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Capítulos

REUNIÃO DE FAZENDEIROS

2.5 As polêmicas em torno dos mananciais.

Ribeirão Preto havia agrega, como vimos, os poderes políticos necessários para angariar

Empresa de Águas e Esgotos de Ribeirão Preto, sendo um dos investimentos da família Silva Prado na região. Entretanto, já em janeiro de 1903 se iniciam as crises de falta d´água, principalmente ao críticas aos serviços prestados pela Empresa, que irão perdurar ao longo das primeiras décadas do Na seção de reclamações da edição do Jornal A Cidade do primeiro domingo de janeiro de É certo que nestes últimos mezes tem peorado de um modo assustador o estado sanitário de nossa bela cidade, repetidos casos de febre, todas de mau carácter, estão levando aos seios das famílias as mais tristes aprehensões e, a já não poucas, o luto e a desolação. Ribeirão Preto, que ainda ha pouco tempo era apontado na Europa, em conferencias que fazia em diversas cidades do velho mundo, um bom amigo do Brasil, o sr. Casabona, como uma das mais saudáveis cidade do mundo, está, em assumpto de salubridade, voltando aos tempos , de que ainda perdura a triste lembrança, em que o paludismo e as celebres febres paulistas dizimavam a sua população.

de 29 de Dezembro, aponta como causa do mau estado sanitário actual a falta d’água para lavagem dos esgottos e pede providências aos poderes competentes.

Ninguém ignora o quanto concorre para a insalubridade de uma cidade uma rede de esgottos sem a imprescindível abundância d’água, e por isso, estou de inteiro accordo com o reclamante em que providencias devem ser tomadas, energicas e promptas, para melhoramento deste serviço. (A CIDADE: 1909: 1)

Prado, no mesmo ano o então prefeito municipal J. P. da Veiga Miranda, pouco antes de romper o alinhamento com a situação política capitaneado por Joaquim D. da C. Junqueira, apresenta uma moção ao gerente da Empresa de Água, Flávio de Mendonça Uchoa:

Tem chegado a esta Prefeitura constantes reclamações contra a falta d’água, precisando algumas dellas uma circunstância sobre a qual desejo informações por parte dessa Empreza: queixam-se os moradores de algumas ruas da cidade, servidas pelo reservatório Schmidt, de que, após as 9 horas da noite não tem uma gotta d’água nos seus encanamentos

Comprehendo que a grande estiagem que atravessamos haja determinado o empobrecimento dos mananciais. Assim acontecendo é mister que a Empreza, como medida de previdência, procure dispor desde já de maior volume d’água, na proporção da clausula II do contracto, sem precisar valer-se do expediente de privar d’água durante a noite, alguns prédios, recurso esse de que não cogita o contracto e em extremo nocivo a higiene. (VEIGA MIRANDA: 1909: 61)

dessa situação, em 1912, é formada uma Comissão Especial pela Câmara Municipal com intuito de se avaliar a qualidade dos serviços prestados pela Empresa de Águas e Esgotos de Ribeirão Preto.

A ArtedeseconstruircidAdesemmeioàpolíticAlocAl

Os membros da Comissão eram três renomados representantes da elite de ribeirãopretana - os vereadores Manuel Maximiano Junqueira, que já havia presidido a Câmara Municipal diversas vezes,

da Comissão e advogado da Cia. Cervejaria Paulista.

Na Câmara Municipal, as posições políticas acompanhavam aquelas polarizações entre Joaquim da Cunha Diniz Junqueira e Francisco Schmidt.34 Na situação estavam Joaquim Macedo

Bittencourt, Intendente Municipal durante toda a década de 1910, João A. Meira Junior e Manuel oposição se alinhavam os outros integrantes da Comissão Especial, João Pedro da Veiga Miranda e Renato Jardim, que haviam rompido a aliança com Junqueira, sendo os principais críticos do O parecer de J. P. da Veiga Miranda, como membro da Comissão Especial sobre a questão das águas, é iniciado se opondo à gestão do prefeito Macedo Bittencourt com o apontamento da das águas distribuídas em Ribeirão Preto. Tudo ao custo de não se obstruir o futuro da cidade:

