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A pesquisa em Comunicação e o discurso das teorias

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CAPÍTULO I – COMUNICAÇÃO EM TRÊS DIMENSÕES

1.6 A pesquisa em Comunicação e o discurso das teorias

Há três condições, exaltadas por Marques de Melo (2014), que não necessariamente se aplicam na academia, mas que devem dar o direcionamento teórico: reflexão, sistematização e atualização. Até podemos dizer que reflexão é o que talvez pouco mais se exercite, pois, a construção de uma linha de pensamento se dá por meio de leituras de textos de autores, majoritariamente, convertidos em seminários pelos alunos a fim de que tais ideias despertem um debate entre os grupos. Quando cruzamos os preceitos de José Marques de Melo com os preceitos de Feyerabend (2010, p.35), percebemos uma questão de elite na dimensão teórica.

A abordagem teórica usa o entendimento, mas não o entendimento das partes envolvidas. Grupos especiais, filósofos e cientistas entre eles, estudam os valores conflitantes, organizam-nos em sistemas, fornecem diretrizes para a resolução de conflitos – e isso resolve a questão. A abordagem teórica é convencida, ignorante, superficial, incompleta e desonesta. Ela é convencida porque presume que só os intelectuais têm ideias que valem a pena e que o único obstáculo para um mundo harmonioso é a discórdia entre seus níveis (FEYERABEND, 2010, p.35).

A demonstração dessas adjetivações pode ser percebida quando Lopes (2003, p. 45) compreende que “[...] fazer teoria passa a ser visto por intelectuais conservadores como um luxo reservado aos países ricos competindo a nós aplicar e consumir”. Tal colocação nos suscita pensar: qual a diferença do lugar cativo para produzir teoria em relação a todos os demais pesquisadores que atuam no campo? É muito amplo falar em intelectuais conservadores. Seriam eles os pesquisadores de notório prestígio e reconhecimento acadêmico? E quem são os países

ricos? Parece-nos ficar evidente que a autora nos coloca em condição de colonizado. Não que não o sejamos, mas assim como o Brasil já se animou em tempos não muito distantes em ser um país emergente do ponto de vista político e social, por que não pensarmos nesse aspecto diante de uma pesquisa emergente em Comunicação quando o alto índice de produtividade visto em publicações, congressos e as pesquisas em programas nos sinaliza isso? A observação de Lopes (2003) coincide com a presunção do capital intelectual de Bourdieu ao qual Feyerabend se contrapõe por compreender que os intelectuais nessa perspectiva oferecem parcelas de conhecimento como tarefas convencidas de uma autovalorização.

Trata-se aqui de um duelo teórico do qual Feyerabend (2011) luta dizendo que a ciência não pode ser um padrão do que se aceita ou não, do que se pode ou não. O autor ressalva que aprender não se separa do viver, por isso, o contexto da descoberta da Comunicação se reforça (2011, p. 332):

Dizem que a análise social é uma questão difícil e que ela precisa de um discurso fortemente teórico para ter sucesso. Eu replico que um discurso teórico faz sentido nas ciências naturais, nas quais os termos abstratos são resumos de resultados prontamente disponíveis, mas que às afirmações teóricas sobre questões sociais muitas vezes faltam conteúdo e elas passam a ser ou absurdas ou superficialmente falsas quando o conteúdo é dado.

Sem levar em consideração apenas o plano teórico, Rüdiger (2011) propõe uma análise de conjuntura estrutural. Para o autor, o estatuto epistemológico da Comunicação se torna cada dia mais caduco, pois, seus saberes metódicos estão sendo tragados pelo redemoinho da atividade publicística e o desenvolvimento tecnológico de nossa civilização mecanicista. Quando Bourdieu (2004) aborda que toda produção teórica é o resultado de determinadas condições sociais, podemos propor que o novo contexto da Comunicação assume nova posição dentro da cultura, o que hipoteticamente, pode fazer com que uma solução apareça nesse intervalo teórico ainda hegemonicamente dominado pelas dicotômicas correntes estadunidenses e europeias. Intervalo que pouco se sabe em relativização ao tempo, afinal, os

fenômenos contemporâneos se constituem e desconstituem mais rapidamente. São mais instáveis, ou como se diz na contemporaneidade, são líquidos24.

