• Nenhum resultado encontrado

A Primeira República (1889-1930)

4. PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

4.2. PARTIDOS POLÍTICOS NA REPÚBLICA

4.2.1. A Primeira República (1889-1930)

Também didaticamente assinalada como “República Velha”, a Primeira República foi marcada pela política do café-com-leite, que garantia a governabilidade central com o revezamento de Presidentes dos Estados de São Paulo, o mais rico na produção do café, e de Minas Gerais, o grande produtor de leite.

278 REIS, Daniel Gustavo Falcão Pimentel dos. O ativismo judicial no Brasil : o caso da verticalização.

2014. Tese (Doutorado em Direito do Estado) – Universidade de São Paulo: Faculdade de Direito, São Paulo, 2014.

Os partidos do Império, o Partido Conservador e o Partido Liberal deixaram de existir. As forças políticas conservadoras e liberais derivadas do processo revolucionário foram absorvidas pelos Partidos Republicanos.

Dentro do inevitável, tal qual o quadro apresentado no período imperial, mantinha-se o descarado revezamento de poder pelas oligarquias partidárias das elites agrárias sobressalentes no Partido Republicano Paulista – PRP e no Partido Republicano Mineiro – PRM, nesse primeiro momento da história. Importante destacar que o Partido Republicano Riograndense – PRR, do Rio Grande do Sul, também existia, embora sem força política significativa, tal qual a apresentada pelo PRP e pelo PRM.

Mesmo sofrendo com a influência do coronelismo, que fomentava a prática pelo direcionamento do voto do eleitorado aos interesses dos coronéis279; com a política dos Estados ou dos governadores, que resguardava a base governista nacional e regional mediante troca de favores recíprocos; e com o fracassado predomínio do movimento tenentista, instalado pelo exército, a quebra de paradigmas voltada à busca pela formação de partidos políticos de caráter nacional era bastante tímida, quase nula.

De qualquer modo, estabelecidos já haviam sido o Partido Republicano Federal de Francisco Glicério, o Partido Republicano Conservador, de Pinheiro Machado, a merecer destaque Quintino Bocaiúva, e o Partido Republicano Liberal, de Rui Barbosa, fundados por convenções nacionais em 1910 e 1913, respectivamente. Enfim, nenhum deles deixou rastros. Assim como nenhuma das outras coligações de força política no preparo de sucessões presidenciais, como a Campanha Civilista de Rui Barbosa contra o Marechal Hermes; a Reação Republicana, de sustentação de Nilo Peçanha contra Artur Bernardes; e a Aliança Liberal, composta de nomes como Júlio Prestes e Getúlio Vargas280. Sequer o Partido Democrático Nacional que tentava se formar a partir das bases democráticas paulistas e mineiras obteve êxito281.

279 A bem da verdade, mantinha o mesmo tratamento dado por eles, então proprietários de terra,

desde o Império.

280 ARINOS DE MELO FRANCO. Afonso. História e Teoria dos Partidos Políticos no Brasil. 3ª ed. São

Paulo: Alfa-Omega, 1980. p. 56.

281 JEHÁ, Pedro Rubez. O processo de degeneração dos Partidos Políticos no Brasil. 2009. Tese

(Doutorado em Direito do Estado) – Universidade de São Paulo: Faculdade de Direito, São Paulo, 2009. p. 52.

Aliás, importante realçar que o Partido Democrático Nacional, idealizado em 1927 com a finalidade de combater as práticas eleitorais fraudulentas mediante a convocação dos democratas de todos os Estados, assumiu papel fundamental no final desse primeiro período republicano brasileiro. Foi o grande incentivador à propagação de uma reforma eleitoral que fosse capaz de implantar no ordenamento jurídico nova linguagem ao processo eleitoral existente. Fruto desse trabalho foi a edição do primeiro Código Eleitoral, o Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que não apenas viria a consagrar, em definitivo, o sistema proporcional de representação política no decorrer de toda a República, como afastava, de vez, a aplicabilidade do sistema distrital282, introduzindo, ainda, o voto secreto e a Justiça Eleitoral283, dentre outros benefícios. Não obstante tal fato, conforme já destacado, referida agremiação partidária também não teve sobrevida como partido de base nacional.

