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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO)

No documento O CASO PARADIGMÁTICO DE CABO VERDE (páginas 131-134)

3.3. As principais linhas desta política externa:

3.3.7. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO)

fundamentais: a ajuda financeira, a ajuda alimentar e a ajuda técnica.

A ajuda financeira é levada a cabo por duas instituições financeiras: o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Ambas as instituições, estabelecem um conjunto de regras e condicionalismos na concessão das ajudas ao desenvolvimento, sendo uma delas, a boa governação. Falando no nosso caso de estudo, Cabo Verde têm tido referencias positivas junto destas instituições em matéria da boa governação e desenvolvimento, dando deste modo passos concretos e visíveis na inserção no sistema económico e internacional, na qual a FMI e o Banco Mundial são os principais protagonistas.

Em relação à ajuda alimentar, a ONU desempenhou um papel importante na viabilização do Estado Nação cabo-verdiana com a independência alcançada em 1975. Na altura duvidava-se muito de viabilidade de Cabo Verde em conseguir superar as dificuldades nomeadamente a falta de alimentos e o problema da seca. Neste período a política externa cabo-verdiana, assentava principalmente em capitar os recursos alimentícios, no que contou com o apoio da ONU.

A ajuda técnica levou a ONU a criar um número razoável de instituições especializadas, com fins diversos.

3.3.7. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO)

Analisando, a política externa cabo-verdiana no plano multilateral, não menos importante, é a relação de Cabo Verde e a NATO. Sendo a segurança, um factor estruturante para a paz e o desenvolvimento, por outro lado, levando em conta a caracterização de Cabo Verde em torno do seu regime político, vêm se levantando algumas especulações de uma eventual entrada de Cabo Verde nesta organização internacional ocidental de carácter securritária. Na nossa análise, Cabo Verde dificilmente optará por uma entrada na NATO, por uma questão estratégica. Isto porque, põe em causa a sua própria política externa pragmática e marcadamente desenvolvimentista, o principal problema vai se repercutir nas suas relações diplomáticas e cooperação com a China, uma potência revisionista, discordante do actual funcionamento do Sistema Internacional.

Isto tem uma certa lógica, uma vez que a NATO, é uma organização internacional de carácter securritária, criada no contexto da Guerra fria, liderado pelas potências ocidentais, particularmente pelos Estados Unidos de América. Embora, no período pôs Guerra Fria, a NATO tenha sido readaptado para fazer face à nova conjuntura internacional, não deixa de ser para muitos, uma organização ao serviço dos interesses dos Estados Unidos de América. Como afirma Carlos Santos Pereira: “ Valerá talvez a pena recordar que a NATO é uma coligação político-militar regional liderada pelos Estados Unidos – mas em rigor, uma emanação do dispositivo estratégico americano na área euro-atãntica, e que nada confere a aliança qualquer patronado, qualquer dimensão universal ou qualquer direito para além da área dos países signatários.”265 Por outro lado, a NATO tem sido alvo de muitas criticas de que ao serviço de Estados Unidos têm feito ingerências humanitárias, violação das soberanias nacionais e dos direitos humanos. O autor atrás citado argumenta que: “ A “ingerência humanitária tem-se revelado na prática selectiva e arbitrária. Bombardeia-se a Sérvia em nome dos direitos dos albaneses, mas dá-se a cobertura à limpeza da Krajina e assiste-se sem pestanejar ao genocídio do Ruanda. Bombardeia-se os iraquianos em prol da minoria curda, mas entregam-se aos mesmos curdos às mãos do aliado Turco (…) tudo em nome dos mesmos “preceitos morais.””266 Por isso, as elites políticas e intelectuais cabo-verdianas, certamente, serão prudentes em avaliar e implementar a política externa para com a NATO.

É de realçar que, em 2006, a NATO realizou um exercício militar em Cabo Verde, concretamente na Ilha de São Vicente, suscitando críticas vindas dos vários quadrantes da sociedade civil e política nacional, que acabou de uma certa forma por extrapolar para os debates além fronteiras. Uma das críticas mais suscitadas era de que o respectivo exercício tinha repercussões negativas no que tange ao impacte ambiental, à questão da poluição das águas, os resíduos que ficavam, etc. Afastando um pouco destas especulações, vindas sobretudo por parte da sociedade civil, para o Primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, não é descartável a hipótese de Cabo Verde se tornar membro da NATO, mas salientou que a prioridade do momento é uma aproximação de Cabo Verde, a aquela Organização Internacional.267 Deixa a entender claramente, que

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Carlos Santos Pereira, Os Novos Muros da Europa: a Expansão da NATO e as Oportunidades Perdidas do Pós-Guerra Fria, Lisboa, Cotovia, 2001, p. 21

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Idem, op. cit. pp. 21-22

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objectivo de Cabo Verde assenta na cooperação no domínio da Segurança e Defesa. Como podemos observar o actual Programa do Governo, propõe “negociar instrumentos internacionais de enquadramento da participação de Cabo Verde em mecanismos de Segurança colectiva e cooperação com sistemas de aliança pertinentes para a nossa defesa, designadamente com a OTAN, tendo em atenção a nossa efectividade condição de país atlântico, a utilidade e vantagens daí decorrentes.”268

Deste modo, afastando a hipótese da integração plena de Cabo Verde na NATO, uma cooperação estratégica com esta organização internacional, justifica-se, uma vez poderá ser uma alternativa viável no combate a imigração ilegal, e as outras formas de criminalidades organizadas, de que Cabo Verde é vulnerável. Não obstante reconhecendo alguns problemas que NATO enfrenta, continua a ser a única organização internacional de carácter militar e securritária mais consistente, quer no plano político, quer ao nível da sua estratégia estrutural e operacional.

De uma forma geral avaliando a política externa cabo-verdiana no plano multilateral, é de salientar um aspecto muito importante, no que concerne aos financiamentos internacionais que Cabo Verde tem usufruído ao longo dos anos, seja como forma de empréstimos, ou de ajudas, as instituições multilaterais continuam a financiar mais do que os parceiros bilaterais com destaque particular para a União Europeia.

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No documento O CASO PARADIGMÁTICO DE CABO VERDE (páginas 131-134)