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Disponível em: <http://www.opopular.com.br/editorias/noticias/economia/goi%C3%A1s-tem-a-segunda-maior- concentra%C3%A7%C3%A3o-de-piv%C3%B4s-no-pa%C3%ADs-1.795516>. Acesso em: 10 mar. 2016.

c) Armazéns

A alta produção requereu investimento de novos sistemas de engenharia que viabilizasse a produção, o armazenamento, o escoamento e a comercialização. Em Goiás, a rede de armazenagem apresentava uma capacidade de 11 milhões de toneladas no final dos anos de 1990 e era distribuída entre silos e armazéns.

A alta produção de grãos em Rio Verde é confirmada pelo Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras (CONAB); em 2010, foram armazenados 1.507.253 toneladas. Nesse ano, havia 36 empresas rurais e agroindustriais cadastradas, responsáveis por 79 armazéns e silos, capazes de atender ao município e à região. Dentre elas, a empresa

COMIGO, Cargill, Grupo Brejeiro, Grupo Cereal, Caramuru, entre outras, oferecem armazenagem e esmagamento da soja.

d) Consumo de energia rural

A ampliação do consumo produtivo agrícola amplia entre outros fatores, o consumo de energia rural. Ainda que o consumo rural viesse ocorrendo nas últimas décadas, ele se sobressai a partir de 2000 em função da ampliação das empresas rurais e a informatização agrícola, elevando consideravelmente o consumo em Goiás, Sudoeste Goiano e em Rio Verde (Tabela 20).

Tabela 20: Goiás, Sudoeste Goiano e Rio Verde – consumo de energia rural (Mwh) 1995/2014

Localização 1995 2000 2005 2010 2014

Goiás 366.026 654.638 871.168 1.142.200 1.311.238

Sudoeste Goiano - - 98.764 146.380 176.353

Rio Verde - 20.662 36.135 59.997 70.650

Fonte: Seplan/Sepin/GO. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

Segundo dados da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento de Goiás (SEPLAN), são alocados na categoria energia rural, os consumidores que desenvolvem atividades rurais com objetivos econômicos, tais como as subclasses: agropastoril, cooperativas de eletrificação rural, indústria rural e coletividade rural.

A industrialização do campo com base no apoio financeiro do Estado e a formação das empresas rurais em Goiás vão elevar o consumo de energia rural nesse estado, indicando a reestruturação agrícola que vem ocorrendo. Somente em Goiás, o consumo de energia rural dobra entre 1995 e 2005.

Em Rio Verde, a elevação do consumo rural foi ainda maior se comparado ao estado no período de 2000 a 2014; pois foi triplicado. Isso devido à inserção de tecnologia no campo, como maquinário, silos, pivôs e atividades de granja suínas e de aves, que aumentaram significativamente após os anos 2000.

e) Transportes

Santos e Silveira (2001) chamam a atenção para o desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação enquanto fatores essenciais para o desenvolvimento de um Meio-

técnico-científico-informacional no território brasileiro. No desenvolvimento do processo produtivo agroexportador, quanto maior a fluidez, melhor será a circulação e comercialização da produção.

No Brasil, a maior parte dos transportes de carga é realizada por rodovias; seu intenso uso e falta de fiscalização por excesso de peso tem piorado sua conservação. No período de safra, aumentam o número de caminhões nas estradas e o congestionamento no pátio das agroindústrias ou dos portos, fatores que ajudam a encarecer o frete. Visando maior fluidez do transporte, Vieira (2002) argumenta que o governo tem investido na integração e racionalização das rotas, criando os corredores de transportes multimodais, que incluem rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aerovias.

Goiás se utiliza do corredor Tietê-Paraná (que inclui Goiás, Triângulo Mineiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul) e do corredor Centro-Norte (que inclui o Tocantins, sul do Maranhão, Piauí, sudeste do Pará, leste do Mato Grosso e nordeste de Goiás).

O Sudoeste Goiano se utiliza do corredor Tietê-Paraná para exportação, escoando sua produção pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Utiliza-se previamente a Hidrovia de São Simão, por meio da GO-174. Essa Hidrovia está localizada aproximadamente a 150 Km de distância de Rio Verde (Figura 7).

