• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.6 Formação do Orientador educacional

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9394/96, no seu artigo 64 esclarece que:

A formação de profissionais da educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

Até o ano de 2006, quem fizesse o curso de pedagogia poderia habilitar-se nas seguintes áreas: administração escolar, magistério, supervisão de ensino e orientação educacional. A partir deste ano, houve mudanças nas áreas das habilitações, retirando a orientação educacional dessa formação. Atualmente, para se tornar orientador educacional com este novo currículo, o aluno deve terminar uma graduação e posteriormente fazer uma pós-graduação em orientação educacional. O curso de pedagogia oferece então a formação para o exercício integrado e indissociável da docência, da gestão dos processos escolares e não-escolares, da produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional.

A docência é a base da formação oferecida ao curso de pedagogia. Dessa forma, seus egressos recebem o grau de Licenciados (as) em Pedagogia, com o qual fazem jus a atuar como: docentes na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental e em disciplinas pedagógicas dos cursos de nível médio, na modalidade Normal e de educação profissional na área de serviços e apoio escolar e avaliação de programas e projetos pedagógicos em sistemas e unidades de ensino e em ambientes não escolares.

Essa formulação para o curso de Pedagogia é fruto de um longo e amplo processo de estudo que resultou no Parecer nº 632 - que trata das habilitações do referido curso - homologado e despachado pelo Ministério da Educação, publicado no Diário da União de 15/05/2006. Embora ele não esgote o campo epistemológico da pedagogia, procura responder aos diferentes tipos de problemas, formulações e contribuições da comunidade acadêmica. Por outro lado, ao extinguir a habilitação Orientação Educacional manifesta um enfraquecimento da resolução da Lei nº5564 de 21/12/68, Decreto nº 72846 de 26/09/73

(apud Nérici, 1986), deixando assim explicitado o não reconhecimento da função do orientador educacional no contexto escolar.

Procuramos a seguir identificar através de nossas entrevistas aspectos importantes sobre a formação dos nossos entrevistados, sejam no âmbito da graduação ou da formação continuada.

3.6.1 Formação inicial

As entrevistadas são todas graduadas em pedagogia, seis delas pós-graduadas, duas em sexualidade humana (OE1 e OE4) e quatro em psicopedagogia (OE3, OE5, OE6, OE7). O tempo de atuação das profissionais na área encontra-se entre 03 a 30 anos.

A minha formação foi na década de 70 na Universidade de Brasília. Nessa época a proposta toda da pedagogia era a de estudar a postura do aluno em sala de aula entre outros assuntos. A grande contribuição da minha faculdade para a minha vida profissional foi a preocupação com a formação do indivíduo. (OE1)

Na minha formação, o que mais me chamou atenção foi a sociologia, que me despertou muito a respeito do tema violência, embora de uma forma geral contribuiu muito.”(OE 6)

Duas das entrevistadas possuíam pós-graduação em sexualidade humana e abordaram o tema bullying dentro da questão da sexualidade quando dos encontros com seus alunos.

Aqui na escola nos temos encontros com as crianças para trabalhar a orientação sexual nas salas de aulas. Nestes encontros conseguimos juntar com o trabalho o conhecimento e a própria sexualidade do aluno, trabalhamos o respeito com o próximo. Nesse momento falamos a respeito do bullying, o respeito com o outro, o seu corpo, suas posturas etc. (OE 4)

Nas aulas de orientação sexual, que estão planejadas para que o orientador entre nas salas de aula para ministrá-las, nós aproveitamos para trabalhar os valores. Quando se trabalha valores, acaba-se por falar em respeito e, atualmente falar em

bullying. (OE 7)

Todas as entrevistadas relataram não ter estudado o tema bullying na graduação, vindo ter contato com o mesmo após a graduação, seja em cursos de pós-graduação, participação em congressos, fóruns entre outros eventos, Porém, procuravam acompanhar a demanda das informações novas que chegavam ao meio escolar. Relataram que procuravam

ler a respeito dos mais variados temas para estarem atualizadas e participarem dos eventos já citados.

3.6.2 Formação continuada

Todas as entrevistadas disseram que a escola incentivava a participação dos profissionais em eventos como fórum, congressos e cursos. Das 10 entrevistadas, oito relataram que a escola apóia, inclusive financeiramente, a participação dos profissionais da escola nesses eventos.

A escola incentiva, sim, esta participação. As professoras, e até grupos maiores de outros profissionais da escola, são convidados a participar de congressos e até de eventos fora de Brasília, e são patrocinados também. (OE 1)

A gente tem todo o apoio, inclusive financeiro, para aprofundar os estudos. Para qualquer assunto que seja relacionado com o crescimento da escola. Total apoio. (OE 3)

A escola incentiva sim. Quando não dá para ir todos os profissionais interessados ao mesmo tempo, vão alguns e depois estes que foram passam os assuntos para os demais que não foram durante a semana pedagógica. (OE 5)

Outras duas orientadoras responderam que havia o incentivo da escola, porém cada profissional devia arcar financeiramente com a participação nesses eventos, bem como se organizar também nos horários dessas atividades extra-classe.

Sempre incentivam. Colocam e fazem propagandas nas salas dos professores. Mas não liberam no expediente. Somente se for o caso de um curso e se este acontecer aos sábados. Depende muito. Financeiramente vai depender da proposta do mesmo e se este será útil pra a escola. (OE 9)

Existe o incentivo para a participação em eventos etc. Mas não financeiramente. A escola sugere que cada um tenha que arcar com seus gastos, como inscrições, material, transportes, etc. Mas se o profissional necessitar de dispensa, a escola apóia. (OE 8)

Uma das entrevistadas salientou que a escola onde trabalhava apoiava muito a participação dos seus profissionais nesses eventos e que muitas vezes já levaram profissionais externos para dentro da escola, como segue o relato abaixo:

A direção de nossa escola se preocupa muito em estar investindo no conhecimento de nossos profissionais, inclusive financeiramente. Estão sempre buscando profissionais como Cléo Fante com o tema bullying, o procurador Guilherme Shelby com o estatuto da Criança e do Adolescente e a psicóloga Mônica Mulatinho com o desenvolvimento da criança, trazendo-os para que façam palestras dentro da escola. Nesses encontros a família é chamada a participar junto com o grupo de profissionais da escola. Observamos que há uma grande participação tanto pelo lado dos professores quanto da família. (OE 7)

A escola é uma organização complexa que tem como função social e formativa promover, com eqüidade, educação para a cidadania seja para o aluno, como também para a equipe de docentes. Dessa forma, observamos que todas as escolas incentivavam seus profissionais a participarem de eventos em busca de novos conhecimentos ou aprofundamento dos mesmos, seja trazendo estes eventos para dentro da instituição, custeando, ou liberando os profissionais em horário de expediente.