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A Pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso

No documento 2019DeboraGasparFalkembackOliboni (páginas 50-55)

2 PERCURSO METODOLÓGICO: A INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

2.1 A Pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso

A pesquisa científica apresenta um conjunto de atividades orientadas e planejadas e tem como objetivo conhecer, explicar e fornecer respostas sobre determinados fenômenos que acontecem na realidade. Para esse trabalho, o pesquisador utiliza o seu conhecimento anterior acumulado e recursos plausíveis, a fim de fornecer respostas significativas sobre o fato pesquisado. “Para que o conhecimento seja considerado científico, é necessário analisar as particularidades do objeto ou fenômeno em estudo” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 22). Assim, a pesquisa é a realização completa de uma investigação planejada que visa à produção de saberes novos, relevantes e úteis socialmente.

Todo estudo científico deve basear-se em uma teoria que serve como suporte e fundamentação ao caso que se pretende investigar. A construção da plataforma teórica é

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realizada por meio da definição do tema ou problema da pesquisa, levando o pesquisador a levantar hipóteses, argumentar e encontrar possíveis soluções para o caso ou temática. Assim, “dialogar com outros autores é uma necessidade para a elaboração de uma pesquisa científica, pois além de reforçar ideias, contrapor resultados, as citações e paráfrases evidenciam a dinâmica do conhecimento científico” (MARTINS, 2008, p. 19).

Para que se estabeleça uma investigação, é necessário haver conexão entre o problema de pesquisa, os objetivos e a retenção teórica. O autor José Carlos Köche (2015, p. 121) aborda que a ciência, em sua totalidade de entendimento, é um processo de investigação

[...] que procura atingir conhecimentos sistematizados e seguros. Para que se alcance esse objetivo é necessário que se planeje o processo de investigação. Planejar significa, aqui, traçar o curso de ação que deve ser seguido no processo da investigação científica. Planejar subentende-se prever as possíveis alternativas para executar algo.

Toda pesquisa implica o levantamento de dados em variadas fontes. A metodologia de coleta de dados, análise e interpretações sucessivas exige do pesquisador habilidades para refletir sobre o problema colocado e para fazer um juízo de valor com a finalidade de obter novos conhecimentos que levem a descobertas significativas sobre o campo de investigação.

A pesquisa apresentada neste trabalho é social, empírica, qualitativa e, por assumir tais características, busca investigar uma determinada realidade, sob um viés educativo, analisando as concepções e práticas de leitura dos professores na Educação Infantil de uma determinada escola.

Gilberto de Andrade Martins (2008, p. 6) explica o conceito de investigação empírica:

[...] pesquisa fenômenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturalística), onde o pesquisador não tem controle sobre eventos e variáveis, buscando apreender a totalidade de uma situação e, criativamente, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso concreto. Mediante um mergulho profundo e exaustivo em um objeto delimitado – problema da pesquisa -, o Estudo de Caso possibilita a penetração na realidade social, não conseguida plenamente pela avaliação quantitativa.

A presente pesquisa tem, portanto, natureza descritiva, uma vez que está associada ao trabalho de campo, no qual, por meio de observações, são feitos registros, relatando os fatos de uma realidade sem interferir neles. O trabalho desta pesquisadora dedica-se, nesse contexto, a verificar como o professor da Educação Infantil trabalha a literatura em suas aulas, identificar quais as dinâmicas realizadas e perceber como se dá o envolvimento dos alunos no momento

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da apresentação do livro literário. Além disso, a pesquisa tem como propósito identificar as expectativas oriundas das experiências com a leitura.

Durante a pesquisa, optou-se por utilizar a terminologia “experiências de leitura”, também estudada pelo investigador e pesquisador Jorge Larrosa (2003, p. 25-26), o qual destaca a importância de olhar a leitura sob um novo viés, acentuando o poder de transformação que ela proporciona:

1Trata-se de pensar a leitura como algo que nos forma (ou nos deforma e nos

transforma), como algo que nos constitui e nos coloca em questão, naquilo que somos. A leitura, portanto, não é apenas um passatempo, um mecanismo de evasão do mundo real e do eu real. E não se reduz nem a um meio para adquirir conhecimentos. Em primeiro lugar, a leitura não nos afeta no próprio lugar que transcorre, em um espaço- tempo separado: no lazer, ou no instante que precede o sono, ou no mundo da imaginação. Mas nem lazer, nem o sonho, nem o imaginário se misturam com a subjetividade que rege a realidade, pois a "realidade" moderna, o que entendemos por "real", se define justamente como o mundo sensível e diurno do trabalho e da vida social. Mas isso nem sempre tem sido assim1.

Nesse universo, de acordo com a realidade observada, procedemos a uma coleta de dados, utilizando técnicas específicas, dentre as quais destacam-se o questionário, a observação com anotações de campo, informações e características do grupo pesquisado, buscando conhecimentos que possibilitem interpretar os dados obtidos daquela área de interesse escolhida, e, assim, chegar à compreensão dos fatos.