Figura 7: Localização da Hidrovia de São Simão-GO, 2015

Disponível em: <http://mapas.guiamais.com.br/guia-de-bairros/darv+distrito+agro+rio+verde-rio+verde-go>. Acesso em: 16 jul. 2015.

Em Goiás, a lógica do processo produtivo agrícola exigiu a instalação de um território mais estruturado, capaz de atender à operacionalidade do mercado.

Dentre o sistema de circulação e escoamento, duas importantes rodovias federais cortam o município de Rio Verde: a BR 060 (Jataí- Rio Verde – Goiânia– Brasília, estendendo-se para o Norte), e a BR 452 (Rio Verde - Itumbiara-GO, direcionando-se para a região Sudeste), como pode ser visto na figura 8.

Figura 8: Rio Verde/GO - localização das principais rodovias asfaltadas, 2015

Disponível em: <http://mapas.guiamais.com.br/guia-de-bairros/darv+distrito+agro+rio+verde-rio+verde-go>. Acesso em: 16 jul. 2015.

3.3.2.2 Indicadores econômicos e fundiários

a) Estabelecimentos rurais

O Censo Agropecuário de 1970/2006 nos revela que a distribuição dos estabelecimentos rurais tem uma dinâmica semelhante nesse período. Na tabela 21, podemos observar que em 1985 houve crescimento dos estabelecimentos em nível federal e regional; e redução em nível

estadual e municipal. Na década de 1990, ocorreu uma redução geral de estabelecimentos em todos os níveis.

Tabela 21: Brasil, Goiás, Sudoeste Goiano e Rio Verde – estabelecimentos, área total e pessoal ocupado, 1970/2006

Indicadores 1970 1985 1995/6 2006

BRASIL

Estabelecimento (n.) 4.924.019 5.801.809 4.859.865 5.204.130 Área total (ha.) 294.145.466 374.924.929 353.611.246 354.865.534 Pessoal ocupado 17.582 089 23.394.919 17.930.890 16.414.728 Goiás

Estabelecimento (n.) 145.115 131.365 111.791 136.244 Área total (ha.) 35.783.038 28.864.106 27.472.100 24.983.002

Pessoal ocupado 547.647 616 336 471.657 402. 441

Sudoeste Goiano

Estabelecimento (n.) 6.921 10.015 9.434 10.443

Área total (ha.) 3.346.132 5.018.385 4.490.209 3.870.966

Pessoal ocupado 36.873 47.658 43.953 40.730

Rio Verde

Estabelecimento (n.) 3.095 2.911 2.231 2.289

Área total (ha.) 977.414 977.409 720.242 580.808

Pessoal ocupado 15.182 13.586 8.356 9.401

Fonte: IBGE/ Censo agropecuário 1970-2006. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

No período de 1970 a 2006, houve um crescimento de 20% na utilização da terra no Brasil, diferente do estado de Goiás, que teve seu território dividido em 1988, a partir da Constituição Federal, originando o estado do Tocantins com uma área total de 277.620 km2, e restando para o primeiro, uma área de 340.086 km2. Assim, Goiás reduz seus 131 mil estabelecimentos em 1985 para 111 mil em 10 anos.

Em 2006, o Censo agropecuário registra um pequeno aumento dos estabelecimentos agropecuários em todos os níveis. O Sudoeste Goiano aumenta 10% dos estabelecimentos e, em Rio Verde, o aumento foi pouco mais de 2%, em função de processo de herança ou vendas.

b) Área utilizada: produção e pecuária

A área total de terras utilizada no Brasil sofre um aumento considerável a partir de 1970, em função dos programas agropecuários desenvolvidos em diversos estados do país. Em 1970, somavam 34 milhões de hectares de terras utilizadas para lavouras, uma década depois alcançou 51 milhões de hectares. Com relação às áreas de pastagens, em 1970, havia cerca de 154 milhões de ha e em 1980, essas áreas somaram 171 milhões de hectares.

