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Noções de Ciência

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CAPÍTULO I – COMUNICAÇÃO EM TRÊS DIMENSÕES

1.5 Noções de Ciência

Há um debate que ocupa o centro da reflexão epistemológica quanto à hierarquização das práticas científicas envolvendo observação e experimentação versus teoria e interesses científicos correlativos. Entendemos que a Comunicação tem mais dificuldades no plano do primeiro princípio de hierarquização, pois, observar e experimentar no tecido social onde os indivíduos são instáveis se torna complexo; no segundo princípio, por mais que as teorias da comunicação pareçam acomodadas, trabalhar o interesse científico é um pressuposto de colocar a Comunicação em seu sentido comum e interativo como protagonista.

Há três séculos, o conhecimento científico não faz mais do que provar suas virtudes de verificação e de descoberta em relação a todos os outros modos de conhecimento. Morin (2010) classifica a ciência em elucidativa (quando resolve enigmas e dissipa mistérios) e enriquecedora (por permitir a satisfação das necessidades sociais que desabrocham a civilização). Conceber e compreender a ambivalência propõem uma complexidade intrínseca encontrável, no cerne da ciência, cuja superespecialização ele critica por enclausurar ou fragmentar o saber. No século XVII, os investigadores eram, ao mesmo tempo, filósofos e cientistas em função da atividade científica ter sido sociologicamente periférica. Ao longo dos anos, ela se fez um processo inter- retroativo ao ganhar poder e se institucionalizar na sociedade com apoio, inclusive, econômico e estatal dos poderes vigentes.

Edgar Morín (2010) considera todas as ciências, inclusive as físicas e biológicas, como sociais e aponta também que o conhecimento científico é um conhecimento que não se conhece. Diz ele (2010, p. 20): “Essa ciência, que desenvolveu metodologias tão surpreendentes e hábeis para aprender todos os objetos a ela externos, não dispõe de nenhum método para se conhecer e se pensar”. Nessa linha, o pensador caminha para uma definição de que a verdade objetiva da

ciência escapa a todo cuidado científico, pois, a ciência é o próprio posicionamento, um campo sempre aberto onde se combatem não somente as teorias, mas os princípios de explicação, ou seja, as visões de mundo.

Assim, alega que a ciência não poderia ser considerada pura e simples “ideologia” social porque há sempre um diálogo incessante no campo da verificação empírica com o mundo dos fenômenos. “As ciências modernas reconhecem e enfrentam as contradições quando os dados apelam, de forma coerente e lógica, à associação de duas ideias contrárias para conceber o mesmo fenômeno”. (MORIN, 2010, p. 29). É de natureza científica tradicional ter como princípio de explicação a sua redução ao conhecimento manipulável. Aqui, podemos fazer uma primeira associação entre Ciência e Comunicação. A partir do conhecimento comunicacional, é impossível reduzir suas investigações a algo manipulável. Não podemos confundir manipulável com manipulação. Embora saibamos que a mensagem do processo comunicacional pode sofrer manipulação, por parte do emissor que postula resultados no receptor, o que se trata aqui é do manipulável no sentido de o pesquisador intervir na condição científica.

A prática da pesquisa, em busca de respostas, se aproxima a explicações platônicas (a ciência procura explicar as essências escondidas por trás dos fenômenos aparentes); explicações aristotélicas (procura de casualidades, jogos de causa e efeito no mundo dos fenômenos) e explicações estoicas (procuram a satisfação na finalidade e na funcionalidade). Podemos dizer que a Comunicação se enquadra nas duas últimas explicações, afinal, suas vertentes funcionalistas estadunidenses produziram a estoicidade. Pouco provável nos parece o princípio platônico, uma vez que a Comunicação sempre parece querer os resultados de uma relação explícita. Um bom exemplo disso são os estudos de recepção. Não importa o discurso de uma telenovela, mas sim, como é o seu processo de aceitação social. As correntes hegemônicas europeias tentaram criticamente buscar o platônico e, como se fosse uma zona de conforto, a maioria das pesquisas assume a perspectiva aristotélica. Não acreditamos que esse reducionismo seja o caminho mais viável para categorizar as práticas de pesquisa, porém, entendemos que, com a Comunicação assumindo seu protagonismo e trabalhando a perspectiva da importância da cultura no processo comunicacional, seja possível buscar tais explicações a partir de uma lógica que sirva para revelar, pelo fenômeno, suas questões implícitas.

