compreensão do objecto de estudo e do território metropolitano nos seus vários  estados de formação, assim como a clara explicitação da origem da sua configuração atual. Recorre‐ se  à  pesquisa  e  crítica  de  fontes  documentais  e  gráficas  variadas,  tal  como  à  observação  direta,  através de trabalho de campo realizado de forma contínua ao longo do período de desenvolvimento  da  investigação.  Com  esta  metodologia  pretende‐se  aliar  uma  abordagem  teórica  e  empírica  ao  espaço  urbano,  com  vista  a  uma  sólida  problematização  do  tema,  para  a  identificação  das  lógicas,  traduzidas  em  princípios  de  análise  e  posterior  intervenção,  passíveis  de  serem  aplicados  em  realidades semelhantes.  

Apesar da ocupação urbana linear ao longo de estradas e caminhos ser uma característica conhecida  do  processo  de  crescimento  das  cidades,  a  emergência  de  formações  urbanísticas  associadas  à  concentração  periférica  de  atividades  económicas  (ligadas  aos  sectores  secundário,  terciário  e  quaternário), estruturada pela rede de mobilidade metropolitana, revela uma leitura de localização  territorial  de  escala  e  carácter  distintos.  A  sua  observação  no  terreno  permite  a  identificação  de  padrões morfológicos e relacionais, revelados tanto pela intensidade da sua existência ao longo da  rede, como pela sua presença visual e pela falta de integração com a envolvente no que respeita às  dimensões, acessos e escala. Por outro lado, a observação à distância, através de aerofotogrametria  ou  de  cartografia,  permite  a  sua  leitura  como  um  todo  e  a  identificação  de  padrões  e  lógicas  de  localização  relativamente  ao  suporte  biofísico  e  antrópico  (infraestruturas  e  tecidos  urbanos).  A  chave  para  a  aproximação  a  esta  problemática  baseia‐se,  então,  na  transição  entre  as  diferentes 

escalas de leitura24, conferindo uma nova hierarquia às partes constituintes do sistema e à rede que  as  suporta,  desmontando  as  suas  relações,  identificando  os  elementos  que  determinaram  a  sua  configuração e analisando de forma dinâmica a sua transformação.  

A interpretação morfológica, tanto a nível cartográfico como sensitivo, através do trabalho de campo  de  análise  e  reconhecimento  do  território  metropolitano,  revela  a  identificação  de  eixos  urbanos  dominantes,  onde  convergem  um  grande  número  formações  urbanísticas  especializadas.  A  compreensão  do  papel  destes  espaços  na  dinâmica  metropolitana  constitui‐se  como  um  aspecto  central  para  a  investigação,  apoiada  na  recolha  de  informação  documental  e  cartográfica,  mas  também através da forte componente empírica de análise e observação direta. 

O  processo  de  investigação  estrutura‐se  na  construção  de  um  arquivo  operativo  de  imagens,  documental e cartográfico, decorrente do cruzamento da observação direta, da análise documental,  da análise de dados estatísticos/gráficos/cartográficos, da análise dos instrumentos de planeamento  existentes  e  no  recurso  a  programas  informáticos,  enquanto  ferramenta  complementar  de  análise,  cruzamento  e  representação  dos  dados  recolhidos.  Desta  forma,  o  recurso  a  técnicas  gráficas  atua 

      

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 As escalas de leitura da realidade em estudo situaram‐se entre a escala nacional (e integrada na rede Europeia), a escala  metropolitana, a escala local e a escala real de contacto direto, através do trabalho de campo. 

FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa  | 27  enquanto  de  mediador  entre  a  realidade  e  a  sua  representação/interpretação  (SOLÁ‐MORALES,  2001). 

O  trabalho  de  campo  realizou‐se  a  partir  de  um  conjunto  de  trajetos  pré‐definidos25,  com  vista  ao  contacto direto e leitura dos processos de transformação estudados. Os percursos exploram as áreas  de  concentração  de  atividades  económicas,  assim  como  a  rede  de  mobilidade  metropolitana,  recorrendo  aos  diversos  meios  de  transporte  disponíveis  (automóvel  privado,  comboio  e  barco),  e  foram  definidos  ao  longo  de  vias  de  mobilidade  integradas  na  rede  local,  regional  e  nacional,  que  estruturam  o  território  metropolitano,  complementados  por  um  levantamento  pontual  das  formações urbanísticas identificadas através da visita detalhada e recolha de informação sensorial. A  sua documentação consiste num conjunto de imagens fotográficas, gráficos, diagramas e anotações,  que constituem um arquivo gráfico que se apresenta sintetizado e compilado no Volume II, em fichas 

de  trabalho  de  campo26,  que  permitem  a  sistematização  e  comparação  da  informação  recolhida,  funcionando como o complemento visual ao texto apresentado neste volume.  

