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Autor: OLIVEIRA, B. S. de, 2015.

A demanda é alta e é caracterizada por um fluxo de passageiros relacionados ao ramo empresarial do agronegócio, investidores, supervisores, docentes, prestadores de serviços etc.,

um público, que segundo informações na fonte, movimenta o aeroporto durante os dias úteis, que lhe garante uma importância regional.

Em termos de destino, o setor administrativo do aeroporto nos informou que as linhas mais procuradas (com conexão) se direcionam a maior parte para São Paulo, e o restante para o Sul, destacando Porto Alegre e Curitiba40. Destinos como Goiânia, Uberlândia e Brasília são reduzidos uma vez que a conexão é em Campinas, devendo o passageiro ter de regressar, e ficar mais horas em trânsito.

Os fluxos que chegam a Rio Verde, por ser de característica empresarial, são predominantemente do estado de São Paulo e Sul do Brasil. Segundo entrevista com o administrador do aeroporto, esses fluxos são na maior parte, empresários, investidores e funcionários de alto escalão de empresas cujas sedes estão localizadas no Sudeste e Sul do Brasil (como é o exemplo da BRF).

No setor de transporte de passageiros, há demanda por táxis, aluguéis de carros e mototáxis. Em 2015, estavam cadastrados 455 motos pela associação desse setor, entidade esta que foi criada em 2011 e que normatizou a rotina desse serviço: emplacamento das motos, uso obrigatório de capacetes, uso de coletes, horário de atendimento e padronização de preços.

No que se refere ao setor de transporte intermunicipal/interestadual, a cidade conta com 11 empresas que atendem no terminal rodoviário, sendo que apenas três delas saem diretamente de Rio Verde para outros destinos próximos dentro do estado de Goiás. As demais linhas fazem conexão com Rio Verde e direcionam o fluxo para várias partes do Brasil.

As empresas instaladas no terminal rodoviário são: Asa Verde, Expresso São Luiz, Eucatur, Gontijo, Lopes Sul, Mota, Nacional Expresso, Nobre, Viação São Luiz, Viação Uberlândia, Real Expresso e Reunidas. No entanto, muitas dessas empresas revendem passagem para outras empresas que estão instaladas em centros maiores, tais como Goiânia ou Brasília. Tais linhas têm rotas diferenciadas, mas se concentram em linhas para o Centro- Oeste e Nordeste, São Paulo e Sul (Mapa 7).

O diretor do terminal rodoviário nos informou que 70% do fluxo de saída se direcionam para a capital do estado, seguindo de lá para outros estados do país. É comum comprar a passagem para destinos distantes de Rio Verde, mas é regra fazer conexão em Goiânia.

40 As informações foram obtidas junto ao Aeroporto General Leite de Castro, em jul. 2015, por meio de

Os fluxos mais movimentados de saída e de chegada em Rio Verde estão integrados com linhas extensas que fazem trajetos tais como Porto Velho-São Paulo, Cuiabá-Rio de Janeiro, Goiânia-Brasília-Salvador, Juiz de Fora-Cuiabá e ainda, linhas do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso.

Queremos mostrar com essa investigação do transporte rodoviário, que há um fluxo que imigra com frequência para Rio Verde. Constatamos essa informação por meio das agências de viagem integradas no terminal rodoviário, que nos confirmaram que a maior parte do fluxo distante que tem chegado para ficar, vem da Bahia, Alagoas, Tocantins e Maranhão, passando por Goiânia.

Podemos constatar nessa primeira parte, que a refuncionalização de diferentes setores em função do agronegócio fortalece também o papel de centro de rede e a centralidade exercida por Rio Verde no seu entorno regional.

4.2 A especialização dos setores secundários e terciários no âmbito do

Agronegócio

Outro processo que nos orienta na análise das cidades médias é sua diversificação econômica. Segundo Elias (2007) as cidades do agronegócio, especialmente as médias, vinculam suas atividades econômicas com as necessidades do agronegócio.