O Partido Comunista também surgira na República, sob forte concepção de partido de base nacional. Acompanhando o movimento comunista mundial, sua composição em solo doméstico também se apresentava com traços preponderantemente anarquistas, trazidos e difundidos pelos imigrantes que compunham a massa operária nacional mais evoluída. Propugnava o fortalecimento do anarcossindicalismo de base ítalo-ibérica, sustentando que a tomada de poder devia se dar pela classe operária e com a adoção do sistema socialista, já que seria esta a única forma de se minimizar a miséria e a desigualdade social. Composto por pequenos e intelectuais burgueses, infiltrados na imprensa por publicações efêmeras como “O Movimento Comunista” e “A Voz do Povo”, foi embrionado em Porto Alegre, em 1918, sob a chancela de “União Maximalista” e constituído apenas em 1921, no Rio de Janeiro.

Em março de 1922, num congresso em Niterói, presentes já estavam delegados do Partido Comunista instalados no Rio, Niterói, São Paulo, Santos, Cruzeiro, Juiz de Fora, Recife e Porto Alegre para a sua correspondente fundação como pessoa jurídica oficialmente registrada segundo o Código Civil284.

282

Implantado no Império e implementado pela “Lei Rosa e Silva”, a Lei nº 1.269, de 15 de novembro de 1904 (arts. 58 e 90) até então vigente.

283 Enquanto órgão provido de ação fiscalizatória, sob o aspecto eminentemente formal que age

mediante provocação de terceiros legitimados e não mediante diligência estatutária própria (CAGGIANO, 1980, p. 64).

284 ARINOS DE MELO FRANCO. Afonso. História e Teoria dos Partidos Políticos no Brasil. 3ª ed. São

Na história brasileira, o Partido Comunista foi o único partido de institucionalização forte que resistiu aos vários entraves dos regimes políticos vigentes. Sobreviveu até os dias atuais, mesmo tendo passado longo período na ilegalidade. Em razão da sua particularidade, valem os parênteses para explicitar o caminho trilhado.

Foi oposição ao Golpe de Estado de 1930 e à Aliança Liberal. Integrou a organização de caráter popular “Aliança Nacional Libertadora” em 1935, mas caiu na clandestinidade dois anos após a entrada do Estado Novo (1937-1945), em 7 de maio de 1947, quando teve o seu registro eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral cancelado e os seus parlamentares, eleitos, cassados285, a partir da Lei nº 211, de 7 de janeiro de 1948286. Isso porque seus ideais socialistas inspiravam temor às classes dirigentes elitizadas brasileiras na medida em que ocorriam concomitantemente à formação das ondas anticomunistas reavivadas com a Guerra Fria, instalada pelas duas grandes potências econômicas da época, Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS.

Na verdade, por receber orientação e contribuição pecuniária do partido comunista soviético, contrariando disposição do art. 26 do Decreto Lei nº 9258, de 14 de maio de 1946, de nada adiantaram os esforços precedentes que se convolavam em provar a adequabilidade do seu programa partidário aos métodos

285 A decisão de supressão do Partido Comunista no Tribunal Superior Eleitoral seguiu por maioria, de

três votos favoráveis e dois votos contrários; a cassação dos parlamentares respectivos pelas Casas Legislativas se iniciou em setembro de 1947, tendo merecido voto contrário à cassação por Afonso Arinos, representante da UDN na Comissão de Justiça da Câmara, mas voto favorável no projeto da Comissão de Justiça do Senado, a partir dos esforços do Senador Ivo D’Aquino (PSD- SC) que acabou prevalecendo na Câmara dos Deputados, por força da bancada do PSD e de pequenos partidos de apoio, já que a UDN havia se dividido exatamente ao meio e o PTB se inclinava à rejeição, implicando em 179 votos favoráveis contra 74 do total de 243 deputados participantes (CAMPELLO DE SOUZA, 1976, p. 118).

