• Nenhum resultado encontrado

A ORDEM CONSTITUCINAL DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Laís Freire Lemos63

RESUMO

O sistema penitenciário brasileiro está em crise. Tantas mortes e violência no interior das penitenciárias nos fazem repensar o papel do Estado e das políticas públicas como detentor do ius puniendi. O Estado que deveria ser o guardião dos direitos e garantias fundamentais dos que aprisiona, é o seu primeiro transgressor. Isso assusta, ao nos darmos conta que vivemos em um Estado Democrático de Direito, onde os direitos humanos devem ser preservados acima de qualquer ressalva. A DUDH estabelece que ninguém será submetido à tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante, mas o sistema prisional brasileiro é o retrato dessa infringência. Constantes são as rebeliões, que acabam por acarretar os horrendos massacres prisionais. Apenas no início de 2017 foram 126 mortes no interior dos presídios em decorrência da revolta dos presos. Isso nos leva a questionar a eficácia da pena privativa de liberdade, se ela surte ou não ou efeitos almejados, a implementação das políticas públicas e o dever do Estado que não conta com infraestrutura e aparatos a garantir o mínimo existencial ao indivíduo aprisionado.

63 Mestranda em Direitos Fundamentais pelo Programa de Pós-graduação

Srictu Sensu da Universidade de Itaúna. Graduada em Direito pela Universidade de Itaúna.

.,.,.,.,.,..,..,

Palavras-chave: Direitos humanos; normas constitucionais;

sistema carcerário; rebeliões; massacres.

ABSTRACT

The Brazilian penitentiary system is in crisis. So many deaths and violence inside penitentiaries make us rethink the role of the State and public policies. The state that should be the guardian of the rights and fundamental guarantees of those who imprison, is its first transgressor. This frightens us as we realize that we live in a Democratic State of Right, where human rights must be preserved above any qualification. The UDHR states that no one shall be subjected to torture, cruel, inhuman or degrading treatment, but the Brazilian prison system is the portrait of this breach. Constants are the rebellions, which end up leading to horrendous prison massacres. Only in early 2017 were 126 deaths inside the prisons caused by the prisoners' revolt. This leads us to question the effectiveness of the custodial sentence, whether or not it has effects or effects, the implementation of public policies and the duty of the State that does not have infrastructure and apparatus to guarantee the existential minimum to the imprisoned individual.

Keywords: Human rights; Constitutional norms; prison

system; Rebellions; Massacres

.,.,.,.,.,..,..,

1 INTRODUÇÃO

O sistema penitenciário brasileiro está numa situação crítica! Vivemos hoje o caos na segurança pública. A cada rebelião, maiores são o número de mortes e pânico causado à sociedade.

Vivemos sob a égide de um Estado Democrático de Direitos, onde o ius puniendi – direito de punir do Estado – encontra sua efetividade. Acompanhando essa efetividade, vem o dever do Estado de resguardar e assegurar a garantia dos direitos humanos - fundamentais – do indivíduo que se encontra sob sua tutela.

O Estado, por meio de seu Poder Legislativo cria e edita leis de natureza penal, proibindo ou impondo comportamentos aos indivíduos sob pena de sanção, e, por conseguinte, por meio do Poder Judiciário executa a lei em face de quem vier a infringir o disposto, impondo a medida cabível.

O modelo do Estado Democrático de Direito pretende conferir aos indivíduos seus direitos e garantias fundamentais, que foram conquistadas ao longo dos séculos, passando pelo Estado Liberal, onde se reconhecia as liberdades individuais e os direitos de primeira dimensão; Estado Social, onde se reconhece direitos econômicos, sociais e culturais, ditos como de segunda dimensão e o

.,.,.,.,.,..,..,

Estado Democrático de Direito, que tem como fundamento a solidariedade, fraternidade, integração, busca pela paz, meio ambiente equilibrado.

No Estado Democrático de Direito o indivíduo busca ter segurança e seus direitos preservados e assegurados. Porém, não é isso que ocorre quando o indivíduo é preso.

O ambiente carcerário é o mais inóspito possível. Não há condições de habitação digna. Os presos são submetidos a superlotação, ambientes úmidos e fétidos, má alimentação e condições de higiene precárias.

Não é ofertado ao preso condições de estudar, fazer algum curso profissionalizante para ter condições de exercer atividade lícita ao deixar o presídio, tampouco, em raros locais lhes são ofertados meios de exercício de algum ofício ou trabalho.

Sob este enfoque, buscaremos analisar a situação atual do sistema penitenciário brasileiro, as infringências causadas pelo Estado aos direitos fundamentais e a relação com as rebeliões e massacres nos presídios, que já vitimaram milhares de indivíduos e espalham o pânico e terror na sociedade.

O problema que permeia a pesquisa é buscar descobrir como o sistema penitenciário, a partir do momento que não tem a infraestrutura mínima necessária oferecida

.,.,.,.,.,..,..,

pelo Estado, possa garantir ao preso custodiado condições mínimas de dignidade e como isso faz eclodir as rebeliões e massacres no interior dos presídios.

O objetivo da pesquisa é mostrar a situação caótica do sistema penitenciário brasileiro que vai de desencontro aos direitos fundamentais da pessoa humana e descumpre de sobremaneira os preceitos do Estado Democrático de Direito, as leis, tratados e convenções que versam sobre o tema.

Tudo isso é justificado pelo alto número de mortes nas rebeliões e massacres, dando maior destaque à falta de políticas públicas e investimentos do Estado nos presídios, a fim de garantir a segurança dos apenados, bem como, a presença do crime organizado que, de dentro do sistema prisional comandam atentados e espalham o terror a população.

Feitos todos os apontamentos, baseia-se a pesquisa no método bibliográfico, onde no primeiro momento se faz os apontamentos acerca dos direitos humanos, constitucionalismo, políticas públicas, responsabilidade do Estado, e, por fim, um breve relato dos massacres prisionais ocorridos no Brasil.

.,.,.,.,.,..,..,