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4 JORNAL DO ALMOÇO – RBS TV SANTA ROSA/RS

4.5 Síntese

Iniciamos a análise deste estudo com uma percepção recente, divulgada no fechamento deste trabalho de conclusão de curso. Desde as primeiras páginas, destacamos a interatividade, a aproximação com o público por meio de estratégias criadas pelo Jornal do Almoço, aqui analisado, como também pelos demais telejornais gaúchos citados no trabalho. Um dos telejornais que citamos está em processo de adaptação, de qualificação. Para provar, dar mais credibilidade às afirmações de que a nova linguagem influencia no processo de conquista ao telespectador, no dia 11 de novembro de 2014, às 17h50, no site www.redeglobo.globo.com foi publicada uma matéria informando que telejornais da RBS TV mudariam apresentadores. Conforme a notícia abaixo:

Os telejornais que receberiam essas novas adaptações seriam o Bom dia Rio Grande e o RBS Notícias, ambos com novidades na apresentação estadual. Porém, foi destacado por Daniela Ungaretti, jornalista do Grupo RBS, em entrevista realizada em setembro de 2014, que o retorno da bancada no jornal matinal Bom Dia Rio Grande foi uma exigência do público. Segundo ela, o telejornal voltou a ter uma bancada pois os telespectadores começaram a reclamar que era muita movimentação de um lado para o outro às 6h30 da manhã. Aquilo, na opinião do público, atrapalhava um pouco. Eles começaram a achar que o apresentador caminhar de um lado para o outro logo cedo, no início do dia, sem muito sentido, ficava meio confuso no telejornal.

Nesta entrevista, a profissional destacou outras mudanças futuras, as quais estão se confirmando com essa notícia da Globo. O fundamento principal da mudança da linguagem nos telejornais da RBS TV, mesmo com a bancada em alguns, é fazer com que o telespectador não sinta e não veja que os profissionais estão lendo uma notícia, e sim que estão conversando com ele. Essa é a grande tentativa que está sendo feita no Bom Dia Rio Grande, no Jornal do Almoço, no Teledomingo e também no RBS Notícias. O que tem sido buscado é mostrar mais naturalidade. Na verdade, a forma como é falada, como é apresentada uma notícia, não é a maneira como as pessoas falam normalmente. O segredo está em atender as necessidades e sugestões da comunidade.

Falar como o telespectador quer. Fazer o que ele quer ver, da forma que se sinta como parte da produção. Com a transferência da jornalista Carla Fachim para o RBS Notícias, a linguagem ficará mais interativa, descontraída, pois o perfil da apresentadora é esse. Com este exemplo, percebe-se o motivo pelo qual a emissora optou pela transformação. O telejornal já estava buscando novas alternativas, e essa foi uma das apostas, para aproximar a linguagem do jornalismo com a popular, usada pelo telespectador.

Agora voltando para a interatividade no Jornal do Almoço de Santa Rosa, onde nossa pesquisa se deteve, a apresentadora não mudou ao longo desses 22 anos da emissora na região, porém retirou-se a bancada como foco principal no estúdio, deixando apenas um apresentador. Com isso, as barreiras que existiam entre o emissor e o receptor foram esquecidas. Com mais liberdade corporal e, consequentemente, oral, Lisiane consegue conversar com o pessoal que está em casa, interagir por meio de perguntas, respostas, gestos, afirmações e exemplos que fazem como que o telespectador se identifique com o que está sendo mostrado.

Por meio do espaço dado ao público, na liberdade em sugerir pautas, criticar ou até mesmo participar da produção enviando material e servindo, em certos casos, como

personagens, o Jornal do Almoço conquistou a confiança da comunidade. Além do aumento na audiência, a credibilidade do telejornal aumentou. As classes B e C, atualmente o maior público do JA, não menosprezando as demais. Dando lugar para a voz do povo, cada vez mais, o objetivo da emissora é conquistar, aos poucos, a confiança e o gosto do telespectador das classes D e E. Através da pesquisa disponibilizada pelo Grupo RBS, onde aparecem os percentuais referentes à classe do espectador, percebe-se, claramente, o crescimento de audiência das classes D e E. Elas se mostram com 30%, enquanto a classe A, onde encontram- se os com maior poder aquisitivo, está diminuindo, apresentando-se com 5%. Dando lugar para o que a comunidade quer ver, o público se difere e consequentemente os que têm mais opções, como TV a cabo por exemplo, acabam assistindo a outros canais pagos e não aos abertos.

A nova linguagem, mais falada, aproxima o apresentador do público. Os apresentadores da notícia, os âncoras, perante o espaço dado para a opinião pública, por meio da participação, têm se colocado como heróis do povo. Essa figura retrata a defesa que o profissional apresenta perante os problemas sugeridos e a busca por solução, levando a informação a quem, de fato, interessa. Na maioria das vezes, o comunicador coloca-se não apenas na postura de apresentador jornalista, mas como um telespectador do próprio telejornal, denunciando os problemas da cidade e cobrando, com autonomia, respostas e soluções dos órgãos responsáveis.

O fato de estarmos no século XXI, onde a internet está presente em todos os lugares, tem sido outro fator primordial para a eficácia do relacionamento emissor-receptor. Essa realidade, através da percepção da importância de unir novas formas ao jornalismo, dá ainda mais credibilidade às maneiras buscadas pelo telejornalismo para se obter a preferência do público. Com o auxílio das redes sociais, da internet, como já apresentado anteriormente, juntamente com o humor, neste caso destacado por Taz, fortalecem-se os laços de aproximação que a televisão vem almejando desde o início do século XXI.

