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Aparecida Dutra de Barros Quadros115

RESUMO

Os direitos humanos ocupam posição elevada no cenário jurídico. A atenção dispensada ao tema em vários quadrantes do mundo e as violações de toda natureza aos direitos do homem, notadamente após a segunda guerra mundial, são os paradoxos responsáveis por essa supra importância. Com a superação do jusnaturalismo e o fracasso do positivismo, depreende-se agora com o neoconstitucionalismo os efeitos irradiantes dos princípios de direitos fundamentais. Os direitos humanos são interdependentes e indivisíveis e englobam inúmeras facetas da existência humana. A compreensão dos limites do superprincípio da dignidade da pessoa humana e a conformação ao ideário de justiça, com a expansão dos direitos fundamentais localizados na Constituição é norte para a fundamentação dos direitos humanos enquanto direitos do homem que cabem ao homem enquanto homem. A dignidade da pessoa humana já foi contada, cantada e decantada em diversas lutas, sofrendo influencias filosóficas, religiosas e políticas. Os direitos fundamentais existem para a proteção e promoção da dignidade da pessoa humana. As normas constitucionais devem ser interpretadas à luz desse metaprincípio. O sistema

115 Mestranda do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Proteção dos Direitos Fundamentais da Universidade de Itaúna/MG.

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aberto de princípios busca alcançar a eficácia jurídica com força irradiante. O ser humano é dotado de dignidade, sendo- lhe garantido a autodeterminação e autonomia para desenvolver sua própria existência.

Palavras-chave: autonomia privada; dignidade da pessoa

humana; direitos humanos; liberdade existencial; princípios fundamentais.

ABSTRACT

Human rights occupy a high position in the legal arena. The attention paid to the theme in various quarters of the world and the violations of all kinds of human rights, especially after the Second World War, are the paradoxes responsible for this importance. With the overcoming of jusnaturalism and the failure of positivism, the neo-constitutionalism now derives from the radiating effects of the principles of fundamental rights. Human rights are interdependent and indivisible and encompass many facets of human existence. Understanding the limits of the superprinciple of the dignity of the human person and conforming to the ideals of justice, with the expansion of fundamental rights located in the Constitution, is the north for the foundation of human rights as the rights of man that fit man as a man. The dignity of the human person has already been told, sung and decanted in various struggles undergoing philosophical, religious and political influences. Fundamental rights exist for the protection and promotion of the dignity of the human person. Constitutional norms must be interpreted in the light of this meta-principle. The open system of principles seeks to achieve legal effectiveness with radiant force. The human being is endowed with dignity, being guaranteed the self- determination and autonomy to develop his own existence.

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Keywords: private autonomy; dignity of human person;

human rights; Existential freedom; fundamental principles.

1 INTRODUÇÃO

A importância que os direitos humanos possuem no cenário atual pode ser creditado a dois paradoxos, ou seja, a atenção dispensada ao tema por vários quadrantes do mundo e pelas graves violações de toda natureza aos direitos do homem, em especial após a segunda guerra mundial.

É de se observar que na maioria das vezes a atenção dispensada aos direitos humanos, em regra, é pela via jurídica e pós-violatória, forjando-nos a entender que os direitos do homem somente têm importância a partir do momento em que são violados, pelo que se volta então às práticas jurídicas para a busca da efetivação do direito violado, ao revés de ser concebido como processo de abertura e consolidação de espaços e lutas pela dignidade humana.(QUADROS; LEMOS, 2016, p. 73).

O certo é que após a 2ª Guerra Mundial o assunto se propagou nos ventos e nos tempos e trouxe até os dias atuais a preocupação com o ser humano, seja no aspecto das mazelas apontadas ao redor do mundo e por consequência o aniquilamento do ser humano na sua essência nuclear da dignidade humana, por meio de uma contínua e dolorosa

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multiplicação de violações aos direitos humanos, mas também pelo reconhecimento nos estatutos jurídicos da grandeza do ser visto em sua plenitude. (BOBBIO, 2004, p. 92-93).

Não há que se olvidar da importância dos ordenamentos jurídicos que reconhecem e protegem os direitos humanos, assim como a importância dos estados constitucionais de direito e dos sistemas de garantias estatais dos direitos fundamentais.

São também imprescindíveis as dimensões filosóficas jurídicas positivas e de eficácia estatal. Mas devemos ressaltar que não são essas as únicas e exclusivas, e muito menos suficientes, formas de exercício da autonomia e da dignidade da pessoa humana.