Destacamos que no trabalho de Sposito et al. (2007, p. 36) os autores elaboram uma proposta metodológica para o estudo das cidades médias, tendo como enfoque, o fator econômico, seguido da dimensão social. E eles nos mostram que a dimensão econômica é relevante uma vez que “[...] os determinantes dessa natureza têm tido alterações mais recentes, relativas aos papéis que desempenham as cidades médias brasileiras”.

Dentre os principais processos que redefinem os papéis das cidades médias, destacaremos nessa subseção o que Sposito et al. (2007, p. 45) denomina de “formas contemporâneas de organização espacial das atividades econômicas, ligadas ao comércio de bens e serviços”, que são intrínsecas ao processo de concentração econômica.

Considerando a relevância das atividades econômicas, pretendemos apresentar a dinamização do setor agroindustrial vinculado, especialmente, à soja e a carnes, e à diversificação do setor terciário, que busca atender às demandas do campo, da agroindústria, do próprio comércio varejista e da população em geral, com serviços e mercadorias.

4.2.1 Setores secundários: as redes agroindustriais e o circuito de produção

agroindustrial de Rio Verde

Nessa subseção, temos a intenção de mostrar como o setor agroindustrial contribui para a consolidação do agronegócio regional, além de que, por meio do circuito espacial de produção, também, ocorre a necessidade de ampliação da prestação de serviços do terciário. Portanto, trata-se de uma atividade integrada ao campo moderno e ao terciário, gerando novos fluxos locais e regionais.

Dentre os indicadores apontados nessa pesquisa, destacamos o apoio logístico, os atrativos fiscais e locacionais, o panorama econômico num primeiro momento e, posteriormente, apresentaremos o perfil de 10 agroindústrias e as redes estabelecidas por elas por meio do circuito espacial de produção e algumas mudanças econômicas e funcionais geradas pelo crescimento desse setor.

Nossa metodologia se respaldou em dados censitários e estatísticos do Ministério do trabalho (RAIS/CAGED), IBGE, Secretária de Planejamento de Goiás (SEGPLAN-GO) e Secretaria Municipal da Fazenda, que nos orientou sobre a escolha das empresas pesquisadas no município.

A introdução do capital hegemônico agroindustrial regional, estimulado pela alta produção de grãos, inicia ainda na metade da década de 1970, com a constituição da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO) na cidade de Rio Verde e se intensifica na década de 1990/2000. Neste segundo momento, outras grandes empresas agroindustriais no ramo de grãos e carnes, tais como a Perdigão, irão estabelecer um comando produtivo espacial, tendo como suporte, fatores atrativos de ordem política e econômica, visando ampliar o setor agroindustrial e o terciário.

Além dos fatores tradicionais como a proximidade da matéria-prima, a rota da produção e do escoamento entre Sudeste e Centro-Oeste, destacamos os fatores econômicos, tais como os incentivos fiscais oferecidos pelo estado de Goiás, os programas e créditos federais e estaduais disponíveis para os setores secundários e terciários (tais como o FCO e o Produzir); a possibilidade de realizar parcerias econômicas com empresas locais seja enquanto fornecedores seja enquanto clientes, além da própria demanda da população regional.

Segundo uma entrevista realizada com o secretário de Indústria e Comércio de Goiás41, o Produzir é o principal projeto do Governo Estadual para atrair novas empresas para Goiás. Por meio desse programa, há o apoio na parte de infraestrutura para minimizar os custos de instalação das empresas.

E ainda,

[...] dos principais projetos de investimentos feitos pela iniciativa privada em Goiás, 61,8% concentraram-se em Rio Verde; programas estaduais para micros, pequenas e grandes empresas como o Produzir, com incentivos fiscais e financiamentos de 20 anos e Fundo Constitucional do Centro-Oeste, de financiamento rural, com taxas de juros de 8.75% ao ano, prazo de até 12 anos e carência de até três anos (RV ECONOMIA, 2004, p. 12).