286 Referida lei foi editada com o objetivo exclusivo de dissolver o Partido Comunista Brasileiro. Não

estabelecia regra geral e inaugurava matéria não tratada no Código Eleitoral, nem da Constituição Federal de 1946. A extinção do mandato só ocorria aos parlamentares pertencentes a partido dissolvido e não a parlamentar de um partido que se dissolve ou se adere a outro (art. 150). Como realçado por FERREIRA FILHO (1966, P. 109), “a extinção é declarada pela mesa dos corpos legislativos de que fazem parte os parlamentares. Ela é de jure, não depende de decisão da Justiça Eleitoral, nem de considerações de oportunidade, por parte da mesa das Câmaras, que devem declará-la. Essa Lei contudo não prevê a substituição dos parlamentares. Outra lei (nº 648 de 10 de março de 1949) veio estabelecer as normas referentes à substituição dos deputados e do senador que pertenciam ao Partido Comunista, dissolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral, em 7 de maio de 1947 (resolução nº 1841). Essas normas estipulavam que os votos recebidos pelo Partido Comunista seriam considerados nulos, e que o quociente eleitoral seria calculado novamente. Quanto ao Senador, eleito pelo escrutínio majoritário, seria substituído pelo candidato que houvesse tido o maior número de votos, depois dêle.” [sic].

democráticos brasileiros, com abandono expresso dos princípios marxistas-leninistas de origem.

Com fundamento no art. 141, §13, da Constituição Federal de 1946, sob a acusação de que “a) o partido seria uma organização internacional orientada e a serviço do comunismo marxista-leninista da União Soviética; b) em caso de guerra contra aquele país, os comunistas ficariam contra o Brasil (Processo nº 411/412- Distrito Federal)”287, acabaram se submetendo à clandestinidade, vivendo ilegalmente até o próximo período multipartidário instalado a partir de 1980288.

Foi, de fato, o partido político que mais resistira em solo doméstico às mudanças histórico-políticas vivenciadas, notadamente no curso dos dois momentos ditatoriais brasileiros.

De outro lado, ainda, assim como a formação da velha base partidária no Império, com a entrada da República o processo governamental permanecia reservado ao poder das oligarquias regionais e, novamente, de modo “desigual”. Embora legalizados e socialmente descentralizados, os governos estaduais ganharam a autonomia que tanto reclamavam no Império, entretanto, apenas os Estados mais importantes, assim classificados aqueles com desenvolvimento econômico, população e posição geográfica de destaque, assumiam o poder central, sempre.

Segundo afirmado por CAVALCANTI289, não existiam várias elites sociais como no Império, mas a dominação de um único estrato social que significava muito mais que uma elite. Além disso, juntamente aos republicanos paulistas e mineiros, a essa dominação também se ligava o estamento militar, revolucionário.

No que tange ao sistema eleitoral da época, o modelo distrital uninominal estabelecido pela “Lei Saraiva”, Decreto Lei nº 3.029, de 9 de janeiro de 1881, sob a forma de eleição direta, inaugurou o modo de eleição na República, embora na visão

287 JEHÁ, Pedro Rubez. O processo de degeneração dos Partidos Políticos no Brasil. 2009. Tese

(Doutorado em Direito do Estado) – Universidade de São Paulo: Faculdade de Direito, São Paulo, 2009. p. 76.

288 Por maioria de votos, vencidos os Ministros Relator Sá Filho e Ribeiro da Costa, a decisão do

Tribunal Superior Eleitoral seguiu pela cassação do seu registro, conforme Resolução nº 1841, de 7 de maio de 1947, não tendo sido, ainda, conhecido o Recurso Extraordinário Eleitoral nº 12.369 – DF ajuizado perante o Supremo Tribunal Federal – STF, de relatoria do Ministro Laudo de Camargo.