Nesse campo, Prodanov e Freitas (2013, p. 70) destacam que a pesquisa qualitativa:

Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Tal pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

Por meio de um levantamento sistemático coletando dados, pode-se descrever as características dos sujeitos da pesquisa, bem como do ambiente de trabalho e situações específicas sobre o tema estudado. Nessa concepção, o estudo qualitativo sugere que o investigador esteja no trabalho de campo, faça observação, emita juízos de valor e analise esse campo com alto teor interpretativo sem perder o contato com o conhecimento e a intenção da pesquisa.

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Nesse contexto, pesquisar o trabalho realizado com a literatura pelos professores da Educação Infantil da Escola Municipal André Zaffari, da cidade de Passo Fundo/RS, apresenta- se como objetivo geral desta investigação. Portanto, o processo desenvolve-se por meio de uma pesquisa de campo, a qual “deverá ser precedida por um detalhado planejamento, a partir de ensinamentos advindos do referencial teórico e das características próprias do caso” (MARTINS, 2008, p. 9).

A pesquisa científica “é a realização de um estudo planejado, sendo o método de abordagem do problema o que caracteriza o aspecto científico da investigação” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 43). Nessa abordagem, o trabalho permite conhecer e estudar de perto um caso específico, analisando determinados fatores a fim de encontrar respostas e soluções possíveis para o objeto investigado.

Essa forma particular de estudo é constituída por uma metodologia de pesquisa que consiste em coletar e analisar informações sobre determinado indivíduo ou grupo, a fim de estudar aspectos que instigam o pesquisador.

Segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 60), o estudo de caso:

É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma categoria de investigação que tem como objeto de estudo de uma unidade de forma aprofundada, podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de pessoas, de uma comunidade etc. são necessários alguns requisitos básicos para a sua realização, entre os quais, severidade, objetivação, originalidade e coerência.

Sendo assim, a construção de uma pesquisa partindo de uma situação específica exige do pesquisador maior atenção e proximidade com o caso a ser estudado de modo que a observação dos acontecimentos proporcione novas ideias, visões e interpretações. Martins (2008, p. 12) explica:

Como estratégia de pesquisa, um Estudo de Caso, independentemente de qualquer tipologia, orientará a busca de explicações e interpretações convincentes para situações que envolvam fenômenos sociais complexos, e a construção de uma teoria explicativa do caso que possibilite condições para se fazerem inferências analíticas sobre proposições no estudo e outros conhecimentos encontrados.

Por meio de um estudo de caso, visto como estratégia de investigação nesta pesquisa, busca-se uma metodologia qualitativa que se orienta por uma perspectiva interpretativa e construtivista. Nesta investigação, os dados recolhidos são qualitativos, o que significa que são importantes em fenômenos descritivos ao que se refere à análise de pessoas, locais e conversas. “O método do estudo de caso permite que os investigadores retenham características holísticas

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e significativas dos eventos da vida real” (YIN, 2010, p. 24), ou seja, deve possibilitar dizer algo inédito, oferecer uma nova visão sobre o tema, de modo que o leitor possa descobrir outros sentidos e expandir suas experiências.

Dessa forma, o estudo de caso é importante na aplicabilidade a situações humanas, a contextos contemporâneos de vida real, como é o assunto desta pesquisa que envolve educadores e crianças em situações concretas de ensino e aprendizagem.

Nessa linha, é importante acentuar que a pesquisa originou-se da necessidade de investigar de que forma o trabalho com a literatura está sendo desenvolvido na Educação Infantil. Nesse grupo específico, olha-se para as concepções de leitura dos professores e a utilização de metodologias para o trabalho com o texto literário e as experiências proporcionadas em situações de interação, partindo do ponto de vista da criança, seu contato com a leitura e os livros.

Para isso, toma-se como base um questionário aplicado a um grupo de professores e o acompanhamento de suas observações e de seus registros de atividades. Posteriormente, procede-se à interpretação e à análise dos resultados, os quais serão associados com a prática pedagógica. Os respondentes da pesquisa são professores atuantes em sala de aula no ano de 2018 na escola municipal André Zaffari, em Passo Fundo, RS. A fase inicial para o desenvolvimento da fundamentação teórica foi a bibliográfica, realizada a partir de leituras e reflexões da pesquisadora.

A abordagem do problema traduziu-se em números, contagem de respostas, compilação de dados estatísticos, registros das observações e questionário, instrumento que se revelou de importância ímpar para a coleta. Tais elementos dão à pesquisa uma natureza qualitativa: “Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las” (PRODANOV; FREITAS, 2009, p. 80), o que não significa, contudo, que o trabalho tenha se limitado a esse aporte, pois houve a intenção de compreender as indagações e de averiguar, olhar e analisar as práticas, partindo de uma nova abordagem de leitura, interessou-se em saber “como” o texto literário é trabalhado, portanto o foco da pesquisa é qualitativo.

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