A inserção da agricultura científica promovida pelo capital transnacional e financiada pelo Estado promoveu uma modificação nas velhas formas de produção (técnicas, produtividade, qualidade, relações de trabalho, etc.) do Sudoeste Goiano para um novo modelo que atendesse ao capital agroexportador. A especialização de um limitado número de cultivo na região determinou a formação de monocultura, especialmente, da sojicultura.

Em função disso, ocorre no Sudoeste Goiano e em Rio Verde uma redução nas áreas direcionadas para a pecuária, que sofrem um remanejamento para a produção agrícola, com o uso intenso de insumos agrícolas, o que irá gerar maior produtividade em menor espaço. A soja é o melhor exemplo – na década de 1980, um hectare nas áreas do Cerrado permitia produzir 11 sacas desse grão; já em 1990/2000 esse volume subiu para 50 sacas (MENDONÇA, 2004).

Esse aumento de produção pode ser constatado na produção do município de Rio Verde, a partir da década de 1970. A evolução da produção dos grãos, tais como milho, soja e sorgo, e a redução do arroz de sequeiro evidenciam esse processo (Tabela 22).

Tabela 22: Rio Verde/GO - principais produtos agrícolas, 1978/1990

Produtos 1978 1980 1990

Produção (t) Área

(ha) Produção (t) Área (ha) Produção (t) Área (ha)

Arroz 20.482 41.800 86.700 85.000 17.420 23.450

Milho 61.200 51.000 55.440 28.000 250.170 80.700

Soja 8.268 7.500 46.800 30.000 184.800 146.670

Sorgo - - - - 175 125

Fonte: Cunha Neto (1988, p. 259). IBGE/ SIDRA. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

Logo após a retirada da vegetação dos Cerrados, é comum o plantio do arroz de sequeiro. Esse cultivo vai predominar até a década de 1980, sendo substituído nas décadas seguintes por plantio de grãos, especialmente, a soja.

A produção do milho, já tradicional no município, continua crescendo em área e em produção, servindo de matéria-prima à agroindústria local. Outro produto que chamamos a atenção é o sorgo, que é introduzido no plantio a partir da década de 1990, direcionado para a pecuária, e tem um crescimento em área e produção bastante elevado, aumentando de 175 toneladas para 63 mil toneladas em 2000 para atender à demanda da pecuária.

Cultivos tais como o milho e o sorgo são plantados na safrinha, criada a partir do plantio direto. Ferreira (2001, p. 121) explica que “a safrinha é o plantio de mais de uma safra por

ano”. O agricultor colhe a soja até meados de fevereiro e faz o plantio da safrinha. As chuvas de abril e maio possibilitam a produção ficando a colheita para julho, no período seco.

Contudo o grão que mais determina a produção agrícola no Sudoeste Goiano e de Rio Verde é a soja. A ampliação da área plantada para esse grão nesse município é outro indicador que chama a atenção. Em 1970, compreendia apenas 3.713 hectares. Em pouco mais de três décadas (2005), ampliou consideravelmente para uma área 265 mil hectares, possibilitando a produção de 715 mil toneladas de grãos e fortalecendo o Complexo Agroindustrial de grãos e carnes (Tabela 23).

Tabela 23: Rio Verde/GO - principais produtos agrícolas, 2000/2013

Produtos 2000 2005 2013

Produção (t) Área (ha) Produção (t) Área (ha) Produção (t) Área (ha)

Arroz 7.200 3.000 4.500 4.500 1.740 600

Milho (2ª safra) 87.500 35.000 90.000 25.000 1.008.000 210.000 Soja 507.500 175.000 715.000 265.000 870.000 290.000 Sorgo 63.000 35.000 97.000 65.000 70.000 25.000

Fonte: IBGE/ SIDRA. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

Os mesmos cultivos de antes de 1980 ainda continuam, como arroz, milho e sorgo, acrescentando agora a soja e a cana-de-açúcar. O algodão e o tomate diminuiriam sua produção local. O milho produz duas safras por ano, e será na segunda que haverá maior produção, uma vez que não irá dividir espaço com a soja.

A cada ano, o estado de Goiás aumenta sua área de cultivo, batendo recordes de produção com uma área de 2,9 milhões de hectares. Na safra de 2013/2014, ficou classificado como o 4º maior produtor de soja do Brasil, perdendo para o Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, conforme informações da Secretaria Estadual da agricultura de Goiás.