289 CAVALCANTI, Themistocles Brandão (Diretor de Pesquisa); CINTRA, Miguel Ulhôa; MARINHO,

Armando de Oliveira; AZEVEDO, Helvécio de Oliveira (Pesquisadores). O voto distrital no Brasil:

de CAVALCANTI290, nunca tivesse sido efetivamente aplicado, mesmo com a oligarquia plenamente firmada. A seu ver, a entrada efusiva do liberalismo no século XVIII, impregnando profunda cultura “circunstancial” mundial a toda autocracia ocidental ou oriental que se viu obrigada, em graus variáveis, a esse tipo de ambiguidade, era o que justificava a sua teoria.

De qualquer modo, referida lei – a Lei Saraiva – teve seu escopo alargado pela Lei nº 35, de 26 de janeiro de 1892291, que autorizava a eleição de três deputados por distrito eleitoral, na mesma proporção à circunstância apresentada pela segunda “Lei dos Círculos” – o Decreto Lei nº 1082, de 18 de agosto de 1860.

Os distritos eram os mesmos nas eleições federais aos apresentados para as eleições estaduais, variando apenas a distribuição de candidatos por distritos, que se operacionalizava de modo absolutamente aleatório, porque dependentes das relações entre as facções coronelísticas, qualidade das lideranças etc.292.

E, com isso, o processo eleitoral se mantinha sob controle, sob domínio. Duas eram as ferramentas mais usuais para se forjar o processo eleitoral, aplicadas cada vez que maior destaque recebia a oposição. A primeira prosperava- se com a manipulação da oligarquia assentada sob ares de plena legalidade, ou seja, mediante instauração de procedimentos regulares, em ata, no horário preordenado e conforme as leis, regulamentos e avisos do governo que, popularmente, ficaram conhecidas como eleições feitas a “bico de pena”. A segunda movia-se por processo de “degola” ou de “terceiro escrutínio”, como também era conhecida, consistindo na diplomação de candidato ao cargo eletivo que mais agradasse a oligarquia e não que tivesse sido o mais votado pela opinião pública, justificando, de outro lado, sua aplicação, caso sem sucesso tivessem sido as forças convergentes à produção de alistamentos falsificados ou, ainda, as pressões e violências sobre os eleitores ou os vícios e as fraudes praticadas na apuração dos votos.

290 CAVALCANTI, Themistocles Brandão (Diretor de Pesquisa); CINTRA, Miguel Ulhôa; MARINHO,

Armando de Oliveira; AZEVEDO, Helvécio de Oliveira (Pesquisadores). O voto distrital no Brasil:

estudo em torno da conveniência e da viabilidade sua adoção. Rio de Janeiro: FGV, 1975. p. 111.

291

Na sequência, importante destacar a Lei 1.269, de 15 de novembro de 1904 (conhecida como “Lei Rosa e Silva”); Lei 3.139, de 2 de agosto de 1916, que versou sobre o tríplice alistamento; e Lei 3.208, de 27 de dezembro de 1916.

De modo que o poder obedecia aos interesses preordenados das oligarquias locais, estaduais, mostrando que a ideia de criação de partidos políticos nacionais pelos revolucionários, certamente, seria postergada e ao sistema eleitoral distrital nenhum interesse havia em modificá-lo, justamente porque a manipulação do resultado pelas correntes coronelísticas era o que interessava. Afinal, “as chefias oligárquicas de nível estadual dos estados mais desenvolvidos, e apenas nesses, tinham os partidos republicanos para coordenar suas disputas particularistas”.293

No que tange ao sistema partidário propriamente dito, como refletido por JEHÁ294, aos partidos políticos não remanescia legislação própria que resguardasse sua existência, nem a Constituição de 1891 os agasalhava. Sequer havia a obrigatoriedade de filiação partidária como condição de elegibilidade, na medida em que a Lei nº 35, de 26 de janeiro de 1892, especialmente seu art. 29, nada dizia. Além disso, o Decreto do Governo Provisório nº 6, de 19 de novembro de 1889, ao extinguir a reserva censitária para os fins de alistamento eleitoral, teria exigido do cidadão, para o ingresso no cenário político, apenas o simples gozo dos direitos civis e políticos e a compreensão mínima da leitura e da escrita.

