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2 A PRODUÇÃO JORNALÍSTICA

2.2 A notícia como principal ferramenta dos meios de comunicação

A informação está sendo valorizada cada vez mais. Ser um cidadão bem informado se tornou um diferencial. Uma necessidade essencial. Os maiores responsáveis em oferecer informação à população são os meios de comunicação. Com isso, o papel da imprensa na sociedade se torna um assunto de interesse de vários pesquisadores. Porém, a divulgação é feita por meio da notícia e quem a elabora são os profissionais de comunicação. De acordo com o autor Nilson Lage, pesquisador da área, “a notícia é um modo corrente de transmissão da experiência – isto é, a articulação simbólica que transporta a consciência do fato a quem não o presenciou” (LAGE, 2001, p. 49).

O jornalista tem como função mais básica relatar fatos. Acontecimentos. Contar histórias. Ele deve transmitir ao público informações reais. Apresentar um conteúdo preciso. Por meio da investigação, constrói a notícia com entrevistas. Com relatos. Com testemunhas que asseveram os dados registrados. Assim, surge uma notícia. A principal ferramenta usada pelo jornalismo para apresentar fatos ao público. Segundo o autor Juarez Bahia, notícia é

sinônimo de acontecimento. De verdade, certeza, dúvida, informação, comunicação e até mesmo mentira.

As técnicas de elaboração da notícia, juntamente com os critérios de seleção, passaram por diversas transformações. No entanto, não foram apenas elas que mudaram. Com o desenvolvimento, os meios de comunicação foram obrigados a acompanhá-las. Muitos veículos padronizam o processo de produção da notícia. Com certa praticidade, os manuais de instruções foram adotados nas redações. Porém, existem dois lados para isso. O positivo, que fortalece a opinião de facilitar a produção e padronizar o jornal, e o negativo, que de certa forma acaba engessando os profissionais. O costume com um determinado modelo, estilo adotado, pode gerar dificuldades quando novos desafios surgirem. Mas todo o contexto tem uma finalidade. Essas adaptações, tanto no padrão da informação quanto dos veículos, acarretaram na transformação da notícia em mercadoria. Atualmente os fatos são vendidos. Não necessariamente por dinheiro, mas por opinião.

A notícia é a base do jornalismo, seu objeto e seu fim. Através dos meios do jornalismo ou dos meios da comunicação direta ou indireta, a notícia adquire conteúdo e forma, expressão e movimento, significado e dinâmica para fixar ou perenizar um acontecimento, ou torná-lo acessível a qualquer pessoa (BAHIA,1990, p. 35).

Para o autor do livro “Discurso das Mídias”, Patrick Charaudeau, existem três pontos a serem analisados na construção da notícia. Segundo ele, os modos de recorte midiático do espaço cultural, como são identificadas as fontes e os princípios de seleção de fatos são cruciais para a produção de um bom conteúdo. Uma das fases mais importantes na construção da notícia é o processo de apuração das informações. Não se pode basear-se apenas nos critérios de seleção. Uma boa apuração é essencial para um material de qualidade.

Mesmo com novas tecnologias à mão, o repórter deve sair das quatro paredes de uma redação e ir atrás da informação. Bahia assevera, antes mesmo do surgimento da internet como ferramenta de trabalho dos profissionais, que a observação pessoal é o método mais eficaz na hora da percepção: “É o modo mais eficiente de cobrir um assunto porque identifica o repórter com a ação, seus efeitos, seus participantes e as reações que possam gerar de imediato” (BAHIA, 1990, p. 41).

As notícias que devem ou não ser veiculadas podem ser selecionadas por meio de critérios. A finalidade de selecionar os fatos vem da tentativa de fazer com que o telejornal seja atrativo, como já destacado anteriormente. A medida pode ser adotada como um fator facilitador para os jornalistas. Com isso, os profissionais têm menos dúvidas ao escolher as

pautas e dar ou não destaque para elas. A proximidade, atualidade, interesse pessoal, utilidade pública, relevância e importância são os critérios mais avaliados na hora de analisar um fato.

Entre as características mais relevantes para o público, ao acompanhar um noticiário, está a proximidade da informação. O telespectador se interessa, em sua maioria, pelos fatos que acontecem ao seu redor. Quanto mais presente na região do público a informação se aproximar, mais interessado ele vai ficar.