O ritmo de crescimento dessa lavoura foi muito rápido, atendendo ao comando do capital internacional. Na década de 1970, fase de implantação dos projetos agropecuários, a produção foi baixa em todo o estado de Goiás. Mas, após esse período de implantação, o cultivo foi ganhando espaço rapidamente no estado, exigindo mais capital e tecnologia, e reestruturando o espaço rural.

Em apenas 15 anos, Goiás teve um cultivo recorde de soja com uma produção que iniciou com 10 mil toneladas em 1970 e que ultrapassara 1,1 milhão de toneladas em 1985; chegando a 8,9 toneladas em 2013 (Tabela 24).

Tabela 24: Goiás, Sudoeste Goiano e Rio Verde - evolução da produção de soja (t), 1970/2013

Local 1970 1985 1995 2006 2013

Goiás 10.219 1.157.704 1.960.112 6.996.430 8.913.069

Sudoeste Goiano 8.587 933.953 1.508.058 2.909.900 3.419.608

Rio Verde 3.214 230.151 231.800 715.500 870.000

Fonte: IBGE/ SIDRA. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

A inserção do Sudoeste Goiano ocorre na mesma época, com apenas 8,5 mil toneladas em 1970. Naquele momento, representava 37% da produção estadual. Na década de 1980, a produção aumentou em função da introdução de novos produtores, beneficiados pelos programas supracitados.

No Sudoeste Goiano, destacam-se os municípios de Rio Verde, Jataí, Montividiu e Mineiros na produção de soja, abastecendo o Complexo Agroindustrial que se formou em torno dessa oleaginosa; em 2013, representava mais de 35% da produção do estado.

Uma primeira etapa de produção ocorreu entre as décadas de 1970 e 1990, passando de 3 mil toneladas para 230 mil. Nessa fase, boa parte da produção era exportada, pois quase não havia agroindústrias em Rio Verde.

Num segundo momento, ocorre um novo crescimento entre 1995 e 2013, fase em que a produção cresce vertiginosamente, passando de 230 mil para 870 mil toneladas. Nesse período, ocorre a implantação do Complexo Agroindustrial de grãos, com a implantação de agroindústrias que irão beneficiar os grãos, transformando-os em farelos, ração e óleo.

Essas empresas vão demandar maior produção de grãos (soja e milho) estimulando os produtores rurais a produzirem maior quantidade (com qualidade); nesse momento, o produtor terá que abastecer o mercado nacional e internacional.

Convém salientar que, se por um lado, a agroindústria demanda maior produção, por outro, não oferece vantagem no preço de venda para os produtores, estes pagam valores padronizados de mercado. A vantagem maior é para a agroindústria que tem a matéria-prima próxima, garantida mesmo antes da colheita.

Além dos grãos, chamamos a atenção para o cultivo da cana-de-açúcar, que vem crescendo numa proporção muito elevada no sentido de atender ao setor sucroalcoleiro que se instala pesadamente em Goiás a partir do início dessa primeira década do século XX.

Em Rio Verde, a produção foi de 320 mil toneladas em 1999, alcançando a safra de 2,6 milhões de toneladas em 2013 (Tabela 25).

Tabela 25: Rio Verde/GO – produção de cana-de-açúcar, 2000/2013

Produto 2000 2005 2013

Produção (t) 320.000 210.001 2.614.400

Área (ha) 4.000 2.626 30.400

Fonte: IBGE/ SIDRA, 2000, 2005 e 2013. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

É necessário ressaltar que a inserção da lavoura de cana-de-açúcar no município de Rio Verde sofre resistência por parte de produtores rurais e empresários do ramo da agroindústria. Movimentos foram realizados entre 2005/06, buscando frear a produção de cana-de- açúcar, bem como limitá-la em detrimento da produção de grãos e das agroindustriais ligadas a esse setor. No entanto, antigas áreas de pastagens ou de grãos foram sendo gradativamente substituídas pela cana, num contrato de arrendamento pelos vários usineiros que existem na região24 (Foto 7).