O conceito de proximidade não está relacionado apenas à localização geográfica. Também se refere às relações sociais e culturais. Esse é o motivo pelo qual o público tem interesse pelo noticiário. Além de terem a atenção despertada por fatos próximos de suas regiões, as pessoas também se interessam pelos fatos mais recentes. Mais próximos no tempo. Mais atuais. Notícias frescas, novas, não precisam ser, necessariamente, inéditas. Nem tampouco inusitadas. Devem ser recentes. Fatos do passado também podem ser remetidos através de notícias novas. Isso chama-se ineditismo. A raridade de um acontecimento torna-se uma questão de destaque para o interesse.

O receptor se tornou o personagem principal da notícia. Envolvendo a comunidade na produção do telejornal, o programa recebeu uma linguagem mais informal, como afirma Berlo, ressaltando a importância dessa preocupação: “se a mensagem não atingir o receptor, nada adiantou enviá-la. Um dos pontos de maior importância na teoria da comunicação é a preocupação com a pessoa que está na outra ponta da cadeia de comunicação: o receptor” (BERLO, 1999, p. 53). Fazendo uso dessas táticas, a televisão consegue alcançar um envolvimento maior com o telespectador. A relação da TV e do telespectador pode ser definida como uma parceria. Enquanto o telejornal denuncia um problema informando a comunidade e órgãos responsáveis, buscando uma solução, o público apresenta uma pauta com a finalidade de ser atendido.

Hoje em dia o profissional não dá simplesmente a notícia. Tem que fazer algo diferente. Tem que buscar um olhar diferenciado sobre todas as coisas. Se ele apresentar uma notícia da mesma forma que a internet, por exemplo, não vai fazer diferença para o telespectador. Com isso, finalizamos a análise destacando a importância de cada ação dentro do telejornalismo, desde a produção até a apresentação. O telespectador está de olho na novidade. Quanto mais próximo e atual o jornal estiver, mais credibilidade e gosto do público obterá. A interatividade está interligada à participação, ao espaço dado para a opinião pública.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Despertando o interesse da sociedade, a televisão tem o dom de transmitir, de uma forma mágica, notícias e entretenimento. Mesmo com o surgimento de novos programas de televisão, deu para perceber que o telejornalismo não perdeu sua essência e continua sendo uma das prioridades no dia a dia da sociedade.

Com base nas pesquisas realizadas no meio televisivo, diferenciando programas jornalísticos e comparando com os períodos do telejornalismo, pudemos concluir que, em diferentes proporções, a televisão preocupa-se em demonstrar interesse para com a sociedade. A proposta inicial visava entender, com o surgimento de novas formas de transmitir notícias e entretenimento, os novos métodos de aproximação com o público, especificamente no Jornal do Almoço da RBS TV da região de Santa Rosa.

Neste trabalho foi analisado o novo formato do Jornal do Almoço, porém os demais telejornais do Grupo RBS também receberam atenção. É impossível não mencioná-los quando o assunto é interatividade e linguagem. A análise pôde ser realizada presencialmente, durante três dias na emissora, acompanhando o trabalho da equipe de telejornalismo, além da discussão teórica, com base em vários autores. Desse modo, o resultado pode ser mostrado de forma direta e clara: a interatividade veio como forma de conquistar o telespectador. O objetivo nada mais é do que identificar o público com o telejornal e assim promover, cada vez mais, uma aproximação entre emissor e receptor.

Com este trabalho, percebemos que, comparando o Jornal do Almoço com bancada com o novo, com nova linguagem, a participação do telespectador aumentou. No entanto, antes de ser divulgada a informação, por meio das sugestões de pauta e materiais enviados pelo público, ela passa por avaliações internas. Critérios de seleção fazem com que o conteúdo seja transmitido com exatidão e segurança de informações verdadeiras.

É interessante deixar claro, como destacado na análise geral, que, de acordo com a coordenadora de telejornalismo da RBS TV Santa Rosa, o telejornal, com esse novo formato, fez com que novas classes sociais participassem mais do jornal e criassem um vínculo de ligação maior com a produção. Com mais interesse nas matérias, o público se vê na televisão. Fica próximo da notícia, que muitas vezes acontece na sua própria comunidade, no seu bairro.

Acreditamos que, com este trabalho de conclusão de curso, fica claro que o Jornal do Almoço da região de Santa Rosa adotou esse novo formato para conseguir mais credibilidade perante os telespectadores, além de ser mais notado por pessoas de classes mais baixas que

não têm o costume de assistir ao telejornal todos os dias. Assim, deixamos como marca desta pesquisa a ideia de que o telejornal está tendo interesse em aproximar-se do público cada vez mais. Mostrando os problemas da comunidade e cobrando dos órgãos responsáveis atitudes e providências quanto às questões levantadas pelo telespectador. É importante estar ciente que os telejornais não estão em busca da credibilidade, da aproximação com o telespectador por acaso. Além de divulgar o trabalho em diferentes espaços, eles buscam audiência.

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ENTREVISTAS REALIZADAS

MATTOS, Greice. Entrevista na RBS TV, Santa Rosa, 30 de setembro de 2014.

SACKIS, Lisiane. Entrevista na RBS TV, Santa Rosa, 30 de setembro de 2014.

SALLES, Jorge. Entrevista na RBS TV, Santa Rosa, 30 de setembro de 2014.

UNGARETTI, Daniela. Entrevista na Unijuí, Ijuí, 16 de setembro de 2014.

WAIER, Gelson. Entrevista na RBS TV, Santa Rosa, 30 de setembro de 2014.