E dentre os fatores políticos, destacamos a guerra fiscal entre os estados, o apoio de sindicatos, a oferta de suporte físico e administrativo (terraplanagem, infraestrutura rodoviária, comunicação), conforme a demanda das empresas.

Em reflexo do aumento do setor secundário e terciário, o consumo energético também cresceu. A partir de 2000 a evolução do consumo de energia elétrica industrial se tornou progressiva (Tabela 42). No Sudoeste Goiano, o período entre 1999 e 2013 registrou um crescimento seis vezes maior, enquanto que Rio Verde, no mesmo período, teve uma evolução de 13 vezes maior.

Tabela 42: Sudoeste Goiano e Rio Verde/GO - consumo industrial de energia elétrica (Mwh) 1999/2013

Localização 1999 2000 2003 2005 2010 2013

Sudoeste Goiano 82.376 109.395 210.354 326.621 491.621 547.681 Rio Verde 28.155 50.572 141.441 209.976 347.992 361.499 Fonte: SEGPLAN-GO/SEPIN/ Gerência de Estatística Socioeconômica, 1999-2013.

A explicação consiste na instalação de novas empresas de grande porte, a partir de 2000, que vieram fortalecer o agronegócio, tais como a ORSA (produção de chapas e caixas de papelão) em 2003, a Cargill (processamento de grãos) e a SIOL (processamento de massa de tomate) em 2004, a VIDEPLAST (produção de embalagens plásticas) em 2006, dentre outras.

Escolhemos alguns indicadores que nos permitirá tecer um panorama do setor secundário de Rio Verde; são eles: o ICMS, considerando os maiores contribuintes de Rio Verde e a arrecadação industrial (Secretaria Estadual da Fazenda de Goiás), o Valor Adicionado do PIB no setor industrial (IMB/SEGPLAN) e demais indicadores inscritos no

41CANA-de-Açúcar mais energia para o crescimento de Goiás. Revista Isto É, n. 2030, 1 out. 2008.

sistema RAIS/CAGED (MTE): setores de atividades industriais, número admitidos e desligados por período estabelecido por nossa pesquisa e as funções e salários específicos do setor secundário.

No que se refere ao ICMS, anualmente a Secretaria Estadual da Fazenda de Goiás, apresenta em seu site, os 500 maiores contribuintes de ICMS do estado, independe de ser uma empresa local, nacional ou estrangeira. Esta lista apresenta a localização detalhada apenas quando se trata de uma única empresa no estado (seja filial ou matriz), porém quando a empresa possui várias filiais em cidades diferentes de Goiás, a localização não é especificada.

Na lista de 2013 havia as seguintes empresas localizadas em Rio Verde (Quadro 3):

Quadro 3: Os maiores contribuintes de ICMS do estado de Goiás, em 2013, localizados em Rio Verde

CLAS. IDENTIFICAÇÃO RAMO DE ATIVIDADE

182 º ORSA INTERNATIONAL PAPER EMBALAGENS S/A Indústria de papel e papelão

277 º CABRAL E MAIA LTDA Supermercados

305 º CEREAL COMÉRCIO EXPORTAÇÃO E REPRESENTAÇÃO AGROPECUÁRIO Processamento de grãos, ração e

insumos

322 º DOW AGROSCIENCES SEMENTES & BIOTECNOLOGIA BRASIL LTDA Melhoramento genético de sementes

336 º FOX COMERCIAL DE ALIMENTOS S/A Supermercados

434 º NASA CAMINHOES LTDA Revenda de caminhões

351 º USINA RIO VERDE LTDA Processamento de açúcar e etanol

456 º VIDEPLAST INDÚSTRIA DE EMBALAGENS LTDA Indústria de embalagens plásticos

474 º RODORAPIDO TRANSPORTES LTDA Transporte de cargas

475 º CENTRO COMERCIAL CONQUISTA LTDA Supermercados

FONTE: Secretaria da Fazenda de Goiás. Disponível em: <http://aplicacao.sefaz.go.gov.br/post/ver/142639/os-maiores-contribuintes-do- icms>. Acesso em: 02 de out. 2014. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

Podemos comparar essa lista, àquela apresentada na seção 3.1, cedida diretamente a nós, pela Secretaria Estadual da Fazenda de Goiás, unidade de Rio Verde.

