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2.4 A política na cidade republicana.

As ambiguidades da Cãmara Municipal em relação a Empresa de Água tinham origem na política praticada durante a Primeira República. Uma política dominada pelas oligarquias rurais num jogo de apoio à autoridade central em troca de poderes nas instanciais de governos estaduais girando em torno de 4% da população, sendo bastante manipulados pelos caciques políticos locais. Os partidos nacionais do Segundo Reinado – Liberal e Conservador – desapareceram sem que, no entanto, fossem substituídos por um único Partido Republicano que abrangesse o país inteiro. As classes urbanas, apesar de crescentes, eram mantidas fora da política.

seguinte forma:

As diferenças primarias entre o Império e a Primeira República não eram, assim, de ideologia (exceto em um senso retórico muito abusado) nem de sufrágio, mas de estrutura. Em lugar do poder moderador, surgiu a “política dos governadores”, reuniões de chefes políticos estaduais e o presidente titular, para determinar a sucessão presidencial. O coronelismo tomou o lugar dos partidos imperiais nacional. A característica principal da Primeira República foi a descentralização, baseada na amplamente apoiada demanda pelos direitos dos estados, que havia solapado o Império. Ao contrário

A ArtedeseconstruircidAdesemmeioàpolíticAlocAl

vida econômica brasileira causada pelo desenvolvimento da economia do café, no centro-sul do Brasil. Com apenas três excepções, no período de 1894 a 1930, os presidentes do Brasil eram ou de São Paulo, ou de Minas Gerais, e a política geralmente favorecia as necessidades dos interesses do café.

generais militares, quando se inicia a consolidação dessa ordem republicana a partir da presidência de Prudente de Morais. A ruptura dessa coalizão das oligarquias estaduais no comando da política

e um grupo de fazendeiros se afasta dos presidentes em virtude do abandono das políticas cafeeiras. capitalista sobre as suas terras com a chegada de famílias poderosas para plantar café e, mais tarde, diante da Política dos Governadores, uma pressão sobre a elite política local pela nomeação das razões do início das clivagens no Diretório Municipal do PRP, ou mesmo entre os vereadores da dos paulistas Prudente de Morais (1894-1898) e Campos Sales (1898-1902).

A tônica política na Câmara Municipal irá se resumir a divisão entre lideranças de dois ideológica sistemática que representasse antagonismos políticos de classe. Em conjunturas desfavoráveis, em que se ameaçavam rupturas mais drásticas, os fazendeiros construíam consensos entre as lideranças da política local pela manutenção da ordem. Isto pode ser visto, por exemplo, em uma notícia do Jornal A Cidade:

A GREVE A LIGA DOS PATRÕES

convidando-se os proprietários para uma reunião, onde se deviam tratar dos meios de terminar a parêde dos operários, que, ha cerca de dois mezes, vem perturbando o trabalho e a economia do município.

A “Associação Commercial”, comprehendendo, mais calmamente, que por outros modos podia Com semelhante propósito a directoria dirigiu-se hontem aos srs. dr. Enéas da Silva, nosso director e socio honorário daquella corporação e dr. Augusto de loyolla, e lhes expoz os planos do seu nobre commettimento.

Caso, porem, o accordo razoável para ambas as partes, não seja possível, a Associação envidará outros meios, não sendo de exthranhar que a idéia da “Liga dos Patrões” seja esposada pela Associação, A década de 1910 seria marcada por inúmeras greves, não só de colonos das fazendas de café, mas de diversos outros segmentos de trabalhadores urbanos, como os cocheiros, que reclamavam a organização de um estacionamento para os seus carros ao redor da Praça Francisco Schmidt. Como diria o jornal, a previsão era “acabar com a balburdia, a desordem que alli se formava na

chegada do trem.” . Porém, a greve com manifestações e piquetes dos cocheiros pelas ruas da cidade, que intimavam os companheiros para a paralisação do trabalho, termina em desavenças pela atitude de um fura-greve, como noticía o jornal:

O facto é que o cocheiro Lazaro Fragoso, do carro n. 31, não solidario com a greve foi a estação graças a intervenção rapida e energica da polícia não teve consequencias serias.

Reunidos na estação intimaram áquelle cocheiro que não trabalhasse e como esse a isso se recusasse impediram que os passageiros tomassem lugar no seu carro.

Lazaro resistiu e isto bastou para que os paradistas atirassem de cima da boléa por sobre as rodas e o esbofeteassem.

A polícia interviu então, sendo estabelecida a ordem e tendo sido intimados a comparecer á policia todos os grevistas.

A’ tarde o carro de Lazaro continuou funccionando, guardado por um praça de policia. Ao que sabemos e como é justo e natural, a Prefeitura absolutamente não transijirá.

A policia garantirá também plenamente todos os cocheiros que quiserem trabalhar.(A CIDADE: 1911: 1-2)

Em 1912, o jornal publica os rumores sobre outra greve que estouraria nos dias 9 e 10 do mês de maio, realizada pelos leiteiros da cidade. A greve ocorreria em virtude dos últimos

A Cidade num tom

conservador: “como a época é de gréves, um meio ha para a desforra, pelo menos. É fazerem greve também os

freguezes na occasião do pagamento do consumo mensal de leite”, e ainda sobre o pagamento do imposto o

jornal se posiciona, “O melhor, mais certo e criterioso é pagar o imposto que é justo e equitativo, e deixar as greves,

porque com gréves não se revogam leis e nem se faz adminisração”31.

Os pedreiros da cidade também chegam a se declarar em greve contra os empreiteiros pelo aumento dos salários das jornadas de trabalho. Em virtude da grande quantidade de obras urbanas realizadas no período, o poder de barganha dessa classe não era desprezível, e o jornal A Cidade publica uma nota a respeito de uma conquista dessa categoria.