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O problema e os objectivos 

No documento Filamentos metropolitanos (páginas 57-59)

A  investigação  aborda  a  problemática  do  aparecimento  e  da  necessidade  da  integração  dos 

filamentos  metropolitanos  no  contexto  do  território  metropolitano  de  Lisboa.  Estas  formações 

urbanísticas caracterizam‐se pela segregação da sua envolvente urbana e biofísica, escolhendo a sua  localização  com  base  no  grau  de  conectividade  em  relação  à  rede  de  mobilidade  e  de  telecomunicações,  na  disponibilidade  de  terrenos  e  no  seu  valor  fundiário,  e  ainda  nas  sinergias  criadas  entre  as  diferentes  empresas  e  atividades  que  as  constituem.  Neste  sentido,  a  constituição  dos  filamentos  metropolitanos  veio  contribuir  para  a  fragmentação,  incoerência  e  para  a  consequente  falta  de  inteligibilidade  do  território  metropolitano.  A  investigação  centra‐se  na  clarificação  da  percepção  da  sua  configuração  urbana,  na  interpretação  dos  processos  de 

      

infraestrutural: Interpretação e projeto na produção do urbano no território metropolitano de Lisboa (SANTOS, 2012), entre 

outros. 

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  Planos  Diretores  Municipais  (PDM)  dos  municípios  que  constituem  o  território  em  estudo,  Planos  de  Urbanização  e  Planos  de  Pormenor  específicos  relativos  a  áreas  de  concentração  de  atividades  económicas,  onde  se  observam  transformações  territoriais  associadas  aos  processos  em  estudo  (como  por  exemplo  o  Plano  de  Urbanização  de  Almada  Nascente – Almada, Plano de Urbanização Plano Integrado da Área do Parque de Ciência e Tecnologia – Oeiras ou o Plano  de Pormenor do Espaço de Estabelecimento Terciário do Arneiro – Cascais, entre outros.).  21  O Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML) foi aprovado por Resolução  do Conselho de Ministro nº68/2002, de 8 de Abril. Em 2010 realizou‐se uma proposta de revisão que não foi aprovada, por  desajuste em relação à construção das grandes infraestruturas previstas. No entanto, os estudos desenvolvidos para a sua  fundamentação e o próprio plano oferecem análises e visões da área metropolitana que contribuíram para complementar a  informação disponível e ajudar à compreensão das dinâmicas territoriais recentes.  22

  Programa  Nacional  da  Política  de  Ordenamento  Do  Território  (PNPOT),  Lei  n.º58/2007,  de  4  de  Setembro.  A  30  de  Setembro de 2014 foi apresentada a sua Avaliação, que faz balanço da execução do Programa das Políticas do PNPOT entre  2007  e  2013,  avançando  com  um  conjunto  de  conclusões  e  recomendações  que  têm  como  objetivo  sustentar  as  novas  opções  de  política,  garantindo  as  condições  necessárias  a  uma  efetiva  implementação  do  PNPOT  no  próximo  ciclo  de  programação entre 2014‐2020. 

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  Associados  a  cada  um  dos  Quadros  Plurianuais  de  Financiamento  da  UE,  foram  desenvolvidos  Planos  Operacionais  Regionais,  que  revelam  as  estratégias  e  visões  territoriais  para  cada  momento,  que  conduziram  as  políticas  públicas.  No  âmbito  do  QREN,  foi  desenvolvida  a  estratégia  regional  Programa  Operacional  Regional  de  Lisboa  ‐  POR  Lisboa  (para  o  período entre 2007 e 2013) e com uma meta mais alargada no tempo, a estratégia Lisboa 2020 – Uma estratégia de Lisboa 

24 |  FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa  transformação das áreas especializadas no território metropolitano de Lisboa e na operacionalização  das lógicas subjacentes ao seu aparecimento e transformação. 

O  objectivo  principal  da  investigação  passa,  então,  pela  introdução  de  clareza  na  leitura  da  organização  do  território  e  na  aproximação  à  área  urbanizada,  através  do  estudo  e  interpretação  morfológica dos modelos e dos processos que originaram as formações urbanísticas especializadas,  oferecendo‐lhes  um  novo  significado,  encarando‐as  como  parte  integrante  do  desenvolvimento  urbano  e  como  potenciais  agentes  de  mudança  urbanística,  funcional  e  formal  em  áreas  de  consolidação  do  tecido  metropolitano  de  Lisboa.  Desta  forma,  a  sua  leitura  como  processo  distendido no tempo abre portas para a discussão acerca da relação entre os atores envolvidos, os  instrumentos e as escalas de planeamento, assim como a sua articulação e consequências formais no  território metropolitano.  