As listas caracterizam um setor industrial correlacionado ao agronegócio, incluindo atividades diretas ou de apoio, tais como: indústrias nos ramos de processamento e beneficiamento de grãos, óleos e rações, beneficiamento de cana-de-açúcar, melhoramento genético de sementes e industrialização de papel, papelão e plástico; ou seja, empresas vinculadas à produção primária de grãos e cana-de-açúcar, além de empresas que dão suporte, incluindo as empresas de cargas e revendas de veículos.

É necessário destacar que empresas de grande porte não são as maiores contribuintes via de regra, isso porque algumas possuem isenção de impostos, outras são cadastradas no sistema cooperativo (em que tributação é menor) e ainda outras, recolhem a tributação pela capital do estado. Outra variável que nos auxilia na constatação do crescimento do setor industrial nos últimos anos, é a arrecadação do ICMS. Pela tabela 43, verificamos que entre 2007 e 2013 houve crescimento significativo.

Tabela 43: Sudoeste Goiano e Rio Verde/GO - arrecadação do ICMS industrial (R$ mil), 2007/2013

Localização 2007 2010 2013

Sudoeste Goiano 51.461 79.876 101.602

Rio Verde 37.539 45.852 65.198

Fonte: Instituto Mauro Borges. Disponível em: <http://www.imb.go.gov.br/>. Acesso em: 05 jan. 2015.

Convém lembrar que no início da primeira década, grandes processadoras de grãos e atomatados, além de produtores de papel e papelão e embalagens plásticas se instalaram no município. Junto a elas outras novas empresas de suporte e apoio, ampliando consideravelmente a arrecadação de ICMS.

O PIB industrial também é um indicador do crescimento industrial. De acordo com o resultado do PIB/2012, produzido pelo Instituto Mauro Borges (IMB/SEGPLAN-GO), a atividade industrial é composta pela indústria extrativa mineral, indústria de produção e distribuição de eletricidade, gás e água e construção civil. Vinculado ao PIB, temos o Valor Adicionado industrial. Por ele podemos avaliar o crescimento da indústria de Rio Verde em comparação ao de Goiânia (Tabela 44):

Tabela 44: Rio Verde e Goiânia - Valor Adicionado da indústria 2002/2012

Município 2002 2012

Valor (R$ mil) Valor (R$ mil)

1o Goiânia

Rio Verde

1.647.994 4.255.668

4o 435.562 1.948.575

Estado de Goiás 7.919.089 28.371.786

Fonte: Instituto Mauro Borges/ Segplan-GO. Disponível em: <http://www.imb.go.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2014. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2014).

Segundo o IMB, Rio Verde ocupou a quarta maior participação no Valor Adicionado (VA) da indústria do estado, com 6,9%, perdendo para Goiânia, Anápolis e Catalão. Houve crescimento na indústria de transformação, principalmente no ramo de alimentos e na construção civil, confirmado pelo crescimento no pessoal ocupado nas atividades de obras, terraplanagem e acabamento.

Outra fonte que nos permite fazer a leitura do dinamismo industrial de Rio Verde e sua integração ao agronegócio, é o sistema RAIS/CAGED. Por ele temos outros indicadores que comprovam o desenvolvimento desse setor por meio do total da geração de empregos formais e as funções específicas mais demandadas entre 2004 e 2014.

Na tabela 45, verificamos que houve um substancial aumento de admissões em 2014, se comparada a 2004. Em 10 anos, podemos verificar que o setor extrativo permanece

insignificante para a economia local e que o setor de transformação é o que mais se destacou; mantendo suas admissões superiores ao setor de construção civil.