As condições sociais, nas quais se devem produzir as teorias, geram um choque de culturas, como prevê Feyerabend (2010), a ponto de resultar em reações trazidas por dogmatismos, ou seja, os proponentes da produção teórica sempre acreditam que suas visões são mais corretas e as demais falsas; por oportunismos, isto, é assimila-se o que vem da cultura estrangeira. A importação de teorias, no caso brasileiro, é muitas vezes um exercício sem deglutição e crítica. Prefere-se uma reprodução teórica, de outra cultura, estabelecida em nossa cultura; e por fim, as reações com argumentos, àquelas que se referem como as condições estrangeiras mudarão nossas vidas e a que ponto causar outras mudanças. Ocorre que os membros das tradições teóricas consideram a teoria como algo permanente no fluxo da história de modo que seja sem história. Assim, podemos considerar que a Comunicação se posta na a- história, uma vez que não se tem feito muita questão de atualizar seu postulado teórico.

Mas Feyerabend aponta duas soluções que nos parecem viáveis para essa compreensão teórica da Comunicação, e que diretamente, dialogam com a nossa proposta de pesquisa. A primeira delas é de que todo cientista em busca de dinheiro deve mostrar que sua pesquisa traz ideias inovadoras que coincidam com os juízes que, por sua vez, também olham para sugestões inovadoras. Nesse sentido, se estabelece uma base em comum. A segunda é que a ciência progrida pela participação e não pelas teorias.

Esta acepção retoma um ponto que tem sido uma constante na formação científica: a concorrência. Termo que Thomas Kuhn (2009) prefere tratar por competição. Segundo o autor, a disputa, dentro da comunidade científica, é o único processo histórico que resulta na rejeição de uma teoria ou na adoção de outra. Na Comunicação, nota-se isto. Primeiro, pela variação de linhas de pesquisa em várias instituições que adotam um postulado teórico-metodológico com o qual direcionam a construção de um sentido comunicacional trazendo sempre um autor referencial, central, a quem todas as pesquisas precisam se render. É que utopicamente fechados em constructos ideológicos, os pesquisadores de um Programa alinhavam todos os problemas de pesquisa a um preceito. Temos visto ao longo de nossa trajetória acadêmica, alguns cultos a “deuses” da literatura comunicacional. É preciso apontar, discutir e entremear ideias de autores, sim, entretanto com as devidas ressalvas, e principalmente, crítica em saber como usar aqueles

24 O conceito “líquido” se aplica a várias frentes de trabalho do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017).

Ele usa o termo para se referir a situações efêmeras que não são mais duradouras. Exemplos: as relações, a modernidade, o amor, a comunidade, etc... Sua bibliografia é extensa.

preceitos e pressupostos. A melhor maneira de se fazer isto é estabelecendo o diálogo, mesmo com argumentos que sejam contraditórios. Um método que ajuda os pesquisadores a dizimar que determinados autores não sejam sacralizados a ponto de que apenas suas verdades sejam absolutas e reinem sobre os mais diversos objetos de estudo. O que mais vale é colocar em cena o contraditório.

Há uma carênciade entender realmente com o que os pesquisadores estão trabalhando em nível teórico. Uma importante forma de mensurar o trabalho do campo de conhecimento é um incentivo a pensar em reformulações teóricas. Esse desmembramento é como um repassar de olhos pelo que Lopes (2003) já considera sobre teoria: um lugar de formulação sistemática das hipóteses e dos conceitos, da definição da problemática e da proposição de regras de interpretação. Lopes (2003, p. 141) diz que:

Criticar o empiricismo não é (a não ser por má-fé) fazer a defesa do teoricismo; é, antes, reconhecer a fraqueza do trabalho teórico no campo da Comunicação como a provável causa principal de nossa crise de identidade e da ausência de uma orientação substantiva em nossa pesquisa. O crescimento de um campo científico só se dá mediante o permanente confronto da teoria com os fatos, fatos esses que devem ser criteriosamente escolhidos e transformados em objetos científicos por meio da manipulação e elaboração intelectuais.

