2.3 A polícia em mudança
2.3.5 A polícia no Distrito Federal
Embora a origem da Polícia do Distrito Federal esteja associada à chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808, naquela época não se fez qualquer distinção entre a polícia militar e a polícia civil, que somente ocorreu em 1809, com a criação da Divisão Militar da Guarda Real da polícia do Rio de Janeiro, selando o nascimento da Polícia Militar no Brasil (MIZIARA, 1998).
Com a chegada da Família Real Portuguesa (1808), o Príncipe Regente Dom João VI, preocupado com a segurança da corte diante das ideias liberais francesas, criou o cargo de intendente-geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, a exemplo do que já existia em Portugal. O cargo de primeiro Intendente-Geral de Polícia foi ocupado pelo Desembargador Paulo Fernandes Viana, Ouvidor-Geral do Crime e membro da ordem de Cristo, considerado o fundador da Polícia Civil no Brasil.
Ao criar a Intendência-Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, o Príncipe regente, em um só ato, instituiu a Polícia da Capital e a Polícia do País. A criação da Intendência-Geral de Polícia é considerada o marco histórico da Polícia no Brasil, sendo compartilhado pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Civil do Distrito Federal.
Os seguintes fatos assinalam a origem da Instituição Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF):
1830: o Código Criminal do Império do Brasil estabelece em cada município e
província da Corte, o cargo de Chefe de Polícia, auxiliado por delegados e subdelegados;
1871: surge o Inquérito Policial7
, sendo instituído, como requisito para o exercício
do cargo de Chefe de Polícia, o “notável saber jurídico”;
1889: com a Proclamação da República, os serviços de polícia passaram a ser
regulamentados por leis estaduais e
1902: o Presidente da República, Rodrigues Alves, reformou o serviço policial da
capital passando a denominação de Polícia Civil do Distrito Federal.
Em razão da reforma do sistema policial, o Presidente da República Rodrigues Alves, conferiu a denominação de Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
1944: a Polícia Civil do Distrito Federal foi transformada em Departamento
Federal de Segurança Pública (DFSP);
1946: o Presidente da República Eurico Gaspar Dutra, instituiu o dia 21 de abril
como dia das Polícias Civis e Militares e, como patrono da instituição, o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes;
1960: no governo Juscelino Kubitschek, com a mudança da Capital Federal,
transferiu sua sede para Brasília e incorporou servidores da Guarda Especial de Brasília (GEB);
1964: no governo Castelo Branco, o DFSP passa por reestruturação, sendo
acrescida à sua estrutura a Polícia do Distrito Federal, que contava com a Divisão de Polícia Judiciária (DPJ).
1965: implantação do Regime Jurídico dos Policiais Civis da União e do Distrito
Federal, marcando a era contemporânea da Polícia Civil do Distrito Federal, definindo o dia 21 de abril como dia do Funcionário Policial Civil.
Com a transferência da capital para Brasília (Lei nº 3.751, 13/04/1969), o DFSP
ficou sem funcionar, pois dependia de lei especial e quando foi criado, funcionou precariamente com um cargo de Chefe de Polícia, 3 delegados e 3 cargos de escrivão, em um galpão da Novacap, de onde foi transferido para a Esplanada dos Ministérios. É desta época, que o antigo DFSP seria reestruturado tendo como modelo a estrutura de outras polícias como a Inglesa, a Canadense e a Americana. (1998, p. 19).
Com a criação em 1997, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), órgão de assessoramento do Ministro da Justiça na definição é implementação de política nacional de segurança
7 O inquérito policial o conjunto de diligências policiais destinadas a reunir os elementos necessários à apuração
pública, com ações de modernização do aparelho policial e estímulo à capacitação dos profissionais da área de segurança pública.
A Instituição Polícia Civil do Distrito Federal - PCDF8 - segue o princípio do respeito irrestrito aos direitos fundamentais, a integração com a sociedade, a honestidade, a pro-atividade, a imparcialidade, o absoluto compromisso com o inalienável dever de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, o que tornam as Polícias Civis, verdadeiras baluartes na defesa dos direitos humanos.
A atual estrutura orgânica e atividades da PCDF encontram-se dispostas no Decreto Distrital nº 33.483, de 10 de janeiro de 2012.
No seu art. 1º, define-se a natureza da organização e a sua direção por delegado de polícia de carreira, além de caracterizar a sua relativa autonomia administrativa e financeira.
Já em seu art. 2º é contemplado a missão da Instituição, com orientação para executar suas atribuições legais, preservando os direitos e garantias individuais:
Seção II – Da missão
Art.2º. A Polícia Civil do Distrito Federal tem como missão institucional promover, integrada às instituições congêneres, a segurança pública, visando à preservação da ordem pública e à incolumidade das pessoas, por meio da apuração de delitos, da elaboração de procedimentos formais destinados à ação penal e da adoção de ações técnico-policiais, com a preservação dos direitos e garantias individuais.
Integra o art. 3º as características da instituição, no que se refere aos princípios que regem a administração pública como um todo.
Seção III – Dos princípios institucionais
Art.3º. São princípios institucionais da Polícia Civil do Distrito Federal a hierarquia, a disciplina, a unidade, a indivisibilidade, a autonomia funcional, a legalidade, a moralidade, a impessoalidade, a participação comunitária e a unidade de doutrina e de procedimentos.
Por fim, o art. 4º define as atribuições da instituição:
Seção IV - Das funções essenciais
Art. 4º. São funções essenciais da Polícia Civil do Distrito Federal: I - Ressalvada a competência da União, executar as funções de polícia judiciária do Distrito Federal e a apuração de infrações penais, exceto as militares e eleitorais;
II - Organizar, executar e manter serviços de controle e fiscalização de armas, munições e explosivos, na forma da legislação pertinente;
III - Zelar pela ordem e segurança pública, promovendo e participando de medidas de proteção à sociedade;
IV - Promover o intercâmbio policial com organizações congêneres;
V - Colaborar na execução de serviços policiais relacionados com a prevenção e a repressão da criminalidade interestadual;
VI - Executar as atividades de perícia criminal, médico-legal e papiloscópica;
VII - Realizar as identificações civis e criminais;
VIII - Cooperar com as autoridades administrativas e judiciárias no tocante à aplicação de medidas legais e regulamentares;
IX - Cooperar com os demais órgãos de segurança pública., registrada pela literatura.