• Nenhum resultado encontrado

Mapa 17 RIO VERDE localização de setores nobres e loteamentos fechados de Rio Verde,

2.3 A centralidade regional de Rio Verde em função do agronegócio

2.3.2 Centralidade de Rio Verde entre as décadas de 1970/1980

Num trabalho sistemático, o IBGE deu continuidade ao estudo das cidades e suas áreas de influências, visando retratar o novo quadro dessa rede urbana e permitir comparações intertemporais.

Em 1978, o IBGE desenvolve o segundo REGIC, publicado apenas em 1987. Convém ressaltar que as metodologias usadas entre os estudos de 1966 e este foram, diferentes em alguns fatores; o de 1966, não seguiu nenhum respaldo conceitual e teve como base, a pesquisa de 12 atividades do comércio e serviços, ligadas à centralidade. E, neste estudo, há o

11 Em termos políticos, o colégio eleitoral de Jataí tradicionalmente elege representantes estaduais e federais, e

embasamento na teoria dos “Lugares centrais” e a escolha de 76 funções agrupadas em quatro conjuntos hierarquizados.

Em termos teóricos metodológicos, o IBGE seguiu uma linha de cunho estruturalista, tendo como base conceitual as teorias das Localidades Centrais, do geógrafo alemão Walter Christaller, para entender rede urbana e centralidade.

Essa teoria considera o conjunto de centros de uma região ou país (cidades, vilas, povoados) em seu papel de distribuição varejista e de prestação de serviços para uma população neles residentes. Estes centros são denominados de localidades centrais e a centralidade de que dispõem é derivada de seu papel como centros distribuidores de bens e serviços, ou seja, das funções centrais que desempenham.

De acordo com essa teoria, cada bem ou serviço apresenta uma dimensão específica de seu mercado mínimo e alcance espacial. Entretanto, bens e serviços que apresentam semelhanças em tais dimensões tendem a ser oferecidos, em um mesmo conjunto de localidades centrais, por meio da distribuição realizada pelas empresas.

Desse modo, a localização da oferta de bens e serviços traduz-se em uma diferenciação entre as localidades centrais, seguindo uma hierarquização dos centros. Essa hierarquia se processa de maneira que as localidades centrais de baixo nível hierárquico distribuam bens e serviços procurados frequentemente, possuindo área de influência espacialmente restrita.

As localidades centrais de nível imediatamente superior distribuem além daquilo que é oferecido nos centros inferiores, bens e serviços menos procurados e, por isso, possuem área de influência maior que inclui os centros menores e suas respectivas áreas de influência.

Quanto aos centros de mais alto nível, eles têm o papel de distribuir todos os bens e serviços já oferecidos pelos centros inferiores, além de outros bens e serviços mais especializados, constituindo-se no único centro distribuidor para uma ampla região do país.

Em função das mudanças de produção, distribuição e consumo e nas articulações entre eles, algumas variações precisaram ser revistas na teoria clássica dos lugares centrais. De acordo com o REGIC (1987), os estudos empíricos colocaram em evidência que, algumas informações teorizadas como invariável ganham caráter variável na rede de localidades centrais, tais como a forma e o conteúdo da rede e de seus elementos, afetando na organização espacial presente e futura. Era o início da globalização sobre a rede urbana, e a formação de redes complementares, como defende Corrêa (1989).

Com base nesta teoria, o IBGE buscou colocar em evidência a rede de localidades centrais do Brasil da década de 1970. Para Rio Verde, configura-se como uma fase de

transição agrícola e de crescimento populacional urbano, onde a cidade vai equipando-se gradualmente, e onde bases sólidas vão se formando na área empresarial. Nesse sentido, que novos municípios passaram a fazer parte dessa rede? Quais os fluxos que comandaram essa nova centralidade?

No primeiro REGIC (1972) os centros foram classificados em quatro níveis, enquanto neste, houve novas divisões e denominações:

- Metrópole nacional; - Metrópoles regionais; - Centros submetropolitanos; - Capitais regionais; - Centros sub-regionais; - Centros de zona.

Nesta pesquisa publicada em 1987, foi apontado que o país estava com duas metrópoles nacionais, São Paulo e Rio de Janeiro e onze cidades que desempenham o papel de metrópoles regionais, incluindo Goiânia. Elas eram os principais focos regionais de distribuição de bens e serviços no território nacional.