Como  técnica  de  aproximação  à  realidade,  experimentaram‐se  diversas  representações  gráficas  e  cartográficas,  divididas  em  três  tipos,  de  acordo  com  os  diferentes  momentos  da  investigação: 

descritivas,  exploratórias  e  dialécticas  (BEELEN,  2010).  Num  primeiro  momento,  destinaram‐se  a 

registar  o  levantamento  da  realidade,  descrevendo‐a,  desmontando‐a  e  lançando  as  bases  para  o  trabalho exploratório seguinte, em que são experimentadas leituras e interpretações. A comunicação  e demonstração do trabalho realizado apoiou‐se, igualmente, em elementos gráficos que permitiram  revelar o processo da investigação. A observação in‐situ constitui na base da produção da cartografia  específica e dos diagramas de análise, com o processamento e cruzamento de dados recolhidos na  observação  direta  com  informação  geográfica,  estatística,  documental  e  cartográfica,  recolhida  em  fontes oficiais, trabalhada a três escalas de referência diferentes (1:25 000, 1:10 000 e 1:2 000).   A  abordagem  adoptada  é  suportada  por  uma  metodologia  de  análise  baseada  na  contextualização  abrangente e na comparação temporal e espacial. Em termos gerais, esta análise divide‐se em:  a) Leitura conjunta e diacrónica, com a qual se identificam as lógicas e padrões metropolitanos, com  recurso a períodos temporais de limites elásticos27; 

      

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  A  técnica  de  leitura  e  interpretação  da  realidade  através  do  contacto  direto  com  o  território  surge  no  seguimento  de  diversos autores, que recorreram a percursos exploratórios e à sua representação gráfica, como são exemplo os percursos  urbanos  pedonais  da  deriva  dos  Situacionistas,  nos  anos  1960  (CARERI,  Francesco‐  Walkscapes.  Walking  as  an  Aesthetic 

Practice:  Land&Scape.  Barcelona:  Editorial  Gustavo  Gili,  2005.  ISBN  9788425218415.),  os  itinerários  temáticos  e 

interpretativos da região Milanesa (LANZANI, A.; GRANATA, E. (coord.)‐ Esperienze e paesaggi dell'abitare. Itinerari nella 

regione urbana milanese. Milan: Abitare Segesta, 2006. ISBN 8886116888.), os quatro percursos cognitivos da grande Paris 

(SECCHI,  B.;  VIGANÒ,  P.‐  La  Ville  poreuse  :  Un  projet  pour  le  grand  Paris  et  la  métropole  de  l'après‐Kyoto.  Genéve:  Mérispresses, 2011. ISBN 9782940406562.) ou por trajetos no território metropolitano de Lisboa (MORGADO‐. , SANTOS‐. ),  entre outros. 

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 Ver Volume II. 

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  Por  limites  elásticos  entende‐se  a  definição  de  períodos  temporais  que  constroem  intervalos  de  tempo  marcados  por  acontecimentos  que  balizam  períodos  coerentes,  em  relação  ao  tema  em  estudo  e  ajustáveis  ao  aspecto  específico  em  foco. 

28 |  FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa  b) Leitura fragmentada e sincrónica, em que se interpretam as consequências de ações pontuais na  configuração  da  ocupação  metropolitana,  de  forma  a  relacionar  a  génese  dos  filamentos 

metropolitanos  com  o  contexto  do  momento  em  que  se  formaram  e  nos  diferentes  períodos  de 

transformação relevantes; 

c) Leitura global das relações e das lógicas que se estabelecem entre os filamentos metropolitanos e  os elementos que determinam a sua estrutura, através da decomposição dos diferentes elementos  urbanos e da sua sobreposição ao longo do tempo. 

Como  consequência  da  definição  do  objecto  de  estudo,  a  análise  recorre  tanto  à  aproximação  empírica  através  de  trabalho  de  campo,  como  a  bibliografia  e  a  fontes  de  registos  cartográficos,  documentais e estatísticos. De forma a sistematizar a leitura do objecto de estudo e ao contexto que  acompanhou a sua transformação, a leitura temporal é apresentada através de intervalos de tempo,  divididos  pelas  últimas  cinco  décadas,  com  uma  grande  flexibilidade  conceptual  dos  limites,  de  acordo com o enquadramento temático tratado. 

