• Nenhum resultado encontrado

Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa

No documento O CASO PARADIGMÁTICO DE CABO VERDE (páginas 127-129)

3.3. As principais linhas desta política externa:

3.3.5. Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa

verificaram a partir dos anos 90, com realce para questões políticas e económicas, foi e continua sendo uma forma de responder os desafios da conjuntura política e económica internacional, só assim pode dar avante a inserção de Cabo Verde na Economia Mundial.

Dissemos no capítulo 2, na caracterização económica de Cabo Verde, que o partido (1975- 1990), lançou as bases no processo da construção do Estado - Nação cabo-verdiana, e que na altura da transição política era o Estado mais bem governado dos PALOP. Contudo, é de salientar que a economia de planificação central, veio a mostrar-se insustentável, incapaz de gerar riquezas, constituindo um imperativo a reforma do modelo económico. Com as reformas efectuadas, deu-se um maior dinamismo e modernização da economia cabo-verdiana. Passou-se de uma economia de direcção central, para uma economia mista do tipo Keynesiano255, onde o sector privado desempenha um papel importante no processo do desenvolvimento económico e o Estado supervisiona, regula a livre a concorrência assim como tem em suas mãos algumas empresas importantes, em fim ao governo é reservada a tarefa primordial da gestão macroeconómica, a definição de políticas e a manutenção da paz social256.

3.3.5. Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa

Em relação à CPLP, uma organização internacional, pluricontinental e assente numa base cultural, a opção diplomática de Cabo Verde para com esta organização,” enquadra-se na estratégia global de desenvolvimento do país, no âmbito mais vasto do processo da sua internacionalização, aproveitando as sinergias resultantes não apenas da fortificação das relações económicas, políticas e culturais entre os oito, como a partir da inserção sub-regional e / ou regional de cada um dos países membros, tirar os proveitos

254

António Rebelo de Sousa, De um Novo Conceito de Desenvolvimento no Quadro da Economia Internacional, Lisboa, ISCSP, 2008, p. 30

255

KEYNES, John Maynard, The General Theory of Employment and Money, London, Machimillan, 1967. No capitulo 24 desta obra, o autor faz um debate acesa em torno do funcionamento do Mercado e mostra o quanto é importante o papel do Estado na regulação e coordenação do mercado, aborda um pouco a questão das políticas sócias, critica a economia neo- clássica, relação entre os regimes políticos e o mercado.

256

dai advenientes.”257 Não obstante, é necessário reconhecer que a CPLP, é uma organização internacional com fraca projecção internacional no contexto das mais diversas organizações internacionais. Enfrenta vários obstáculos internos, nomeadamente em matéria da paz, democracia e desenvolvimento,258 composto na sua maioria por países em vias de desenvolvimento com um passado colonial, as instabilidades políticas e governamentais (por exemplo os casos de Timor - leste259 e Guiné-Bissau) com efeito desastrosos em alguns deles, entre outros problemas estruturantes com que o mesmo lida.

No entanto, dois dos seus Estados membros já se encontram num patamar diferente, podendo dar à CPLP uma maior dinâmica no plano Internacional: Portugal, um país membro da União Europeia, membro da NATO; Brasil considerado neste momento uma potência emergente, fazendo parte do Mercosul.260

Cabo Verde através da CPLP, busca internacionalizar-se, mas também em contrapartida a CPLP pode redefinir a sua estratégia com uma aposta forte na sua internacionalização usando Cabo Verde como plataforma. Cabo Verde possui uma localização geoestratégica entre Europa, África e América, possui uma vasta comunidade emigrada pelos quatro continentes assumindo a característica de uma Nação global e transnacionalizada e a sua crescente afirmação internacional em resultado da sua estabilidade política e social. Tal como Brasil e Portugal, Cabo Verde também é importante na projecção internacional da CPLP.