Devemos declarar, antes de tudo, que entendemos ser occasião de a municipalidade traçar um maiores sacrifícios devemos assegurar o futuro de Ribeirão Preto cujo engrandecimento e progresso se vêm entravado unicamente pelas más condições da sua água. Município rico, privilegiado pela sua posição no da sua cidade. A Câmara Municipal não se deve impressionar com a perspectiva de algumas centenas de contos a despender, desde que desse dispêndio resulte assegurar-se o bem estar, a saúde e a vida dos nossos concidadãos (MIRANDA, 1912:1).

às epidemias urbanas, como a drenagem de várzeas e a construção de canais dos rios centrais. Tais obras, bastante onerosas ao orçamento municipal, eram sempre realizadas mediante a contração de empréstimos. O próprio vereador J. P. da Veiga Miranda, quando prefeito municipal, havia realizado a uma “boa” condução dos negócios municipais geridos por Macedo Bittencourt:

Em duas ou três viagens feitas a Capital, entabolei negociações com diversos capitalistas Paulistano: “De ordem do Sr. Dr. J.P. da Veiga Miranda, Prefeito Municipal de Ribeirão

(MIRANDA, 1909:12).

34 Ver CUNHA, Marcos Vinicius da. O velho estadão. Educação e poder nos anos de ouro do Ginásio Otoniel Mota. Ribeiro. Construindo a petit paris: Joaquim Macedo Bittencourt e a belle époque em Ribeirão Preto (1911-1920). FHDSS/Unesp, 2004, Franca. (tese de doutorado em história).

de materiais junto ao Governo do Estado para a construção da rede de água por meio de um pelas Cia. Inglesa, Cia Paulista e Cia. Mogyana, numa ordem de mais de 400 contos de réis. J. P. da Veiga Miranda ainda absorve outro empréstimo junto ao próprio diretor da Empresa de Água, Flávio Uchoa, na ocasião do calçamento a macadame das ruas da cidade.

Empréstimo de 1.000 contos

Já foi inteiramente emitido o empréstimo de 1.000 contos autorisado em 1905 pela Câmara Municipal, para o serviço de macadamisação da cidade.

As emissões foram feitas pela forma seguinte, em letra ao portados do valor de cem mil réis, juro de 10 por cento, pago semestralmente:

- 5.000 letras entregues, conforme clausulado contrato do calçamento, ao empreiteiro Dr. Flavio Uchôa. (VEIGA MIRANDA: 1909: 16)

Assim, o que as oposições encobrem é uma função institucional que a Câmara Municipal vinha assumindo no seu endividamento pelo intuito de capitalizar empresas privadas, o que só era possível através da circulação dos mesmos agentes entre esferas públicas e privadas do município. Mais uma vez, enquanto Intendente Municipal aliado aos partidários da situação Junqueirista, J. P. das preocupações mais recorrentes entre os prefeitos municipais no que se refere ao abastecimento dos tanques de irrigação de praças e ruas do centro da cidade.

Jardins e Arborisação

do contrato é a Empreza obrigada a fornecer 4000 litros d’água diariamente para a irrigação de cada jardim. Ora, é uma quantidade verdadeiramente irrisória que sido, porém, sempre excedida graças a gentileza do gerente da Empreza.

As obras com os tanques do Jardim da Praça Rio Branco importaram em 436$420. O do Jardim da Praça 13 de maio deve ser executado este ano, conforme verba já consignada no orçamento. A arborisação foi convenientemente cuidada, sendo completada a arborisação da Rua Americo Brasiliense e replantadas as das ruas Saldanha Marinho, Lafayette, Florencio de Abreu e Liberdade, além de uma ou outra muda substituída em diversos pontos. (VEIGA MIRANDA: 1909: 40)

Para o prefeito municipal da década 1910, Joaquim Macedo Bittencourt, a falta d´água também irá afetar o cotidiano das pessoas que frequentavam o bairro comercial da cidade, baixar o pó, algo essencial ao projeto de modernização do centro de Ribeirão Preto.