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Adotou-se, neste trabalho, a perspectiva da pesquisa de natureza etnográfica, como método de trabalho de investigação e observação tendo a participação do pesquisador, enquanto mediador das ações desenroladas durante a pesquisa. Para André (1.995) a pesquisa etnográfica, em educação:

ocorre sempre num contexto permeado por uma multiplicidade de sentidos [...] que se estudada pelo pesquisador [...] através da observação participante ele vai procurar entender essa cultura [...] usando uma metodologia que envolve registro de campo, entrevistas, análises de documentos, fotografias, gravações (ANDRÉ, 1995, p.37).

Segundo Rey (2002, p. 02), a “pesquisa etnográfica é uma pesquisa participativa, em que o pesquisador forma parte do campo de pesquisa. A etnografia aparece então como importante tradição qualitativa a partir da pesquisa antropológica”.

Esta idéia prende-se aos princípios metodológicos das ações a serem percorridas durante o trabalho de intervenção e mediação do pesquisador através do desenvolvimento das situações, tentando compreendê-las, para revelar suas múltiplas significações.

A pesquisa de natureza etnográfica concebe o pesquisador como um sujeito capaz de propiciar um ambiente confiável e estimulador para que o sujeito pesquisado se sinta confiante durante as ações da pesquisa, no caso a sala de aula, e ainda, de acordo com André (1995, p.41) este tipo de pesquisa que adota tal método compreende o papel e a ação dos sujeitos envolvidos num processo interacional, em que as ações, relações e os conteúdos podem ser construídos, refutados, reconstruídos ou até mesmo modificados, conquanto, a pesquisa etnográfica caracteriza-se por dar condições ao pesquisador de manter um contato direto com os sujeitos pesquisados e a situação que lhes será aplicada durante o desenvolvimento dos trabalhos.

Além disso, o pesquisador, para convalidar seu trabalho, precisa manter a ética e a neutralidade durante as intervenções no ambiente da investigação.

Como a pesquisa é de caráter qualitativo, o pesquisador necessita escolher um número representativo, como amostra para análise do trabalho e dos resultados, dentro de um universo da composição de números de alunos da turma pesquisada.

Nesse sentido, Turato orienta que:

Nas pesquisas em que seres humanos são os alvos do estudo é impossível, por razões práticas, abordar todos os sujeitos que compõem o grupo de interesse do pesquisador, salvo quando o recorte do objeto de estudo compreenda comunidades numericamente tão restritas, que o pesquisador tem condições temporais de conhecer cada um e condições intelectuais de apreender todos em seu trabalho. Como então só é viável conhecer parte do universo, seja em pesquisa quantitativa ou qualitativa, resta ao investigador recorrer ao que denominamos de amostra de sujeitos. (TURATO, 2003, p. 351).

O método encaminhou-se para um trabalho em espiral, uma vez que no decorrer das ações da pesquisa etnográfica exigiu-se um observar, um analisar e um rever, no sentido de tentar recuperar o não entendido e por se tratar de questão que leva à compreensão da apropriação de novos conceitos.

Durante a pesquisa etnográfica, muitas são as relações demoradamente construídas, de confiança ou desconfiança, que ilustram o vínculo entre o pesquisador e as pessoas do grupo em estudo, constituindo uma prova ética de respeito. É a própria reciprocidade da situação da pesquisa etnográfica que produz o consenso acerca do consentimento para a utilização dos dados (BENEDETTI, 2005, p. 49).

Esta idéia, de certa maneira, contribui para se pensar numa prática didático- pedagógica que levasse em conta: o quê, como, para que, onde, e por que ensinar determinado problema a um determinado público.

Portanto, durante a aplicabilidade da pesquisa, no processo de ensino e aprendizagem, assumiu-se a responsabilidade de observação e análise das ações ocorridas na apropriação de novos conceitos, a partir de experiências anteriores e posteriores dos próprios alunos.

Por sua vez, buscou-se compreender e aproveitar o que os alunos já demonstravam ser capazes de elaborar, como também o que seriam capazes de aprender nas condições de novas experiências.

Isto corroborou em certa medida com o pensamento de Turato:

Destacadamente, como já constatado da definição de método qualitativo, que no presente tratado tomei como partida, temos que os sentidos e as significações dos fenômenos são o cerne para os pesquisadores qualitativistas. Procurar capturá-los, ouvindo e observando os sujeitos da pesquisa, bem como dar as interpretações, são nossos objetivos maiores. (TURATO, 2003, p. 246).

Exigiu-se do pesquisador um acompanhamento das ações perante as atitudes dos educandos quanto aos procedimentos adotados para a verificação do processo de ensino e aprendizagem na apropriação de novos conceitos, relacionados aos conteúdos que serviram de norte para a formação de conceitos sobre o aquecimento global.

Como prática de investigação, no processo de ensino e aprendizagem, acredita ser um método adequado, pois a intenção, neste trabalho, não é a de levantar dados quantitativos, mas de observar, analisar e interpretar as informações com seus devidos significados de aproveitamento ou não, no processo educativo de apropriação de novos conceitos. Para Esteban:“... a pesquisa visará, no seu processo de investigação à: característica da linguagem; o conhecimento de regularidades; a compreensão do significado do texto ou ação e a reflexão” (Esteban, 2003, p. 130).

Neste entender, coube ao pesquisador a atitude de se posicionar como um participante ativo no processo das ações realizadas durante o trabalho de aplicação do método de natureza etnográfica, como também nas técnicas de aplicabilidade e levantamento dos dados, entendimento este que caracterizou as seguintes tomadas de decisões:

1. Clarificar e diagnosticar uma situação problemática para a prática; 2. Formular estratégias de ação para resolver os problemas;

3. Por em prática e avaliar as estratégias das ações para comprovar as hipóteses; 4. Conduzir a uma nova relação esclarecedora e diagnosticará a situação

problema a partir dos resultados, iniciando-se assim a espiral de reflexões e ações.

Tais ações tornaram-se essenciais como bases de trabalho para o encaminhamento de alguns procedimentos didático-pedagógicos.

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