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Disponível em: <http://wikimapia.org/16793409/pt/Pilastras-da-Antiga-Ponte-Afonso-Pena> e <http://www2.saosimao.go.gov.br/fotos-historicas/>. Acesso em: 12 out. 2015.

Consequentemente, a rota comercial por terra desestrutura-se, tornando obsoleto o eixo de integração Goiás Velho ao Rio de Janeiro12. Com o enfraquecimento econômico e populacional do centro-oeste de Goiás, ocorre uma crescente urbanização do centro-sul do estado capitalizada pelos novos meios de circulação, e, posteriormente, pela criação de Goiânia.

Na virada do século XX, Goiás apesar de isolado, já contava com mais de 255 mil habitantes e em 1920 registrou pouco mais de 511 mil; com uma população bastante dispersa, apresentava densidade populacional de apenas 0,77 hab./Km2 (GOMES, 1974). O Sudeste do estado era a região mais povoada, por sua maior proximidade com o Triângulo Mineiro e por ser o canal do fluxo ferroviário.

O latifúndio era o tipo de propriedade que dominava o cenário goiano, em decorrência do sistema de sesmaria. O censo de 1920 constatou 16 mil propriedades em Goiás, destas,

12 A rota comercial seguia Goiás Velho, Pirenópolis, Santa Luzia/MG, Paracatu/MG, Sul de Minas Gerais até o

85% tinham mais de 40 hectares. A extensão média das propriedades era de 1.344 ha. (280 alqueires). (GOMES, 1974).

Gomes (1974) nos relata que nessas grandes propriedades viviam grupos de despossuídos tais como agregados, vaqueiros, meeiros, parceiros, jagunços, dentre outros, num sistema patriarcal herdado do período colonial; posteriormente, engrossaram a classe de minifúndios por meio de compra, posse ou grilagem.

O isolamento geográfico, político e econômico do Centro-Oeste ocorreu até a década de 1930/40, período em que o Brasil vivia um novo cenário político da república recém-criada e da ruptura da política “café com leite”, em que São Paulo e Minas tiveram longos êxitos políticos.

Nas décadas seguintes, os governos que presidiram o país dispensaram um olhar mais pontual para o Centro-Oeste, em especial, o estado de Goiás, investindo em infraestruturas rodoferroviárias, implantação de projetos agropecuário, além da construção da nova capital goiana e da nova capital federal, Brasília.

Tais transformações socioespaciais e políticas iniciaram a partir do governo de Getúlio Vargas, na década de 1930, que, dentre suas ações, destacamos o projeto “Marcha para o Oeste”.

Esse grande projeto estabelecia uma política de interiorização que tinha como objetivo estender a fronteira econômica para as regiões menos desenvolvidas, bem como, possibilitar, naquele momento, a integração nacional.

Diante de um contexto político ameaçador da época, a ideologia de estender a fronteira econômica mascarava um receio político de ocupação estrangeira, principalmente dos grupos socialistas. Para isso, o projeto “Marcha para o Oeste” também deveria desenvolver uma ocupação racional, com a criação de colônias agrícolas e urbanas, ocupando os imensos vazios que existiam pelo interior do Brasil, reforçando a segurança das fronteiras.

De acordo com Cataia (2006), esse projeto motivou uma volumosa campanha publicitária e se materializou, sobretudo, na construção de ferrovias e rodovias e na criação de oito colônias agrícolas nacionais, pelo Decreto 3.059 de 1941, das quais Goiás foi pioneiro.

Em termos políticos, Getúlio Vargas escolheu Pedro Ludovico para governar Goiás. Seu maior empreendimento político de desenvolvimento regional foi a construção da nova capital estadual, Goiânia, em 1933, para o centro-sul do estado, provocando um surto imigratório facilitado pela ferrovia e estradas existentes.

A expectativa da nova capital era vista como um investimento necessário pelo governo, na tentativa de apagar da memória goiana, aquele “ranço” de estado pobre, miserável e sem desenvolvimento. Era preciso desenvolver nos goianos uma autoconfiança perdida nos tempos de isolamento econômico e esquecimento nacional.

A mudança da capital mais que um ato político constituiu uma atitude precursora de uma fase moderna do desenvolvimento para o estado de Goiás em razão de consistir num rompimento deliberado do provincianismo e a falta de perspectivas que dificultavam a antiga capital Goiás Velho.