Sobre fazer ciência na contemporaneidade, Morin (2010) aponta que o novo saber científico é feito para ser depositado nos bancos de dados e para ser usado de acordo com os meios e seguindo as decisões das potências. Isto é, inclusive, resultado da ação humana, já que a atividade científica, ao ser iniciada, escapa, segundo o autor, das mãos de seu iniciador para

entrar no jogo das interações múltiplas próprias da sociedade. “[...] para que haja responsabilidade é preciso que haja um sujeito consciente; acontece que a visão científica clássica elimina a consciência, elimina o sujeito, elimina a liberdade em proveito de um determinismo”. (MORIN, 2010, p.129)

A Ciência é uma consequência de realidades construídas que formam um conjunto de tentativas ao qual se permite refazer caminhos, rever pontos, planejar novas ações, reformular conceitos. É praticamente um exercício de autorreflexão ao qual a ciência se atrela porque se trata de um ambiente formado por indivíduos, em constante revisão, e que buscam contribuir com um novo ponto de vista em face de tantos outros eventos testados a favor do conhecimento. Conhecimento, aliás, que Francis Bacon considera sem valor em si a não ser pelos resultados práticos que possa gerar colocando isto à disposição das necessidades do homem. Isto impõe que não se concebe o homem sem a natureza e nem a natureza sem o homem de forma que experiências e conhecimentos são transmitidos, de geração para geração, para que as novas gerações não se voltem ao ponto de precedência. Diz Bacon in Andery (1996, p. 10):

É o processo de produção da existência humana porque o homem não só cria artefatos, instrumentos, como também desenvolve idéias (conhecimentos, valores, crenças) e mecanismos para sua elaboração (desenvolvimento do raciocínio, planejamento...). A criação de instrumentos, a formulação de idéias e formas específicas de elaborá-los – características identificadas como eminentemente humanas – são fruto da interação homem-natureza.

Assim, o homem adquire consciência de que transforma a natureza para adaptá-la às suas necessidades. Essa assertiva se aplica como resultado dos contextos históricos, que ao longo do tempo, se tornaram fator de produção da escala categórica do conhecimento e propuseram modelos como o das ciências da natureza e do espírito. Em Sistemas Complejos. Conceptos, método y fundamentación epistemológica de la investigación interdisciplinaria, Rolando García (2006) recorda que, no início do século XX, Augusto Comte centralizou as relações entre os domínios do conhecimento, o que não caracterizou questões próprias de uma ciência. Porém, foi Jean Piaget quem formulou os problemas acarretados nas relações das grandes disciplinas pensando um sistema agrupado em quatro frentes (Ciências Lógico- Matemáticas; Ciências Físicas; Ciências Biológicas e Ciências Psicossociológicas) sendo que cada uma apresenta quatro níveis ou domínios.

O primeiro nível é o do Domínio Material, que trata de um conjunto de objetos ao qual se referem as disciplinas. Depois, como segundo nível, aparece o Domínio Conceitual, que reúne o conjunto de teorias ou conhecimentos sistematizados e elaborados por cada ciência em seu domínio material. O terceiro nível envolve o Domínio Epistemológico Interno, que analisa os fundamentos de cada disciplina considerando a crítica de seu aparato conceitual e as teorias de domínio conceitual. E por fim, o quarto nível, que é o do Domínio Epistemológico Derivado no qual as relações entre sujeito e objeto se juntam ao marco epistemológico e os resultados gerais obtidos por cada disciplina comparada às outras ciências.

De qualquer forma, é preciso admitir a vida como condição anterior à ciência, pois, é nela que figura a matéria-prima que se transforma em conhecimento científico pelo manuseio dos questionamentos a serem formulados e elucidados. Há de se destacar que elucidação não significa solução. Elucidar requer novos questionamentos que favoreçam o rigor do funcionamento da atividade científica, ou seja, a ciência permite com que se faça uma nova pergunta a partir da pergunta inicial.