As Teorias da Comunicação são paradigmáticas e não acompanham a evolução do tecido social. A considerar, como Kuhn (2009), de que o paradigma é uma realização científica, universalmente reconhecida por algum tempo diante de problemas e soluções modelares numa comunidade praticante da ciência, não dá mais para pensar em Teorias da Comunicação pela visão paradigmática das noções baseadas na estrutura: emissor-mensagem-receptor, na fórmula de Lasswell. Há que se levar em consideração, os estudos sobre os efeitos das mensagens ou a noção da indústria cultural, como uma larga produção em série massiva dos produtos da cultura. Mas, de nada adianta também, o discurso apelar a novas teorias sem entender por que o campo precisa de repaginação teórica.

Evidentemente, as teorias são os discursos mais representativos dos paradigmas, entretanto, há métodos de trabalho que continuam sendo paradigmáticos nas pesquisas. É preciso que haja mudança de atitude e de consciência. E isto pode ocorrer quando Kuhn (2009) considera que, o que um homem vê, depende do que a sua experiência visual-conceitual prévia o ensinou a ver. Ou seja, o passado está dado novamente. Então, fazer a Revolução Científica

da Comunicação depende de seus sujeitos. E isto pode começar pela tentação de reescrever a história passada, a partir do presente. Não porque os resultados de uma pesquisa dependam obviamente de um contexto histórico, mas sim, porque a posição contemporânea do cientista parece estar muito segura. O primeiro rompimento deve ocorrer inclusive na experiência do sujeito de pesquisa. É preciso haver uma pré-disposição de que nossa Área de estudos possa estar viciada no comodismo.

Talvez, os sujeitos da pesquisa em Comunicação ainda não tenham se dado conta de que há um estopim para uma revolução científica. Uma revolução, de acordo com o autor, nasce de um episódio extraordinário modificador da tradição, para retornar à nova atividade da ciência normal. Para que ocorra, é preciso que o cientista rejeite uma teoria científica anteriormente aceita em favor de outra incompatível com aquela. Trata-se de uma transformação no ambiente interior do trabalho científico. Essas mudanças e as controvérsias definem as revoluções científicas. Então, é de se pensar e discutir qual é a Revolução Científica da Comunicação. Ela deveria ser pelas inquietudes, que há tanto demarcam o campo, porém, nos parece que a “aceitação” só vai cessar – na verdade, cessará porque ficará isolada do contexto – quando todos se derem conta que a nova ordem tecnológica do digital já provocou significativas mudanças das formas e trocas simbólicas.

A pesquisa paradigmática inibe a revolução científica e Kuhn (2009) aborda que quando os homens estão sujeitos a seguir regras e padrões, eles estão comprometidos com a prática científica da ciência normal mantendo a gênese e a continuação de uma tradição de pesquisa determinada cuja crise paradigmática está no funcionalismo da ortodoxa ação dos efeitos, baseada na construção singular de emissor, mensagem e receptor, em especial, a partir da intervenção midiática no cotidiano dos sujeitos. Se, por um lado, Sodré (2014) aponta isso como camisa de força teórica que impõe um baixo avanço cognitivo nas pesquisas, por outro, critica as feições do pluralismo disciplinar (interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade), decorrentes dos anos 1960, por sintomas teóricos de uma crise de paradigma do conhecimento. Assertiva que discordamos totalmente, pois, se o rompimento de paradigmas, sustentado pela revolução científica, depende de novos planos conceituais estabelecidos por um olhar retroativo seguro do pesquisador, não há como dissociar a Comunicação de suas experiências e relações com outros campos do saber estabelecidos a partir das vivências. Nossa crise não está na abertura, mas sim, na falta de nossa introspecção bem como no sentido de sabermos que há soberania da Comunicação, instaurada pela Linguagem, em todas as outras instâncias do conhecimento.