A construção de Goiânia foi o marco de uma etapa histórica, mobilizando energias, ações e serviços. A abertura de novas estradas interligou municípios e estados e facilitou a articulação entre os centros urbanos por meio dos fluxos de pessoas e de mercadorias, favorecendo a urbanização.

A nova capital fez parte do início da política de interiorização que Vargas iria efetivar após a década de 1940. Pode ser considerada como o começo de uma nova etapa para Goiás, marcada mais pela projeção futura do que pelas realizações imediatas.

Em 1940, a população urbana já era de 14,6% e a rural de 85, 4%. Em 1950, a população passava de 820 mil habitantes. Aos poucos, estruturava-se uma rede urbana mais densa, com mais de 125 cidades e vilas de até dois mil habitantes. (GOMES, 1974).

No final dos anos de 1950, o governo de Juscelino Kubitschek lança as bases de uma nova etapa de ocupação no Centro-Oeste. Tratava-se de um ambicioso e arrojado Plano de Metas, projeto que previa uma política de ocupação e desenvolvimento, tendo como meta principal, a construção da nova capital federal e sua transferência do Rio de Janeiro para o temido “sertão” do Brasil central.

Segundo o IPEA (2002), o que se inaugura com o Plano de Metas é fundamentalmente a articulação das novas infraestruturas (circulação e energia) num processo mais arrojado, que envolvia a concepção de um novo padrão de industrialização, elevadas taxas de crescimento econômico, unificação do mercado nacional e o binômio “indústria automobilística/ rodoviarismo”, além dos programas e políticas oficiais para a agricultura.

A construção da nova capital federal representou mais do que a mudança espacial do arcabouço político, representou também uma modernização dos sistemas de comunicação, transportes e energia, visando dar suporte para a recente indústria automobilística e as possíveis indústrias vindouras para o Centro-Oeste.

Novos eixos rodoviários foram construídos ligando o centro do país aos seus extremos, favorecendo a circulação de pessoas e mercadorias, possibilitando uma maior integração entre o sertão e os centros de decisões político-econômicas. Dentre essas redes de circulação, destacamos a BR 153, “Belém - Brasília”, que serviu de rota de ocupação no norte de Goiás, estimulando a economia regional.

Em termos de macroescala, Brasília, também, reforçou a centralidade de Goiás no Centro-Oeste. Em 1950, seu crescimento foi de 4,9% por influência da obra da capital federal.

A implantação dos projetos de transferência política (Brasília e Goiânia) foram também projetos de ocupação planejada, redirecionando fluxos imigratórios e estimulando a urbanização em áreas desocupadas do interior do país. As novas sedes de poder consolidaram novos espaços estratégicos no Centro-Oeste, especialmente em Goiás. No entanto, do ponto de vista econômico, ainda era necessário inserir o Centro-Oeste na economia nacional.

Tradicionalmente, os solos dos Cerrados, por serem pobres em nutrientes, não apresentavam grande produtividade, além de que não era qualquer espécie que se adaptava. Nesse sentido, o sertão do Brasil não contribuía economicamente para o PIB brasileiro; a agropecuária era direcionada para subsistência ou trocas comerciais regionais.

Essa mudança irá ocorrer a partir do final dos anos de 1970 e se efetivar nos anos de 1980 adiante, quando o Estado investe numa forte política de desenvolvimento agrícola, visando potencializar a produção de grãos e criação bovina, nos solos de Cerrados do Centro- Oeste. O contexto dessa política agrícola e os efeitos no território goiano serão assuntos tratados logo mais a seguir. Antes, iremos contextualizar o município de Rio Verde por meio de sua dinâmica local até a década de 1980, para em seguida, compreendermos, como a reestruturação agrícola e agroindustrial se efetivaram no município.

3.2 Da terra das abóboras à Princesa do Sudoeste Goiano: evolução

histórico-econômica de Rio Verde – GO

A ocupação territorial de Rio Verde, iniciada no século XIX, ocorreu de maneira gradual e rarefeita por todo o território onde seria mais tarde, estabelecido o município. A formação de uma vila, décadas depois, concentrou um número reduzido de moradores no embrião da futura cidade. A fazenda foi, por longo tempo, o local de moradia que predominou no município até meados da década de 1970.