Os  objectivos  específicos  da  investigação  estão  associados  às  suas  três  partes  operacionais,  que  constituem o corpo metodológico do trabalho: 

a) Descrição e levantamento do espaço físico existente 

A descrição e o levantamento do espaço físico (com recurso a uma abordagem dinâmica em termos  temporais  e  de  escala)  contribuem  para  a  consolidação  da  informação  gráfica  e  documental  disponível  acerca  do  território  metropolitano  de  Lisboa,  que  constitui  a  base  de  análise  da  investigação.  Esta  atividade  permite,  igualmente,  desenvolver  diferentes  técnicas  cartográficas  experimentais  como  forma  de  aproximação  e  de  representação  da  realidade.  Desta  forma,  tanto  a  recolha  e  cruzamento  de  informação  de  períodos  passados  (com  recurso  a  cartografia,  fontes  documentais  e  bibliográficas  existentes),  como  o  levantamento  e  registo  das  novas  formações  urbanísticas  e  das  infraestruturas  viárias  com  que  se  relacionam,  permitem  dar  mais  um  passo  no  sentido da sistematização da informação e para a o aumento da legibilidade territorial e clarificação  dos  processos  de  formação,  consolidação  e  transformação  dos  filamentos  metropolitanos.  O  objectivo desta etapa centra‐se, então, na identificação do potencial de transformação da realidade  física existente a partir do estudo e caracterização dos filamentos metropolitanos e do contexto em  que se inserem.  

b) Análise e compreensão dos processos de transformação territorial 

A  análise  proposta  consiste  na  leitura  e  compreensão  da  emergência  das  novas  formações  urbanísticas  e  dos  processos  que  lhes  deram  origem.  Neste  sentido,  recorre‐se  à  identificação  e  contextualização  das  áreas  levantadas,  das  suas  transformações  e  das  lógicas  subjacentes  ao  crescimento e consolidação das últimas décadas do território metropolitano de Lisboa. Esta análise  tem  como  objectivo  a  construção  conceptual,  enquadramento  e  interpretação  tanto  do  espaço  resultante como dos processos de transformação territorial que lhe estão associados, identificando  as formas elementares, as lógicas subjacentes e os factores determinantes, através de uma leitura de  sobreposição de tempos, espaços e escalas.  

FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa  | 25  Com base na análise anterior, revelam‐se as relações que os diversos elementos estabelecem entre si  e com a configuração metropolitana global, constituindo‐se como um sistema formal com modelos e  regras  associadas.  O  objectivo  passa,  então,  pela  construção  de  um  conjunto  de  novas  ações  territoriais  com  vista  à  abordagem  a  um  projeto  territorial  de  integração  dos  filamentos 

metropolitanos no contexto metropolitano e nacional.   

As questões de investigação e a hipótese 

Do primeiro contacto com o problema identificado, foram colocadas as seguintes questões centrais  da investigação:  1. Como se caracterizam as áreas periféricas emergentes, associadas à concentração das atividades  económicas  (ligadas  ao  sector  secundário,  terciário  e  quaternário)  e  como  se  relacionam  com  os  restantes elementos urbanos? 

2.  Quais  os  processos,  as  lógicas  e  os  factores  que  determinaram  o  crescimento,  consolidação  e  transformação destas emergentes áreas urbanas especializadas? 

3.  Quais  as  medidas  para  a  integração  destas  áreas  urbanas  no  tecido  metropolitano,  de  forma  a  reduzir  as  fracturas  e  descontinuidades  territoriais  e  melhorar  a  qualidade  de  vida  dos  seus  habitantes e utilizadores? 

 

Partindo destas questões de fundo, foi delineada a hipótese que conduziu a investigação: 

As  formações  urbanísticas  emergentes  no  território  metropolitano  de  Lisboa  obedecem  a  lógicas  morfológicas  e  de  localização  comuns,  passíveis  de  uma  leitura  dinâmica  conjunta.  A  sua 

descodificação irá contribuir para uma melhor legibilidade da configuração e estrutura urbana, assim  como  irá  contribuir  para  a  concepção  de  um  conjunto  de  novas  ações  de  transformação  espacial,  com vista à integração destes espaços e da rede infraestrutural que as suporta na sua envolvente e  reduzir as descontinuidades criadas. 

 

No documento Filamentos metropolitanos (páginas 57-59)