Tabela 45: Rio Verde/GO - total de empregos formais, por setores de atividades industriais, 2004/2014, segundo dados da CAGED/MTE

SETORES INDUSTRIAIS Total Admitido 2004 Total Desligado Total Admitido 2014 Total Desligado

EXTRATIVA MINERAL 41 16 57 53

INDÚSTRIA DE

TRANSFORMAÇÃO 4.855 3.608 6.903 6.990

CONSTRUÇÃO CIVIL 2.017 1.940 2.470 2.844

TOTAL 6.913 5.564 9.430 9.887

Fonte: CAGED/Ministério do Trabalho e do Emprego. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2015).

Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/imprensa/caged-divulgacao-de-dados-3.htm>. Acesso em: 10 jan. 2015.

As funções que caracterizam o setor de indústria de transformação atendem direta ou indiretamente ao complexo do agronegócio. Sistematizamos algumas das funções mais empregadas em 2014, inseridas no subsetor classificado como “Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico” (Tabela 46).

Tabela 46: Rio Verde/GO - empregos e médias salariais classificadas no setor de indústria de transformação* pelo CAGED em 2014

Funções Total de Admissões Salário médio adm. (R$)

Magarefe 2.846 886,24

Alimentador de Linha de Produção 369 853,99

Auxiliar de Escritório, em geral 248 892,73

Carregador de veículos de Transportes Terrestres 98 961,91 Trabalhador de Tratamento do Leite e Fabricação de

Laticínios e afins 87 979,86

Trabalhador de Serviços de Limpeza e Conservação de

Áreas Públicas 82 1.083,78

Motorista de Caminhão 70 1.211,80

Inspetor de Qualidade 68 1.183,68

Operador de Máquinas Fixas, em geral 59 1.116,58

Armazenista 52 1.095,21

Mecânico de Manutenção de Máquinas, em geral 42 1.158,69

Trabalhador da Avicultura de Corte 36 396,00

Embalador, a máquina 35 1.121,71

Fonte: CAGED/ MTE. Disponível em: <http://bi.mte.gov.br/bgcaged/caged_perfil_municipio/index.php>. Acesso em: 10 jan. 2015. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2015).

* Setor principal: Indústria de transformação. Subsetor: Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico.

Chama-nos a atenção a função de magarefe42, que é necessária em empresas que fabricam produtos alimentares tais como frigoríficos de bovinos, suínos e aves. Trata-se de uma função que não exige qualificação, apenas o Ensino Fundamental incompleto, por isso,

42 MAGAREFE: Trabalham no abate de bovinos, suínos e aves com o auxílio de máquinas e equipamentos. São

os responsáveis por preparar as carnes para comercialização, desossa, identificação de tipos, fatia, pesa e realiza cortes. Podem, ainda, embalar carnes, manualmente ou com o auxílio de máquinas, bem como inspecioná-las e armazená-las. Disponível em: <http://www.senai.br>. Acesso em: 30 jan. 2015.

compreende uma grande massa de funcionários desqualificados profissionalmente, que imigram dos estados do Nordeste e Centro-Oeste para Rio Verde (SINE de Rio Verde).

As funções destacadas dão uma singular representatividade das funções desempenhadas nas agroindústrias locais; atividades que envolvem frigorífico, grãos e laticínios, tais como alimentador de linha de produção, classificador de grãos, retalhador de carne, trabalhador de tratamento do leite e fabricação de laticínios.

Junto a estas funções, destacamos também outras, que demandam funcionários para o setor organizacional, administrativo e de serviços de manutenção em geral nas agroindústrias, tais como: inspetor de qualidade, supervisor administrativo, vigia, conferente de carga e descarga, técnico de segurança do trabalho, serventes, pedreiros, porteiros, eletricista, dentre outros.

3.2.1.1 O arranjo produtivo agroindustrial de Rio Verde

Ainda nesta subseção, temos como objetivo apresentar a discussão de cluster e confirmá-la por meio do perfil de 10 agroindústrias selecionadas. Também propomo-nos estabelecer o circuito espacial de produção, mapeando fornecedores e consumidores.