Luiz Palacín (1976), Onaldo Campos (1971), Oscar Cunha Neto (1988), Sérgio Lopes (2006) e Zilda Pires (1998), são autores que contribuíram na contextualização de Goiás, bem como de Rio Verde, abordando a ocupação e o desenrolar político e econômico entre os séculos XIX e XX. De acordo com esses autores, a ocupação no Sudoeste Goiano iniciou a partir de 1830. Nesse período, o esgotamento e a dificuldade de adaptação das terras disponíveis no Triângulo Mineiro permitiram uma rápida penetração de fazendeiros no Sul Goiano. Eles optaram pelos chapadões altos, fugindo dos grandes rios e das zonas de matas, ocupando as zonas de campo e Cerrados. A formação e expansão das grandes fazendas de gado estruturaram-se, portanto, entre os territórios dos atuais municípios de Rio Verde e Jataí. Como os pioneiros vinham à procura de campos limpos para suas criações extensivas, logo que chegavam a um lugar, demarcavam a posse pelos acidentes geográficos. Isto determinou que, por vezes, estendiam-se por léguas, à procura de um rio ou espigão mestre para definir uma divisa bem feita. Até onde a pata do boi marcasse o terreno, essa eram as fronteiras da fazenda. Estima-se que isso perfazia, a partir da sede da fazenda, um raio de três léguas13. Feita as demarcações, as fazendas eram edificadas perto de um pequeno riacho, de onde se podia desviar a água para a sede.

A primeira decisão política para a ocupação dessas terras formalizou-se em 1838 quando o então presidente da Província de Goiás, Luís Gonzaga Fleury, assinou a Lei no. 11, estimulando a ocupação por meio da isenção do pagamento de dízimos de gado vacum e cavalar, por um período de 10 anos. O pioneiro que se assentou nas terras onde seria Rio Verde, foi José Rodrigues de Mendonça e sua família, provindos do interior de São Paulo.

Estabeleceram-se na fazenda São Tomás próximo ao Rio de mesmo nome, distante aproximadamente seis léguas do lugar onde mais tarde se fundaria o povoado de Dores do Rio Verde.

Em 25 de agosto de 1846, doaram parte das terras dessa fazenda para a Igreja, construindo uma capela em devoção a Nossa Senhora das Dores, surgindo em seguida o Arraial de Nossa Senhora das Dores do Rio Verde (CAMPOS, 1971).

O distrito de Rio Verde foi criado em 05 de agosto de 1848. Em 1854 foi elevado à condição de vila, chegando à categoria de cidade somente em 1882. Nesse período, um fluxo de pessoas se instalou no Sudoeste Goiano desenvolvendo o comércio regional nos arredores da capela de Nossa Senhora das Dores.

Recebeu os seguintes nomes: Freguesia de Nossa Senhora das Dores, Vila de Nossa Senhora das Dores14 e, posteriormente, Rio Verde. Este último, relaciona-se ao fato do principal curso d’água que abastece a região, Rio Verdão, ter uma tonalidade verde clara.

Cunha Neto (1988) nos mostra que em 1861, Rio Verde já possuía uma base econômica respaldada na agricultura, no comércio e numa nascente indústria (manufatureira). A tabela 10 descreve as atividades existentes no período em que Rio Verde ainda era uma vila, e a maior parte de seus moradores viviam dispersos nas fazendas, conforme relatos de diversos autores.

Tabela 10: Rio Verde/GO - descrição das atividades econômicas do município em 1861

Maquinários Produção Anual

10 teares 300 varas de pano grosso e 300 varas de pano fino

02 engenhos de cana 100 arrobas de açúcar branco e 150 arrobas de açúcar mascavo 01 engenho de serra 30 dúzias de taboados

01 Olaria 6.000 telhas

60 Monjolos 6.000 alqueires de farinha

Fonte: Relatório de Presidente da Província. Cunha Neto (1988, p. 254).

As atividades desenvolvidas no final do século XIX eram predominantemente rurais. Teares, engenhos e monjolos eram comuns nas grandes fazendas.

Quanto ao vilarejo, Cunha Neto (1988) nos fala que um viajante, chamado Visconde de Taunay, o descreveu na época da visita da tropa de soldados da Guerra do Paraguai (em 1865) como sendo uma “paupérrima aldeola”, chegando a ser um absurdo o qualificativo de vila. O lugarejo possuía apenas uma rua, formada de palhoças, dispostas de forma espalhada e algumas já em ruínas, mas já tinha uma escola para turmas masculinas.