É fato que a ciência sempre vai trabalhar com realidades constituídas a partir das vivências cujas ações são analisadas, contextualizadas, teorizadas e transformadas em discurso científico. As vivências são espaços de Comunicação, afinal, propiciam as interações. Mesmo essas interações se dando por intenções. Mas, não é segredo e nem desconhecimento para ninguém que toda Comunicação,por mais ingênua que possa parecer, é intencional. Assim, não apenas olhando para o todo, sãoos fios das interações que tecem o grande novelo das vivências que propiciam ao conhecimento o desafio científico de sê-lo apreendido.

Consideremos, então, que as vivências colocam em condições de igualdade, Comunicação e Ciência, pois, como admite Dilthey (2010), as Ciências Humanas, além da vivência, também encampam expressão e compreensão. Assim, a vivência nos proporciona um sistema social, do qual o autor se ocupa em tratar como sistema cultural. Expressar-se é uma função comunicativa e a compreensão se materializa por meio dos enunciados. Temos claramente a composição de um enunciado a partir do qual consideramos pertinente: Ciência e Comunicação são vivências, que podem ser compreendidas e, ao se imbricarem, se expressam por meio da Ciência da Comunicação.

A compreensão matemática da Comunicação, que deu origem aos marcos teóricos do campo, tinha como princípio a condição de que dois pontos distantes estabelecessem uma comunicação pela qual a mensagem transitasse por um canal. A parcialidade, aí, estava na

questão do ruído que proibiria e interditaria ou não a realização completa do fenômeno do processo.

As correntes estadunidenses assumiram a perspectiva dos efeitos da mensagem a partir de polos emissores que trabalhavam com apostas de reação entre os polos receptores. Do outro lado do Atlântico, as correntes europeias assumiam uma racionalidade de que a Comunicação se tornara algo demoníaco, que envolvia uma série de questões por detrás, como ideologias e hegemonia, que fazem da cultura um bem a ser consumido. Trata-se do princípio da indústria cultural. Anos à frente, conforme já mencionado, neste capítulo, temos a perspectiva latino- americana da Comunicação cuja racionalidade passa pela compreensão da cultura como cerne de sua realização. Até por sua natureza de colonizado, nosso Continente reúne pesquisadores que tentam dar um novo olhar à ecologia midiática. Alguns produzindo de forma crítica, outros nem tanto. E temos ainda, como questão parcial, a construção racional derivada da digitalização para alguns cidadãos pós-contemporâneos à ficção tecnológica que engloba as noções de tecnofilia e tecnofobia. As apreensões culturais são outras e seriam, em nosso entendimento, mais uma etapa do que convencionamos chamar de Momentos Culturais, ou seja, periodizações em que indivíduos se formam e constroem suas relações a partir da decorrência da ação dos suportes e processos, que como já dissera Ferrara (2008), tornam a Comunicação parcial e falível. Condições que Morín (2010) trata como complexidade no sentido de uma procura viciosa da obscuridade. Combinações conceituais, inclusive, que colocam o conceito epistemológico da Comunicação nessa encruzilhada já reconhecida e instituída.

O complexo está no entrelaçamento de diferentes cruzamentos, que formam uma unidade que não destroi a variedade e a diversidade das complexidades que a teceram. O pressuposto da complexidade é a incerteza, a irredutibilidade. Assim, por sua imprecisão conceitual, a Comunicação é complexa. Seus núcleos são empíricos e lógicos. Segundo Morin (2010, p. 188):

O núcleo empírico contém, de um lado, as desordens e as eventualidades e, do outro lado, as complicações, as confusões, as multiplicações proliferantes. O núcleo lógico, sob um aspecto, é formado pelas contradições que devemos necessariamente enfrentar e, no outro, pelas indecibilidades inerentes à lógica.