Nesse contexto, entretanto, mesmo diante de um desapreço aos partidos políticos, eles se recriaram nas bases entendidas satisfatórias às forças políticas conservadoras e liberais existentes na época e, ademais, nem a doutrina especializada nem a legislação preponderante prenunciavam qualquer possibilidade de candidaturas avulsas, a exemplo do modelo eleitoral autorizado e aplicado no pós-Revolução – ou Golpe – de 1930.

Fazendo uma digressão em face dos Presidentes da República e da respectiva agremiação partidária, com destaque àqueles que se sagraram vencedores em eleições diretas, verifica-se que, bem ou mal, sob a vestimenta de um partido político, praticamente todos eles se encontravam. Eis a sequência presidencial relatada:

293 CAVALCANTI, Themistocles Brandão (Diretor de Pesquisa); CINTRA, Miguel Ulhôa; MARINHO,

Armando de Oliveira; AZEVEDO, Helvécio de Oliveira (Pesquisadores). O voto distrital no Brasil:

estudo em torno da conveniência e da viabilidade sua adoção. Rio de Janeiro: FGV, 1975. p. 206.

294 JEHÁ, Pedro Rubez. O processo de degeneração dos Partidos Políticos no Brasil. 2009. Tese

(Doutorado em Direito do Estado) – Universidade de São Paulo: Faculdade de Direito, São Paulo, 2009. p. 48-50.

Tabela 1 - Vínculo e evolução partidária dos candidatos eleitos à Presidência da República no período da Primeira República

Período da Presidência

Presidente da República

Vinculo e Evolução Partidária

15.11.1889 25.02.1891

Marechal Manoel Deodoro da Fonseca

Ingresso por eleição indireta, após ser alçado à chefia do governo provisório pelas forças revolucionárias.

25.02.1891 15.11.1894

Marechal Floriano Vieira Peixoto

Assume a Presidência, por também eleição indireta, para conclusão do mandato presidencial renunciado por seu antecessor. 15.11.1894

15.11.1898

Prudente José de Morais e Barros

Ingresso por eleição direta. Filiado ao Partido Republicano Paulista - PRP em 1876 e ao Partido Republicano desde 1885-1886. Eleições diretas.

15.11.1898 15.11.1902

Manoel Ferraz de Campos Salles

Ingresso por eleição direta. Filiado ao Partido Liberal desde 1868-1869 e ao Partido Republicano desde 1872.

15.11.1902 15.11.1906

Francisco de Paula Rodrigues Alves

Ingresso por eleição direta. Filiado ao Partido Conservador desde 1872 e ao Partido Republicano Paulista – PRP desde 1893.

15.11.1906 15.11.1910

Affonso Augusto Moreira Penna

Ingresso por eleição direta. Filiado ao Partido Liberal desde 1874. Ex-Deputado provincial e geral, ex-Senador da Constituinte Mineira, ex- Senador Estadual, por duas legislaturas, Vice- Presidente do Governo Rodrigues Alves.

Nilo Procópio Peçanha Ingresso por eleição direta. Fundador do Partido Republicano Fluminense em 1888 e desde então filiado a esse partido até 1921, ao concorrer à Presidência da República pela legenda da Reação Republicana.

15.11.1910 15.11.1914

Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca

Ingresso por eleição direta. Fundador do Partido Republicano Conservador em 1910.

15.11.1914 15.11.1918

Wenceslau Braz Pereira Gomes

Ingresso por eleição direta. Filiado ao Partido Republicano Mineiro – PRM desde 1892.