 

A  delimitação  dos  intervalos  de  tempo  correspondentes  aos  períodos  de  estudo  tem  por  base  a  conjugação  entre  acontecimentos  relevantes  que  os  marcaram  do  ponto  de  vista  histórico,  social,  económico e cultural, tanto no contexto nacional como internacional, e alterações relevantes a nível  territorial,  de  políticas  públicas  e  de  planeamento.  Desta  forma,  são  caracterizados  os  diferentes  momentos  de  formação  e  crescimento  de  Lisboa,  relacionando‐os  com  as  ações  territoriais  de 

ancoragem,  aderência,  preenchimento,  remoção  e  nova  ancoragem  ao  território  metropolitano  de 

Lisboa, que moldaram os filamentos metropolitanos.  

Para  além  deste  aspecto,  a  abordagem  morfogenética,  por  ser  apoiada  em  documentos  oficiais,  encontra‐se condicionada à informação oficial existente e disponível para este período específico de  tempo.  O  seu  acesso  para  a  produção  de  análises  e  desenhos  temáticos  específicos,  constitui‐se  como  um  factor  determinante  para  a  delimitação  dos  períodos  de  análise.  Assim,  e  porque  a  necessidade de representação do território através de cartografia oficial corresponde, igualmente, a  momentos  relevantes  em  termos  de  mudanças  ou  nos  quais  surge  a  necessidade  de  conhecer  a  realidade  para  nela  intervir  (a  nível  de  produção  de  planos,  urbanização  ou  infraestruturação),  a  estas  datas  de  produção  da  cartografia  oficial  correspondem  momentos‐chave,  que  abrem  pistas  para o entendimento da evolução territorial do contexto em estudo.  

Para  além  da  dificuldade  de  fragmentação  e  de  separação  do  processo  de  transformação  em  períodos  estanques,  acresce  o  facto  de  a  literatura  existente  sobre  o  tema28  estabelecer        

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  Variados  autores  apresentam  uma  leitura  do  território  metropolitano  de  Lisboa,  em  função  das  temáticas  em  análise,  como são exemplo os seguintes: 

Os períodos [1945, 1970], [1970, 1990], [1990, 2000] apresentados por GEORGE, P.; MORGADO, S.‐ Área Metropolitana de  Lisboa 1970‐2001. De la monopolaridad a la matricialidad emergente.  In  FONT, A.‐ L'explosió de la ciutat : morfologies,  mirades  i  mocions  sobre  les  transformacions  territorials  recents  en  les  regions  urbanes  de  l'Europa  Meridional.  Madrid:  Ministerio de Vivienda, 2007. ISBN 8496387259. p. 62‐85.  

FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa  | 29  periodizações que expressam parâmetros e lógicas diferentes de divisão temporal, de acordo com o  aspecto em análise. Por se tratar de um tema que envolve questões de natureza variada – urbana,  económica,  política,  social  e  cultural  –  optou‐se  por  uma  periodização  de  limites  elásticos,  que  constroem intervalos de tempo marcados por acontecimentos que balizam períodos coerentes, em  relação  ao  tema  a  abordar.  Desta  forma,  uma  vez  que  a  metodologia  alia  uma  aproximação  cartográfica  ao  cruzamento  de  informação  de  variadas  fontes,  são  considerados  os  seguintes  intervalos: 

1. Até 1974 – Ação de ancoragem 

Como  recurso  cartográfico  principal  usam‐se  as  cartas  militares  da  série  M888,  folhas  374  a  466  (escala 1:25 000), com as datas de 1961 a 1973, e cartas militares da série M782, folhas 30III a 39IV  (escala 1:50 000), com as datas de 1964 a 1975.  

Este é um período marcado pelo regime político do Estado Novo e pontuado pelo decurso de duas  guerras,  que  vieram  contribuir  para  grandes  alterações  demográficas  e  económicas,  marcando  as  primeiras etapas da formação do território metropolitano e a constituição do tecido industrializado  periférico, que se estabeleceu como a ancoragem das atividades económicas.  2. De 1975 a 1994 – Ação de aderência  Recorrendo às cartas militares da série M888, folhas 374 a 466 (escala 1:25 000), com as  datas de  1971 a 1994, e cartas militares da série M782, folhas 30III a 39IV (escala 1:50 000), com as datas de  1988 a 1996. 

Este  é  um  período  de  grandes  mudanças  a  nível  político  e  económico,  marcado  sequencialmente  pela  revolução,  estabilização  democrática  e  a  entrada  na  UE,  seguidas  por  um  período  de  normalização  política  e  de  abertura  do  mercado.  Estas  transformações  marcaram  os  rápidos  ciclos  económicos e demográficos que estiveram na base da dispersão urbana e do crescimento acentuado  das atividades terciárias e da sua consequente dispersão periférica pelo território metropolitano de  Lisboa,  através  de  ações  de  aderência,  suportada  pela  construção  da  rede  rodoviária  de  alta  velocidade. 