Apesar das mudanças de denominações em relação ao estudo de 1966, verificamos que Goiânia permanece como o centro que mais polariza em Goiás, exercendo centralidade em todo o estado, além de Brasília e cidades do Tocantins e da Bahia, conforme podemos visualizar na tabela 4:

Tabela 4: Hierarquização dos centros urbanos polarizados por Goiânia na década de 1970/80 Região de Goiânia

Metrópole

Regional Regional Capital Centro Sub Regional Centro de Zona Municípios Subordinados

GOIÂNIA

BRASÍLIA-DF

Rio Verde (GO) Santa Helena de Goiás (GO) - Acreuna (GO) - Maurilândia (GO) Jataí (GO) - - Aporé (GO) - Caçú (GO) - Itarumã (GO) - Serranópolis (GO) Mineiros (GO) - Ponte Branca (MT) - Portelândia (GO) - Santa Rita do Araguaia (GO) Caiapônia (GO) - Piranhas (GO) - Balisa (GO)

- Ponte Branca (MT) Fonte: IBGE, Regiões de influência das cidades, 1987. (Org.: OLIVEIRA, B. S. de, 2015).

Em Goiás, não houve nessa época classificação para Centro Submetropolitano. Brasília, classificada como Capital Regional, manteve sua área de influência polarizada por Goiânia. Contudo, amplia sua área de polarização para os municípios de nível Centro de zona, tais como: Luziânia (GO), Formosa (GO), Posse (GO), Arraias (GO), Dianópolis (GO), Barreiras (BA), Unaí (MG), Paracatu (MG), João Pinheiro (MG), Porto Nacional (GO) e Correntes (PI).

Quanto às cidades de Jataí e Rio Verde, classificadas como Centros sub-regional, sofrem centralidade direta de Goiânia. Destacamos que Jataí continua desempenhando papel de maior centralidade em relação à vizinha Rio Verde. Nesse período, 1970/80, Jataí centraliza, além de alguns municípios diretos (Aporé, Caçú, Itarumã e Serranópolis), outras duas áreas: a de Mineiros e a de Caiapônia.

Rio Verde, ocupando também a mesma classificação em termos de comércio e prestação de serviços, apresentou nesse período da pesquisa, uma centralidade semelhante à década de 1960. Entra para sua área de atuação, o município de Acreúna, sai Cachoeira Alta e permanece Santa Helena de Goiás. Hierarquicamente, obedece a influência direta de Goiânia, uma vez que a capital oferece bens e serviços menos procurados e mais complexos que o município em questão.

Na classificação que Rio Verde e Jataí ocupam, determinada pela metodologia usada no REGIC (1987), eles apresentaram durante a fase de pesquisa, pelo menos, 20 tipos de bens e serviços inseridos nos ramos de atividades do comércio varejista, do comércio atacadista e representações e de serviços, conforme segue na tabela 5:

Tabela 5: Rio Verde/GO e Jataí/GO - bens e serviços selecionados segundo o nível hierárquico “Centro Sub regional”, pelo o REGIC (1987)

NÍVEL HIERÁRQUICO RAMO DE ATIVIDADE BENS E SERVIÇOS

CENTRO SUB REGIONAL

- Comércio Varejista - Comércio Atacadista e Representações - Serviços Arados e tratores Televisores Cortinas e Tapetes Máquinas de escrever

Veículos Ford ou General Motors Bicicletas

Motores e bombas Azulejos e decorados Máquinas fotográficas Óculos com receita médica Produtos alimentares em conserva Material de limpeza doméstica Artigos de armarinhos Gás de cozinha

Material para construção civil Médico pediatra

Médico ginecologista Médico otorrinolaringologista

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Serviços de engenharia

Os bens e serviços escolhidos e detalhados nesse estudo do REGIC (1987) para classificar a centralidade dos municípios, evidenciaram que Rio Verde já apresentava diversidade nas atividades comerciais, contudo, sem grandes diferenças em relação à década anterior.

Segundo a teoria dos lugares centrais, trata-se de um município cujos estabelecimentos comerciais ainda apresentavam característica de mercados mínimos reduzidos e um alcance espacial também pequeno, por isso, a centralidade era limitada, chegando apenas aos municípios menores.

E ainda, verificamos que os diversos tipos de comércio e serviços oferecidos na década de 1970 em Rio Verde não foram suficientes para gerar uma ampliação da centralidade interurbana e permitir a emergência de uma centralidade múltipla e complexa, ocorrendo esse processo somente após os anos 2000, quando o agronegócio passa a ser o carro chefe da economia.