15.11.1918 15.11.1922

Delfim Moreira da Costa Ribeiro

Ingresso por eleição direta. Filiado na Chapa do ex-Presidente Rodrigues Alves.

Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa

Ingresso por eleição direta. Ex-Deputado à Assembleia Nacional Constituinte (1890-1891) e Deputado Federal, por duas legislaturas, a partir de 1891.

15.11.1922 15.11.1926

Arthur da Silva Bernardes

Ingresso por eleição direta. Filiado ao Partido Republicano Mineiro – PRM desde 1905; ao Partido Social Nacionalista – PSN, em 1932, com breve retorno ao PRM; Fundador do Partido Republicano – PR em 1945.

Tabela 1 - Vínculo e evolução partidária dos candidatos eleitos à Presidência da República no período da Primeira República (“continuação”)

Período da Presidência

Presidente da República

Vinculo e Evolução Partidária 15.11.1926

15.11.1930

Washington Luís Pereira de Sousa

Ingresso por eleição direta. Filiado ao Partido Republicano Federal – PRF a partir de 1897; ao Partido da Lavoura a partir de 1900; e ao Partido Republicano Paulista – PRP a partir de 1904.

Eleito, proclamado, mas não empossado Júlio Prestes de Albuquerque

Filiado ao Partido Republicano Paulista – PRP a partir de 1909; à União Democrática Nacional – UDN a partir de 1945.

Fonte: Biblioteca da Presidência da República, 2015295 (adaptada)

Ou seja, os partidos políticos se apresentavam como o meio legítimo e viável à agregação das forças necessárias de ação política à obtenção do poder.

CAVALCANTI296, ao comentar sobre o processo de eleição e sua legislação por distritos na República Velha, admitia a existência de um subsistema eleitoral “formal” e legal, composto pelo conjunto de leis eleitorais e disposições regimentais internas da Câmara dos Deputados. Apenas destacava que condicionado à sua aplicação existia um outro subsistema ainda maior, de natureza absolutamente “informal” ou extralegal. Referenciava-se à força política do detentor de poder, alcançada pela vitória de uma, ou algumas, bases partidárias sobre outras. Tanto é verdade que a doutrina não cansava de relatar o quão manipulado era o processo eleitoral da época por interesses que, indiretamente, se mostravam como interesses de bases partidárias.

Assim, ainda que indiretamente, verifica-se que a figura do partido político estava sempre presente.

Ademais, a ausência de norma de regulamentação e de vinculação da atividade partidária ao processo eleitoral, nesse primeiro momento republicano, não denotava perigo à “política dos governadores” ou “política dos Estados” que predominava em face do revezamento do poder central pelas forças oligárquicas

295 BRASIL. BIBLIOTECA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Disponível em:

<www.biblioteca.presidencia.gov.br/pagina-inicial-3>. Acesso em: 18-out-2015.

296 CAVALCANTI, Themistocles Brandão (Diretor de Pesquisa); CINTRA, Miguel Ulhôa; MARINHO,

Armando de Oliveira; AZEVEDO, Helvécio de Oliveira (Pesquisadores). O voto distrital no Brasil:

paulistas e mineiras. Os partidos políticos existiam extra legem e usavam suas forças no ambiente de competição política.

O quadro político começou a sofrer transformações exatamente quando a oposição começou a se fortalecer.

Os reflexos causados com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929 e, consequentemente, queda da exportação do café pelo principal agente financeiro, os Estados Unidos, levaram os grandes produtores oligárquicos regionais, em especial São Paulo, a dependerem das medidas de controle de preços e de moratória de suas dívidas pelo governo federal. Sofreram, com isso, desprestígios significativos que ensejaram o natural enfraquecimento das agremiações partidárias estaduais pelas forças oposicionistas existentes. A ausência de normatização específica aos partidos políticos os levou à falência, em vários momentos da história republicana brasileira seguinte.