3. De 1995 a 2011 – três ações simultâneas de preenchimento, remoção e nova ancoragem 

       Os  períodos  [1860,  1940],  [1940,  1965],  [1965,  1992],  [1992,  2001]  apresentados  por  MORGADO,  S.‐  Protagonismo  de  la  ausencia:  interpretácion  urbanística  de  la  formación  metropolitana  de  Lisboa  desde  lo  desocupado.  Barcelona:  Escuela  Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona, Universidad Politecnica de Catalunya,  2005. Tese de Doutoramento.  Os períodos [1856, 1891], [1891, 1944], [1944, 1966], [1966, 1995], [1995, 2007] apresentados por SANTOS, J.R.‐ Espaços  de mediação infraestrutural: Interpretação e projeto na produção do urbano no território metropolitano de Lisboa. Lisboa:  Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa,  2012. Tese de Doutoramento.  Os períodos [1960, 1973], [1974, 1985], [1986, 1995] apresentados por BARRETO, A. (org.)‐ A situação social em Portugal,  1960‐1995. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 1996. ISBN 9726710643‐X.  Os períodos [1960, 1969], [1970, 1989], [1990, 2009] apresentados por PINHO, P. (coord.), [et al.]‐ SUPERCITIES: Sustainable  Land Use Policies for Resilient Cities. FEUP, FAUTL, 2010.  

Os  períodos  […,  1985],  [1985,  1995],  [1995,  2000]  apresentados  por  DGTT  /  DELEGAÇÃO  DE  TRANSPORTES  DE  LISBOA‐  Mobilidade e Transportes na AML – 2000. Lisboa: Direcção‐Geral dos Transportes Terrestres/Delegação de Transportes de  Lisboa, 2000.  

Os  períodos  [...,  1850],  [1850,  1945],  [1945,  1985],  [1985,  2001]  apresentados  por  SALGUEIRO,  T.B.‐  Lisboa.  Periferia  e  Centralidades. Oeiras: Celta, 2001. ISBN 9789727741090. 

30 |  FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa  Recorrendo às cartas militares da série M888, folhas 374 a 466 (escala 1:25 000), com as  datas de  2004 a 2010; cartas militares da série M782, folhas 30III a 39IV (escala 1:50 000), com as datas de  1994 a 2010 e fotografia aérea de 2005.  

Este é um período caracterizado por uma grande velocidade de transformações urbanas, económicas  e  sociais,  que  correspondem  às  três  ações  simultâneas  de  preenchimento,  de  remoção  e  de  nova 

ancoragem. O ciclo de crescimento / estabilidade / decrescimento económico Português foi marcado 

inicialmente  pela  estabilidade  económica  e  social  e  pela  aproximação  crescente  à  média  Europeia,  através  da  introdução  da  moeda  única  e  do  acesso  aos  fundos  comunitários,  culminando  num  período de crise económica e financeira que justificou o resgate financeiro por parte do Programa de 

Assistência  Financeira  UE/FMI/BCE,  assinado  em  2011,  encetando  um  ciclo  de  reestruturações 

profundas que representaram grandes transformações territoriais e de planeamento. 

Deste quadro resultou a consolidação da rede de mobilidade metropolitana, que permitiu a leitura  do  território  apoiada  na  facilidade  de  deslocação  e  no  transporte  individual,  com  a  emergência  de  eixos  territoriais  de  especialização  funcional,  acompanhados  pelo  crescimento  das  atividades  de  produção  de  conhecimento  e  de  consumo  e,  simultaneamente,  pelo  abandono  e  obsolescência  de  áreas industriais periféricas. 

 

A  leitura  das  transformações  espaciais  relacionadas  com  a  ocupação  das  atividades  económicas  no  território  metropolitano  de  Lisboa  permite  a  identificação  de  cinco  tipos  de  ações  territoriais,  correspondentes  ao  processo29  de  produção  e  transformação  espacial  e  de  configurações  urbanas  distintas.  Este  processo  aponta  para  uma  interpretação  sequencial,  com  um  ciclo  de  períodos  temporais,  de  investimento  e  sua  consequente  espacialidade,  encarando  os  espaços  urbanizados  como  não  estáticos,  mas  como  parte  de  um  todo  metropolitano  mais  abrangente.  Desta  forma,  parte‐se de uma aproximação contextual, enquadrando as condições políticas, económicas e sociais  que  contribuíram  para  as  transformações  urbanas  e  para  a  constituição  dos  filamentos 

metropolitanos,  com  vista  a  construir  uma  caracterização  e  leitura  dos  diferentes  processos  de 

produção  espacial,  os  seus  diferentes  resultados  e  indagar  acerca  de  novas  ações  para  a  melhoria  destes diferentes espaços. 

 

No documento Filamentos metropolitanos (páginas 59-64)