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2 A PRODUÇÃO JORNALÍSTICA

2.3 Critérios na busca de fontes e na criatividade de edição

Os repórteres presenciam fatos fora do ambiente interno de trabalho cada vez menos. Estando presos nas redações, sem saírem para a rua, as entrevistas por telefone e e-mail são as melhores saídas quando o assunto é a agilidade na apuração. Porém, desta forma o resultado final pode ser comprometido, já que estar no local de um acontecimento favorece a sensibilidade do jornalista no momento de produzir o conteúdo.

As fontes, sejam elas buscadas com o auxílio da internet ou no local de um acontecimento, são essenciais para a notícia. São elas que dão credibilidade e asseveram os dados, fazendo com que o público se identifique com a situação ou se sinta próximo da notícia. As fontes, conforme Juarez Bahia, podem ser divididas em três tipos. As diretas, indiretas e complementares.

Segundo o autor, as diretas informam o que aconteceu. Relatam determinados fatos sobre o que viram, ouviram, ou de que participaram. As indiretas são as referências buscadas em documentos, pesquisas sobre o ocorrido. Até mesmo relatos parciais se enquadram neste tipo. E o terceiro modelo são as complementares, que dão esclarecimento e enriquecem as informações já obtidas com a finalidade de acrescentar à notícia.

Uma boa notícia, analisando os critérios divididos pelo autor, depende de boas fontes. Um depoimento confiável e real acrescenta credibilidade não apenas à produção, mas também ao veículo de comunicação que a divulgou e ao profissional que a redigiu. A percepção quanto à atenção que se deve ter ao elaborar uma notícia está diretamente relacionada com a qualidade das fontes. Analisar o fato, de todos os lados e versões, garante a eficiência e satisfação do público ao consumir a informação.

O repórter é responsável por apurar o histórico da fonte. Se é verdadeira ou não. O trabalho do profissional é investigar e levar ao seu público a contextualização do fato, sempre apresentando todos os vieses do acontecimento. O jornalista também tem a opção de ocultar a identidade da fonte. Todavia, os cuidados na hora de fazer isso devem ser criteriosos. Sem querer, o profissional pode estar assumindo a responsabilidade pelas declarações.

A instância de produção pode cumprir ou não as exigências de identificação (fontes e signatários), do mesmo modo que pode escolher os modos de identificação (nome próprio/ nome comum e diversas modalidades). Tais fatores influem na credibilidade, produzindo efeitos diversos: efeito de evidência quando a fonte não é citada, mas com o risco de prejudicar a instância da informação se o receptor quiser saber de onde vem a informação sem obter resposta; efeito de verdade e seriedade profissional se a fonte é identificada com precisão ou se é identificada com prudência sob o modo provisório, da espera de verificação; efeito de suspeita, se a identificação se faz de maneira vaga, anônima ou indireta (CHARAUDEAU, 2007, p. 149).

Outro fator que recebe destaque na construção da notícia é a edição. Ela é responsável por selecionar as informações e as partes mais importantes a serem apresentadas. A edição na televisão baseia-se no tempo disponível para cada matéria. Além de preocupar-se com o texto da reportagem, os repórteres devem se deter também às imagens que ilustrarão cada frase gravada.

O profissional de televisão, quando editar uma notícia, tem que prestar atenção na seleção certa das informações do texto off e também das imagens. O material deve ser muito bem analisado, antes de ser feito. Semelhante aos instrumentos usados pelo rádio na edição, a televisão necessita das chamadas ilhas de edição. Diferente dos meios de comunicação impressos em que essa seleção depende apenas do profissional, na mídia televisiva há mais dificuldade para a alteração, quando necessária, no material já pronto, já que o repórter, principalmente nos veículos das grandes cidades, possui um profissional exclusivo para o trabalho.

O ritmo da redação de um telejornal é mais intenso. Acreditamos que uma das explicações para isso é que o noticiário televisivo está associado ao fato da televisão estar organizada e apresentada no tempo, enquanto a edição do jornal está apenas organizada no espaço. Ou seja, o jornal pode apresentar um maior número de notícias que são oferecidas ao leitor como um espécie de menu (PEREIRA JUNIOR, 2003, p. 61).

O fato de a televisão permitir a transmissão de fatos em tempo real também é interessante nos conceitos de edição e seleção dos conteúdos. Quando uma notícia é dada ao vivo, o repórter também precisa se preparar com antecedência. O texto a ser falado exige coerência. Ser claro e objetivo. Além de conter todas as informações necessárias sobre o acontecimento. No entanto, é neste momento que acontece a edição. No momento da escolha, da produção do texto. Uma notícia dada em tempo real tem seus pontos negativos e positivos na hora de avaliar a agilidade apresentada. Por um lado a notícia ao vivo é mais rápida. Leva menos tempo de preparação, já que não exige edição técnica. Porém, o jornalista tem menos tempo para transmitir as informações apuradas. A seleção dos dados deve ser minuciosamente feita conforme o interesse do público.

Por mais que haja diferenças na edição das notícias de um meio de comunicação para o outro, a seleção de informações não se torna menos necessária para a apuração dos fatos, para a escolha das fontes e na edição do conteúdo final. De nada são válidas boas fontes se o material final estiver ruim. Se uma fala de entrevistado estiver no lugar errado. A mesma percepção aplica-se às reportagens com excelentes edições, quando a pauta não é relevante para o público alvo.

Contextualizados os conteúdos mais técnicos da produção jornalística de modo geral, com foco para a mídia televisiva, apresentada nesta pesquisa, o produto final deve ser oferecido ao público com qualidade, equilíbrio e harmonia. Vistos os pontos profissionais da seleção da notícia, perpassando pelas teorias usadas na escolha de pautas, critérios de

destaque, busca de fontes e importância da edição, vamos abordar, no próximo capítulo, o perfil do profissional de televisão, dando destaque para a interatividade que o veículo propõe ao telespectador. Referenciando a nova linguagem apresentada pelo telejornal Jornal do Almoço, as avaliações serão feitas com base no estilo e padrão usados pelo Grupo RBS TV.