Com a superação do jusnaturalismo e o fracasso do positivismo, depreende-se agora do neoconstitucionalismo os efeitos irradiantes dos princípios, aceitos como valores suprapositivos.

Na era pós-positivista o que se tem é a interdisciplinariedade de valores, princípios e regras como nova hermenêutica e aplicação da teoria dos direitos fundamentais.

Compreender quais são os limites do superprincípio da dignidade da pessoa humana e a conformação ao ideário

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de justiça com a expansão dos direitos fundamentais localizados na Constituição é diretriz, é estrada para a fundamentação dos direitos humanos enquanto direitos do homem que cabem ao homem enquanto homem.

Toda regra jurídica traz em seu âmago princípios e esses, dotados de caráter polissêmico, irradiam seus efeitos por todo o ordenamento, assim é que o intérprete deverá examinar a lei à luz dos princípios de direitos fundamentais alicerçados pela supra-norma-regra da dignidade da pessoa humana.

Com o constitucionalismo do século XX passa-se a propagar a normatividade dos princípios fundamentais, aceitando-os como postulados básicos do ordenamento jurídico e possuidores de valor fundamental e centro axiológico de todo o sistema constitucional.

Assim é o norte que permeia esse trabalho, centrado nas relações sociais e na autonomia do indivíduo para suas escolhas e decisões, iluminado pela dignidade da pessoa humana e pelos direitos fundamentais e direitos humanos.

Com as considerações anteriores, passa-se à apresentação do problema metodológico que permeia o presente estudo, qual seja: precisar a natureza jurídica do termo dignidade da pessoa humana, ora entendida como direito fundamental, ora como norma-regra de valor absoluto

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e portanto mandado de otimização e/ou por tantas outras vezes como principio jurídico.

Com esse objetivo e visando a responder ao problema apresentado, a presente pesquisa se subdivide-se em cinco partes: a) o primeiro capítulo em que se busca compreender os direitos humanos, os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana em seus sentidos e dimensões; b) o segundo capítulo aborda os direitos humanos e o assentamento na legislação internacional e na legislação doméstica; c) o segundo capítulo faz uma incursão nos direitos fundamentais com o fim de desnudar seus valores, fins e limites; c) o terceiro capítulo apresenta a vinculação dos demais princípios fundamentais ao supraprincípio da dignidade da pessoa humana; d) o quarto capítulo pelo qual se procura demonstrar a dignidade da pessoa humana em seus fundamentos, condições e confrontações; e) o quinto capítulo terá como enredo os limites da autonomia privada sob imperativos constitucionais da dignidade da pessoa humana; e) Conclusão.

Nesse sentido, objetiva-se por intermédio do presente estudo discorrer sobre a conexão entre a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos e os direitos fundamentais, com o fim de se fixar o sentido e alcance da dignidade

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humana como o escopo de apontar soluções justas e equilibradas às vicissitudes da vida humana.

Desta forma, buscaremos desvelar a origem histórica dos direitos humanos e dos direitos fundamentais, como o fim de dissecar o princípio da dignidade da pessoa humana nas suas múltiplas dimensões e potencialidades.

A hipótese é que considerando a dignidade da pessoa humana, de igual forma, como supra-norma-regra e supra- norma-princípio, possa-se, destarte, lhe definir os conteúdos mínimos de modo a garantir-lhe efetividade na aplicação à problemática decorrente das relações pessoais e sociais.

Esse artigo é um estudo de caráter descritivo que pesquisa a importância dos princípios fundamentais no ordenamento jurídico à luz do metaprincípio da dignidade da pessoa humana e para tanto realizou-se um estudo bibliográfico interdisciplinar, fazendo-se uso de conceitos teóricos de diferentes disciplinas e com o agrupamento de doutrinas, legislação e de decisões jurisdicionais sobre o tema.

Nessa conformidade, o recurso da lógica dedutiva impõe-se como basilar, por meio de uma discussão ampla e teórica com o fim de validação da hipótese apresentada e espera-se neste ensaio, ainda que tímido, transnudar esse

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metaprincípio e/ou metarregra como pressuposto para decisões dos legisladores, dos juízes e dos governantes.

2 DIREITO HUMANOS DIREITOS

FUNDAMENTAIS – DIGNIDADE DA PESSOA