A investigação aborda a problemática do aparecimento e da necessidade da integração dos
filamentos metropolitanos no contexto do território metropolitano de Lisboa. Estas formações
urbanísticas caracterizam‐se pela segregação da sua envolvente urbana e biofísica, escolhendo a sua localização com base no grau de conectividade em relação à rede de mobilidade e de telecomunicações, na disponibilidade de terrenos e no seu valor fundiário, e ainda nas sinergias criadas entre as diferentes empresas e atividades que as constituem. Neste sentido, a constituição dos filamentos metropolitanos veio contribuir para a fragmentação, incoerência e para a consequente falta de inteligibilidade do território metropolitano. A investigação centra‐se na clarificação da percepção da sua configuração urbana, na interpretação dos processos de
infraestrutural: Interpretação e projeto na produção do urbano no território metropolitano de Lisboa (SANTOS, 2012), entre
outros.
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Planos Diretores Municipais (PDM) dos municípios que constituem o território em estudo, Planos de Urbanização e Planos de Pormenor específicos relativos a áreas de concentração de atividades económicas, onde se observam transformações territoriais associadas aos processos em estudo (como por exemplo o Plano de Urbanização de Almada Nascente – Almada, Plano de Urbanização Plano Integrado da Área do Parque de Ciência e Tecnologia – Oeiras ou o Plano de Pormenor do Espaço de Estabelecimento Terciário do Arneiro – Cascais, entre outros.). 21 O Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML) foi aprovado por Resolução do Conselho de Ministro nº68/2002, de 8 de Abril. Em 2010 realizou‐se uma proposta de revisão que não foi aprovada, por desajuste em relação à construção das grandes infraestruturas previstas. No entanto, os estudos desenvolvidos para a sua fundamentação e o próprio plano oferecem análises e visões da área metropolitana que contribuíram para complementar a informação disponível e ajudar à compreensão das dinâmicas territoriais recentes. 22
Programa Nacional da Política de Ordenamento Do Território (PNPOT), Lei n.º58/2007, de 4 de Setembro. A 30 de Setembro de 2014 foi apresentada a sua Avaliação, que faz balanço da execução do Programa das Políticas do PNPOT entre 2007 e 2013, avançando com um conjunto de conclusões e recomendações que têm como objetivo sustentar as novas opções de política, garantindo as condições necessárias a uma efetiva implementação do PNPOT no próximo ciclo de programação entre 2014‐2020.
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Associados a cada um dos Quadros Plurianuais de Financiamento da UE, foram desenvolvidos Planos Operacionais Regionais, que revelam as estratégias e visões territoriais para cada momento, que conduziram as políticas públicas. No âmbito do QREN, foi desenvolvida a estratégia regional Programa Operacional Regional de Lisboa ‐ POR Lisboa (para o período entre 2007 e 2013) e com uma meta mais alargada no tempo, a estratégia Lisboa 2020 – Uma estratégia de Lisboa
24 | FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa transformação das áreas especializadas no território metropolitano de Lisboa e na operacionalização das lógicas subjacentes ao seu aparecimento e transformação.
O objectivo principal da investigação passa, então, pela introdução de clareza na leitura da organização do território e na aproximação à área urbanizada, através do estudo e interpretação morfológica dos modelos e dos processos que originaram as formações urbanísticas especializadas, oferecendo‐lhes um novo significado, encarando‐as como parte integrante do desenvolvimento urbano e como potenciais agentes de mudança urbanística, funcional e formal em áreas de consolidação do tecido metropolitano de Lisboa. Desta forma, a sua leitura como processo distendido no tempo abre portas para a discussão acerca da relação entre os atores envolvidos, os instrumentos e as escalas de planeamento, assim como a sua articulação e consequências formais no território metropolitano.
Os objectivos específicos da investigação estão associados às suas três partes operacionais, que constituem o corpo metodológico do trabalho:
a) Descrição e levantamento do espaço físico existente
A descrição e o levantamento do espaço físico (com recurso a uma abordagem dinâmica em termos temporais e de escala) contribuem para a consolidação da informação gráfica e documental disponível acerca do território metropolitano de Lisboa, que constitui a base de análise da investigação. Esta atividade permite, igualmente, desenvolver diferentes técnicas cartográficas experimentais como forma de aproximação e de representação da realidade. Desta forma, tanto a recolha e cruzamento de informação de períodos passados (com recurso a cartografia, fontes documentais e bibliográficas existentes), como o levantamento e registo das novas formações urbanísticas e das infraestruturas viárias com que se relacionam, permitem dar mais um passo no sentido da sistematização da informação e para a o aumento da legibilidade territorial e clarificação dos processos de formação, consolidação e transformação dos filamentos metropolitanos. O objectivo desta etapa centra‐se, então, na identificação do potencial de transformação da realidade física existente a partir do estudo e caracterização dos filamentos metropolitanos e do contexto em que se inserem.
b) Análise e compreensão dos processos de transformação territorial
A análise proposta consiste na leitura e compreensão da emergência das novas formações urbanísticas e dos processos que lhes deram origem. Neste sentido, recorre‐se à identificação e contextualização das áreas levantadas, das suas transformações e das lógicas subjacentes ao crescimento e consolidação das últimas décadas do território metropolitano de Lisboa. Esta análise tem como objectivo a construção conceptual, enquadramento e interpretação tanto do espaço resultante como dos processos de transformação territorial que lhe estão associados, identificando as formas elementares, as lógicas subjacentes e os factores determinantes, através de uma leitura de sobreposição de tempos, espaços e escalas.
FILAMENTOS METROPOLITANOS. A emergência de morfologias especializadas no território metropolitano de Lisboa | 25 Com base na análise anterior, revelam‐se as relações que os diversos elementos estabelecem entre si e com a configuração metropolitana global, constituindo‐se como um sistema formal com modelos e regras associadas. O objectivo passa, então, pela construção de um conjunto de novas ações territoriais com vista à abordagem a um projeto territorial de integração dos filamentos
metropolitanos no contexto metropolitano e nacional.
As questões de investigação e a hipótese
Do primeiro contacto com o problema identificado, foram colocadas as seguintes questões centrais da investigação: 1. Como se caracterizam as áreas periféricas emergentes, associadas à concentração das atividades económicas (ligadas ao sector secundário, terciário e quaternário) e como se relacionam com os restantes elementos urbanos?2. Quais os processos, as lógicas e os factores que determinaram o crescimento, consolidação e transformação destas emergentes áreas urbanas especializadas?
3. Quais as medidas para a integração destas áreas urbanas no tecido metropolitano, de forma a reduzir as fracturas e descontinuidades territoriais e melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e utilizadores?
Partindo destas questões de fundo, foi delineada a hipótese que conduziu a investigação:
As formações urbanísticas emergentes no território metropolitano de Lisboa obedecem a lógicas morfológicas e de localização comuns, passíveis de uma leitura dinâmica conjunta. A sua
descodificação irá contribuir para uma melhor legibilidade da configuração e estrutura urbana, assim como irá contribuir para a concepção de um conjunto de novas ações de transformação espacial, com vista à integração destes espaços e da rede infraestrutural que as suporta na sua envolvente e reduzir as descontinuidades criadas.