Por exemplo: uma pesquisa em televisão dos anos 1980 não tem o mesmo recorte teórico e de sentido de uma pesquisa em televisão nos dias de hoje (pós anos 2000). Há conflitos de geração, viabilidades técnicas, a integração contemporânea com a Internet, a digitalização desse meio. Um estudo de recepção, talvez, não tenha o mesmo princípio se compararmos dois momentos tão distintos. E nem precisamos pensar em coisas tão diferentes. Consideremos os programas de Serginho Groisman na televisão brasileira. Este apresentador sempre esteve voltado ao público jovem, entretanto aquele jovem da década de 1990 do Programa Livre, exibido pelo SBT, não é o mesmo jovem dos anos 2000, em sua atração atual – Altas Horas – na Rede Globo. Mesmo havendo um relativo e curto intervalo de tempo, há uma série de mudanças que as implicações teóricas precisam se dar conta. Não é a teoria que não serve mais. É a teoria que precisa ser repensada a partir das novas experiências. O jovem da década de 1990 não é o jovem do século XXI inserido nas redes. O entrave, que vemos aqui, é que – assim como as teorias – as pesquisas nem sempre são paralelas às realidades e vivências. Nesse sentido, volta-se o olhar a períodos determinados em que se associam metodologias não renováveis porque os sujeitos de pesquisa não se dedicaram a tal desenvolvimento. Uma tarefa que cabe a todos, em especial, aos professores pesquisadores que formam as novas gerações de investigadores.

O plano teórico ainda permanece imutável e não acompanha os fatos em sua velocidade. Nesse jogo de conceitos, segundo o autor, completa-se a descoberta. Descoberta que, a nosso ver, pode apontar uma revisão emergencial dos paradigmas, desde que não se consiga mais promover adaptações às teorias paradigmáticas. Porém, Kuhn (2009) alerta que um paradigma só se invalida quando ele tem uma alternativa de substituição. E como pensa o autor, quem rejeita um paradigma, sem ter com o que substitui-lo, está rejeitando a própria ciência. Uma encruzilhada para a Comunicação, mas que pelas palavras de Kunh (2009, p.116), oferece uma pista para a reconstrução da nossa área do saber.

A transição de um paradigma em crise para um novo, do qual pode surgir uma nova tradição de ciência normal, está longe de ser um processo cumulativo obtido através de uma articulação do velho paradigma. É antes uma reconstrução da área de estudos a partir de novos princípios, reconstrução que altera algumas das generalizações teóricas mais elementares do paradigma, bem como muitos de seus métodos e aplicações.

Independentemente do fenômeno, contemporâneo ou não, o que vivemos na Comunicação, é justamente essa adequação paradigmática na qual seus pesquisadores inserem os contextos dentro de um mesmo modelo. Isto representa que não há um acompanhamento pari passu da evolução social, pois, as práticas estão mais avançadas que as teorias. Vejamos, por exemplo, uma nova tentativa de construção de paradigmas em dizer que a Comunicação se alterou, pois, todos conseguem produzi-la hoje em função dos dispositivos móveis tecnológicos. Entretanto, produzir Comunicação é uma questão bem anterior a isso, pois, todos conseguem produzi-la. De que Comunicação se fala então? É uma evidência de um novo paradigma que se pretende para enquadrar os estudos contemporâneos, que por força do acaso, ainda são ajeitados em modelos paradigmáticos anteriores. Podemos até pensar na tecnofilia, por exemplo, como um estímulo da indústria cultural, mas onde está o sentido de se pensar em novas práticas, hoje atribuídas ao conceito de ‘narrativas contemporâneas’, querendo submetê- las, por exemplo, a uma análise adorniana, seguindo os pressupostos da Escola de Frankfurt? Serão os novos dispositivos, caros e disputados pelos consumidores, o principal problema? Ao mesmo tempo, nos parece incipiente “jogar fora” todos os paradigmas e redesenhar o campo teórico da Comunicação pelo encantamento das facilidades demonstradas pelas tecnologias digitais.