Segundo Elias (2007) os arranjos produtivos ligados à produção agrícola e agroindustrial estão muito envolvidos com o circuito superior da economia. Os processos produtivos e os arranjos que se formam se realizam em uníssono com as cidades próximas, originam novas funções e dinamizam o setor terciário, criando as “cidades do agronegócio”.

Chaves (2009, p. 76) em seu trabalho sobre instrumentos das políticas públicas em Goiás, mostra a formação dos arranjos produtivos locais, e os define como “[...] uma aglomeração produtiva organizada em torno de uma determinada cadeia produtiva, que possui como característica principal a constituição de um ambiente favorável ao desenvolvimento”.

Segundo Chaves (2009), a articulação regional de diferentes empresas (produtores, fornecedores, prestadores de serviços) e instituições públicas e privadas (governos, centros de pesquisa, consultorias, universidades, entidades financiadoras, sindicatos patrimoniais e de trabalhadores) facilitam os acessos a serviços, fornecedores, crédito e pesquisa.

A concepção de arranjo produtivo local pode ser compreendida como uma denominação genérica para várias formas de organização territorial produtiva, tais como polo de crescimento, distrito industrial ou cluster.

Dessas denominações, nos interessa abordar sobre os “clusters”, para entender o arranjo produtivo de Rio Verde. Trata-se de uma palavra de origem inglesa e sugere o conceito de agregação, junção e integração, ou seja, um arranjo espacial onde ocorre cooperação, colaboração, especialização, divisão do trabalho.

Em outras palavras, cluster é um aglomerado de indústrias de portes variados com especializações diversas e instituições que têm ligações particularmente fortes entre si, tanto horizontal quanto verticalmente, e, usualmente, incluem: empresas de produção especializadas, empresas fornecedoras, empresas prestadoras de serviços, instituições de pesquisas, instituições públicas e privadas, e de suporte fundamental (CHAVES, 2009).

Esses aglomerados produtivos são intensamente articulados, e constituem ambientes de negócios de interesse entre ambas as partes envolvidas, estruturadas por redes de suportes tais como recursos humanos, financeiros, administrativos, jurídicos e infraestruturas, favorecendo o desenvolvimento econômico local.

Vieira (2002) defende sua tese comprovando a existência da cadeia produtiva da soja em Goiás, apontando dados para o Sudoeste Goiano. Em seu trabalho, a autora mostra que a produção de soja formou um arranjo que atende à manutenção do sistema, ou seja, fornecedores, indústria e consumidores, por meio das agroindústrias, do setor de insumos, sistema de produção e pesquisa, meios de transporte, mercados nacionais e internacionais.

No trabalho de Chaves (2009) o autor compara Rio Verde com Jataí e Mineiros, e afirma que Rio Verde apresenta uma cadeia produtiva em função da diversificação do seu setor econômico. Rio Verde apresenta uma grande variação de atividades industriais, caracterizando-se pelos seguintes grupos: indústrias do Agronegócio, indústria da construção civil e mineração, indústrias de veículos e motores, indústrias de produtos químicos, indústrias de bebidas, indústrias de carnes (Frigoríficos), acompanhado, em seguida, dos grupos de indústrias de Eletrodomésticos, combustíveis e lubrificantes, indústrias de cereais, indústrias de alimentos, indústrias de produtos agropecuários, indústrias de laticínios e indústrias de embalagem.

A diversificação de atividades e de funções no mercado de trabalho, o PIB industrial e a arrecadação de ICMS, apresentados anteriormente, dão-nos um parecer de que Rio Verde é um município autossustentável, apresentando uma cadeia produtiva para o agronegócio, com características de Cluster, que se destaca no Sudoeste Goiano.

Contribuindo com esses estudos, buscaremos em nossa pesquisa, tecer o arranjo produtivo com base em informações de 10 agroindústrias43 localizadas em Rio Verde: