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A percepção do orientador educacional sobre a sua função na escola

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.8 A percepção do orientador educacional sobre a sua função na escola

O jovem, dentro da escola, tem a possibilidade de se confrontar com alguns aspectos da vida, como relacionamento inter-pessoal, hábito de estudo, orientação profissional, adaptação à escola, nível de informação que tem sobre o mundo à sua volta, o contexto sócio- político no qual está inserido, as possibilidades e as dificuldades emocionais e materiais para a tomada de decisões entre outros.

Para tanto, precisará de um facilitador para este processo. Este é desenvolvido como parte do programa de Orientação promovido pelo Serviço de Orientação Educacional (SOE), o qual tem o orientador educacional como responsável. O trabalho do Orientador Educacional, dentro de uma instituição de ensino, tem como ponto de partida a necessidade, cada vez mais premente, de facilitar a realização de diversos objetivos direcionados não só ao desenvolvimento dos alunos, como também a vida pessoal e familiar do mesmo bem como o desenvolvimento da própria instituição na qual trabalha.

Em virtude das várias mudanças sociais e culturais ocorridas na sociedade brasileira, a escola sentiu a necessidade de reformular suas funções e redefinir o seu papel, criando novos serviços e envolvendo um maior número de pessoas no processo educativo, bem como o nível de complexidade dessa instituição. De certa forma, a escola assumiu o compromisso com o desenvolvimento integral do educando, não só com a transmissão de conhecimento, mas, com outros e múltiplos aspectos, como o físico, intelectual, social, emocional, vocacional, moral, profissional, enfim, todos que estejam relacionados ao indivíduo e o seu desenvolvimento, enquanto esse permanecer nela.

Dessa forma, fica clara a necessidade do orientador educacional na escola, uma vez que é este o profissional que complementa o processo ensino-aprendizagem de uma forma sistemática e contínua, cuja atividade caracteriza-se por ser uma assistência profissional munida de métodos e técnicas pedagógicas e/ou psicológicas, direta ou indiretamente sobre os alunos, levando-os ao seu auto-conhecimento, a sua adaptação a seus ambientes socioculturais, a fim de que possam ter suporte para tomar decisões apropriadas em relação às perspectivas de seus desenvolvimentos pessoais e sociais (GIACAGLIA; PENTEADO,

2000).

O Decreto 72.846/73, que regulamenta a Lei nº 5.564/68 (apud Nérici, 1986), o exercício da função do orientador educacional no seu artigo 1º, estabelece o seguinte objetivo para o orientador educacional: “Assistir o educando, individualmente ou em grupo, no âmbito da personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua

formação e preparando-o para o exercício das opções básicas” (MORAIS, 1995). Este decreto destaca a orientação educacional, detalhando a caracterização da comunidade, da escola e da clientela, ao processo de sondagem de interesses aptidões e habilidades, à informação profissional, ao acompanhamento pós-escolar e à integração escola-família-comunidade.

Conhecendo suas atribuições legais e alertado sobre os princípios éticos que devem reger o seu comportamento profissional, no exercício de suas funções, o orientador educacional, conforme a época e as condições de trabalho, se depara com diversas tarefas contidas ou não no planejamento da escola e das características da comunidade local, bem como casos emergenciais. Para um desempenho satisfatório, ele deve ainda, ter conhecimento e manter contato com a família dos alunos, ter uma boa integração com a equipe técnica e docente e estar disponível aos alunos.

As entrevistadas para a elaboração deste estudo propõem atividades diferenciadas para seus alunos e apresentam ritmos diferentes de trabalho dentro da escola. Foi observado que esse processo se dá pelo fato da filosofia das escolas terem características próprias.

Observamos nos relatos das orientadoras educacionais que, embora a função do OE tenha mudado em alguns aspectos, a base de trabalho é a mesma e está focada no aluno em relação a sua auto-estima, sua família, fundamentada nos direitos da criança e do adolescente. Hoje percebemos uma preocupação grande por parte da escola em se proteger e proteger este aluno com respaldo da Lei.

A função do orientador educacional mudou um pouco com o passar dos anos. Sabemos que devemos estar diretamente ligados a aluno, trabalhar junto a família, viabilizar uma orientação profissional, trabalhar auto-estima entre outras atividades. Estamos sempre tendo que buscar novas informações. Hoje temos o respaldo do Estatuto da Criança e do Adolescente, observamos o que mudou é que devemos estar vivendo diretamente em cima do que a Lei prevê, senão vem a família e enquadra a escola. (OE 4)

Foi detectada uma preocupação das orientadoras educacionais em relação ao trabalho com o aluno com problemas de aprendizagem, com o relacionamento interpessoal, focando mais uma vez a auto-estima. As orientadoras acreditam que trabalhando os valores dos alunos facilitaria a relação dos mesmos.

A gente sempre tratou da questão do relacionamento, da vocação, problemas de aprendizagem, o respeito, as desavenças, particularidades, e agora o bullying. Você tem que estar ligado, só que agora é mais sistemático, pois requer uma atenção, porque o comportamento mudou diante do comportamento da sociedade, então hoje a gente faz um trabalho isolado sim, não que a gente não fizesse este trabalho no relacionamento interpessoal, mas eu acho que a gente aprofunda mais e essa informação é importante. A tolerância hoje é uma coisa

muito séria. Talvez antigamente a gente tivesse um pouco mais de tranqüilidade. Antes trabalhávamos complexos, hoje trabalhamos auto-estima. Não inferia tanto. Os valores mudaram e a escola deve mudar com eles. (OE 3)

Aspectos básicos relacionados ao perfil do OE em função do seu trabalho na escola são relembrados no que se refere a sua postura como um facilitador, seja no processo de aprendizagem ou nas relações interpessoais, como um bom ouvinte, paciente e sem função punitiva.

Eu vejo que o orientador educacional, em um primeiro momento, ao ser chamado, deve neutralizar em respeito à situação vivenciada seja pelos alunos, turma ou professor. Deve saber dialogar, não punir e trabalhar junto com a família. É o orientador educacional que vai facilitar o aprendizado do aluno, suas relações interpessoais, sua aspirações. (OE 2)

O orientador educacional mantém as mesmas funções de antigamente. Com o

bullying não muda nada. Não existe nada específico para trabalhar este ou aquele

caso de bullying. Tudo é um contexto. O nosso objetivo é fortalecer a criança frente aos seus problemas. Trabalhar a sua fragilidade. Trabalhamos o emocional, o hábito de estudo, o pedagógico, um leque de atividades, para que o aluno se sinta adaptado e feliz no seu meio escolar. (OE 1)

Algumas orientadoras educacionais procuravam dividir as tarefas na escola onde trabalhavam baseadas em suas funções, dividindo o trabalho com outros profissionais. Assim enquanto o OE trabalhava o aluno relacionado a problemas de aprendizagem em geral, o outro profissional trabalhava a indisciplina em sala de aula.

Aqui na escola, como eu disse o orientador não é disciplinador. Trabalhamos apenas quando o aluno é encaminhado pelo orientador disciplinador. O nosso foco está relacionado diretamente ao aprendizado do aluno, notas, reprovações, etc. Aqui nós dividimos as funções. (OE 7)

Há ainda as orientadoras educacionais que trabalhavam o preventivo como forma de sanar problemas na escola. Dessa forma acreditam que com o aparecimento de novos termos, assuntos ou mudanças referentes aos alunos, esta forma de trabalho facilita.

As nossas funções estão em fazer o projeto do SOE e trabalhar o preventivo. Não tivemos grandes mudanças com o aparecimento do bullying, pois a escola sempre trabalhou o respeito ao outro. (OE 8)

Nós estamos sempre nos adaptando com o tempo. Temos a necessidade de nos adequar com a necessidade, com o problema. Nós somos mediadores, temos como objetivo tornar o ambiente escolar agradável para o nosso aluno, adaptado. Mantemos as mesmas funções de antigamente, mas adaptadas para o nosso tempo, para a realidade do nosso aluno. (OE 9)

“A nossa realidade na escola não foca muito a questão da violência. Não temos nenhuma prática voltada exclusivamente para isso. Trabalhamos a auto-estima do aluno, problemas de aprendizagem, o vocacional e sempre junto à família.” (OE 10)

A violência escolar não é ainda uma das maiores preocupações observadas nos relatos de algumas orientadoras educacionais. O foco está ainda relacionado ao trabalho da auto-estima do aluno, problemas de aprendizagem e quase sempre voltado à participação da família.

3.8.1 Procedimentos exercidos pelo orientador educacional frente ao bullying

Quando perguntado as orientadoras educacionais a respeito dos procedimentos exercidos pelas mesmas na escola em relação aos possíveis casos de bullying, o que se observou foi que a maioria das orientadoras trabalha o bullying de forma direta ou indireta, estando esse tema contido ou não no projeto pedagógico. Na maioria das vezes, trabalham o tema de acordo com a demanda diária das escolas.

Como já foi relatado apenas duas orientadoras (OE 9 e 10) acreditavam ainda não existir bullying na escola onde trabalhavam pelo fato de muitas vezes trabalharem temas associados e preventivos. As entrevistadas supracitadas afirmaram que nas suas escolas, de um modo geral, os alunos têm um bom relacionamento e desta forma não existe bullying e sim algumas práticas relacionadas à indisciplina e a exclusão de alunos.

Isso nos leva a crer que a definição de bullying para estas profissionais ainda não ficou clara, talvez pelo fato da realidade escolar em que ambas estão inseridas não apresentar comportamentos como forma de violência e sim como práticas determinadas do cotidiano dos alunos. Desta forma muitas vezes o bullying pode passar como sendo uma brincadeira de criança ou fazer parte do desenvolvimento do adolescente.

Como registrado durante as entrevistas, as orientadoras educacionais não apontaram nenhum elemento de grande perturbação ou relevância na interação entre os alunos. Disseram ainda que deva haver alunos (as) que reagem agressivamente, mas são exceções, casos isolados, que nem ela como orientadora tomou ciência desses casos. Mas que devem existir, devem.

Dessa forma, OE 9 e OE10 não aplicam nenhum procedimento ou prática especifica frente ao bullying, uma vez que suas realidades não estão focadas neste assunto.

Quando acontece de algum de nossos alunos se envolverem em brigas com outro(s) aluno(s), nós chamamos os envolvidos e conversamos a respeito da briga. Procuramos focar a questão do respeito mútuo entre as pessoas e depois eles retornam a sala de aula. (OE9).

Em nossa escola trabalhamos questões relacionadas ao respeito, direitos e deveres em sala de aula. Trabalhamos como uma forma preventiva de violência entre os alunos. Então é muito raro acontecer alguma desavença entre os alunos aqui em nossa escola. Quando acontece trabalhamos com o diálogo. (OE10).

O restante das orientadoras, num total de oito, foi unânime em apontar como bom o relacionamento entre os alunos. Existem, porém, alguns problemas não resolvidos através do diálogo, ou da ajuda dos professores, e, a partir daí, solicita-se a intervenção da orientadora educacional.

Especificamente aqui na escola somente apareceu um relato de bullying. Ele foi trabalhado individualmente, aqui no SOE primeiramente. Depois fomos à sala de aula trabalhar com a turma e posteriormente chamamos a família. O bullying apareceu há pouco tempo, e desta forma ainda não está diretamente ligado ao nosso planejamento. Atualmente trabalhamos o respeito ao outro, não mudamos nada no planejamento e continuamos a trabalhar com o preventivo desta forma não apareceram tantos casos de bullying. (OE 8).

Aqui na escola, o bullying é trabalhado com a conscientização dos alunos agressores e vítimas. É feito um trabalho junto aos professores que estejam envolvidos com aquela turma. A vítima nós damos todo o apoio para que ela se sinta segura e fale. Na maioria dos casos elas falam. A vítima e o agressor são encaminhados ao SOE após uma triagem, feita pelo orientador disciplinar, aqui o orientador educacional não é disciplinador. Quando esses alunos são reincidentes, eles então são atendidos separadamente, mais uma vez se for preciso. Quando há um caso onde a vítima é muito afetada, esta é encaminhada a um profissional externo, assim como o agressor. E este processo a família participa ativamente. Trabalhamos assuntos sobre drogas, violência. Entramos em sala com nossos projetos, como não temos um projeto especificamente sobre

bulliyng incluímos este tema nos outros projetos, principalmente quando

trabalhamos valores. (OE 7).

A conscientização é o processo de fazer com que as pessoas conheçam seus direitos e deveres, praticando-os em sua plenitude. É um processo no qual se deve saber os ganhos do processo, no caso de ser favorável, e as perdas, no caso de ser desfavorável. Nunca se quer perder, em nenhum sentido; por isso, um grupo “desconscientizado” prefere viver de qualquer forma como a vida permitir a reivindicar os seus direitos e seus deveres.

No caso do bullying, observamos que há uma preocupação em fazer com que a vítima, agressor e as testemunhas saibam os prós e contras dessa relação, suas conseqüências em relação aos papéis desempenhados. Muitas vezes, o que pode acontecer é o grupo não dispor das informações necessárias para saber se defender ou pensar se vale a pena ter uma postura inadequada que possa acarretar problemas para si próprios.

Na escola aparece muito comportamento de bullying, como colocar apelidos pejorativos, chacotas, fofoca, mas não tem agressão física. Trabalhamos de acordo com a demanda de forma individualizada. O professor observa e encaminha o caso para a nossa seção. Não é somente o professor que faz esse encaminhamento. O aluno pode ser encaminhado pela família que observou alguma diferença em casa, um colega, funcionário da escola ou o próprio aluno. Chamamos o aluno vítima, depois o agressor ou o grupo agressor e, em seguida, trabalhamos o grupo da sala de aula. Esta convocação é feita de forma sigilosa para que a vítima não seja molestada por ter falado a respeito. A família é acionada para fazermos um trabalho em conjunto. (OE6).

A orientadora educacional está disponível para ouvir as reclamações e sugestões dos alunos no sentido de facilitar o processo ensino-aprendizagem e propiciar um clima de interação e de compreensão do mesmo. Em relação à orientação aos pais dos alunos, ela parece estar sempre pronta para atendê-los sempre que necessitassem de qualquer tipo de informação sobre o rendimento escolar até o comportamento de seus filhos, assim como trocar idéias e sugerir atitudes a serem tomadas no sentido de se obter do educando um maior aproveitamento em sua vida.

Para que esta profissional pudesse se organizar no seu trabalho com a sua demanda, ela necessitou organizar os atendimentos, seja através de encaminhamentos que é uma das formas de triagem, seja por iniciativa da família, dos professores, outros profissionais da escola e pelo próprio aluno. Os encaminhamentos além de serem muito comuns nas escolas fazem parte de um procedimento adotado do SOE.

Por outro lado o orientador utiliza o método preventivo como forma de atingir uma maior parcela de alunos. Ele realiza palestras de cunho formativo e informativo, entra em sala de aula para conversar com os alunos, aplicar dinâmicas entre outras ações.

Trabalhamos o bullying de forma preventiva. Utilizamos palestras, conversas em sala de aula. Não só com o bullying, mas com todo e qualquer assunto que desperte interesse dos professores e alunos. O bullying em particular - seguimos com o projeto preventivo como já foi falado e depois um trabalho de escuta e a busca da família. Nós trabalhamos com o empreendedorismo. Trabalhamos com o autoconhecimento, religião, respeito, relacionamento com as pessoas e com Jesus, valores. O OE entra na sala de aula conforme a demanda trabalha-se com fantoches com os pequenos, convidamos profissionais externos e contamos com a ajuda dos professores. (OE 5)

A prevenção tem sido uma questão crucial para sanar ou diminuir vários tipos de conflitos que as pessoas em geral vivem. Em relação ao bullying, tema do nosso estudo, primeiramente houve uma necessidade de se obter o conhecimento acerca do tema, que de uma forma ou de outra atinge os alunos nas escolas.

Desde então, este quadro sofreu algumas alterações, fazendo com que houvesse um aumento da preocupação com o tema bullying e violência escolar, por estes ficaram em evidência tanto na mídia quanto na nossa vida. Fez-se necessário o desenvolvimento de trabalhos preventivos para combatê-los ou por vezes saná-los.

Houve um aumento considerável em termos de conhecimento do bullying. Porém ainda é falha a chegada desse conhecimento a todos. Por um lado, não tendo a informação, não há como detectar este comportamento, muitas vezes passa despercebido pela família, professores, e outros profissionais da escola e por outro este comportamento é generalizando, onde qualquer tipo de indisciplina é vista como comportamento de bullying. O que podemos observar que não é verdade.

Como o nosso trabalho é interdisciplinar, ele é feito nas aulas de OE. Porém, são trabalhados outros temas, como violência, indisciplina, respeito com o próximo. Embora seja trabalhado nas aulas de OE, não possuem um horário fixo para o OE fazer a sua participação nas salas de aulas. O horário é negociado com os professores. Os recursos utilizados por esse profissional é feito através de textos e explicações verbais com trabalhos em grupo. (OE 4)

Muitas escolas têm optado também por trabalhar com a interdisciplinaridade, por

esta se mostrar como uma das respostas provocadas pela compartimentação do conhecimento. Esta necessidade de trabalhar dessa forma surgiu como uma tentativa de mudança nos métodos de ensino, buscando viabilizar práticas interdisciplinares. A interdisciplinaridade é, portanto a articulação que existe entre as disciplinas para o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado. Buscar articular a partir do modo como o conceito de bullying pode ser interpretado a partir das diversas áreas do conhecimento a fim de promover avanços como a produção de novos conhecimentos ou mesmo, novas subáreas.

O bullying em nossa escola é trabalhado inclusive na parte pedagógica com os professores. Temos adotado livros que contém textos sobre bullying. Esse efeito de bullying em sala de aula - trabalhamos recentemente com os 6º e 7º anos junto com o professor de português. A gente trabalhou a discriminação, segregação, humilhação e o bullying. A gente aproveita esse momento e tenta ajudar o professor em sala de aula. (OE 3)

A gente procura abordar as questões sobre bullying nas aulas de filosofia levando os alunos a refletirem sobre as atitudes diretas e indiretas de tipos de violência até as questões de discriminações. A gente não percebe formas diretas de bullying, apenas provocações, fofocas e exclusão social. Com esta demanda a gente trabalha o bullying chamando os alunos envolvidos. Eu tenho a ajuda da psicóloga do colégio que juntas tentamos neutralizar a situação que envolve este desconforto ao aluno. Esse trabalho tanto pode ser feito em sala de aula como

individualmente depende de cada caso. Quando envolve professor tipo colocando um aluno contra o outro ou até fazendo brincadeiras de colocar apelidos que desagradam os alunos trabalhamos com esse professor sua postura sem sala de aula e lembramos o seu papel de educador. (OE2)

É comum, sempre que possível, o orientador educacional recorrer aos professores para que juntos possam trabalhar com os alunos, como podemos observar as transcrições

supracitadas dos OE2 e OE3.

Algumas orientadoras OE2, OE3 e OE 07 trabalham a questão do bullying com a ajuda de professores, sejam utilizando as aulas de filosofia, conversando sobre formas de violência ou nas aulas de português, com a ajuda de textos a respeito de bullying. Porém, se mesmo assim, após o trabalho em sala de aula junto aos professores ocorrer bullying entre os alunos, a OE chama individualmente as vítimas e posteriormente os agressores e a família. O trabalho acaba sendo em conjunto.

Outras orientadoras OE5, OE8 e OE10 possuem como prática para combater o

bullying a forma preventiva. As orientadoras entram em sala de aula nas aulas do SOE. Fazem

palestras a respeito do tema, também conversam sobre violência, respeito e indisciplina. Algumas vezes acontece de convidar profissionais externos para ministrar palestras.

As OE1 e OE 06 trabalham o bullying de acordo com a demanda. Primeiramente, chamam a vítima e depois o agressor. Após a conversa com a vítima e o agressor, a OE entra em sala de aula e trabalha a turma com temas relacionados ao respeito entre pares e tipos de violência. Posteriormente, dependendo do caso e da gravidade, a família é convocada.

O que observamos através deste estudo é que as orientadoras educacionais utilizam de diversas práticas para combater o bullying, cada qual seguindo a filosofia de sua escola e com embasamento teórico relacionados às próprias funções que competem ao orientador educacional, muitas vezes utilizam essas práticas de formas adaptativas para combater este comportamento e outras vezes com práticas similares utilizadas há muito tempo.

Conviver com o diferente além de ser difícil, gera tensões. É encontramos na inter- relação entre os pares uma maneira de aflorar as dificuldades em saber conviver com o diferente. Assumir esses conflitos como parte constituinte da relação estabelecida dentro da escola, não negando a afetividade existente, não é negar que haja bom relacionamento entre