O conceito de proximidade não está relacionado apenas à localização geográfica. Também se refere às relações sociais e culturais. Esse é o motivo pelo qual o público tem interesse pelo noticiário internacional. Além de terem a atenção despertada por fatos próximos de suas regiões, as pessoas também se interessam pelos fatos mais recentes. Mais próximos no tempo. Mais atuais. Notícias frescas, novas, não precisam ser, necessariamente, inéditas. Nem tampouco inusitadas. Devem ser recentes. Fatos do passado também podem ser remetidos através de notícias novas. Isso chama-se ineditismo. A raridade de um acontecimento torna-se uma questão de destaque para o interesse.

O critério de conflito é outro ponto que gera audiência aos veículos de comunicação. A atenção é despertada por meio dele a partir do noticiário relacionado à violência. Pela aproximação do dia a dia do público. Muitos programas jornalísticos se detêm apenas nesse tipo de jornalismo. Porém, com isso surge o sensacionalismo. Um estilo que gera audiência, mas também repúdio.

O entretenimento também tem espaço garantido nos veículos de comunicação. A informação e a notícia não são sempre o foco dos telespectadores. Um estilo que vem sendo adotado pelos telejornais é o chamado Happy Ending3. Ele se baseia em mostrar a última reportagem do programa com um teor mais leve. Mais descontraído. Os telejornais da RBS TV, principalmente o Jornal do Almoço, que é o foco deste estudo, estão adotando a inovação. No entanto, essas mudanças se dão por meio do público. São eles que mandam nos formatos, por meio da opinião, como vamos abordar nos próximos capítulos.

Tomando como exemplo notícias relacionadas ao vestibular, falamos do interesse pessoal nas matérias. Por mais que a mídia deva se preocupar em dar importância a assuntos gerais, é necessário mostrar interesse e dar espaço para a divulgação de informações direcionadas a grupos menores. Assim, o telespectador que não assiste ao telejornal todos os dias acabará tendo interesse por meio dos fatos direcionados a ele.

3 Estilo que caracteriza-se pela forma mais manchetada de dar as informações. A tradução compreende um

Outros assuntos que também geram audiência e devem ter sempre espaço nos veículos de comunicação, principalmente os televisivos, são os destaques de utilidade pública. Por estarem interligadas ao cotidiano das pessoas, informações de meteorologia, trânsito, campanhas e ações públicas chamam a atenção do telespectador. Contudo, o critério para seleção de utilidade pública precisa se renovar. A criatividade para apresentar essas informações garantirá a audiência e consequentemente a televisão ligada.

Com tantos critérios avaliados já apresentados, existe uma infinidade deles destacados por estudiosos da área. Entretanto, há dois que não devem ser esquecidos. A relevância e a importância das notícias são cruciais nesta seleção. Fatos que muitas vezes passam pela sociedade despercebidos podem ter a fundamental importância em um edição. Todavia, deve ser levado em consideração o espaço e tempo de que o telejornal disponibiliza. De nada será válida a aplicação de critérios de noticiabilidade se o programa tiver pouco tempo de duração. Irão ao ar somente as pautas de maior relevância e de interesse geral. Neste caso, a importância dos fatos é essencial na hora de escolher entre duas ou três matérias.

De acordo com Bahia, são diversos os fatores que influenciam os fatos a virarem notícia. Os critérios foram criados apenas para mostrar ao público, como uma seleção jornalística é criteriosa em razão de apresentar sempre o que é mais importante e atrativo para ele. Na prática, no dia a dia das redações, estes critérios não são aplicados devidamente como abordados nos livros. As empresas jornalísticas se detêm principalmente no capitalismo. Na venda de seus produtos, neste acaso a notícia. Seguindo uma ideologia de jornalismo ideal, a audiência, juntamente com o consumo, se transformou em critério universal. Porém, não é o que acontece em todos os veículos de comunicação, como veremos adiante. A opinião do telespectador prevalece em alguns casos. É ela que realiza a seleção do que quer e não quer que entre em sua casa, seja pelo rádio, jornal impresso ou televisão.