Porém, um entrave pode estar no que considera Kunh (2009), quando diz que enquanto o paradigma é aceito, os problemas são dotados de uma solução possível já que eles representam segurança. Assim, se torna mais fácil reduzir qualquer prática comunicacional a uma noção de efeito ou tentar desmistificar a cultura de massa por meio da tecnologia contemporânea que permitiu o acesso aos indivíduos. Parece que a tecnologia trouxe uma libertação dos modelos da indústria cultural. Puxa-se apenas para o lado de que posso me comunicar – não sendo este o real sentido de se comunicar. Mas, para acessar a Internet por meio de dispositivo, há toda uma cadeia por detrás disso. Sem um dispositivo adequado, ou um plano de Internet, um conhecimento prévio do uso do aparelho, etc... se torna difícil atingir essa falsa libertação. Por outro lado, os pesquisadores em Comunicação encontram na interdisciplinaridade uma espécie de porto seguro trazendo para o campo a ideia de que tudo é Comunicação. Uma coincidência quando Kuhn diz que, às vezes, os paradigmas impedem trabalhar com a razão. A Comunicação vive uma crise teórica justamente porque o paradigma ainda pretende explicar os fenômenos. Além do mais, como diz Kuhn (2009, p. 111):

[...] os estudantes de ciência aceitam as teorias por causa da autoridade do professor e dos textos e não devido às provas. Que alternativas, que competência possuem eles? As aplicações mencionadas nos textos não apresentadas como provas, mas porque aprendê-las é parte do aprendizado do paradigma que serve de base para a prática científica em vigor.

Enfim, é dada uma estrutura de pesquisa que nem sempre acompanha o progresso multifacetado pelas diversas possibilidades estabelecidas pela Comunicação. Há uma espécie de ajuste dos escritos diante dos acontecimentos. Fato é que, como a pesquisa passa majoritariamente pela universidade, cada pesquisador tem uma vivência levada junto a linhas de pesquisa que permeiam categorias de trabalho dentro de modelos pré-estabelecidos. Como diz Calhoun (2012, p.305), “os programas de Comunicação vivem na constante tensão entre o que os alunos querem estudar e o que seus professores querem ensinar”.

As práticas comunicativas garantem aos seus pesquisadores descobertas, aplicações, mundos e vivências simbólicas de referenciais, metodologias, dados que nos permitem coleta e exame, através de documentos colocados em análise. Desse modo, conjunturas, aportes de conhecimento e grandes ensaios podem surgir com os objetos da Comunicação que são observáveis. E a observação é a parte primordial do trabalho de um cientista, pois, consiste o ponto inicial de sua atividade. Se a ciência carrega a pecha de ser algo intangível, cabe ao nosso sistema educacional, em especial, os Programas de Pós-Graduação, descaracterizar isso no âmbito da Comunicação a fim de construir sua legitimação. Se uma das missões principais desses Programas, espalhados por todo o país, é formar pesquisadores, devemos pensar na formação científica da nossa área de estudos. Precisamos trabalhar o “santo de casa” eperder o vício da adoção de autores-chave, em evidência no meio acadêmico; fugir das amarras dos relatórios, números, prazos e metas para conscientizar futuros pesquisadores dando-lhes vivências significativas com a compreensão de que também fazemos ciência; discutir mais as pesquisas pensando como são feitas e não quantas são feitas estimulando assim uma reflexão teórica da Área. O recomeço para isso é estrutural e pedagógico.

Assim, cabe ao pesquisador estabelecer a contribuição de seu estudo com vistas à construção a partir das trocas simbólicas como resultado da reposição do espaço social a partir das interpretações. A conexão com o simbólico se dá quando o saber necessita ser reconstruído ininterruptamente a partir de eixos racionais. E a racionalidade dos estudos em Comunicação existe quando seus estudiosos pensam na sua organicidade que inevitavelmente tem passagem pela institucionalização. Por isso, este estudo incorre em duas faixas de conhecimento, segundo

Rolando García (2006). Na faixa da Sociologia da Ciência, que estabelece a relação ciência e sociedade, busca-se uma direção particular de pesquisa, que é o fomento da FAPESP que se encaixa numa condição cultural e financeira de se investigar com apoio de verbas de uma agência. E na faixa da História da Ciência e da Epistemologia, busca-se a partir dos fomentos analisados, compreender a ciência em seu conteúdo inteiro com marcos conceituais e concepções de mundo. Assim estudam-se as produções da FAPESP, na Área da Comunicação, para permear o que tem sido pesquisado com a chancela da Fundação.

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