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DIREITOS HUMANOS E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

GARANTIA DOS DIREITOS SOCIAIS

2 DIREITOS HUMANOS E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

O conceito de direitos humanos teve grande relevância ao longo da história, tendo em vista que seus pressupostos e princípios têm como finalidade a observância e proteção da dignidade da pessoa humana de maneira universal, ou seja, abrangendo todos os seres humanos.

Além disso, é importante o estudo da história dos direitos humanos para melhor compreender sua evolução principalmente a partir dos filósofos do movimento iluminista. Nesse sentido escreve David Sánchez Rubio:

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Comumente e partir de um plano teórico os direitos humanos costumam ser associados e conhecidos pelos que, ao longo da história nos disseram e nossa dizem determinados pensadores ou filósofos. Autores como John Locke, Francisco Vitória, Rousseau, Hobbes, Kant, Norberto Bobbio, Ferrajoli, Habermas, são alguns das mentes lúcidas que falaram sobre direitos humanos. O problema consiste não nas iluminadoras reflexões que sobre direitos humanos nos aportam, mas sim em pensar que são eles, os filósofos ou especialistas, que os criam, esquecendo o detalhe de que os direitos humanos são produções sócio históricas geradas por atores sociais a quem e sobre quem se teoriza.96

Essa concepção de mundo é fonte do liberalismo político e econômico, que prevalece com as revoluções dos séculos XVIII e XIX.

Da mesma forma a ideia de Constituição ganhou força associada às concepções do iluminismo no século XVIII. Esse modo particular de perceber o mundo, levando em conta as relações humanas e buscando entender questões filosóficas fundamenta-se nos conceitos de indivíduo, que

96 SÁNCHEZ RUBIO, David. Encantos e desencantos dos direitos

humanos: de emancipações, libertações e dominações. Porto Alegre:

Livraria do Advogado, 2014, p. 124.

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resume diversas tradições filosóficas, sociais, políticas, correntes intelectuais e condutas religiosas.

Sobre a história desses direitos e contra a ideia de que não inatos e naturais à espécie humana, afirma Bobbio:

Do ponto de vista teórico, sempre defendi - e continuo a defender, fortalecido por novos argumentos- que os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, isto é, nascidos em certas circunstâncias, caracterizados por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual.97

Valendo-se dos fatos históricos para fundamentar seus argumentos, Bobbio prossegue:

[...] a liberdade religiosa é um efeito das guerras de religião; as liberdades civis, das lutas dos parlamentos contra os soberanos absolutos; a liberdade política e as liberdades sociais, do nascimento das lutas dos trabalhadores assalariados, dos camponeses com pouca ou nenhuma terra, dos pobres que exigem dos poderes públicos não só o reconhecimento da liberdade pessoa, das liberdades negativas, mas também a proteção do trabalho contra o desemprego, os primeiros rudimentos da instrução contra o

97 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro. Elsevier, 2004, p. 45.

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analfabetismo, depois a assistência a invalidez e a velhice [...].98

Ainda segundo Bobbio, o primeiro marco histórico dos direitos humanos, da forma como se concebe hoje, nasce na Idade Moderna, com a construção teórica do que viria a ser o Estado Liberal, advinda dos ideais iluministas, em oposição ao absolutismo monárquico. Enquanto o segundo momento histórico ocorre quando esses direitos são transferidos do plano teórico e se tornam o fundamento material do Estado de Direito.

Esse momento foi tão importante para a história da humanidade, por representar a ruptura como o Estado Absolutista, que é o marco do inicio da Era Contemporânea.

Então os documentos que representam essa virada histórica nos destinos da humanidade são a Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados Unidos e a Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão, advinda da Revolução Francesa.

Os revolucionários franceses elaboraram a Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão como resultado das discussões em torno das desigualdades sociais e

98 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro. Elsevier, 2004, p. 46.

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econômicas verificadas principalmente durante o regime absolutista francês.

A Declaração Universal é o primeiro passo verdadeiro da humanidade em direção à democracia mundial. No dizer de Bobbio, haverá paz estável, uma paz que não tenha guerra como alternativa, somente quando não existirem cidadãos deste ou daquele estado, mas sim do mundo.

Para Bobbio, vencemos uma etapa importante da história da humanidade. No entanto a tarefa que nos cabe agora é ainda maior. Não se trata tanto de fundamentar os direitos humanos, pois seu fundamento maior é a Declaração Universal, o que importa é assegurar sua efetividade.

De certo que os direitos fundamentais não surgiram ao mesmo tempo, mas sim surgiram de acordo com a necessidade de cada época e com este reconhecimento em sequência nos textos de direito constitucional deu origem à especificação em gerações.

Então como o surgimento de novas gerações não ocasionou a cessação das anteriores, alguns autores preferem o termo dimensão por não ter ocorrido uma sucessão desses direitos: atualmente todos eles coexistem.

Porém e para que possamos fazer uma análise dos direitos que legitimamente e por natureza lhe pertencem,

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enumeremos resumidamente as gerações de direitos humanos.

Os direitos fundamentais de primeira dimensão são conectados à busca da liberdade ao poder do Estado são os direitos civis e políticos. Representa os direitos individuais chamados de negativos, justamente pela oposição ante o Estado.

Os direitos humanos de primeira geração segundo Fábio Konder Comparato:

[...] representaram a emancipação histórica do indivíduo perante os grupos sociais aos quais ele sempre se submeteu: a família, o clã, o estamento, as organizações religiosas. Mas em contrapartida, a perda da proteção familiar estamental ou religiosa tornou o indivíduo muito mais vulnerável às vicissitudes da vida. A sociedade liberal ofereceu-lhe, em troca, a segurança da legalidade, com a garantia da igualdade de todos perante a lei. Esses direitos, visando a proteção das liberdades individuais ao impor limites ao Estado, recebem a denominação, por alguns autores de direitos humanos de primeira geração ou primeira dimensão.99

Por outro lado, os direitos fundamentais de segunda geração são aqueles ligados ao valor igualdade, são os direitos que conduzem a inclusão dos direitos econômicos,

99 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação histórica dos direitos

humanos. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 51.

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sociais e culturais. São os denominados direitos coletivos com caráter positivo, pois exigem atuações do Estado. Assim, dizem respeito aos direitos fundamentais de segunda geração a assistência social, saúde, educação, trabalho, lazer.

A terceira geração inclui os direitos fundamentais ligados ao valor fraternidade e solidariedade, são os relacionados ao desenvolvimento ou progresso, o direito à paz ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação.

A quarta geração é uma categoria nova de direitos introduzidos pela globalização política e compreende os direitos à democracia, informação e pluralismo. Isto implica uma série de discussões que envolvem todas as três gerações de direitos, e a constituição de uma nova ordem econômica, política, jurídica, e ética internacional.

Finalmente, os direitos humanos da quinta geração que são os que envolvem a cibernética e a informática. No entanto, os direitos que por essa geração são reconhecidos, quais sejam, a honra, a imagem, enfim, os “direitos virtuais” que ressaltam o princípio da dignidade da pessoa humana, bem como agrega todos os outros direitos fundamentais em torno da paz.

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