Interessante destacar que foi nessa época que o vilarejo ganhou o apelido de “Arraial das Abóboras”, dado pelos soldados que participaram da Guerra do Paraguai em 1865, e que ao passarem por Rio Verde, com uma tropa de 3.000 homens, descansaram por quatro dias. Nesse período, foram alimentados com abóboras, que era muito farta na região.

Tanto foi o consumo que apelidaram o local de Arraial das Abóboras. O termo era pejorativo, já que a abóbora era um produto quase sempre destinado à alimentação dos porcos. (CAMPOS, 1971).

As primeiras descrições que temos sobre o núcleo de Rio Verde datam de 1854, por intermédio de um Relatório do presidente da Província de Goiás, citado na obra de Onaldo Campos (1971, p. 46),

[...] sua população excede a 4.000 almas, porém, está muito dispersa; seus habitantes são laboriosos, dedicam-se à lavoura e à criação de gado vacum [...]; são lavradores abastados, cujas fortunas constantes de escravos, gados e terras (que é o que menor valor tem) são relativamente a esta província consideráveis.

Segundo Cunha Neto (1988), em 1872, a região já contava com 4.554 pessoas, delas, 3.456 pertenciam à região de Rio Verde. Apesar da simplicidade urbana, havia uma pujança local em Rio Verde, no começo do século XX. Era um dos locais em Goiás, onde mais corria dinheiro, muitos fazendeiros de recursos habitavam aquela área e o caminho que a atravessava, era animado pelo movimento das grandes boiadas. Cerca de 10 a 15 mil cabeças de gado eram exportadas anualmente para Minas, São Paulo, Mato Grosso e Paraguai no começo do século XX. (CUNHA NETO, 1988).

Além das boiadas, havia intensas transações comerciais com a Província de Minas, fator que encarecia os produtos consumidos. Por isso, os fazendeiros recorriam a São Paulo como estado fornecedor de gêneros mais baratos, tais como sal, café e querosene. Segundo relato de Pires (1998, p. 15) “os mesmos gêneros comprados em Araraquara de SP, que são 30 léguas mais distantes, saiam até por menos da metade do que custavam em Uberaba, MG”.

O transporte característico do sertão era o carreiro; esse tipo de transporte existiu até a transformação das “picadas” em estradas e da inserção do automóvel nos Cerrados. Os carreiros e os tropeiros movimentavam a economia local; eles eram os viajantes comerciais que levavam mercadoria, gado, dinheiro e informação entre as freguesias, vilas e cidades.

A chegada das tropas ou dos carreiros de sal, geralmente, era motivo de movimentação nas praças comerciais. De acordo com Pires (1998, p. 24), “alguns carros necessitavam de 40 bois. Alguns traziam sobressalentes e não havia fiado para frete; todos sabiam e já reservavam o numerário para pagarem à vista, aos tropeiros e carreiros”.

Com a intensificação desses comerciantes, novos negócios foram surgindo pelo sertão adentro. No curso das picadas e estradas, muitos sitiantes e fazendeiros construíam vendas, currais e pastos para cobrarem pernoites dos animais e do uso dos ranchos.

No princípio era tudo deserto; depois as estradas foram ficando pontilhadas de tavernas, ranchos, donos de pastos de aluguel, pensão e campiadores profissionais, que exploravam de todas as maneiras os incautos viajantes, inclusive, escondendo alta noite algum animal para ganhar no campeio nos dias seguintes. Os gêneros necessários eram vendidos por alto preço a esses aventureiros. (PIRES, 1998, p. 24).

Nos vilarejos, as casas comerciais tinham a função de atender às poucas necessidades do campo. Naquela hora, as fazendas eram autossuficientes, produziam praticamente tudo que precisavam, tais como gado (consumo e venda), porcos e aves, além de gêneros da agricultura para subsistência, tais como arroz, feijão, milho, mandioca, cana-de-açúcar e algodão. O milho era transformado em ração para os animais e farinha para o consumo da família; a mandioca virava farinha e polvilho; a cana era transformada em açúcar, melaço, rapadura e pinga de engenho, e o algodão era transformado em tecidos.