Quando consideramos Comunicação e Cultura como unidade, passamos, sem dúvida alguma, por esse entrecruzamento porque estamos comungando as experiências dos processos

comunicacionais e as construções culturais sobre as quais estamos emergindo a produção do conhecimento. Mesmo que a complexidade seja a procura obscura por um novo caminho de rota teórico-metodológica à Comunicação, essa taxionomia de fios que se sobrepõem é a matéria-prima dessas formulações que necessariamente passarão pelo empirismo e pela lógica. Outro a discutir uma noção científica à Comunicação é Muniz Sodré (2014), que encontra fundamento no plano das relações e do comum em três níveis. O primeiro é o nível relacional em que a ideologia se produz e se reproduz, no sistema social, por meio de fluxos informativos homólogos aos princípios de troca dominantes. São construções de pensamento que permitem refletir mais uma época. Há uma conformidade do real com as representações estabelecidas. A relação social está constituída por uma agregação institucionalizada de indivíduos. Visualizamos aqui os ciclos teóricos dominantes na pesquisa em Comunicação. Sodré (2014) destaca, neste nível operativo, a presença da mídia como instrumento que democratizara a cultura em uma trama coletiva de sentido que dá aos sujeitos quadros de referência capazes de auxiliar a interpretação do mundo fornecendo-lhes uma matriz de orientação que faz diferenças e estabelece critérios. A ordem pedagógica, pela qual se ensina Teorias da Comunicação, se subscreve neste contexto teoricamente pensado. Se pensarmos na prática, hoje em dia, no difundido Jornalismo Colaborativo, há todo um sentido construído de que a tecnologia permite a participação do leitor ou telespectador. Valoriza-se isso por parte do meio de Comunicação que, em boa parte das vezes, corre atrás do plano onde seu público agora se encontra. Entretanto, há de se questionar até que ponto essa colaboração existe e se dá. O indivíduo, que manda vídeo ou foto, atende um pedido que não necessariamente é pautado pela colaboração, e sim, por um modo de se informar e conseguir dar uma cobertura jornalística a um fato que ainda era desconhecido dos profissionais em uma redação. Ou seja, é uma questão muito mais ferramental, pós-funcionalista eu diria, do que comunicacional. E é nesse cenário de uma cultura midiática que se desenvolve a questão da massa, em especial, a Mass Communication Research, que envolve toda uma perspectiva funcionalista da Comunicação que Sodré considera o bios midiático23.

O segundo nível é o da vinculação, que cognitivamente, representa a condição originária do ser atravessado por uma exterioridade que é o comum. Dessa forma, ele está pressionado para fora de si mesmo e dividido na perspectiva ontológica. Aqui, entra a necessidade da pesquisa e do sujeito. Enfim, pode-se perceber a existência de um nível de contribuição aos

23 Para conhecer mais sobre este termo, ler: SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho – Uma Teoria da

estudos do conhecimento em Comunicação ou uma necessidade de ampliar a sua produção para efeitos de currículo. Sodré (2014) entende isso não como relação linguística com o outro, mas, na ocupação do lugar do outro. Trata-se, na verdade, da ordem simbólica da qual se pode estabelecer uma compreensão a partir de uma dada estrutura. Valendo-se de uma linguagem figurada, é como se um novelo de lã se desenrolasse e seus fios fossem parte da estrutura da Comunicação. Entretanto, no tocante ao conhecimento, a vinculação envolve o sujeito que a produz e as construções do mundo a partir dos fatos. O autor conclui que a compreensão não vem da reprodução do objeto, mas sim, de um novo acontecimento gerado. Aplicando isso à nossa pesquisa é dizer que não vamos reexaminar as pesquisas fomentadas pela FAPESP, na concepção de seu objeto, porém, gerar a partir delas um acontecimento novo. No nosso caso, as tendências dos estudos em Comunicação e as diretrizes sobre seu aspecto conceitual Sodré (2014, p. 303) ressalta que “A análise da vinculação comporta tantos os aspectos visíveis do comum quanto às dimensões ocultas ou apagadas da simbolização metacomunicativa inerente ao laço coesivo”. Neste nível, há uma associação direta com o afeto, porém, esta possibilidade é descartável no plano da ciência.

O terceiro nível, postulado pelo autor, é o crítico-cognitivo, ou simplesmente, metacrítico que envolve a redescrição da pesquisa no sentido de uma diversidade processual da Comunicação enquanto modo ativo de conhecimento. As mutações socioculturais exigem um autoquestionamento. Esta perspectiva coincide diretamente com a proposta desta nossa pesquisa que pretende revisitar as pesquisas fomentadas pela FAPESP permitindo assim entender o processo da Comunicação, a partir de um questionamento sobre suas contribuições a uma presumível evolução da Área e à sua construção taxionômica. É possível entender os cenários diferentes dos momentos comunicativos implicados em macro conjunturas que primordialmente tratam a Comunicação no âmbito da transmissão ou das suas manifestações midiáticas. É o que Sodré (2014) propõe como organização simbólica cujo conhecimento experimente uma releitura à luz das mutações.