Sendo a CPLP uma organização de carácter cultural e de cooperação, abrangem vários domínios de cooperação entre os Estados membros, que vai desde a segurança e defesa, Direitos, liberdades e garantias, económico-empresarial, promoção e difusão da língua portuguesa, educação. Cabo Verde tem participado activamente nas concertações político-diplomático no âmbito das políticas que vem sendo desenvolvidas por esta organização internacional, cite a título a exemplo, é o país que alberga o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, sedeada na cidade da Praia.

257

VARELA, Odair Bartolomeu, Suzano Ferreira Costa, «Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Comunidade “Lusófona” ou Fictícia?», in Tempo Exterior: Revista de Análise e Estudos Internacionais, nº 19, Julho/ Dezembro/ 2009, p. 7

258

Ver, Declaração sobre “ Cooperação, Desenvolvimento e Democracia na Era da Globalização”, na IIIª Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, 17 e 18 de Junho de 2000, p. 13

259

MAGALHÂES, António Barbedo de, Timor-leste na Encruzilhada da Transição Indonésia, Lisboa, Grádiva e Fundação Mário Soares, 1ª edição, 1999

260

3.3.6. O Sistema das Nações Unidas

O Sistema das Nações Unidas, também constitui uma prioridade estratégica na política externa cabo-verdiana. O governo de Cabo verde tem apostado fortemente na cooperação com o Sistema das Nações Unidas e tem correspondido os propósitos da Organização das Nações Unidas, no que tange a boa governação, respeito pelos direitos humanos, desenvolvimento do Capital Humano, protecção social, democracia, paz e desenvolvimento.

Ao contrário da União Europeia, que também é defensor dos mesmos princípios acima supracitados mas por ser uma organização de integração de carácter regional, a sua actuação fora do seu espaço comunitário é definida no âmbito da sua política externa transatlântica, a Organização das Nações Unidas é uma Organização Universal com mais variadíssimos fins a nível global. A nível da sua arquitectura institucional: Conselho de Segurança (o seu papel em assegurar a paz, prevenção, gestão e resolução dos conflitos), o Tribunal Internacional de Justiça, o Conselho Económico e Social, a Assembleia-geral (na qual faz parte praticamente todos os Estados soberanos). O Secretariado (que incube de levar a cabo os actos a nível administrativo); a nível de acção, também executa os seus fins universais através dos seus órgãos especializados: FAO UNICEF, PNUD, OMS, etc.

Cabo Verde não se enquadra no grupo dos países, que têm sido um verdadeiro problema difícil de equacionar por parte da Organização das Nações Unidas, se levarmos em conta um conjunto de países que tiveram e outros continuam a ter problemas internos complicados, no que concerne, à construção do Estado Nação e por conseguinte, à estabilidade do sistema político constitucional, à problemática do cumprimento dos direitos humanos, da corrupção, e nunca ter sido apontado como um factor de instabilidade regional.261

Em matéria dos direitos humanos em Cabo Verde, recentemente foi divulgada pela Embaixada de Estados Unidos na cidade da Praia um relatório anual sobre a

261

É de salientar, que muitos dos conflitos que assolaram as várias regiões o globo nos séculos XX e XXI, ainda constam casos difíceis de equacionar, não são apenas conflitos internos de um determinado Estado, muitos dos conflitos tiveram proporções maiores no sentido de que envolveram mais de que um Estado. As disputas pelos territórios fronteiriços, as disputas pelos recursos energéticos como o petróleo, as violações das soberanias nacionais de um Estado em relação ao Outro Estado. O problema de Cabo verde, que a memória chegou a Organização das Nações, foi no período colonial, no período de Luta de Libertação Nacional, nem se quer foi desenvolvido no território cabo-verdiano, mas sim no território guineense, onde a responsabilidade dos incidentes, foi claramente atribuído a Portugal.

No documento O CASO PARADIGMÁTICO DE CABO VERDE (páginas 127-129)