Nas casas comerciais das vilas, a procura era exatamente por aquilo que não podia ser produzido nas fazendas: sal e querosene.

Segundo Cunha Neto (1988), em 1890, Oscar Leal passou por Rio Verde e a descreveu como uma cidade que se caracterizava por apenas uma rua bastante extensa e sem nome, de duas outras de menor importância, de uma praça pouco edificada, onde estava a matriz e a cadeia. As casas em geral eram mal construídas e mal divididas no seu interior; a argamassa das paredes era feita com excremento de gado.

A última descrição sobre a cidade de Rio Verde no século XIX foi feita por Vitor Coelho de Almeida, em 1892, citada no trabalho de Campos (1971, p. 85).

A população de Rio Verde [...] não atingia mil habitantes. Era no entanto a principal vila de todo aquele sertão. Gente de boa índole e pacífica, vivia, porém sobressaltada e via-se obrigado a armar-se, para legítima defesa, por causa dos mandões políticos, em luta entre si, e tendo cada qual a seu serviço, u’a malta de capangas (sic). Daí a má fama do sertão das Abóboras, terra de mulheres muito formosas e de homens perigosos. [...]. Só uma peste local: a politicagem.

Segundo Lopes (2006), em 1896, a pedido do conselheiro Francisco Ribeiro, foi feita a primeira demarcação da cidade, uma planta simples, em que estabelecia dez ruas e duas travessas. Em 1926, houve nova mudança do espaço urbano, passando para 14 ruas e quatro praças.

As descrições sobre a formação do espaço urbano de Rio Verde são cheias de contradições, mas revelam um vilarejo simples em que a economia naquela hora, não era reinvestida no urbano, mas sim, em terras e no rebanho. Aliás, esta atividade esteve ligada à formação territorial e econômica de Rio Verde favorecendo o comércio com outros estados, tornando sua localização privilegiada.

Na virada do século XX, a cidade de Rio Verde já contava com dois mil habitantes. Sua planta ainda era simples, como podemos visualizar na figura 2.

Figura 2: Núcleo urbano de Rio Verde no início do século XX

Fonte: Secretaria Municipal de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano, 2015.

Cunha Neto (1988) e Lopes (2006) mostram que no início do século XX, Rio Verde destacou-se entre as demais cidades goianas, tanto na economia quanto na infraestrutura, sendo a primeira cidade do estado a possuir rede de água encanada, um sistema de captação de água potável que atendia 70 casas, além de duas escolas primárias e uma secundária.

Em 1915, foi instalada na cidade uma usina de geração de energia, que atendia algumas poucas residências e, em 1922, foi ligada a primeira linha de telefone de domínio particular, pertencente à Empresa de Força e Luz – SEABRA e às indústrias Reunidas Sudoestinas.

Na década de 1920, era comum que os estabelecimentos comerciais se anunciassem nos jornais locais, uma vez que existia uma tipografia na cidade. Dentre os anúncios, destacamos alguns, citados na obra de Cunha Neto (1988, p. 173):

É preciso que notem bem!...A FILIAL SOUZA LIMA – de Luiz Inácio de Souza Lima, está pondo as suas mercadorias, isto é, com 20% sobre o custo. Está na hora do tatu ir beber.

Seba & Árabe – Vendas em condições – collossal (sic) sortimento. Seus preços são os menores possíveis. Não temem concurrência (sic) – Completo sortimento de fazendas, calçados, chapeos (sic), perfumarias finas, ferragens etc.., etc. – Praça da Independência – Rio Verde.

Brevemente – Grande stock (sic) do afamado calçado da reputada fábrica COOK – artigos finos por preços de fábrica. A casa oferece um premio de 100$000 a quem provar que os seus artigos não são bons e os de menores preços – Visitem o 1º Barateiro! – Ao queima! Ao queima!

Em 1936, Rio Verde era uma cidade de aproximadamente cinco mil habitantes; a chegada da família Gordon, fundadores do primeiro hospital particular, descreve um lugarejo com estradas precárias, poeirentas e esburacadas.

Mas é na década de 1940 que o espaço urbano ganha dimensão. A infraestrutura recebe melhorias, por meio da instalação de uma nova hidrelétrica, com capacidade para 400 hp, que possibilitou atendimento de energia elétrica para 250 prédios e outros 80 estabelecimentos