Essas mutações colocam, no mesmo plano de discussão, as conexões teóricas da Comunicação, que não podem ser satisfeitas pelas agregações multidisciplinares. Elas devem ser a tradução de um conhecimento específico que até se entrelace com outro conhecimento. Então, podemos dizer que a Comunicação precisa ser compreendida. É aqui uma espécie de retomada com Braga (2011), quando este coloca a necessidade das interfaces de conhecimento. E como se compreende melhor a Comunicação? Por seu ângulo comunicacional, buscado no sentido de fazer dela, a protagonista das relações comuns. Isto que dissemos aqui é o que Sodré

(2014) chama de hermenêutica tradutora, ou seja, ela parte de problemáticas às quais se realizam os discursos possíveis do pensamento social. Não podemos admitir a Comunicação apenas como transmissão ou conhecimento de passagem. Precisamos legitimar seu estatuto conceitual, de modo que esta seja sua hermenêutica.

O autor é enfático quando aponta que as Ciências da Comunicação têm as premissas de uma Ciência Social: produz valor social, cultural e político. Torna-se possível cruzar os diferentes eixos do saber com os valores humanos de modo à localização de marcos distintivos que possibilitem a elaboração de novas formas do comum. É impossível abandonar a ideia de socialização, mesmo com as noções de espaço e de tempo encurtadas, planas e instáveis. Entretanto, a complexidade da Comunicação se mantém no mundo da vida comum a emissores e receptores que sofrem agora da banalização de que inverteram seus papéis em função de maior acesso. Sodré (2014) pensa o método da formação científica do comum pelas relações humanas e suas trocas simbólicas. Isto, aplicado às pesquisas, envolve colocar, em primeiro plano, o indivíduo e sua organização comunicativa no espaço concreto das experiências culturais vividas. Embora o fomento siga à risca o estudo a ser desenvolvido, quem lhe atribui sentido é um indivíduo, o qual preferimos denominar sujeito de pesquisa, mas que infelizmente no entendimento social, muitas vezes parece ser alguém isolado das práticas/vivências vigentes.

Pela visão de Francis Bacon, é justamente esse sujeito que pode ser o que o autor chama de ídolo do foro, que pode constituir obstáculos à ciência, por falhas vindas da linguagem e comunicação entre os homens. Nisto, podemos dizer que se aplica o impasse conceitual da Comunicação, pois, por interesses próprios de seus pesquisadores e linguagem constituída, temos uma série de possíveis definições que acabam não sendo nenhuma fechada, centralizada. Entretanto, isto poderia ser diferente, pois, pelo que o próprio autor diz, a ciência é um conjunto de regras e procedimentos prescritos como atividade metódica que carrega concepções sobre o homem, sua natureza e o próprio conhecimento. Assim, diz Bacon in Andery (1996, p.14):

A divergência com relação a que procedimentos levam à produção de conhecimento está sustentada pelas concepções que os geram; ao se alterar a concepção que o homem tem sobre si, sobre o mundo, sobre o conhecimento (o papel que se atribui à ciência, o objeto a ser investigado, etc.), todo o empreendimento científico se alterará.

Assim, o que o autor nos sinaliza é uma ruptura de paradigma a partir da autorreflexão. Sabendo da natureza que nossa Área de Pesquisa proporciona, ambientada por seus impasses conceituais, fato é que se atribui um sentido de desprendimento das linguagens que se apresentam como caminho e regras para se pensar qual o nosso papel enquanto pesquisador e o que os sujeitos dedicados a ela, no ramo da Comunicação, estão investigando. Não para mensurar produção, mas sim, para se pensar um método construtivo no qual a Comunicação realmente ganhe uma contribuição de evolução, revisão e inovação. Acreditamos que deste modo, diminuam as polaridades da nossa natureza modificada pela ação do homem, porém, em

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